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11/18/13 1 Congruências Lineares Matemá,ca Discreta 2 Rosen – “Discrete Mathema2cs” (Cap. 4) Rosen – “Elementary Number Theory” (Cap. 3) Burton (Cap. 4) André Câmara Congruências lineares • Uma congruência linear é uma equação do ,po ax ≡ b (mod n). • Devemos encontrar todos os inteiros x que sa,sfazem a relação de congruência • Um método é buscar por um inteiro tal que: • Se tal inteiro exis,r. Este inteiro é chamado inverso de a modulo m Inverso modulo m • Teorema: • Se a e m são inteiros rela,vamente primos, e m>1, então existe um inverso de a módulo m. • Ou seja, existe um único inteiro posi,vo menor que m que é um inverso de a modulo m e todo outro inverso de a modulo m é congruente a modulo m. • Prova: • Se o GCD(a,m)=1, existem inteiros s e t tais que: sa + tm = 1 Isso implica que: sa-‐1=m(-‐t) à sa ≡ 1 (mod m) O que faz de s um inverso de a modulo m. Inverso modulo m • Fácil de encontrar por inspeção, quando m é pequeno. • Buscar um múl,plo de a que exceda um múl,plo de m em 1 • Ex.: Encontrar o inverso de 3 módulo 7 • 5 ·∙ 3 ≡ 1 (mod 7) , portanto 5 é um inverso de 3 módulo 7 • Podemos usar o algoritmo euclidiano (GCD) para encontrar tais inversos Congruências lineares • Uma congruência linear é uma equação do ,po ax ≡ b (mod n). • A solução é dada por um inteiro x0 para o qual ax0 ≡ b (mod n), i.e.: n|(ax0 – b) ⇒ ax0 – b = ny0 ⇒ ax0 -‐ ny0 = b (equação diofân,ca) Ex.: 3x ≡ 9 mod 12 x0 = 3 x1 = -‐9 Congruências lineares Ex.: 3x ≡ 9 mod 12 x0 = 3 x1 = -‐9 • Entretanto, observe x0≡x1 (mod 12) • i.e.: 3 ≡ -‐9 (mod 12) • Todos elementos desta classe de congruência também são soluções ... ≡ -‐21 ≡ -‐9 ≡ 3 ≡ 15 ≡ ... (mod 12) Dessa forma, o interesse é descobrir quais as soluções incongruentes (ou seja, quantas das 12 classes de congruências fornecem soluções?) 11/18/13 2 Equação Diofântica • Chamamos equação diofân,ca qualquer equação com 2 ou mais variáveis que deve ser resolvida com inteiros: ax+by = c, a,b e c inteiros • Podem exis,r um grande número de soluções • Ex.: 3x+6y = 18 3·∙4+6·∙1 = 18 3·∙(-‐6)+6·∙6 = 18 3·∙10+6·∙(-‐2) = 18 Eq. Diofân,ca linear Equação Diofântica • Pode não haver solução nos inteiros • Ex: 2x+10y = 17 ⇒ x,y ∈ R • Observe que: • 3x+6y = 18 ⇒ ∃ • GCD(3,6) = 3 ⇒ 3|18 • 2x+10y = 17 ⇒ ∄ • GCD(2,10) = 2 ⇒ 2∤17 • Podemos concluir que a equação diofân,ca linear ax+by=c admite solução SSE d|c ∴ d = GCD(a,b) Teorema • A EDL ax+by=c tem solução SSE d|c ∴ d = GCD(a,b). • Se (x0,y0) é uma solução par,cular da equação, então todas as soluções são da forma: t d ayy t d bxx ⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛−= ⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛+= 0 0 , onde t é um inteiro qualquer Teorema 2.9 -‐ Exemplo • Ex.: 172x+20y = 1000 Calcular o GCD(172,20): 172 = 20·∙8 + 12 20 = 12·∙1 + 8 12 = 8·∙1 + 4 GCD(172,20) = 4 8 = 4·∙2 + 0 Como 4|1000, então existe solução! Teorema 2.9 -‐ Exemplo • Seguindo o caminho inverso, temos: 4 = 12 -‐ 8·∙1 