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Aula 6Vetor Deslocamento, Velocidade e Aceleração Vetor Deslocamento, Velocidade e Aceleração Objetivos desta Aula Entender os conceitos de vetor posição de uma partícula e vetor deslocamento. Entender o conceito de vetor velocidade média e vetor aceleração média no movimento não-retilíneo e entender a sua relação com a derivada. Entender o conceito de vetor velocidade instantânea e vetor aceleração instantânea no movimento não-retilíneo e entender a sua relação com a derivada; Ser capaz de deduzir as equações do movimento quando o vetor aceleração é constante. Pré-Requisitos Ter estudado a Aula 5 - Vetores. cinemática Vetor Deslocamento, Velocidade e Aceleração Pelo que você já aprendeu, certamente você deve ser capaz de perceber que o conceito de vetor é perfeito para descrever deslocamentos. Mas você verá, a seguir, que os vetores também são um meio excelente de descrever as demais grandezas cinemáticas como a posição, a velocidade e a aceleração. Vetor Posição e Vetor Deslocamento Considere uma partícula em um ponto P, com coordenadas x, y e z em relação a um sistema de eixos OXYZ , tal como indicado na Figura 2.12. Figura 2.12: Vetor posição de uma partícula com coordenadas x, y e z. Essas coordenadas especificam a posição da partícula em relação ao sistema de eixos, mas também especificam um único vetor r, que vai da origem do sistema até a posição da partícula. Logo, dado o vetor r, com sua direção, seu módulo e seu sentido, a posição da partícula fica univocamente determinada. Colocando-se o ponto inicial do vetor na origem O, a sua extremidade final determina exatamente a posição da partícula. Esse vetor r, que vai da origem O do sistema de eixos até a posição da partícula, é chamado de vetor posição da partícula em relação ao sistema de eixos. Como o vetor r determina a posição da partícula, muitas vezes nos referimos ao vetor posição como sendo “a posição da partícula”. Para determinar a posição de uma partícula no espaço, usamos também as coordenadas x, y e z da partícula em relação ao sistema de eixos OXYZ. Assim, temos duas opções para determinar a posição da partícula em relação ao sistema de eixos OXYZ, usando o vetor posição r ou suas coordenadas. As duas opções são equivalentes. De fato, considere os vetores unitários ux, uy e uz do sistema de eixos OXYZ. Como fica claro pela Figura 2.12, as componentes do vetor posição r ao longo desses vetores unitários são exatamente as respectivas coordenadas da partícula: (2.2.1) Vamos agora assumir que a partícula se mova. Como ux, uy e uz formam uma base para qualquer vetor no espaço tridimensional, para um dado instante t do movimento, existe um único vetor posição nesse instante determinado pela trinca de componentes escalares desse vetor, ou seja, r u u u= + +x y z x y z . Aula 6Vetor Deslocamento, Velocidade e Aceleração (2.2.2) O vetor posição é agora uma função do tempo, que descreve o movimento da partícula! De fato, se o ponto inicial do vetor posição permanece fixo na origem, o ponto final vai traçando uma curva, que é a trajetória da partícula. A Figura 2.13 mostra vetores posição de uma partícula em três instantes diferentes. Essa figura também mostra a trajetória da partícula. Figura 2.13: Três vetores posição nos instantes t1, t2 e t3 e a trajetória da partícula. Consideremos agora uma partícula que em seu movimento passe por um ponto P1 e depois por um ponto P2, como exemplificado na Figura 2.14. Legenda: Figura 2.14: Vetor deslocamento de P1 para P2. O vetor deslocamento da partícula, de P1 até P2, é o vetor definido pela seta com ponto inicial em P1 e ponto final em P2. Esse vetor também é chamado de deslocamento vetorial da partícula. Pela Figura 2.14, é claro que o vetor deslocamento ∆r da posição P1 até P2 é igual à diferença entre o vetor posição r1 e o vetor posição r2, ou seja ∆r= r2− r1. (Repare na semelhança que essa expressão tem com a definição para o deslocamento no movimento unidimensional. Note que o deslocamento vetorial de um ponto P1 até um ponto P2 é geralmente uma informação muito pobre sobre o movimento da partícula entre esse dois pontos, pois