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O CESTO JOGOS E BRINQUEDOS TEXTO LER

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O CESTO DOS TESOUROS E O BRINCAR HEURÍSTICO: UMA PROPOSTA 
DE PRÁTICA EDUCATIVA PARA BEBÊS DE 08 A 14 
Janete Izabel Alves Coutinho de Azevedo 
Resumo 
A proposta desta pesquisa é a de transitar pelas experiências pedagógicas 
vividas por Educadoras Infantis que atuam com bebês de 08 a 14 meses de 
idade, que se utilizaram do instrumento lúdico em suas ações pedagógicas e 
deixaram uma rica e vasta teoria para novas e constantes pesquisas. E, 
relacionar este procedimento ao brincar heurístico, objeto em foco deste 
estudo, procurando sinalizar ao final da pesquisa, os valores que representam 
este mesmo brincar. Compreender como o brincar heurístico vem sendo 
abordado nesta faixa etária, identificar perspectivas de superação da atividade 
brincar e entender se a natureza encontrada no brincar heurístico durante a 
primeira infância tem efeitos positivos quanto ao desenvolvimento e em quais 
esferas ela acaba por atuar, são as pretensões deste estudo. Esta pesquisa 
caminhou na perspectiva de mostrar a importância do brincar heurístico com os 
bebês desta faixa etária, oferecendo a eles materiais diversificados e do 
cotidiano deles. A prática das educadoras suscitou perguntas: Como os bebês 
poderão se desenvolver brincando com objetos do seu cotidiano? Quais 
conhecimentos as educadoras mobilizam para facilitar este brincar no NEI? 
Estas questões foram problematizadas a partir da bibliografia italiana (traduzida 
ou não). A metodologia utilizada nesta investigação pauta-se numa abordagem 
qualitativa, cuja técnica de construção dos dados envolve a observação da 
prática educativa das educadoras com os bebês. 
 
Palavras-chave: Brincar, bebês, cesto dos tesouros, heurístico. 
INTRODUÇÃO 
A primeira infância tem sido o tema de um notável corpo de pesquisa nos 
últimos anos. Autores como Schaffer (1971 e 1974), Trevarthen (1974 e 1982) 
e Dunn (1988) apud Moyles (2006) demonstraram que a criança pequena tem, 
desde o período em que é bebê, uma forte orientação para relacionamentos 
sociais e para e interpretação do comportamento daqueles que a rodeiam. 
Esses estudos revelam o impulso do bebê para relacionamentos pessoais e 
para compreender o mundo que o cerca. 
Isso, por sua vez, iluminou o quadro geral do que deve ser a educação nos 
primeiros anos. Os bebês precisam ser vistos como aprendentes 
extremamente competentes que, devido à sua tenra idade e a falta de 
experiência de mundo, requerem uma provisão de aprendizagem 
cuidadosamente planejada para atender as suas necessidades individuais e 
coletivas. 
O bebê é, antes de tudo, um ser feito para brincar, pois é através da 
brincadeira que ele se apropria da sua realidade, expressando seus 
sentimentos, medos, desejos e fantasias. O bebê cria seu próprio mundo, e 
nele faz suas descobertas, enfrenta obstáculos, barreiras que as fazem pensar 
em como e o que fazer, superando-as e partindo para novas descobertas. 
Desde o seu nascimento, os bebês vêem se relacionando de modo diferente 
com outras pessoas e com o meio em que vive. E é através destas interações 
que ele se desenvolve e aprende, reproduz o discurso externo e o internaliza 
construído seu próprio pensamento. 
Conforme Santos (1999, p.12), para a criança pequena, “brincar é viver”. Esta é 
uma afirmativa muito usada e bem aceita, pois como a própria história da 
humanidade nos mostra, os bebês sempre brincaram, brincam hoje e, 
certamente, continuarão brincando amanhã. Sabemos que ele brinca porque 
gosta de brincar e que, quando isso não acontece, alguma coisa pode estar 
errada. Alguns brincam por prazer, outros brincam para aliviarem angústias, 
sentimentos ruins. 
