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A EXECUÇÃO DE ALIMENTOS NO NOVO CPC

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A execução de alimentos é um meio de assegurar o adimplemento da prestação alimentícia anteriormente fixada. Havendo título executivo judicial ou extrajudicial cabe a cobrança mediante execução ou cumprimento de sentença contra o devedor. 
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Estabelecida a obrigação alimentar, e não efetuando o devedor o pagamento, cabe ao credor executá-lo.
Para garantir o fiel cumprimento da obrigação alimentar, estabelece a lei diversas providências, dentre elas a prisão do alimentante inadimplente.
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Temos aqui uma exceção ao princípio segundo o qual não há prisão por dívidas, tendo em vista que os Alimentos atendem ao interesse público, ou seja, trata-se da preservação da vida do necessitado, protegido pela Constituição Federal, no caput do art. 5º.
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ATENÇÃO!
A eleição do meio executório (Prisão ou Expropriação) é prerrogativa do credor (condicionada ao período do débito, se vencido ou não há mais de três meses).
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CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E EXECUÇÃO DE ALIMENTOS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL- LEI 13.105/2015
Agora temos quatro possibilidades para se executar os alimentos devidos. 
A distinção se dá em relação ao tipo de título (judicial ou extrajudicial) e tempo de débito (pretérito ou recente):
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1) CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, SOB PENA DE PRISÃO (arts. 528/533);
2) CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, SOB PENA DE PENHORA (art. 528, § 8º);
3) EXECUÇÃO DE ALIMENTOS, FUNDADA EM TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL, SOB PENA DE PRISÃO (arts. 911/912);
4) EXECUÇÃO DE ALIMENTOS, FUNDADA EM TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL SOB PENA DE PENHORA (art. 913).
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DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
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POR QUE O EXECUTADO PASSA A SER INTIMADO?
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O CPC, inova modificando o procedimento que passa a ser Cumprimento de Sentença, ou seja, realizado nos próprios Autos.
Por este motivo o Executado passa a ser “intimado” e não mais “Citado”. 
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Atenção ao Artigo 531 e seus parágrafos:
Art. 531.  O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou provisórios.
§ 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença ainda não transitada em julgado, se processa em autos apartados.
§ 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será processado nos mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença.
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Assim, quando se tratar de:
 1) ALIMENTOS PROVISÓRIOS;
2) SENTENÇA AINDA NÃO TRANSITADA EM JULGADO
SERÁ FEITA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS QUE SE PROCESSA EM AUTOS APARTADOS!
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Em se tratando de SENTENÇA DEFINITIVA SERÁ FEITO O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, NOS PRÓPRIOS AUTOS.
Art. 531 § 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será processado nos mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença.
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O prazo para responder permanece sendo 3 dias.
NA RESPOSTA, O EXECUTADO PODERÁ:
1) Pagar o débito;
2) Provar que o fez, ou
3) Justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
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 PROTESTO DE OFÍCIO
Ocorrido o inadimplemento, antes mesmo da prisão civil, sejam alimentos fixados de forma definitiva ou alimentos provisórios, o juiz determinará o protesto da decisão que fixou os alimentos:
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 PROTESTO DE OFÍCIO
Art. 528,§ 1o : Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517.
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Trata-se de novo mecanismo coercitivo, pois o protesto (e consequente “nome sujo” no mercado) pode trazer problemas na vida cotidiana do devedor de alimentos.
NAS DECISÕES DE ALIMENTOS O PROTESTO É FEITO DE OFÍCIO PELO JUIZ
NÃO HÁ NECESSIDADE DO TRÂNSITO EM JULGADO
NÃO É NECESSÁRIO REQUERIMENTO.
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528, § 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pagar justificará o inadimplemento.
Embora ainda não tenhamos posicionamento jurisprudencial sobre o tema, a impossibilidade absoluta continua relacionada com doença grave, estado de saúde incapacitante, enfim, uma situação extremamente grave.
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Por que o desemprego não é causa de impossibilidade absoluta?
Pois bem, sabido da quebra do vínculo empregatício, o devedor deverá se precaver e pleitear uma Ação Revisional de Alimentos ao invés de esperar o cumprimento de Sentença e uma possível Prisão!
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Art. 528, § 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
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O objetivo da prisão do devedor de alimentos, não é a prisão em si, mas sim compelir o devedor a que arque com o débito alimentar. 
