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Prof. Dr. Yuri V. B. de Santana Densidade Pressão em um Fluido Empuxo Escoamento de um Fluido A Equação de Bernoulli Viscosidade e Turbulência 2 O significado de densidade de um material; O que se quer dizer com a pressão em um fluido, e como ele é medido; Como calcular a força de empuxo que um fluido exerce em um corpo imerso nele; O significado fluxo laminar contra o fluxo de fluido turbulento e, como o velocidade do fluxo num tubo depende do tamanho do tubo; Como utilizar a equação de Bernoulli para relacionar pressão e velocidade de fluxo em diferentes pontos em certos tipos de fluido. 3 O tubarão deve nadar constantemente para não afundar para o fundo do oceano, mas o peixe tropical laranja pode se manter ao mesmo nível na água com pouco esforço. Por que há uma diferença? 4 Fluidos desempenham um papel vital em muitos aspectos da vida cotidiana. Nós bebemos deles, respiramos e nadamos neles. Eles circulam através de nossos corpos e controlam o nosso clima. Os aviões voam através deles; navios flutuam neles. Um fluido é qualquer substância que pode fluir; usamos o termo para ambos os líquidos e gases. 5 Gases são compressíveis Líquidos não são compressíveis Uma propriedade importante de todo o material é a sua densidade, definido como a sua massa por unidade volume. V m (01) Dois objetos feitos do mesmo material tem a mesma densidade, embora eles possam ter massas e volumes diferentes. 6 A densidade relativa de um material é a razão de sua densidade pela densidade da água a 4,0 °C, 1000 Kg/m3. A densidade de alguns materiais varia de ponto a ponto no interior do material. Um exemplo é o material do corpo humano, que inclui gordura de baixa densidade e o osso de alta densidade. Dois outros são a atmosfera da terra (que é menos denso em altas altitudes) e dos oceanos (que são mais densos em maiores profundidades). Para estes materiais, Eq. (01) descreve a densidade média. Em geral, a densidade de um material depende de fatores ambientais como a temperatura e pressão. 7 Quando um fluido (líquido ou gás) está em repouso, ela exerce uma força perpendicular a qualquer superfície em contacto com ele, tal como uma parede de um recipiente ou de um corpo imerso no fluido. Enquanto o fluido no seu conjunto se encontra em repouso, as moléculas que constituem o fluido estão em movimento; a força exercida pelo fluido é devido a moléculas que colidem com o meio envolvente. Se pensarmos em uma superfície imaginária dentro do fluido, o fluido exerce forças iguais e opostas nos dois os lados da superfície. (Caso contrário, a superfície irá acelerar e do fluido não iria permanecer em repouso.) Nós definimos a pressão p em um ponto como a força normal por unidade de área. dA dF p (02) 8 Se a pressão é a mesma em todos os planos de uma superfície plana finita com área A, então: A F p (03) A unidade em SI de pressão é o pascal: 1 pascal = 1 Pa = 1 N/m2. A pressão atmosférica é a pressão da atmosfera da Terra, a pressão na parte inferior deste mar de ar em que vivemos. Esta pressão varia com mudanças climáticas e com a elevação. Pressão atmosférica normal ao nível do mar (valor médio) é de 1 atmosfera (atm), definido como exatamente 101.325 Pa. (pa)med = 1 atm = 1,013 x 10 5 Pa = 1,013 bar. 9 Se o peso do fluido pode ser negligenciado, a pressão num fluido é a mesma em todo o seu volume. Mas muitas vezes o peso do fluido não é desprezível. A pressão atmosférica é menor a altitudes elevadas do que ao nível do mar. Quando você mergulha em águas profundas, seus ouvidos sentem que a pressão aumenta rapidamente com o aumento da profundidade abaixo da superfície. Podemos derivar uma relação geral entre a pressão p, em qualquer ponto de um fluido em repouso e a elevação y do ponto. Vamos supor que a densidade ρ tem o mesmo valor em todo o fluido (isto é, a densidade é uniforme), assim como o aceleração da gravidade g. Se o fluido se encontra em equilíbrio, cada elemento de volume está em equilíbrio. 