Partindo desse pressuposto, podemos perceber que o brincar está presente em 
todas as dimensões da existência do ser humano e muito especialmente na 
vida dos bebês. Podemos realmente afirmar que “brincar é viver”, pois o bebê 
aprende a brincar brincando e brinca aprendendo. 
De acordo com Kishimoto (2002, p.146), “por ser uma ação iniciada e mantida 
pela criança, a brincadeira possibilita a busca de meios, pela exploração ainda 
que desordenada, e exerce papel fundamental na construção de saber fazer”. 
As brincadeiras são formas mais originais que a criança pequena tem de se 
relacionar e de se apropriar do mundo. É brincando que ela se relaciona com 
as pessoas e objetos ao seu redor, aprendendo o tempo todo com as 
experiências que pode ter. 
O bebê brinca porque assim como nutrição, saúde, habitação e educação, 
brincar é uma necessidade básica e vital para o desenvolvimento infantil. Para 
manter o equilíbrio com o mundo, o bebê precisa brincar, criar e inventar. 
Essas atividades lúdicas são mais significativas à medida que se desenvolve, 
inventando e construindo. Destaca Chateau (1987, p.14), que “uma criança que 
não sabe brincar, uma miniatura de velho, será um adulto que não saberá 
pensar”. 
Brincando, o bebê aumenta sua independência, estimula sua sensibilidade 
visual e auditiva, valoriza sua cultura popular, desenvolve habilidades motoras, 
exercita a imaginação, criatividade, socializa-se, interage, reequilibra-se, recicla 
suas emoções, sua necessidade de conhecer e reinventar e, assim, constrói 
seus conhecimentos. 
A proposta desta pesquisa é a de transitar pelas experiências pedagógicas 
vividas por Educadoras Infantis que atuam com crianças de 08 a 14 meses de 
idade, que se utilizaram do instrumento lúdico em suas ações pedagógicas e 
deixaram uma rica e vasta teoria para novas e constantes pesquisas e, 
relacionar este procedimento ao brincar heurístico, objeto em foco deste 
estudo, procurando sinalizar ao final da pesquisa, os valores que representam 
este brincar. 
Esta pesquisa é um Estudo de Caso sobre a práxis pedagógica realizada pelas 
educadoras infantis que atuam com bebês de 08 a 14 meses num Núcleo de 
Educação Infantil – NEI, da cidade de Timbó – SC. 
Compreender como o brincar heurístico vem sendo abordado nesta faixa 
etária, identificar perspectivas de superação da atividade brincar e entender se 
a natureza encontrada no brincar heurístico durante a primeira infância tem 
efeitos positivos quanto ao desenvolvimento e em quais esferas ele acaba por 
atuar, são as pretensões deste estudo. 
Esta pesquisa caminhou na perspectiva de mostrar a importância do brincar 
heurístico com os bebês desta faixa etária, oferecendo a eles materiais 
diversificados e do cotidiano deles. 
A escolha do Estudo de Caso (Lüdke e André, 1996) nesta pesquisa se justifica 
para que possam ser explicados os diferentes pontos de vista presentes numa 
mesma situação social, neste caso, na práxis pedagógica das educadoras 
infantis, deste NEI, que atuam com bebês desta faixa etária. 
A prática das educadoras suscitou perguntas: Como os bebês poderão se 
desenvolver brincando com objetos do seu cotidiano? Quais conhecimentos as 
educadoras mobilizam para facilitar este brincar no NEI? O que é brincar 
heuristicamente? 
Estas questões foram problematizadas a partir da bibliografia italiana (traduzida 
ou não) sobre o Cesto de Tesouros, o brincar heurístico, a educação da 
infância e sobre a prática educativa das educadoras infantis que atuam com 
bebês de 08 a 14 meses de idade. 
A publicação de Goldschmied (2006) foi a grande linha mestra pela qual fomos 
caminhando, “degustando” e tecendo nossa análise dos dados de campo. 
A metodologia utilizada nesta investigação pauta-se numa abordagem 
qualitativa, cuja técnica de construção dos dados envolve a observação da 
prática educativa das educadoras com os bebês. 
