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e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Escola Técnica Aberta do Brasil Vigilância em Saúde Doenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico Milton Formiga de Souza Junior Ministério da Educação e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Escola Técnica Aberta do Brasil Vigilância em Saúde Doenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico Milton Formiga de Souza Junior Montes Claros - MG 2011 Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Carlos Eduardo Bielschowsky Coordenadora Geral do e-Tec Brasil Iracy de Almeida Gallo Ritzmann Governador do Estado de Minas Gerais Antônio Augusto Junho Anastasia Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Alberto Duque Portugal Reitor João dos Reis Canela Vice-Reitora Maria Ivete Soares de Almeida Pró-Reitora de Ensino Anete Marília Pereira Diretor de Documentação e Informações Huagner Cardoso da Silva Coordenador do Ensino Profissionalizante Edson Crisóstomo dos Santos Diretor do Centro de Educação Profissonal e Tecnólogica - CEPT Maísa Tavares de Souza Leite Diretor do Centro de Educação à Distância - CEAD Jânio Marques Dias Coordenadora do e-Tec Brasil/Unimontes Rita Tavares de Mello Coordenadora Adjunta do e-Tec Brasil/ CEMF/Unimontes Eliana Soares Barbosa Santos Coordenadores de Cursos: Coordenador do Curso Técnico em Agronegócio Augusto Guilherme Dias Coordenador do Curso Técnico em Comércio Carlos Alberto Meira Coordenador do Curso Técnico em Meio Ambiente Edna Helenice Almeida Coordenador do Curso Técnico em Informática Frederico Bida de Oliveira Coordenador do Curso Técnico em Vigilância em Saúde Simária de Jesus Soares Coordenador do Curso Técnico em Gestão em Saúde Zaida Ângela Marinho de Paiva Crispim DOENÇAS VETORIAIS, VIRÓTICAS E RECONHECIMENTO GEOGRÁFICO e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Elaboração Milton Formiga de Souza Junior Projeto Gráfico e-Tec/MEC Supervisão Wendell Brito Mineiro Diagramação Hugo Daniel Duarte Silva Marcos Aurélio de Almeida e Maia Impressão Gráfica RB Digital Designer Instrucional Angélica de Souza Coimbra Franco Kátia Vanelli Leonardo Guedes Oliveira Revisão Maria Ieda Almeida Muniz Patrícia Goulart Tondineli Rita de Cássia Silva Dionísio Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação a Distância e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico AULA 1 Alfabetização Digital 3 Prezado estudante, Bem-vindo ao e-Tec Brasil/Unimontes! Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola Técnica Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezembro 2007, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público, na modalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre o Ministério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distancia (SEED) e de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as universidades e escola técnicas estaduais e federais. A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pes- soas ao garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimen- to da formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou economicamente, dos grandes centros. O e-Tec Brasil/Unimontes leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições de ensino e para a periferia das grandes cidades, incenti- vando os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas instituições públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em escolas-polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais. O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico, seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação profis- sional qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – não só é capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, so- cial, familiar, esportiva, política e ética. Nós acreditamos em você! Desejamos sucesso na sua formação profissional! Ministério da Educação Janeiro de 2010 Apresentação e-Tec Brasil/Unimontes e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico AULA 1 Alfabetização Digital 5 Indicação de ícones Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. Atenção: indica pontos de maior relevância no texto. Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado. Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto. Mídias integradas: possibilita que os estudantes desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, ambiente AVEA e outras. Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico AULA 1 Alfabetização Digital Sumário 7 Palavra dos professores conteudistas ........................................9 Projeto instrucional ........................................................... 11 Aula 1 - Introdução às doenças vetoriais .................................. 15 1.1 Doenças Vetoriais ................................................... 15 Atividades de Aprendizagem ........................................... 18 Aula 2 – Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) ..................... 19 Atividade de aprendizagem ............................................ 30 Aula 3 - Leishmaniose Visceral (LV) ......................................... 33 3.1 Introdução ........................................................... 33 Atividades de aprendizagem ........................................... 43 Aula 4 - Doença de Chagas ................................................... 45 Atividades de aprendizagem ........................................... 