10 Quais são as outras forças nesse elemento de fluido? Vamos chamar a pressão na superfície inferior p; então, o componente y total da força para cima sobre esta superfície é pa. A pressão na superfície superior é p = dp, e o componente total y de força (para baixo) sobre a superfície superior é – (p + dp)A O elemento de fluido está em equilíbrio, de modo que o componente y total de força, incluindo o peso e as forças que as superfícies do fundo e do topo, deve ser zero: 11 A pressão p, a uma profundidade h é maior do que a pressão na superfície por uma quantidade ρgh. Note que a pressão é a mesma em quaisquer dois pontos no mesmo nível no fluido. A forma do recipiente não importa. A equação (06) mostra que, se aumentar a pressão na superfície superior, possivelmente usando um pistão que se encaixa firmemente no interior do recipiente para empurrar para baixo a superfície do fluido, a pressão p em qualquer profundidade aumenta em exatamente a mesmo quantidade. Este fato foi reconhecido em 1653 pelo cientista francês Blaise Pascal (1623- 1662) e é chamado de lei de Pascal. Lei de Pascal: A pressão aplicada em um fluido confinado é transmitida sem nenhuma diminuição a todos os pontos do fluido e para as paredes do recipiente. 12 O elevador hidráulico representado esquematicamente na fig. ilustra a lei de Pascal. Um pistão com pequena área de seção transversal A1 exerce uma força F1 sobre a superfície de um líquido, tal como óleo. A pressão aplicada p=F1/A1 é transmitida através do tubo de ligação a um êmbolo de maior área A2. A pressão aplicada é a mesma em ambos cilindros, assim: 2 2 1 1 A F A F p 1 1 2 2 F A A F e (07) O elevador hidráulico é um dispositivo de multiplicação de força com um fator de multiplicação igual a relação entre as áreas dos dois pistões. Cadeiras de dentista, elevadores de carros e macacos, muitos elevadores e freios hidráulicos todos usam esse princípio. 13 Se a pressão no interior de um pneu de carro é igual à pressão atmosférica, o pneu está murcho. A pressão tem de ser maior do que a atmosférica para suportar o carro, de modo que a quantidade significativa é a diferença entre as pressões no interior e pressões externas. Quando dizemos que a pressão no pneu de um carro é de 220 kPa, estamos dizendo que é maior do que a pressão atmosférica (1,01 x 105 Pa) por essa quantidade. A pressão total no pneu é então 320 kPa. O excesso de pressão acima da pressão atmosférica é geralmente chamado de pressão manométrica, e a pressão total é chamado de pressão absoluta. Os engenheiros usam a abreviação psig e psia para "libras por polegada quadrada” e "libras por polegada quadrada absoluta", respectivamente. Se a pressão for inferior a atmosférica, como no vácuo parcial, a pressão manométrica for negativo. 14 O medidor de pressão mais simples é o manômetro de tubo aberto (fig. a). O tubo em forma de U contém um líquido de densidade ρ, geralmente água ou mercúrio. O lado esquerdo do tubo é conectado a um container onde a pressão p é medida e o lado direito é aberto na pressão atmosférica, p0 = patm . ghpp atm (08) 15 Outro medidor de pressão comum é o barômetro de mercúrio. Ele consiste de um longo tubo de vidro, fechado em uma ponta, preenchido de mercúrio e então invertido em um prato com mercúrio (fig. b). O espaço acima da coluna de mercúrio contem apenas vapor de mercúrio, e sua pressão é desprezível, então a pressãoacima da coluna de mercúrio é praticamente zero. Da eq. (06) ghyygppatm )(0 12(09) Assim, o barômetro de mercúrio lê a pressão atmosférica diretamente pela altura da coluna de mercúrio. 16 Muitos tipos de manômetros usar um tubo selado flexível (Fig.). Uma mudança na pressão no interior ou no exterior do tubo provoca uma alteração nas suas dimensões. Essa alteração é detectada opticamente, eletricamente ou mecanicamente. 17 Empuxo é um fenômeno familiar: Um corpo imerso na água parece pesar menos do que quando está em ar. Quando o corpo é menos denso do que o líquido, ele flutua. O corpo humano geralmente flutua na água, e um balão cheio de hélio flutua no ar. Princípio de Arquimedes: Quando um corpo está completamente ou parcialmente imerso num fluido, o fluido exerce uma força para cima sobre o corpo igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo. 18 liqgVE 19 Ex. Uma estatua de ouro de 15 Kg é levantada do fundo do mar (fig.). Qual é a tensão no cabo de suporte quando a estátua está: (a) em repouso completamente sobre a água (b) em repouso completamente fora da água. (ρmar = 1,03 x 10 3 kg/m3, ρouro = 19,3 x 10 3 kg/m3, ρar = 1,2 kg/m 3) 20 Um objeto menos denso que a água, como uma bola de praia cheia de ar, flutua com parte do seu volume abaixo da superfície (devido ao