A observação do brincar é, ao mesmo tempo, um processo exigente e 
gratificante para o profissional, desafiando-o a aprender a partir do que ele 
observa no comportamento espontâneo do bebê. 
O brincar fornece oportunidades para uma cuidadosa observação dos bebês 
em atividades que eles mesmos escolheram e que são relevantes e 
significativas para eles. Kalvaboer(1977) apud Moyles (2006) salienta um 
ponto relevante referente à observação: 
Somente reservando um tempo para observar as crianças e, às vezes, brincar 
com elas, e perto delas, é que os adultos serão capazes de reconhecer que o 
brincar contém informações cruciais sobre o nível de desenvolvimento das 
crianças, sobre suas capacidades organizadoras e sobre seu estado 
emocional. (Kalvaboer, 1977, p. 121) 
Verificamos que havia um movimento das educadoras, que atuam com bebês 
de 08 a 14 meses, de tentarem planejar suas práticas educativas através do 
brincar, conforme detalharemos em seguida. 
Aprendendo por meio do brincar heurístico com objetos 
Desde o momento em que nascem e à medida que crescem, os bebês se 
esforçam para agir e se relacionar com o ambiente em que vivem, físico e 
social, um mundo de sentimentos, de interações, de objetos que aos poucos 
vai se ampliando e que eles procuram compreender. Dessa maneira constroem 
conhecimentos sobre a realidade e se percebem como indivíduos únicos entre 
os outros indivíduos. 
O primeiro brinquedo do bebê é o corpo do adulto que cuida dele. Um bebê 
segura os dedos de seu pai ou de sua mãe, manipula o seio da sua mãe, 
enlaçando seus dedos no cabelo dela ou na barba do pai, agarrando brincos, 
colares ou óculos. 
Dentro de uma instituição infantil, o foco do bebê está na educadora que cuida 
dele, vivenciando o calor familiar, o cheiro, a tensão superficial da pela, as 
vibrações da voz e do riso, e tudo mais que contribui para o bem estar físico e 
emocional do bebê. Porém, o bebê também precisa de oportunidades para 
brincar e aprender quando não está recebendo atenção da educadora. 
As educadoras próximas ao bebê não podem lhe dar atenção a todo o 
momento, mas ainda assim ele parece pronto e a espera do que acontecerá a 
seguir. E, foi como resposta a essa insatisfação demonstrada claramente por 
bebês de tenra idade, com relação aos brinquedos oferecidos, muitas vezes 
limitados e desinteressantes, que o Cesto de Tesouros foi a eles oferecido. 
O Cesto de Tesouros reúne e oferece um foco para uma rica variedade de 
objetos cotidianos, escolhidos para oferecer estímulos a esses diferentes 
sentidos. O uso do Cesto de Tesouros consiste em uma maneira de assegurar 
a riqueza das experiências do bebê em um momento em que o cérebro está 
pronto para receber, fazer conexões e assim utilizar essas informações. 
Sabemos que os cérebros dos bebês estão crescendo mais rapidamente do 
que em qualquer outro período de suas vidas, e que se desenvolvem ao 
responder a fluxos de informações advindas das cercanias, pelos sentidos do 
tato, olfato, paladar, audição, visão e movimento corporal. 
Observando os fazeres educativos das educadoras, verificamos que as 
mesmas reúnem enormes expectativas com o desenvolvimento dos bebês. 
Sabem que brincar é essencial para o desenvolvimento neuropsicomotor dos 
bebês, porém desconheciam o termo aprendizado heurístico. 
O aprendizado heurístico é definido no dicionário Oxford como “um sistema de 
educação sob o qual o pupilo é treinado para descobrir as coisas por si 
mesmo”. Ao usarmos a expressão especifica brincar heurístico, queremos 
chamar a atenção para a enorme importância desse tipo de atividade 
exploratória espontânea, dando a ela significado e a importância que realmente 
merece. 
O brincar facilita o crescimento; o brincar conduz aos relacionamentos grupais; 
o brincar é uma forma de comunicação. É no brincar, e somente no brincar, 
que o bebê pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente 
sendo criativo que o ser humano descobre o seu eu. 