55 Aula 5 - Malária ................................................................ 57 5.1 Introdução ........................................................... 57 Atividades de aprendizagem ........................................... 63 Aula 6 - Dengue ............................................................... 65 6.1 Introdução ........................................................... 65 Atividades de aprendizagem ........................................... 71 Aula 7 - Febre Amarela ....................................................... 73 7.1 Introdução ............................................................ 73 Atividades de aprendizagem ........................................... 81 Aula 8 - Febre Maculosa ...................................................... 83 8.1 Introdução ........................................................... 83 Aula 9 - Febre do Nilo Ocidental ................................................ 89 9.1 Introdução ............................................................ 89 Resumo ......................................................................... 93 Referências ..................................................................... 94 Currículo do professor conteudista ......................................... 96 e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico AULA 1 Alfabetização Digital 9 Palavra dos professores conteudistas Sejam todos bem -vindos! O tema que iremos trabalhar será so- bre doenças vetoriais, viróticas e reconhecimentogeográfico. Dentro deste tema, iremos trabalhar focando nas principais enfermidades que são trans- mitidas por vetores em nosso país. O objetivo principal deste tema é fazer com que você, profissional da saúde, tenha a base de conhecimento sobre algumas das principais doenças vetoriais que acometem a população brasi- leira e mundial, e tenha a capacidade de desenvolver questionamentos sobre essas enfermidades, entendendo os aspectos epidemiológicos das doenças vetoriais zoonóticas, os fatores determinantes para o aparecimento ou man- tença de algumas doenças vetoriais em nosso meio, as medidas de prevenção e controle. Iremos trabalhar com os acontecimentos das enfermidades e, ao longo deste módulo, iremos, didaticamente, ter a capacidade de entender e questionar a importância da medicina preventiva e profilática no controle dessas importantes enfermidades. É necessário, antes de tudo, ter em nossa mente a importante in- formação de que um dos grandes tesouros do ser humano é o “conhecimen- to”. Sem ele (o conhecimento), não seremos capazes de nos desenvolvermos intelectualmente, não seremos capazes de superar os desafios e, principal- mente, não teríamos chegado onde estamos. E para que você, profissional, tenha um melhor entendimento sobre o tema, é necessário fazer uma leitura sobre o conceito de saúde e doença e sobre a Lei 8080/1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a or- ganização e o funcionamento dos serviços correspondentes. É importante ler sobre a Portaria Ministerial 2.474, de 30 de agosto de 2010, que fala sobre as doenças transmitidas por vetores e que estão no nosso foco de estudos. Nes- ta, são citadas uma relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública e que são denominadas de Doenças de Notificação Compulsória (DNC) para todo o território nacional e são estabelecidos fluxo, critérios, responsabili- dades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde. As doenças que ire- mos estudar foram extraídas dessa importante portaria ministerial. Também, não podemos nos esquecer de que é necessário ter acesso a um computador com internet para que possamos adquirir informações adicionais. Passando por esta etapa, focalizaremos as doenças vetoriais. Será necessário um trabalho conjunto (professores e alunos) para conseguirmos assimilar as principais informações contidas neste caderno didático, como deveremos estudá-las e, ao final de cada tema, vocês irão perceber que para cada aula terão sido citados dados sobre o passado e o presente de cada uma das enfermidades. E, com que propósito? A nossa meta é levantar questionamentos sobre essas importantes doenças e como está o e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde10 comportamento em nosso ambiente: Está aumentando! Não está! Onde está mais presente? Como isso acontece? E o porquê disso acontecer? Sempre é dito por mim aos meus alunos das disciplinas presenciais: “Somos uma semente em solo seco, mas, no momento que lhe são dadas condições para desenvolver, como por exemplo, água, sombra, luz e umidade, quebra-se a casca que a protege e se formam plantas com raízes profundas para irem à procura de água e, dessa forma, as árvores crescem firmes e frondosas e, ao longo de suas vidas, produzem sombra, proteção e mais sementes que darão continuidade à sobrevivência da espécie”. Logicamente, de uma forma me- tafórica, eu estou falando sobre nós (eu e você). Somos estas árvores e as sementes que produzimos para dar continuidade a estas atividades. E, para adquirir o conhecimento, é preciso ter motivação, passar por muitos desa- fios, ser perseverante e nunca desistir das nossas metas principais. Pois, não existe uma vitória sem que haja superação, dedicação, esperança e vontade de crescer. E, para a felicidade do professor, espera-se e deseja-se que “alu- no” sempre consiga superar o “mestre”. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico AULA 1 Alfabetização Digital 11 Projeto instrucional Disciplina: Doenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geo- gráfico - (carga horária: 63h). Ementa: Conceitos de saúde e doença, mecanismos de trans- missão. Organização do sistema de saúde no Brasil. Quadro sanitário e demográfico brasileiro. Importância das variáveis demográficas e sociais, indicadores sociais. Risco em saúde. Saúde e trabalho. Vigilância epide- miológica. Vigilância sanitária. Fundamentos de saúde pública. AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM MATERIAIS CARGA HORÁRIA 1. Intro- dução às doenças vetoriais - Definir o que é uma zoonose; - Definir o que são doenças metaxêni- cas; - Listar algumas das principais zoonoses de importância em nosso país; - Refletir sobre quais os desafios que serão enfrentados para o controle des- sas enfermidades. 7h 2. Leish- maniose Tegumentar Americana (LTA) - Conhecer a importância dessa doença em nosso meio; - Conhecer os importantes fatores relacionados a essa para a mantença da doença; - Conhecer um breve histórico sobre a enfermidade; - Conhecer o que promoveu o surgimen- to dessa doença no meio urbano; - Refletir sobre quais os tipos mais comuns de LTA que acometem os seres e animais; - Conhecer os principais hospedeiros e reservatórios desta doença; - Conhecer a forma como a LTA pode ser transmitida para o ser humano; - Conhecer alguns importantes quadros clínicos da LTA; - Conhecer a forma como a doença é diagnosticada e como é feito o trata- mento da LTA; - Conhecer a forma como a doença está se comportando em nosso país, quais as principais regiões aonde vêm mostran- do um maior número de casos quantas pessoas já foram acometidas pela LTA; - Conhecer qual a importância da vigi- lância epidemiológica para o combate da LTA e quais as principais medidas de controle que devem ser adotadas. 7h e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde12 3. Leish- maniose Visceral - Introduzir a discussão sobre a enfer- midade e uma distribuição mundial da LV; - Conhecer algumas das principais apre- sentações da doença no animal e no ser humano; - Conhecer o agente etiológico da do- ença e quem são os transmissores dessa enfermidade; - Conhecer quais das espécies animais podem naturalmente, ter a doença; - Conhecer a forma como acontece a transmissão da doença nos animais enfermidade e no ser humano; - Conhecer como é feito o diagnóstico da doença; - Refletir sobre a questão: para esta doença tem um tratamento? - Conhecer como a doença vem se com- portando nas mais diversas áreas desse nosso país; - Refletir sobre a questão: a doença mata? - Conhecer como está sendo efetuada a vigilância para esta doença no territó- rio brasileiro; - Conhecer como é feito o controle da LV. 7h 4. Doença de Chagas - Conhecer a doença através de um Breve histórico sobre sobre a enfermi- dade e o seu descobridor, - Conhecer o Agente etiológico causador da doen- ça, hospedeiros e reservatórios; - Entender sobre a transmissão e o que mudou em relação ao que era antiga- mente; - Correlacionar a doença com os sinto- mas observados, principalmente nas formas agudas da doença; - Saber qual o período de incubação e os Conhecer os sinais clínicos observa- dos tanto na fase aguda e crônica da doença de chagas; - - - Quantas mortes causadas por esse agente já foram notificadas nesses últimos anos; - - Fazer a atividades de fixação sobre a doença. 7h e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico 13 5. Malária Entender sobre a enfermidade através de uma breve descrição sobre a história dessa doença - Conhecer sobre o seu agente etiológi- co , hospedeiros e reservatórios; -Entender como é feita a transmissão da doença para os seres humanos, os sintomas observados,período de incu- bação e sinais clínicos observados; -- - Entender o papel da vigilância epi- demiológica no combate da enfermida- de em nosso meio e quais as medidas de controle adotadas; - Fazer os exercícios de fixação sobre a doença. 7h 6. Dengue. Apresentar a doença através da descri- ção de um breve histórico; - Descrever o agente etiológico causa- dor da doença, hospedeiros e reserva- tórios; - Entender sobre como é feito a transmissão da doenças para os seres humanos, os sintomas observados e o o período de incubação; - Entender os sinais clínicos observa- dos; - Existe tratamento? E vacina? Existe alguma vacina capaz de proteger a pessoa? - - Entender sobre a importância da vi- gilância epidemiológica para o combate da doenças em nosso meio e quais as medidas de controle adotadas; - Fazer as atividades de fixação sobre a doença. 7h 7. Febre Amarela - Descrição de um breve histórico sobre essa enfermidade - Conhecer sobre o agente etiológico causador da doença, hospedeiros e reservatórios; - Entender sobre a transmissão da do- ença para os seres humanos, os sinto- mas observados período de incubação e os sinais clínicos observados; - Entender o papale da vigilância epide- miológica no combate da enfermidade em nosso meio; Entender a importância das medidas de controle adotadas; - Fazer os as atividades de fixação sobre a doença. 7h e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde14 8. Febre Maculosa - Entender sobre a enfermidade e através de um breve histórico sobre essa enfermidade;, - Descrever sobre o agente agente etiológico causador da doença, hospedeiros e seus reservató- rios; - Entender a transmissão da doença para os humanos, sintomas , período de incubação e os sinais clínicos observa- dos; - Compreender qual o papel da vigi- lância epidemiológica no combate os casos de febre maculosa em nosso meio e quais as medidas de controle adota- das; - Fazer as atividades de fixação sobre a doença. 