empuxo). Por outro lado, um clipe de papel pode descansar em cima da superfície da água, embora a sua densidade seja várias vezes a da água. Este é um exemplo da tensão superficial: A superfície do líquido comporta-se como uma membrana sob tensão (fig.) A tensão superficial surge porque as moléculas do líquido exercem forças atrativas umas nas outras. Dentro do volume do líquido, a força resultante é nula, mas uma molécula de superfície é arrastada para o volume (Fig.). Assim, o líquido tende a minimizar sua área de superfície, assim como uma membrana esticada faz. 21 A tensão superficial explica por que pingos de chuva são esféricos (não em forma de “gota de lágrima”): Uma esfera tem uma menor área de superfície para o volume do que qualquer outra forma. Ele também explica por que água quente e sabão é usado para lavar roupa. Para lavar roupa completamente, a água deve ser forçada através dos pequenos espaços entre as fibras. Para fazer isso, é preciso aumentar a área da superfície da água, que é difícil de alcançar devido a tensão superficial. O trabalho é facilitado pelo aumento da temperatura da água e adição de sabão, as quais diminuem a tensão superficial. 22 Quando uma interface gás-líquido encontra uma superfície sólida, tal como a parede de um recipiente (fig.),a interface geralmente se encurva para cima ou para baixo. Nas vizinhanças da superfície sólida. O ângulo θ entre a interface e a superfície sólida denomina-se ângulo de contato. O líquido não molha a superfície sólida quando a atração mútua entre as moléculas do líquido supera a atração entre elas e o sólido, como no caso do mercúrio, a interface gás-líquido se encurva para baixo e θ é maior que 90°. Quando as moléculas de um líquido são atraídas mutuamente menos fortemente do que a atração entre elas e o sólido, como no caso da água com o vidro dizemos que o líquido “molha” ou adere a superfície do sólido. A interface gás-líquido se encurva para cima e θ é menor do que 90°. 23 A tensão superficial faz um líquido subir ou descer em um tubo capilar (fig.) Este efeito denomina-se capilaridade. Quando o ângulo de contato θ é menor do que 90° (fig. a), a força da tensão superficial atua de baixo para cima; o líquido sobe até atingir uma altura de equilíbrio na qual o peso da coluna de líquido é igual a força da tensão superficial. A superfície curva do líquido denomina-se menisco. Para um líquido que não molha a superfície (fig. b), o ângulo de contato θ é maior do que 90°. O menisco se encurva para baixo e a superfície sofre uma depressão, puxada para baixo pelas forças da tensão superficial. 24 Agora estamos prontos para considerar o movimento de um fluido. O fluxo de fluido pode ser extremamente complexo, como mostrado pelas correntes em corredeiras ou o turbilhão das chamas de uma fogueira. Mas algumas situações pode ser representada por modelos idealizada relativamente simples. Um fluido ideal é um fluido que é incompressível (isto é, a sua densidade não pode alterar) e não tem atrito interno (chamado viscosidade). Os líquidos são aproximadamente incompressível na maioria das situações, e podemos também tratar um gás como incompressível se as diferenças de pressão de uma região para outra não são muito grandes. Atrito interno em um fluido provoca tensões de cisalhamento quando duas camadas adjacentes do fluido se movem com relação uma a outra. Em alguns casos, podemos negligenciar estas forças de cisalhamento, em comparação com as forças resultantes de diferenças de gravitação e de pressão. 25 A trajetória de uma partícula individual de um fluido em movimento é chamada de uma linha de fluxo (ou linha de escoamento). Se o padrão de fluxo total não se altera com o tempo, o fluxo é chamado fluxo constante (ou escoamento estacionário). No fluxo constante, cada elemento que passa através de um determinado ponto segue a mesma linha de fluxo. Neste caso, o "mapa" das velocidades do fluido em vários pontos no espaço permanece constante, apesar de a velocidade de uma partícula em particular, poder alterar tanto em magnitude e direção durante seu movimento. Uma linha de corrente é uma curva cuja tangente em cada ponto da a direção e o sentido da velocidade do fluido nesse ponto. Quando a configuração do escoamento de um fluido varia com o tempo, as linhas de corrente não coincidem com as linhas fluxo. Vamos considerar apenas situações de fluxo constante, para que as linhas fluxo e linhas de corrente sejam idênticas. 