Ao observar um bebê com os objetos contidos no Cesto de Tesouros, podemos 
perceber quantas coisas diferentes ele faz com eles, olhando, tocando, 
apanhando-os, colocando-os na boca, lambendo-os, balançando-os, batendo 
com eles no chão, juntando-os, deixando-os cair, selecionando e descartando o 
que o atrai ou não. 
O bebê utiliza um objeto em suas mãos e boca como uma maneira de se 
comunicar de forma risonha com o adulto próximo a ela, ou com outra criança 
sentada próxima ao Cesto. 
É surpreendente observar a maneira como todo o corpo é envolvido nessa 
atividade – se os pés e seus dedos estão descobertos, eles respondem de 
maneira vívida ao estímulo e à excitação que o objeto escolhido induz. 
Por meio das atividades de sugar, pôr na boca e manusear, os bebês estão 
descobrindo coisas a respeito de peso, tamanho, formatos, texturas, sons e 
cheiros, e, quando escolhem um objeto, podemos imaginar que estejam 
dizendo: “O que é isso?”. Mais tarde, quando eles são capazes de se 
movimentar pelo ambiente,parecem dizer: “O que posso fazer com isto?”. 
Então, outros horizontes emocionantes abrir-se-ão para eles, se lhes 
oferecermos as ferramentas de que precisam. 
A concentração dos bebês nos conteúdos de um Cesto de Tesouros é algo 
impressionante. A atenção concentrada dos bebês pode durar até uma hora ou 
mais. Existem dois fatores por trás disso, e é difícil dizer qual vem primeiro; na 
verdade, eles operam em conjunto. Há a vívida curiosidade do bebê, que a 
variedade de objetos elícita, e sua vontade de praticar sua crescente habilidade 
de tomar posse, por sua própria vontade, daquilo que é novo, atraente e 
próximo. 
Brincando, o bebê compreende as características dos objetos, como 
funcionam, os elementos da natureza e os acontecimentos da sociedade. A 
brincadeira compõe o ato privilegiado de desenvolvimento do bebê. Nela, afeto, 
linguagem, percepção, memória entre outras funções cognitivas, são aspectos 
intimamente interligados. A brincadeira cria condições para uma transformação 
significativa da consciência infantil por permitir formas mais complexa de 
relacionamento com o mundo. 
Segundo Vygotsky: 
O brinquedo cria na criança uma nova forma de desejos a um “eu” fictício, ao 
seu papel no jogo e suas regras. Desta maneira as maiores aquisições de uma 
criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão 
seu nível básico de ação real e moralidade. (Vygotsky, 1998, p. 131) 
O modo como a criança brinca revela seu modo interior, permitindo, assim a 
interação da criança com outras crianças e a formação de sua personalidade. 
Para isso é preciso que os Núcleos de Educação Infantil dêem condições e 
promovam situações de acordo com as necessidades das crianças, 
oportunizando estimulação para seu desenvolvimento integral. 
Bettelheim (1998), diz que através das brincadeiras que a criança realiza 
podemos entender como ela percebe e constrói o mundo e a maneira que 
utiliza para expressar suas dificuldades. A brincadeira possibilita a criança 
resolver de forma figurada problemas não resolvidos anteriormente e enfrentar 
direta ou simbolicamente questões atuais. 
Para Winnicott, 
O desenvolvimento infantil considera que o ato de brincar é mais que a simples 
satisfação de desejos. O brincar é o fazer em si, um fazer que requer tempo e 
espaços próprios; um fazer que se constitui de experiências, culturais, que é 
universal e próprio da saúde, porque facilita o crescimento, conduz aos 
relacionamentos principais, podendo ser uma forma de comunicação consigo 
mesmo (a criança) e com os outros. (Winnicott, 1975, p. 63) 
Brincar deixa de ser visto como uma atividade física e passa a ser privilegiada 
porque é necessária para o ensino aprendizagem e o desenvolvimento integral 
da criança. 