Daí as especificidades desta prisão, nos parágrafos 4º, 5º e 6º do Art. 528:
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§ 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos comuns.
§ 5o O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das prestações vencidas e vincendas. 
Obs: a prisão não afasta o débito!
§ 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.
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A Súmula 309 foi acrescida ao artigo 528, § 7º:
Art. 528, § 7º: O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.
Foi inserido no NCPC o que já constava da Súmula 309/STJ, no sentido de somente ser possível a prisão civil em relação às últimas três parcelas devidas. 
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 O § 8º DO ART. 528, TRATA DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, SOB PENA DE PENHORA:
528, § 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação. (Art. 523- penhora)
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§ 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.
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DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO
O exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação alimentícia.
O órgão pagador ou o empregador deverá efetuar os descontos na folha de pagamento, sob pena de crime de desobediência.
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Art. 529.  Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação alimentícia.
§ 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.
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ATENÇÃO À MUDANÇA TRAZIDA PELO NOVO CPC QUANTO À POSSIBILIDADE DE DESCONTO DE ATÉ 50 POR CENTO DOS GANHOS LÍQUIDOS DO EXECUTADO!
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Art. 529, § 3º Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida,
não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos.
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Assim, se um devedor de alimentos passa a receber salário, poderá haver, além do desconto em folha das parcelas mensais, um desconto adicional em relação às parcelas devidas. 
EXEMPLO:
Pensando na situação mais usual, um devedor que tenha de pagar 30% de seus vencimentos mensalmente (quanto à parcela mensal, os alimentos vincendos), poderá ter mais 20% de desconto para o pagamento parcelado dos alimentos já vencidos.
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Art. 531.  O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou provisórios.
§ 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença ainda não transitada em julgado, se processa em autos apartados.
§ 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será processado nos mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença.
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DO CRIME DE ABANDONO MATERIAL
Art. 532.  Verificada a conduta procrastinatória do executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao Ministério Público dos indícios da prática do crime de abandono material.
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crime tipificado no artigo 244 do Código Penal, em seu Capítulo III, que trata DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR.
“Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:
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Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada.”
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EXECUÇÃO DE ALIMENTOS, FUNDADA EM TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL, SOB PENA DE PRISÃO 
Arts. 911/912
Aqui, nós teremos Execução de Alimentos e não Cumprimento de Sentença.
Lembre-se: o título executivo deste artigo é extrajudicial, portanto, não temos uma sentença, nem um processo anterior ao Título.
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CAPÍTULO VI DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
Art. 911.  Na execução fundada em título executivo extrajudicial que contenha obrigação alimentar, o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo.
Parágrafo único.  Aplicam-se, no que couber, os §§ 2o a 7o do art. 528.
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Art. 912.  Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento de pessoal da importância da prestação alimentícia.
§ 1o Ao despachar a inicial, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.
 
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§ 2o O ofício conterá os nomes e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a importância a ser descontada mensalmente, a conta na qual deve ser feito o depósito e, se for o caso, o tempo de sua duração.
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EXECUÇÃO DE ALIMENTOS, FUNDADA EM TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL SOB PENA DE PENHORA
Art. 913.  Não requerida a execução nos termos deste Capítulo, observar-se-á o disposto no art. 824 e seguintes, com a ressalva de que, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação.
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O artigo 824 trata da Execução por quantia certa (expropriação de bens do executado)
Art. 824.  A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as execuções especiais.
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Em suma, temos importantes inovações do NCPC quanto à cobrança dos Alimentos:
1) A criação do cumprimento de sentença sob pena de prisão;
2) O fim da necessidade de citação do executado, passando a ser intimado;
3) O Protesto do débito a ser realizado de Ofício pelo Juiz;
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4) A criação da execução de alimentos fundada em título executivo extrajudicial (sob pena de prisão ou sob pena de penhora – conforme tratar-se de débito recente ou débito pretérito)
 O que afasta as dúvidas quanto à possibilidade de fixação de alimentos e  prisão civil decorrentes de acordo extrajudicial (especialmente, mas não só, via escritura pública).
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NCPC, Art. 693.  As normas deste Capítulo aplicam-se aos processos contenciosos de divórcio, separação, reconhecimento e extinção de união estável, guarda, visitação e filiação.
Parágrafo único.  A ação de alimentos e a que versar sobre interesse de criança ou de adolescente observarão o procedimento previsto em legislação específica, aplicando-se, no que couber, as disposições deste Capítulo.
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