26 As linhas de fluxo que passam através de um elemento de área imaginária, tal como a área A na Fig. formam um tubo chamado tubo de fluxo (tubo de escoamento). A partir da definição de uma linha de fluxo, em fluxo constante, o fluido não pode atravessar as paredes laterais do tubo de fluxo; os fluidos em diferentes tubos de fluxo não podem se misturar. 27 Na figura abaixo, da esquerda para direita, vemos o escoamento de um fluido em torno de três tipos diferentes de obstáculos e o escoamento através de um cana de seção reta. Estas fotografias foram feitas injetando-se um corante na água escoando entre duas placas de vidro. Todas as configurações indicadas são típicas de escoamento laminar, no qual camadas adjacentes do fluido deslizam umas sobre as outras e o escoamento é estacionário. 28 Para taxas de fluxo suficientemente elevadas, ou quando um obstáculo produz mudanças abruptas na velocidade, o fluxo pode tornar-se irregular e caótico. Isto é chamado um fluxo turbulento (Fig.). Em fluxo turbulento não existe nenhum padrão de estado estacionário; o padrão de fluxo muda continuamente. 29 A massa de um fluido em movimento não se altera à medida que flui. Isto leva a uma importante relação quantitativa a chamada equação de continuidade. Não há fluxo de fluido para fora ou para dentro através das paredes do tubo, porque a velocidade do fluido é tangente à parede em cada ponto na parede. Durante um pequeno intervalo de tempo dt, o fluido em A1 move-se uma distância v1dt, então um cilindro de fluido com altura v1dt e volume dV1=A1v1dt flui para dentro do tubo através de A1. Durante este mesmo intervalo, um cilindro de volume dV2=A2v2dt flui para fora do tubo através de A2. 30 De acordo com a equação de continuidade, a velocidade do fluxo de umfluido pode variar ao longo do caminho do fluido. A pressão também pode variar; ela depende da altura como na situação estática (ver Seção 2), e também depende da velocidade do fluxo. Nós podemos derivar uma relação importante chamada equação de Bernoulli que relaciona a pressão, velocidade do fluxo e altura para o fluxo de um fluido ideal, incompressível. A equação de Bernoulli é uma ferramenta essencial na análise dos sistemas de canalização, estações hidrelétricas, e o voo de aviões. 31 A dependência da pressão com a velocidade segue da equação de continuidade, Eq. (10). Quando um fluido incompressível flui ao longo de um tubo de fluxo com diferentes seção transversal, a sua velocidade deve mudar, e por isso um elemento de fluido deve ter uma aceleração. Se o tubo for horizontal, a força que faz com que este tenha aceleração deve ser aplicada pelo fluido envolvente. Isto significa que a pressão deve ser diferente em regiões de seção transversal diferente; se fosse a mesma em todos os lugares, a força resultante em cada elemento do fluido seria zero. Quando um tubo de fluxo horizontal se estreita e um elemento de fluido acelera, ele deve estar se movendo para uma região de baixa pressão, a fim de ter uma força resultante para a frente para acelera-lo. Se também ha elevação, isto provoca uma diferença de pressão adicional. 32 Para derivar a equação de Bernoulli, vamos aplicar o teorema do trabalho- energia em uma seção de um tubo de fluxo. )()( 2 1 12 2 1 2 221 yygvvpp (16) Esta é a equação de Bernoulli. Ela afirma que o trabalho realizado em uma unidade de volume de fluido pelo fluido circundante é igual à soma das alterações nas energias cinética e potencial por unidade de volume que ocorrem durante o fluxo. Também podemos interpretar Eq. (16), em termos de pressões. O primeiro termo a direita é a diferença de pressão associada com a mudança de velocidade do fluido. O segundo termo a direita é a diferença de pressão adicional causada pelo peso do fluido e a diferença na elevação das duas extremidades. 33 CUIDADO: O Princípio de Bernoulli aplica-se apenas em determinadas situações Ressaltamos novamente que A equação de Bernoulli é válida apenas para fluxo incompressível, constante de um fluido sem fricção interna (sem viscosidade). É uma equação simples que é fácil de usar; não deixe fique tentado a usa-la em situações em que não se aplica! 34 Ler Sobre: Viscosidade e Turbulência. 35
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