Ao observarmos um bebê explorar os itens de um Cesto de Tesouros, é 
fascinante ver o prazer e o interesse com que ele escolhe os objetos que o 
atraem, a precisão que ele mostra ao levá-lo à boca ou passá-lo de uma mão à 
outra e a quantidade de sua concentração ao tomar contato com o material 
para brincar. Notamos que sua observação é concentrada, sua habilidade para 
escolher e voltar a um objeto preferido que o atrai, às vezes compartilhando 
seu prazer com a educadora. 
O Cesto deTesouros oferece uma oportunidade para observar a interação 
entre os bebês em uma idade na qual se costumava dizer que eles não teriam 
interesse uns pelos outros. Observando dois ou três bebês sentados junto ao 
Cesto de Tesouros, podemos ver de imediato que isso não é verdadeiro. Os 
bebês, apesar de se concentrarem em manipular os objetos que escolheram, 
não somente estão cientes da presença do outro, como também estão 
envolvidos em trocas interativas na maior parte do tempo. A disponibilidade dos 
objetos é o que estimula essas trocas, que às vezes se tornam pequenas 
disputas de posse. 
Os itens de um Cesto de Tesouros devem ser sempre selecionados com 
cuidado, tendo a segurança como fator principal. Devemos obviamente excluir 
objetos que tenham bordas ou pontas cortantes, ou que sejam pequenos o 
suficiente para serem engolidos. 
O principal fator de proteção é a capacidade limitada dos bebês dessa idade. 
Eles podem sacudir um objeto, ou pegá-lo e deixá-lo cair, mas não conseguem 
atirá-lo ou cutucar outro bebê com ele. 
Itens sugeridos para o Cesto de Tesouros 
Nenhum destes objetos é feito de plástico, nenhum é um brinquedo comprado, 
e a maioria é de uso comum e cotidiano para nós adultos. O objetivo dessa 
coleção é oferecer o máximo de interesse por meio de: 
 Tato: textura, formato, peso 
 Olfato: uma variedade de cheiros 
 Paladar: tem um alcance mais limitado, porém possível 
 Audição: sons como o de campinhas, tilintar, batidas, coisas sendo 
amassadas 
 Visão: cor, forma, comprimento, brilho 
Objetos naturais 
 Abóboras secas 
 Castanhas grandes 
 Conchas 
 Cones de pinho, de diferentes tamanhos 
 Nozes grandes 
 Núcleos de caroço de abacate 
 Pedaço de esponja 
 Pedra-pomes 
 Penas grandes 
 Pequena esponja natural 
 Rolhas de tamanho grande 
 Seixos grandes 
 Um limão 
 Uma maçã 
 Uma laranja 
Objetos feitos de materiais naturais 
 Alças de sacolas feitas de bambu 
 Anel de osso 
 Bola de fios de lã 
 Calçadeira de osso 
 Escova de dente 
 Escova de madeira para unhas 
 Pequena escova de sapatos 
 Pequenos cestos 
 Pincel de pintura 
 Pincel de barba 
 Tapetinho de ráfia 
Objetos de madeira 
 Apito de bambu 
 Aro de cortina 
 Aro para guardanapos 
 Caixinhas forradas com veludo 
 Castanholas 
 Chocalhos de vários tipos 
 Cilindros: bobinas, carretel de linha 
 Colher ou espátula 
 Contas coloridas presas em cordas 
 Cubos – pequenos pedaços de madeira 
 Pequeno tambor de madeira 
 Pregadores de roupa de dois tipos diferentes 
 Tigelinhas 
 Xícara de cafezinho 
Objetos de metal 
 Apito de escoteiros 
 Aros de chaveiros entrelaçados 
 Aros de cortina de metal 
 Bijuterias 
 Campainha de bicicleta 
 Clipes de papel 
 Coador de chá 
 Colheres de vários tamanhos 
 Copo grande de metal 
 Escova para limpar garrafas 
 Espremedor de alho 
 Espremedor de frutas 
 Forminha 
 Infusor de chá 
 Latas fechadas contendo arroz, feijões, pedrinhas, etc. 