qualquer que tenha sido a trajetória seguida pela partícula entre r u u u( ) ( ) ( ) ( ) .t x t y t z t x y z = + + cinemática Vetor Deslocamento, Velocidade e Aceleração P1 e P2, o seu deslocamento entre eles será sempre o mesmo. Se supusermos que uma partícula passa por um ponto P1 em um instante t1, e por um ponto P2 em um instante t2, o deslocamento vetorial da partícula de P1 até P2 é também chamado de deslocamento vetorial no intervalo de tempo [t1, t2], ou seja, (2.2.3) (A expressão acima também deve ser comparada com a definição para o deslocamento em um intervalo de tempo . Finalmente, dados dois vetores posição, (2.2.4) pela definição de adição de vetores em termos de suas componentes, como vimos na seção anterior, o vetor deslocamento pode ser escrito como (2.2.5) ou seja, o vetor deslocamento é a soma dos vetores deslocamentos nas direções dos eixos OX, OY, OX. De fato, se o movimento fosse apenas ao longo do eixo OX, o deslocamento seria simplesmente ∆x, como vimos quando estudamos o movimento unidimensional. Entretanto, para o movimento não-retilíneo, dizemos que ∆xux é o vetor deslocamento na direção do eixo OX. Analogamente, os vetores ∆yuy e ∆zuz são os vetores deslocamento nas direções do eixo OY e OZ respectivamente. Vetores Velocidade Média e Instantânea Em analogia ao que vimos no movimento unidimensional, seja uma partícula que no instante t1 estava na posição r1 e em um instante posterior t2 na posição r2, seu deslocamento vetorial no intervalo [t1, t2] é dado por (2.2.3). A razão entre o deslocamento vetorial e o tempo gasto para realizá-lo é chamada de velocidade vetorial média (ou vetor velocidade média) da partícula no intervalo de tempo em que ocorreu o deslocamento, (2.2.6) (A expressão acima também deve ser comparada com a definição para a ∆r r r t t t t 1 2 2 1→ = −( ) ( ). r u u u r u u u 1 1 1 1 2 2 2 3 = + + = + +x y z x y z x y z x y z e , ∆r r r u u u u u u = − = + +( ) − + + 2 1 2 2 3 1 1 1 x y z x y z x y z x y zz x y z x x y y z z ( ) = −( ) + −( ) + −( ) ≡ 2 1 2 1 2 1 u u u ∆∆ ∆ ∆x y z x y z u u u+ + , v r r r t t t t t t t1 2 2 1 2 1 → = − − ≡ ( ) ( ) . ∆ ∆ Aula 6Vetor Deslocamento, Velocidade e Aceleração velocidade média em um intervalo de tempo no movimento unidimensional Note que a velocidade média é o produto do número positivo 1/∆t pelo vetor deslocamento ∆r. O resultado ∆r/∆t, que é a velocidade média, é um vetor com a mesma direção e sentido que o deslocamento ∆r. Além disso, o módulo da velocidade média dá uma idéia da rapidez com que a partícula mudou de posição no intervalo de tempo, embora a velocidade vetorial média em um intervalo de tempo dê apenas uma informação global sobre a maneira como a partícula se moveu nesse intervalo. Para saber a velocidade da partícula em um instante em particular, precisamos recorrer ao conceito de velocidade instantânea, como veremos abaixo. Consideremos agora um movimento descrito por r(t). Sejam t e t+∆t dois instantes do movimento, com ∆t≠ 0. A velocidade vetorial média da partícula no intervalo de tempo [t, t+∆t], é dada por: (2.2.7) Definimos o vetor velocidade instantânea (ou velocidade instantânea vetorial) da partícula no instante t como o limite da razão acima quando ∆t tende a zero, ou seja, (2.2.8) Note que o vetor v(t) nos fornece a velocidade comouma função do tempo! Observe agora a Figura 2.15. No limite em que ∆t→ 0 , o ponto P tende para o ponto P’, e a reta secante que passa por P e P’ tende para a reta tangente à trajetória no ponto P (veja a figura). Portanto, nesse limite, a velocidade média tem a direção da reta tangente à trajetória no ponto P, o que nos leva a concluir que a velocidade instantânea tem a direção da reta tangente à trajetória no ponto P, isto é, o vetor velocidade instantânea é sempre tangente à trajetória no ponto em que a partícula se encontra. Figura 2.15: Posições de uma partícula em dois instantes t e t+∆t. Além disso, o sentido do vetor velocidade instantânea em um ponto da trajetória é o sentido em que a partícula se move nesse ponto. A Figura 2.16 mostra um exemplo de movimento no qual está indicada a velocidade instantânea com que a partícula passa por vários pontos