4 = 12 – (20-‐12) 4 = 2·∙12 – 20 4 = 2·∙(172-‐8·∙20)-‐20 4 = 2·∙172 -‐16·∙20 – 20 4 = 2·∙172 -‐(16+1)·∙20 4 = 2·∙172 +(-‐17)·∙20 ·∙250 1000 = 172 ·∙500 + (-‐4250)·∙20 x0 = 500 y0 = -‐4250 Queremos chegar a 172x+20y = 1000 Teorema 2.9 -‐ Exemplo • Sendo assim, x=500 e y=-‐4250 fornece uma possível solução da equação. Outras soluções possíveis são expressas por: x = 500 + (20/4)t y = -‐4250 – (172/4)t x = 500 + 5t y = -‐4250 – 43t Se for exigido que as soluções sejam inteiras e posi,vas? t d ayy t d bxx ⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛−= ⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛+= 0 0 11/18/13 3 Teorema 2.9 -‐ Exemplo • Soluções posi,vas: 1. x>0 ⇒ 500 + 5t > 0 5t > -500 t > -100 2. y>0 ⇒ -‐4250 -‐43t > 0 43t < -‐4250 t < -‐4250 / 43 = -‐98,83... t < -‐98,83... • Logo, -‐100 < t < -‐98,83... t = -‐99 ⇒ x = 5 y = 7 Únicas soluções inteiras posi,vas para a equação Corolário • Se GCD(a,b) = 1 e, se, (x0,y0) é uma solução da equação ax + by = c, todas as soluções serão dadas por: x=x0+ bt , t ∈ Z y=y0 -‐ at • Ex: 5x + 22y = 18 SOLUÇÃO: x0 = 8 x = 8 + 22t y0 = -‐1 y = -‐1 – 5t Teorema • A congruência linear ax ≡ b mod n tem solução , SSE, d|b, onde d = GCD(a,n), a qual tem d soluções mutuamente incongruentes modulo n. • Se x0é uma solução de ax ≡ b (mod n), o conjunto de soluções é dado por: • Corolário: • Se GCD(a,n)=1, então a congruência ax ≡ b mod n tem uma única solução módulo n ⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛−+⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛++ d ndx d nx d nxx )1(,...,2,, 0000 Exemplo • Considere a congruência linear 18x ≡ 30 (mod 42) • Note que o GCD(18,42) = 6 e 6|30 • Pelo teorema, temos 6 possíveis soluções para a equação • Uma possível solução é x=4 (por inspeção) 18x – 30 = 42*1 ⇒ x = 4 • Pela equação, obtemos as outras soluções: x ≡ 4+(42/6)t ≡ 4 + 7t (mod 42) , t=0,1,2,...5 x ≡ 4,11,18,25,32,39 (mod 42) Exercício • Encontre as soluções para a congruência linear 9x ≡ 21 (mod 30) Exercício • Encontre as soluções para a congruência linear 9x ≡ 21 (mod 30) • Solução Primeiramente, verificar se possui solução: GCD(a,n)=GCD(9,30) 30 = 9.3 + 3 ß GCD(9,30)=3 9 = 3.3 + 0 A congruência 9x ≡ 21 (mod 30) é equivalente a 9x-‐30y=21 • Lembrando: GCD(a,b)=d=ax+by • No nosso caso: 9x + 30y = 3 • Solucionar u,lizando o algoritmo euclidiano: ⇒ 30 – 9.3 = 3 9 (-‐3) + 30 (1) = 3 (7) 9 (-‐21) + 30 (7) = 21 • x0=-‐21 y0=7 • Soluções incongruentes: x = -‐21 + 10t, para t=0,1,2 • x1 = -‐21 + 10 = -‐11 • x2 = -‐21 + 2*10 = -‐1 3 soluções incongruentes! 