 Latinhas com bordas lixadas (sem partes afiadas) 
 Molho de chaves 
 Pedaços de correntes de diferentes tipos 
 Pequena flauta 
 Pequeno batedor de ovos 
 Pequeno cinzeiro 
 Pequeno espelho com moldura de metal 
 Pequeno funil 
 Tampa de perfume grande 
 Tampa para latas – vários tipos 
 Triângulo de metal 
 Trombete de brinquedo 
 Vários sinos 
 Xícara para ovos de metal 
Objetos feitos de couro, têxteis, borracha e pele 
 Aros para cãezinhos 
 Bola de borracha 
 Bola de golfe 
 Bola de pele 
 Bola de tênis 
 Bolsa de couro 
 Bolsa decorada com contas 
 Bolsinha de couro com zíper 
 Bonequinha de retalhos 
 Estojo de couro para óculos 
 Osso de borracha para cães 
 Ovos de mármore coloridos 
 Pedaços de tubos de borracha 
 Plugue de mangueira com correntinha 
 Puff de maquiagem feito de veludo 
 Saco de feijões 
 Saquinhos de pano contendo lavanda, alecrim, tomilho, cravos-da-india 
 Ursinho de pelúcia 
 Papel, papelão 
 Cilindros de papelão provenientes de tubos de toalhas de papel 
 Papel impermeável 
 Papel laminado 
 Pequenas caixas de papelão 
 Pequeno caderno espiral 
A grande variedade de objetos que podem fazer parte de um Cesto de 
Tesouros significa que não há necessidade de incluir um objeto que produz 
ansiedade, nas educadoras, em relação à sua segurança. 
Considerações Finais 
A pesquisa revelou que o brincar faz parte do ser criança e tem expressivo 
efeito por si só, além de auxiliar no desenvolvimento infantil, nas esferas 
emocional, intelectiva, social e física, demonstrando a sua fundamental 
importância neste período riquíssimo do ser humano, ou seja, a sua própria 
estruturação, a base construtiva do que tenderemos a chegar no desencadear 
de nossas vidas, dando-nos o asseguramento necessário para progressão 
natural do ciclo humano. 
A brincadeira instintivamente é usada pelo bebê para descobrir o mundo. 
Brincando a criança descobre o mundo, como ele funciona ,aprende, se 
desenvolve, experimenta. Brincando a criança vai adquirindo noções espaciais, 
produz sons, desenvolve o cérebro para funções como a fala e o andar, 
auxiliando no seu desenvolvimento global. 
Os tipos de brincadeira e a forma de brincar se modificam de acordo com a 
etapa de desenvolvimento que a criança apresenta. A criança exercita e 
organiza o pensamento, a noção de individualidade, a linguagem, a 
necessidade de perseverar entre outros. Na brincadeira a criança exprime seus 
medos, desejos, experiências. 
De forma simbólica o brinquedo torna-se um meio de expressão. Se o brincar é 
algo tão importante no desenvolvimento da criança, é também fundamental 
para o desenvolvimento da linguagem e da fala. 
A adequada aquisição e desenvolvimento da comunicação dependem de vários 
fatores, entre eles: o biológico, o afetivo e o social. Entre os aspectos 
biológicos, podemos destacar o processo de maturação do sistema nervoso 
central, ou seja o sistema nervoso central vai evoluindo, se especializando e 
todas as suas funções também. 
O Sistema Nervoso Central é responsável pelo desenvolvimento global do 
indivíduo. Os aspectos afetivos e sociais são a interação com a criança, o 
estímulo, a confiança transmitida a ela, a atenção dada a criança e tudo 
referente ao meio ao qual ela pertence. 
A criança aprende por intermédio da interação com o ambiente, essa interação 
também é realizada com o ato de brincar. Brincando as educadoras conversam 
com o bebê, apresentam-lhe objetos, aos poucos será por meio do balbucio 
(um brincar com os sons) a criança irá imitar os sons que ouve. 