da trajetória. v r r t t t t t t t→ + = + −∆ ∆ ∆ ( ) ( ) . v r r r t t t t t tt t ( ) = = + − → → lim lim ( ) ( ) . ∆ ∆ ∆ ∆ ∆ ∆0 0 cinemática Vetor Deslocamento, Velocidade e Aceleração Figura 2.16: Vetores velocidade em diversos instante do movimento. Se você tirar a ferrugem do seu Cálculo Diferencial e comparar a definição para o vetor velocidade, dado pela Eq. (2.2.8), com a expressão para o vetor deslocamento na Eq. (2.2.5), você vai ver que (2.2.9) Mas cada um dos limites acima é a definição das derivadas (2.2.10) como vimos quando estudamos o movimento unidimensional. Assim, podemos reescrever o vetor velocidade, em termos de suas componentes, como (2.2.11) Logo, dado um vetor posição r(t) = x(t) ux+ y(t) uy+ z(t) uz, podemos obter a função vetor velocidade instantânea simplesmente derivando as componentes da função vetor posição com relação ao tempo. Note que os cálculos de derivadas e integrais estão fora do objetivo deste curso e não serão cobrados nas avaliações. Finalmente, uma vez que a velocidade de uma partícula é uma grandeza vetorial, v u u( ) lim limt x t y tt x t = + → →∆ ∆ ∆ ∆ ∆ ∆0 0 yy t z z t + → lim . ∆ ∆ ∆0 u dx t dt x t t x t t dy t dt t ( ) lim ( ) ( ) ( ) lim ≡ + − ≡ →∆ ∆ ∆0 , ∆∆ ∆ ∆ ∆ ∆ t t y t t y t t dz t dt z t t → → + − ≡ + 0 0 ( ) ( ) ( ) lim ( ) , −− z t t ( ) ∆ , v u u u( ) ( ) ( ) ( ) t dx t dt dy t dt dz t dt v x y z = + + ≡ xx x y y z z v vu u u+ + , Aula 6Vetor Deslocamento, Velocidade e Aceleração ela possui em cada instante um módulo, uma direção e um sentido. Basta que apenas uma dentre essas três quantidades varie com o passar do tempo para que a velocidade varie com o tempo. No caso particular em que o módulo da velocidade permanece constante, dizemos que ela se move num movimento uniforme. Entretanto, um movimento uniforme não é necessariamente retilíneo, como, por exemplo, o movimento circular uniforme. Vetores Aceleração Média e Instantânea Suponha que em um instante t1 uma partícula esteja na posição r(t1) com velocidade v(t1), e em um instante diferente t2, ela esteja na posição r(t2) com velocidade v(t2), conforme indicado na Figura 2.17. Figura 2.17: Posições e velocidades de uma partícula em dois instantes de uma partícula em movimento. A variação da velocidade vetorial da partícula no intervalo de tempo [t1, t2] é (2.2.12) (Novamente, a expressão acima também deve ser comparada com a definição para a variação de velocidade em um intervalo de tempo no movimento unidimensional,. Note ainda que ∆v é um vetor.) O tempo decorrido nessa mudança de velocidade é t2−t1, que representamos, como de costume, por ∆t. A razão entre a variação da velocidade vetorial da partícula e o tempo gasto para ocorrer tal variação é chamada de aceleração vetorial média (ou vetor aceleração média) da partícula no intervalo de tempo [t1, t2] , ou seja, (2.2.13) (A expressão acima também deve ser comparada com a definição para a velocidade média em um intervalo de tempo vista na Aula 2. Note que, de acordo com a definição acima, a aceleração média vetorial é um vetor com a mesma direção e sentido que a variação de velocidade vetorial no intervalo [t1, t2]. ∆v v v= ( ) − ( )t t2 1 . a v v v t t t t t t t2 1 2 1 2 1 → = ( ) − ( ) − ≡ ∆ ∆ . cinemática Vetor Deslocamento, Velocidade e Aceleração Além disso, o vetor aceleração média em um intervalo de tempo dá apenas uma informação global sobre a maneira como a partícula muda sua velocidade vetorial no intervalo. Agora, seja t o instante no qual a partícula esteja na posição r(t) com velocidade v(t), e t+∆t outro instante do movimento no qual a partícula esteja na posição r(t+∆t) com velocidade v(t+∆t), conforme ilustrado na Figura 2.18. Legenda: Figura 2.18: Posições e velocidades de uma partícula em dois instantes, t e t+∆t. Pela definição na Eq. (2.2.13), o vetor aceleração média da partícula no intervalo [t, t+∆t] é dado por (2.2.14) Definimos a aceleração vetorial instantânea (ou vetor velocidade instantânea) da partícula no instante t, como sendo o limite dessa razão quando ∆t tende a zero, isto é, (2.2.15) Note que o vetor a(t) é uma função do tempo! (A expressão acima também deve ser comparada com a definição para