11/18/13 4 Teorema Chinês do Resto • Uma senhora estava caminhando para um mercado quando um cavalo se bateu com a sua cesta de ovos. O cavaleiro queria pagar os danos e perguntou para a senhora quantos ovos haviam na cesta. • Ela não se lembrava exatamente da quan,dade, mas sabia que se ,rasse os ovos da cesta de três em três, sobravam dois ovos. Se ,rasse de 5 em 5, sobravam 3 ovos e de 7 em 7 sobravam 2. • Qual seria a menor quan,dade de ovos que ela poderia ter? • Como formular esse problema usando a notação da aritmé,ca modular? Teorema Chinês do Resto • No século um, o matemá,co chinês chamado Sun-‐ Tsu se perguntou: Que número será esse de forma que quando dividido por 3, o resto é 2; quando dividido por 5, o resto é 3; e quando dividido por 7, o resto é 2? • A pergunta é: Qual é a solução para o seguinte sistema de congruências? • x ≡ 2 (mod 3) • x ≡ 3 (mod 5) • x ≡ 2 (mod 7)? Teorema Chinês do Resto Formalizando... • Sejam m1, m2, . . . mn inteiros posi,vos primos entre si. O sistema x ≡ a1 (mod m1) x ≡ a2 (mod m2) ... x ≡ an (mod mn) • possui uma única solução módulo m = m1.m2... mn. (Ou seja, existe uma solução x com 0 ≤ x < m, e todas as outras soluções são congruentes módulo m com essa solução). Solução • Como calcular x: • faça m = m1.m2. . . . mn; • para k = 1, 2, . . . n faça Mk = m/mk; • chame Yk o inverso de Mk módulo mk e calcule Yk, Ou seja, Mk.Yk ≡ 1 (mod mk); • x ≡ a1M1Y1 + a2M2Y2 + . . . anMnYn (mod m). Prova • Seja Mk = m/mk, par k=1,2,...n • Mk é o produto dos módulos (exceto mk) • mi e mk são rela,vamente primos, portanto GCD(mk,Mk)=1 • Pelo teorema anterior, temos que existe um inteiro Yk (um inverso de Mk modulo mk) Mk.Yk ≡ 1 (mod mk) Prova (cont.) • Para formar uma solução simultânea, fazemos: x = a1M1Y1 + a2M2Y2 + . . . anMnYn • Para mostrar que x é uma solução simultânea, observe que Mj ≡ 0 (mod mk ) , sempre que j ≠ k • Dessa forma, todos, exceto o k-‐ésimo termo, da soma são congruentes a 0 mod mk. Uma vez que Mk.Yk ≡ 1 (mod mk),temos: x ≡ akMkYk ≡ ak (mod mk), para k = 1,2,...n • Temos que x é uma solução simultânea para as n congruências. 11/18/13 5 Exemplo anterior 1. m = 3.5.7 = 105; 2. M1 = m/3 = 35, M2 = m/5 = 21, e M3 = m/7 = 15 3. As congruências lineares: 4. Tem solução: 5. x ≡ 2.35.2 + 3.21.1 + 2.15.1 (mod 105) x ≡ 233 ≡ 23 (mod 105). • Resp. Pelo menos 23 ovos x ≡ 2 (mod 3) x ≡ 3 (mod 5) x ≡ 2 (mod 7) Outro exemplo • Que inteiros deixam resto 1 quando divididos por 2 e resto 1 quando divididos por 3? • x ≡ 1 (mod 2) e x ≡ 1 (mod 3); • m = 6, M1 = 3 e M2 = 2; • 3Y1 ≡ 1 (mod 2) → Y1 = 1; • 2Y2 ≡ 1 (mod 3) → Y2 = 2; • x ≡ 1.3.1 + 1.2.2 (mod 6) • x ≡ 7 (mod 6). Método iterativo • Ou “back subs2tu2on” • Exemplo: • x ≡ 1 (mod 5), x ≡ 2 (mod 6), e x ≡ 3 (mod 7) • A primeira congruência pode ser escritacomo • x=5t+1 • Subs,tuir na segunda congruência: • 5t+1 ≡ 2 (mod 6) à t ≡ 5 (mod 6) • A qual também pode ser escrita como: • t = 6u +5 • Subs,tuindo em x = 5t + 1, temos • x = 5(6u+5) + 1 = 30u+26 Método iterativo (cont) • Exemplo: • x ≡ 1 (mod 5), x ≡ 2 (mod 6), e x ≡ 3 (mod 7) • Subs,tuindo x = 30u+26 na terceira congruência, temos • 30u+26 ≡ 3(mod7). • 30u+23 = 7q • Qual o valor de u? • u ≡ 6 (mod 7) à u=7v + 6, subs,tuindo em x=30u+26, temos: • x = 30(7v + 6) + 26 = 210v + 206 • Ou, em formato de congruência: x ≡ 206 (mod 210) O Pequeno teorema de Fermat • Se p é primo e a é um inteiro não divisível por p, então ap−1 ≡ 1 (mod p). • Portanto, para todo inteiro a, temos: ap ≡ a (mod p). • Bastante ú,l no cálculo dos restos módulo p de grandes potências de inteiros Exemplo • Encontre 7222 mod 11 • Solução: • Usar o pequeno teorema de Fermat ao invés de usar o algoritmo da exponenciação modular. • Pelo teorema, temos que 710 ≡ 1 (mod 11), portanto, (710)k ≡ 1 (mod 11) para todo inteiro posi,vo k • Dividimos o expoente 222 por 10, temos 222 = 22 ·∙ 10 + 2. • 7222 = 722·∙10+2 = (710)2272 ≡ (1)22 ·∙ 49 ≡ 5 (mod 11) • Portanto, 7222 mod 11 = 5 11/18/13 6 Exercício • Use o pequeno teorema de Fermat para encontrar 7121 mod 13 • Ordem: menor potência de um inteiro que deixa resto 1 • Encontrar x tal que gx ≡ 1 mod p • Exemplo: Qual a ordem de 2 modulo 7? • 21 ≡ 2 (mod 7), 22 ≡ 4 (mod 7), 23 ≡ 1 (mod 7) • Portanto, ord7 2=3 Conceito: ordem e raiz primitiva • Raiz Primitiva: um inteiro positivo x tal que as potências de x geram todos os inteiros relativamente primos a n, sendo n um inteiro positivo • O mesmo que um gerador de um grupo • Ex.: 3 modulo 7 • 31 ≡ 3 (mod 7), 32 ≡ 2 (mod 7), 33 ≡ 6 (mod 7) • 34 ≡ 4 (mod 7), 35 ≡ 5 (mod 7), 36 ≡ 1 (mod 7) Conceito: ordem e raiz primitiva • Exemplo: • U(14)={1,3,5,9,11,13} • x x, x2, x3, ... (mod 14) • 1 : 1 • 3 : 3, 9, 13, 11, 5, 1 • 5 : 5, 11, 13, 9, 3, 1 • 9 : 9, 11, 1 • 11 : 11, 9, 1 • 13 : 13, 1 Raiz primitiva • Nem todo inteiro tem uma raiz primi,va • Ex.: modulo 8 • Rela,vamente primos a 8: U(8)={1,3,5,7} • U(8) = {1,3,5,7} • 〈1〉 = {1} • 〈3〉 = {3,1} • 〈5〉 = {5,1} • 〈7〉 = {7,1} • U(8) ≠ 〈a〉 para qualquer a em U(8) Raiz primitiva a) Mostre que 5 é uma raiz primi,va de 6 b) Mostre que 2 é uma raiz primi,va de 11 Exercício 11/18/13 7 Discrete logarithm problem (DLP): Dado um primo p e r a raiz primitiva de p, o logarítmo discreto (ou índice) de um inteiro a na base r modulo p é o expoente x tal que r x ≡ a mod p, 0 ≤a ≤ p-‐1 Dizemos que x é um índice ou logaritmo discreto de a na base r módulo p O Problema do logaritmo discreto • No exemplo anterior: • 31 ≡ 3 (mod 7), 32 ≡ 2 (mod 7), 33 ≡ 6 (mod 7) • 34 ≡ 4 (mod 7), 35 ≡ 5 (mod 7), 36 ≡ 1 (mod 7) • 3 é uma raiz primi,va módulo 7 • Qual o logaritmo discreto de 6 base 3 modulo 7? • 33 ≡ 6 (mod 7) è 3 • log3 6 = 3 • Ou seja: • ind31 = 6, ind32 = 2, ind33 = 1, • ind34 = 4, ind35 = 5, ind36 = 3. Logaritmo Discreto Exemplo Exercício • Encontre o logaritmo discreto de 3 e 5 modulo 11 na base 2 • <2> = {2, 4, 8, 5, 10, 9, 7, 3, 6, 1} • log2 3 = 8 • log2 5 = 4 } Para valores pequenos de p, é fácil resolver um DLP por tenta,va e erro, ou busca exaus,va } Por exemplo, dado p = 11, r = 2 e b = 9, podemos tentar valores diferentes de a até encontrar a solução correta para 2a mod 11 = 9 } a=6 à 26=64 mod 11 = 9 } hp://www.alpertron.com.ar/DILOG.HTM } Entretanto, para um valor grande de p, i.e., se p tem aproximadamente 100 dígitos decimais, então não é possível resolver um DLP usando a tecnologia atual O Problema do logaritmo discreto
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