7h 9. Febre do Nilo Ocidental - Descrever um breve histórico sobre essa enfermidade; - Descrever sobre o agente etiológico causador da doença, hospedeiros e reservatórios; - Entender como é transmitida a doença para os humanos, os sintomas , perí- odo de incubação e os sinais clínicos observados; - Compreender sobre a s medidas de controle adotadas; - Fazer as atividades de fixação da doença. 7h e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico AULA 1 Alfabetização Digital 15 Aula 1 - Introdução às doenças vetoriais Comecemos com um questionamento importante: Por que as doenças transmitidas por animais para os humanos, as zoonoses, ainda causam grandes preocupações no mundo onde vivemos? Este módulo tem como meta principal descrever algumas das principais doenças transmiti- das por vetores, em humanos, e quais delas denominamos como zoonoses e que são de grande importância para a saúde pública em nosso país. Objetivos Ao final desse módulo, o aluno conseguirá ter a capacidade de: • Definir o que é uma zoonose; • Definir o que são doenças metaxênicas; • Listar algumas das principais zoonoses de importância em nosso país; • Entender o mecanismo de transmissão dessas doenças; • Entender como o sistema de saúde vem trabalhando para o con- trole de algumas doenças; • Analisar o quadro sanitário e indicadores sociais; • Entender como está sendo feita a vigilância epidemiológica das doenças zoonóticas; • Reconhecer quais os desafios que serão enfrentados para o controle dessas enfermidades nos anos subsequentes; • Comparar os dados de cada uma das enfermidades com os nú- meros de casos atualizados. 1.1 Doenças Vetoriais Para iniciarmos os nossos trabalhos sobre doenças transmitidas por vetores, precisamos entender os três conceitos importantes para os nos- sos estudos: o que é uma Zoonose; o que são Doenças Vetoriais e o que são Doenças Metaxênicas. Primeiramente, devemos definir que zoonose é conceituada como uma infecção ou doença infecciosa que, sob condições naturais, é transmitida entre os animais e homem. Um exemplo clássico que exemplifica esse conceito é a raiva transmitida pela mordida de um cão doente. A raiva é transmitida pelo cão que contém o vírus na saliva e que, através da mordida, transmite a doença para o ser humano ou para outro animal. Mas, a raiva faz parte desse tema que iremos estudar? Não, essa doença é apenas um exemplo dado para um tipo de transmissão que conhe- cemos há séculos. As doenças vetoriais são aquelas que são transmitidas por vetores. Por exemplo, a dengue é transmitida pela picada de um mosquito fêmea e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde16 infectado com vírus da dengue e que, da mesma forma, o vírus pode ser transmitido para o mosquito se, no momento da picada deste, o organismo esteja com o vírus presente no sangue, o que chamamos de viremia. Aten- ção! Percebam aqui que estamos falando de duas formas de transmissão: Aquela em que o mosquito transmite a doença para o organismo (humano) e a outra forma onde o humano, que contém o vírus, transmite para o mosqui- to que ainda não tinha o vírus. E Doença Metaxênica é quando o agente da doença infecciosa se desenvolve em uma ou mais etapas do ciclo de vida no organismo vetorial. Por exemplo, a Malária, que também é transmitida por um mosquito e que só após essa passagem torna-se capaz de transmitir a doença ao ser humano. Nesse módulo, listaremos um grupo de doenças, especialmente as que são transmitidas por vetores ao homem, sendo, então, de importância para a saúde pública em nosso país. Entre estas, a leishmaniose visceral e leishmaniose tegumentar, Doença de Chagas, malária, dengue, febre ama- rela e febre maculosa e o vírus do Nilo Ocidental. Esta última doença citada ainda é considerada uma doença exótica que até o momento não foi diag- nosticada em nosso país, mas existe essa possibilidade, por consequência de migrações de aves provenientes de países onde a doença tem comportamen- to endêmico. E quais os fatores que promovem o surgimento de doenças transmi- tidas por vetores em nosso país? Por que algumas doenças ressurgiram e vêm causando preocupações na comunidade científica, pública e social? Por que não estamos conseguindo controlar algumas dessas enfermidades em nosso país? Por que não conseguimos eliminá-las de nosso meio? O que mudou em nosso país para que ocorressem tantos casos novos causados por doenças vetoriais nos últimos anos? Ora! Existem diversos fatores que propiciam a in- cidência e a prevalência de doenças zoonóticas, metaxênicas e infecciosas. Em se tratando de Brasil, podemos listar diversas condições que favoreceram a mantença ou o surgimento dessas doenças em nosso ambiente e, entre estas, podemos citar como sendo as principais: • As dimensões geográficas de nosso país e com os mais variados climas e microclimas; • O aumento do efeito estufa por motivos de queima de combus- tíveis fósseis; • Os desmatamentos; • As queimadas; • As modificações climáticas regionais ou locais; • As grandes construções de hidrelétricas e estradas; • O povoamento desordenado e rápido das grandes cidades; • A infraestrutura deficiente; • A dificuldade ao acesso a determinados locais em nosso país; • Os passeios ecológicos e acampamentos em áreas florestais; • O aquecimento global; • A desnutrição com a baixa resistência da imunidade do organis- mo; • Intensificação de eventos climáticos extremos (chuvas torren- Infecção – Agente infeccioso penetra e multiplica-se no organismo do animal ou do homem. Doença infecciosa – É quando, resultante de uma infecção, ocorre a doença no homem ou no animal. Incidência – É identificada como sendo uma nova ocorrência de doençasem uma população estudada durante um determinado período de tempo. Prevalência – É número de pessoas de uma determinada população que têm uma doença específica em um tempo específico. Geralmente, no tempo em que a pesquisa ou estudo foi feito. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico 17 ciais, tempestades e inundações); • Intensificação da Agricultura; • Falta de orientação educacional com enfoque na saúde pública; • O contato com animais selvagens; • A adaptação, ao meio urbano, de transmissores de doenças em meio urbano; • Reflorestamentos. Os fatores citados anteriormente nos mostram que existem inúme- ras possibilidades de sermos acometidos por uma ou mais doenças vetoriais por consequência dessa série de acontecimentos. E, dessa forma, são ainda mais preocupantes em pensar que a cada dia perdemos espaços importantes no combate às enfermidades. Por esse motivo, ê A tríade ecológica (Homem – Agente – Meio ambiente) é de grande importância para o desenvolvimento de hipóteses e questionamentos sobre as doenças zoonóticas. Mas não podemos deixar de citar um quarto elemen- to, não menos importante para completar ou fechar o ciclo, que é o vetor e que, de forma indireta, transmite uma doença para algum organismo (ho- mem ou animal) e que também pode ser infectado no momento que suga o sangue de pessoas ou animais que foram infectados. A esse fato é dado um nome de ciclo biológico (ciclo da vida), para o desenvolvimento e/ou manu- tenção de uma doença em nosso meio. Pelo fato de nosso ambiente possuir predominâncias tropicais, os vetores (ex. mosquitos, carrapatos, piolhos, moscas) representam um papel importante nesse contexto de doenças em nosso país. Pois, nele se encon- tram diversas condições propícias para o desenvolvimento e mantença des- ses insetos vetores transmissores de doenças. E cada vez mais se percebe que estamos mais próximos destes por motivos diversos. Alguns indicadores importantes sobre a população vivente em nosso país devem ser ressaltados. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2009) mostrou que a população brasileira aumentou nesses últimos 30 anos para um número representativo de 193.733,795 habitantes. Não apenas isso, mas ocorreu um aumento populacional em cerca de 20 milhões de habi- tantes entre o período de 2000 a 2009. Desses (193.733,795 habitantes), 86% estão vivendo em zonas urbanizadas, sendo que, 91% dessa população tem acesso à água encanada. Foi um grande avanço? Sim. Mas foi suficiente para amenizar o fato relacionado à transmissibilidade de doenças? Não. Tivemos até o ano 2008 cerca de 46.920 óbitos causados por doenças infecciosas e parasitárias. E no mundo quantas pessoas morrem a cada ano por consequ- ência de doenças? Segundo o pesquisador Morens e colaboradores, no ano de 2010, cerca de 59 milhões de pessoas morreram por consequência de doenças. Esse mesmo autor dividiu uma parte desse grupo e disse que 14.9 milhões de pessoas morreram por consequência de algum tipo de doença infecciosa. O que podemos dizer de tudo isso é que há 30 anos pensávamos que no futuro não iríamos morrer por consequência de doenças infecciosas e sim por doenças degenerativas, por velhice mesmo. Hoje, a situação atual e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde18 é que ainda estamos morrendo por consequência de doenças infecciosas e, também, degenerativas. É um problema grave sim. Estamos tentando rever- ter essa situação. Contudo, não é fácil. Temos um longo caminho a percorrer quando o assunto é doença e para que possamos enfrentar esse problema é preciso, primeiramente, conhecê-los e, segundo, traçar planos estratégicos para combatê-los. É uma luta bem desigual e estamos em desvantagens quando se trata de algumas enfermidades transmitidas por animais. Hoje, mesmo com tantos desenvol- vimentos tecnológico-científicos na área da saúde e áreas afins, não estamos sendo capazes de minimizar ou controlar alguns desses agravos que, ao longo desses anos, vêm se fortalecendo, infectando e matando pessoas. E qual nosso grande desafio? É de controlar o aumento dessas doenças emergentes que vêm apresentando novas formas de contágios e mesmo as formas antigas provocam preocupação. Isso seria culpa da doença, do vetor ou do hospedei- ro? Não, somos nós os verdadeiros culpados de todos esses acontecimentos de muitos outros. Mas, já que estamos tratando de doenças vetoriais, fica o entendimento de que tudo que fazemos de errado reverte para nós mesmos. E o que todos nós devemos fazer? Combater, conhecer, ajudar!. É um cami- nho sem volta, porque, a cada dia, nascem mais pessoas, cerca de 220 mil pessoas. E, a cada 30 anos, dobramos em população; até 2030, seremos cer- ca de 8 bilhões de pessoas. É muita gente! E os nossos líderes, comunidades científicas, Organizações não governamentais (ONGs) e a sociedade? Bem, podemos dizer que hoje é momento de nos unirmos e, sem medir esforços, para combater esse mal em prol de uma causa tão importante que a quali- dade de vida saudável. Isso que não tem prazo de acabar, devendo ser feito, trabalhado todos os dias. Atividades de Aprendizagem Vamos fazer duas atividades distintas para fixarmos a ideia: - Vamos pesquisar nos livros, revistas e/ou internet os seguintes temas: 1. População mundial: O quem vem acontecendo com ela nesses últimos 50 anos? 2. Doenças do mundo moderno: Quais a doenças que nos acometem nos dias de hoje? E o que estamos fazendo para evitá-las? Elabore um resumo sobre estes dois temas e, posteriormente, ire- mos conversar sobre esses assuntos durante as nossas atividades. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico AULA 1 Alfabetização Digital 19 Aula 2 – Leishmaniose Tegumentar Ame- ricana (LTA) Objetivo Neste módulo sobre LTA, você, profissional, entenderá alguns as- pectos importantes desta enfermidade, entre os quais, podemos citar: • Breve histórico sobre a enfermidade; • O que promoveu o surgimento dessa doença no meio urbano; • Quais os tipos mais comuns de LTA que acometem os seres hu- manos e animais; • Principais hospedeiros e reservatórios desta doença; • Como a LTA pode ser transmitida para o ser humano; • Alguns importantes quadros clínicos da LTA; • Como a doença é diagnosticada e como é feito o tratamento da LTA; • Como a doença está se comportando em nosso país, quais as principais regiões que vêm mostrando um maior número de ca- sos e quantas pessoas já foram acometidas pela LTA; • Qual a importância da vigilância epidemiológica para o comba- te da LTA e quais as principais medidas de controle que devem ser adotadas. 2.2 Introdução A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma importante zo- onose que, há alguns anos, era considerada como uma doença tipicamente de zona rural e que atualmente, passou a ser de zona periurbana, devido aos aspectos sociais e ambientais. Por que foi dita a palavra “social”? Porque ocorreu a saída do homem do campo para a cidade, chamada de êxodo rural, e ambiental por consequência dos desmatamentos (figura 01), aumento das atividades de agricultura e pecuária. A doença deixou de acometer ocasio- nalmente pessoas que tinham contato com florestas e passou atingir as pes- soas que viviam periurbanizadas, que dizer, em áreas próximas de regiões urbanas. De acordo com muitas literaturas consultadas, para essa doença houve importantes mudanças no padrão de transmissão e, atualmente, ob- serva-se a existência da LTA silvestre, que é transmitida por animais silves- tres, LTA ocupacional ou de lazer, em que a transmissão é por consequência do processo de exploração florestal de forma desordenada para a construção de estradas, exploração de madeiras, agropecuárias e o turismo ecológico. A LTArural ou periurbana acontece em ambientes de matas residuais ou pe- riurbana onde houve uma adaptação do vetor ao ambiente próximo das casas onde vivem pessoas (figura 02). É uma doença de característica infecciosa que é causada por proto- zoários do gênero Leishmania, em que a transmissão é feita por um mosquito vetor e o ser humano é o considerado um hospedeiro acidental, infelizmente! e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde20 Existem a forma tegumentar da leishmaniose, que é caracterizada pelas diversas apresentações clínicas e, também, pelo tipo de protozoário causador desta doença. Figura 1 - Exemplo de exploração florestal com aumentando do risco de contato com mosquito transmissor da leishmania. Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 2. ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. 180 p.: il. – (Serie A. Normas e Manuais Técnicos) Figura 2 - Exemplos de locais onde pode estar presente o mosquito transmissor da leishmaniose. Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 2. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2007. 180 p. il. – (Serie A. Normas e Manuais Técnicos) Sobre a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), a primeira descrição dessa doença foi feita por Moreira, em 1985, sendo inicialmente chamada de “Botão do Oriente” ou “Botão de Biskra”. Em 1908, houve uma epidemia em Bauru/SP e só em 1909, um pesquisador chamado Lindenberg e colaboradores encontram o parasito em pessoas que trabalhavam nas áreas de desmatamento para construção de rodovias em São Paulo. Essas pessoas apresentavam úlceras na pele, narinas e na região faríngea. Posteriormen- te, entre 1991 a 1912, outros pesquisadores fizeram observações de grande importância e correlacionaram as lesões de mucosa com o leishmania. Só em 1923 foi criado o termo Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) para denominar a forma mucosa e cutânea da doença. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico 21 2.2.1 Agente Etiológico É um e um protozoário da família Trypanosomatidae, obrigatoria- mente intracelular das células do sistema e defesa, denominada de fagocíti- co mononuclear. O protozoário possui duas formas, denominadas de forma flagela- da ou promastigota, encontrada no tubo digestivo do inseto transmissor, e a forma aflagelada ou amastigota, que pode ser observada em tecidos dos hospedeiros vertebrados (figura 03). É do conhecimento da classe científica que, das 19 espécies de leishmania, 11 (onze) dessas espécies são capazes de causar as doenças aos seres humanos e 08 (oito) são específicas, capazes de acometer apenas os animais. Podemos citar as três principais espécies de maior relevância em nosso país: • a Leishmania (Leishmania) amazonensis – Pelo próprio nome já deixa a dica de que essa espécie pode ser encontrada em flo- restas amazonenses, principalmente, nas regiões do Amazonas, Rondônia, Pará, Tocantins e no Sudoeste do Maranhão; • a Leishmania (Viannia) guyanensi – Pode se diferenciar em rela- ção à primeira espécie anteriormente citada, e se trata de uma espécie que pode ser encontrada na região das Guianas. Porém, está também presente na Bacia Amazônica, nas regiões do Ama- pá, Roraima, Amazonas e Pará; • a Leishmania (Viannia) braziliensis, que é de ampla distribuição pelo país, podendo ser encontrada desde o sul do Pará ao Nor- deste e em alguns locais da Amazônia Oriental. Figura 3 - Leishmania forma flagelada ou promastigota (foto superior) e forma aflagelada ou amastigota (foto inferior). Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 2. ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. 180 p. Etiológico – Vem do termo etiologia que designa estudo das causas. Para este caso, considera-se o agente causador da doença. Espécies – Definição dada a indivíduos que têm o mesmo material genético e quando cruzam entre si produzem outros indivíduos férteis. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde22 2.2.2 Hospedeiro e Reservatórios É muito importante saber que na natureza existe uma quantidade considerável de animais que podem servir como reservatório da doença: marsupiais, roedores, bicho preguiça, tamanduá, canídeos, felídeos e equí- deos. ,m E que, através do vetor transmissor, somos altamente vulneráveis de sermos infectados ,, O vetor (mosquito) e o agente etiológico (Leishmania), que, natu- ralmente, estão dispersos em nosso ambiente, os organismos susceptíveis (ser humano e animais), estão próximos suficientes para promover a mistura perfeita e disseminação da doença, bem como, a mantença da mesma nos animais e na natureza. 2.2.3 Modo de Transmissão É importante saber para que a transmissão aconteça, é necessário que o ciclo para a disseminação da doença esteja completo e que sem o in- seto transmissor, em condições naturais, não existiria a doença no homem, já que o mosquito é o único capaz de transmitir o agente etiológico (leishma- nia). Aí você poderia nos perguntar: Uma pessoa infectada pode transmitir a doença para a outra? Respondo que não, pois não existe a transmissão pessoa a pessoa, na forma de um modelo natural de transmissão (figura 4). Na natureza, o vetor responsável pela transmissão da leishmania é conhecido como um inseto do gênero Lutzomyia (flebotomínio) (figura 5). São popularmente conhecidos como mosquito palha, tatuquira e birigui. A transmissão ocorre quando o inseto flebotomínio fêmea infectado pica o homem (figura 6). E, após dois a três meses, os sinais clínicos da do- ença são observados. Esse tempo até o aparecimento dos sintomas pode ser mais curto (duas semanas) ou mais longo (dois anos) e isso vai depender do estado imu- nológico da pessoa e de outros fatores que podem estar relacionados. Animais Silvestres e domestico Meio ambiente Vetor (inseto) Figura 4 - Representação esquemática mostrando a relação existente entre o vetor – animais – homem e meio ambiente no processo de transmissão da doença. Hospedeiro Quando um organismo abriga outro dentro de si. Reservatório Quando um agente infeccioso vive na condição de dependência e lá consegue se reproduzir com intenção de transmitir para outro organismo humano e/ou animal. Marsupiais Animais mamíferos que possuem uma bolsa no abdome e lá os filhotes terminam de completar parte do crescimento. Gênero Faz de uma classe cuja extensão se divide em outras classes em relação a primeira, que são chamadas de espécies. Ingurgitada Especificamente para os insetos; quando se diz esse termo é porque o inseto está cheio de sangue. Homem e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico 23 Figura 5: Flebotomínio fêmea ingurgitada. Fonte: Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana /Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde – 2ª Edição – Brasília: Editora do Ministério da Saúde. Brasil. 2007.180 p. Figura 6: Ciclo de transmissão das Leishmanioses (*) Fonte: Atlas de leishmaniose tegumentar americana: Diagnóstico clínico e diferencial /Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 136 p. Figura 7 - Leishmaniose Tegumentar America (LTA) com úlcera e com bordas elevadas assemelhando a umamoldura de quadro. Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 2. Ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. 180 p. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde24 Figura 8 - Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) no cão e no gato apresentando lesão no focinho e lábio. Fonte: Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. 2. ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. Brasil. 180 p. 2.2.4 Período de Incubação Podemos dizer que o período de incubação da doença no ser hu- mano pode ser de dois a três meses. Porém, existe a possibilidade de ter variações que podem ser de duas semanas a dois anos. 2.2.5 Quadro Clínico É descrita como uma doença não contagiosa, mas, sim, transmitida através de um vetor. Isso quer dizer que, para que essa zoonose possa ser trans- mitida de forma natural, é necessária a presença de um mosquito transmissor. É uma doença metaxênica, que acomete animais e o homem. A leishmaniose tegumentar americana (LTA) possui sinonímia, sen- do, desta forma, conhecida, também, como úlcera de Bauru, nariz de tapir e botão do oriente. A doença pode apresentar-se de várias formas. Sendo que a forma cutânea clássica é observada pela presença de pápulas, evoluindo para úlce- ras