No bebê, a brincadeira é uma forma de interação do adulto com ele, o bebê 
sozinho ainda não é capaz de simbolizar e usar a brincadeira para isso. Logo, o 
brincar inicial do bebê é uma experimentação do mundo, ele manuseia objetos, 
joga, bate, empilha explora o mundo de forma ainda primária condizente com a 
sua fase, denominada pelos especialistas (Piaget, 1963) de fase sensório-
motora (etapa inicial do desenvolvimento cognitivo – corresponde a 
aproximadamente os dois primeiros anos de vida). 
Quando a criança começa a simbolizar, fase da brincadeira simbólica, 
construída gradativamente, propicia que a linguagem evolua com mais rapidez, 
assim a linguagem influencia na evolução da brincadeira e a brincadeira auxilia 
na evolução da linguagem. 
A falta de brincadeira pode deixar seqüelas, como dificuldades em se 
relacionar, medos e outras ainda mais graves. Na dúvida de como lidar com 
alguma dificuldade em relação ao brincar de uma criança, ou se a mesma não 
brinca, é importante que se procure um profissional capacitado, como um 
psicólogo, um pedagogo, para uma orientação específica. 
Após esta pesquisa, podemos nos remeter a uma breve reflexão sobre a 
importância do brincar com os bebês, por que é importante? O prazer que 
provemdas brincadeiras guarda o sentido do prazer pelo viver, ser, investigar, 
sentir, tocar, viver com o outro, vibrar com vitórias e enfrentar derrotas. 
Através do brinquedo e brincadeiras o bebê pode desenvolver a imaginação, 
confiança, auto-estima, e a cooperação. O modo como o bebê brinca revela 
seu mundo interior e isso permite a interação da criança com as outras 
crianças e a formação de sua personalidade. 
Para isso é necessário que os Núcleos de Educação Infantil dêem condições e 
promovam situações de brincadeiras de acordo com as necessidades dos 
bebês, oportunizando a estimulação para o desenvolvimento integral da 
criança. 
Descobrimos que, se oferecermos aos bebês a chance de brincar com um 
Cesto de Tesouros bem abastecido, eles apreciam muito a idéia, desde que 
lhes sejam dado tempo e o apoio de uma educadora atenta, de forma a superar 
os sentimentos iniciais de estranhamento. 
Concluímos que o brincar heurístico com o Cesto de Tesouros oferece uma 
experiência de aprendizagem planejada para os bebês que estão na fase de 
descobertas do mundo. Oferecer o brincar heurístico em instituições infantis 
requer a resolução cuidadosa de pequenos detalhes, como: tempo, espaço, 
materiais adequados e gerenciamento. O papel do educador é o de 
organizador e facilitador, e não o de iniciador. Os bebês brincarão com 
concentração e sem conflitos por longos períodos, desde que lhes sejam 
oferecidos quantidades generosas de objetos cuidadosamente selecionados. 
Bibliografia 
Referências 
BETTELHEIM, Bruno. Uma Vida Para Seu Filho. Rio de Janeiro: Campus, 
1988. 
BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de filosofia.Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 1997. 
CHATEAU, Jean. O Jogo e a Criança. São Paulo: Summus, 1987. 
GOLDSCHMIED, Elinor; JACKSON, Sonia. Educação de 0 a 3 anos: O 
atendimento em creche. Tradução Marlon Xaxier. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 
2006. 
KISHIMOTO, Tizuco Morchida. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 
São Paulo: Cortez, 1997. 
LÜDKE, Menga & ANDRÈ, Marli. Pesquisa em educação: abordagens 
qualitativas. São Paulo: EPU, 1996. 
MOYLES, Janet R.A excelência do brincar. Tradução Maria Adriana Veríssimo 
Veronese. Porto Alegre: Artmed, 2006. 
PIAGET, Jean. A construção do real na criança. Zahar Editores. Rio de Janeiro, 
1963. 
SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedo e Infância: um guia para pais e 
educadores. Rio de Janeiro: Vozes, 1999. 
WINNICOTT, D.w. O Brincar e a Realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975. 
VYGOTSKY, Lev Semenovich. A Formação Social da Mente: o 
desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins 
Fontes, 1998.

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