a aceleração instantânea na aula sobre a aceleração constante no movimento unidimensional. O módulo da aceleração vetorial instantânea dá a rapidez com que a partícula está mudando sua velocidade no instante t. Note que, se a velocidade mudar somente em módulo e sentido, sem mudar a direção, a aceleração tem sempre a mesma direção da velocidade; esse é o caso de um movimento retilíneo. Mas a velocidade também pode mudar sem mudar o seu módulo. Nesse caso, a aceleração tem direção perpendicular à velocidade, como no caso do movimento circular. Além disso, a velocidade pode mudar em direção, módulo e sentido e, nesse caso, a aceleração pode ter qualquer direção. Finalmente, vamos substituir a Eq. (2.2.11) na Eq. (2.2.15) para fazer um cálculo análogo ao visto na Eq. (2.2.9) e mostrar que a(t) se reescreve como a v v t t t t t t t→ + = +( ) − ( ) ∆ ∆ ∆ . a v v v t t t t t tt t ( ) = = + − → → lim lim ( ) ( ) . ∆ ∆ ∆ ∆ ∆ ∆0 0 Aula 6Vetor Deslocamento, Velocidade e Aceleração (2.2.16) Logo, dado um vetor velocidade v(t) = vx(t) ux+ vy(t) uy+ vz(t) uz, podemos obter a função vetor aceleração instantânea simplesmente derivando as componentes da função vetor velocidade com relação ao tempo. - Mas espere aí! Já sabemos que é possível obter o vetor velocidade se derivarmos as componentes do vetor deslocamento com relação ao tempo! Então basta derivar duas vezes as componentes do vetor deslocamento com relação ao tempo para obtermos a aceleração, ou seja, (2.2.17) Você poderia agora nos perguntar: - Seria possível resolver o problema inverso, isto é, conhecendo-se a aceleração, é possível descobrir a posição da partícula? - Note que no caso do movimento retilíneo, se conhecermos a função aceleração, podemos obter a função posição se conhecermos v0 e a posição x0 no instante inicial t0. Como já vimos, essa função é obtida por meio do cálculo de uma integral. Analogamente, podemos fazer o mesmo para o movimento não-retilíneo, desde que o vetor posição inicial e o vetor velocidade inicial sejam conhecidos, como veremos abaixo. Assim, dado o vetor velocidade v0no instante inicial t0, a função vetor velocidade para um instante posterior t é obtida por meio do cálculo de uma integral, (2.2.18) onde ax(t), ay(t) e az(t) são as componentes escalares do vetor aceleração, que são funções do tempo. Assim basta integrar as componentes do vetor aceleração para encontrarmos o vetor velocidade! Analogamente, dado o vetor posição r0 no instante inicial t0, podemos calcular a função vetor posição para um instante posterior t, (2.2.19) a u u u( ) ( ) ( ) ( ) .t d x t dt d y t dt d z t dtx y z = + + 2 2 2 2 2 2 v v a v u ( ) ( ) ' ( ') ' t t dt a t a t t t x x = + = + + = ∫0 0 0 yy y z z t t t t a t dt a ( ') ( ') ' ' u u v + = + = ∫ 0 0 xx t t t x y t t t t dt a t dt( ') ' ( ') ' ' '= = ∫ ∫ + 0 0 u + = ∫u uy z t t t z a t dt( ') ' , ' 0 r r v( ) ( ') '. ' t t dt t t t = + = ∫0 0 a u u u( ) ( ) ( ) ( ) .t dv t dt dv t dt dv t dt x x y y z z = + + cinemática Vetor Deslocamento, Velocidade e Aceleração Se você substituir o resultado acima na Eq. (2.2.18), é possível mostrar que o vetor posição se reescreve como (2.2.20) Para o caso em que o vetor a(t) é um vetor constante, isto é, a(t)= a, as integrais acima podem ser calculadas facilmente e obtemos: (2.2.21) (A expressão acima deve ser comparada com a lei horária do movimento para o MRUV que estudamos na aula sobre velocidade média no movimento unidimensional.) Note ainda que, embora o cálculo de derivadas e integrais esteja fora do objetivo deste curso e que não será cobrado nas avaliações, você já deve ter percebido que ele é bastante útil... r r v a( ) ( '') '' ''' t t t t dt t t t t t t = + −( ) + == ∫∫0 0 0 00 ddt '. r r v a( ) .t t t t t= + −( ) + −( )0 0 0 0 212 Aula 6Vetor Deslocamento, Velocidade e Aceleração CRÉDITOS Texto adaptado por Lizardo H. C. M. Nunes da apostila Física 1A, de Carlos Farina de Souza, Marcus Venicius C. Pinto e Paulo Carrilho Soares Filho. Revisão Mônica dos Santos Dahmouche Equipe do Portal da Educação Programação Visual André Nogueira Ilustração Fabiana Rocha Fabio Muniz André Nogueira
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