com bordas em forma de moldura, como a de um quadro, e não é sentida dor nessa região (indolor). Existem outros tipos de manifestações dessa doença, como a for- mação de verrugas apresentando de forma localizada (em um único ponto) ou difusa (várias partes do corpo). A doença pode se manifestar sob várias formas, entre elas, cita-se a forma inaparente ou na forma de lesões espalhadas pelo corpo que podem afetar a pele e mucosas. Na infecção inaparente, não são demonstrados os sintomas clínicos da doença e só são observados através dos testes laboratoriais, que vão acusar uma resposta positiva, e através do teste chamado “reação de Monte- negro” ou “intradermoreação”. Na Leishmaniose Cutânea (LC), são observadas úlceras em regiões da pele que estão mais expostas e as bordas dessas feridas apresentam-se elevadas e de fundo avermelhado (figura 7 e 8). Na LC disseminada, apresentam-se múltiplas lesões que podem sur- gir em várias partes do corpo e em números que podem chegar a cem ou centenas (figura 9). Incubação Do momento do contato ou exposição ao agente até a apresentação dos primeiros sintomas. Quadro Clínico Está relacionado aos sintomas e estudos das pessoas acometidas pela doença nos locais onde são dados os cuidados à saúde. Doença não contagiosa Quando a doença não é transmitida de forma direta, ou através de um contato direto. Sinonímia Nome que se dá às palavras com significado semelhante. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico 25 Figura 9 - de leishmaniose cutânea disseminada. Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 2. ed. atual. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. 180 p. Já na forma denominada de “recidiva cútis” de LC, após a presen- ça da ferida ulcerativa, a doença evolui para a cicatrização espontânea ou através de medicamentos, e é observada a presença localizada, que fica ao redor da lesão (figura 10). Figura 10 - Forma recidiva cútis de leishmaniose cutânea. Fonte: Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 2. ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. 180 p. A forma difusa de LC é observada em pessoas com deficiência em responder imunologicamente ao parasita que está presente no organismo e podem surgir lesões únicas que, posteriormente, evoluem com a formação de placas e em várias partes do corpo (foto 11). Figura 11 - Forma de leishmaniose cutânea difusa. Fonte: Fonte: Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 2. ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. 180 p. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde26 Na Leishmaniose de Mucosa (LM), surgem lesões deformantes que são observadas nas mucosas das vias aéreas superiores e que, na maioria dos casos, são resultados de evolução crônica da leishmaniose cutânea, quando não tratada ou por consequência do de um tratamento inadequado. Esse tipo pode ser representado clinicamente pela forma tardia (figura 12), da qual é a mais comum, podendo surgir vários anos após cica- trização. A LM pode ser de origem indeterminada (figura 13), quando não é possível detectar evidências da presença da leishmaniose cutânea. Na forma de mucosa concomitante, ocorre lesão mucosa e a lesão cutânea ativa (figura 14). Na forma contígua (figura 15), é observada a propagação direta de lesão cutânea que está próxima a orifícios naturais, para a mucosa das vias áreas e digestivas. E, por fim, a forma mucosa primária (figura 16), que ocor- re através da picada do vetor na mucosa. Figura 12 – Leishmaniose de mucosa de forma tardia Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Atlas de leishmaniose tegumentar americana: diagnóstico clínico e diferencial / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 136 p. Figura 13 - Leishmaniose de Mucosa na forma indeterminada. Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Atlas de leishmaniose tegumentar americana: diagnóstico clinico e diferencial / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 136 p. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico 27 Figura 14 – Leishmaniose de Mucosa na forma concomitante. Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Atlas de leishmaniose tegumentar americana: diagnóstico clínico e diferencial / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 136 p. Figura 15 - Forma de Leishmaniose de Mucosa na forma contígua. Fonte: Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Atlas de leishmaniose tegumentar americana: diagnóstico clínico e diferencial / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 136 p. Figura 16 - Forma primária de leishmaniose de mucosa. Fonte: Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Atlas de leishmaniose tegumentar americana: diagnóstico clínico e diferencial / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 136 p. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde28 2.2.6 Diagnóstico Existem vários métodos de diagnósticos, que podem ser chamados de métodos diretos, que são capazes de observar a presença do parasita (figura 03), e os métodos indiretos, que detectamos anticorpos (imunoglo- bulinas) presentes no sangue. A importância dos métodos laboratoriais é que estes servem para termos a confirmação dos achados clínicos e, também, para fornecer infor- mações epidemiológicas essenciais sobre a doença, bem como ter o conhe- cimento do tipo de espécie que está presente em um determinado ambiente para que sejam adotados os devidos controles. O exame direto através da demonstração do parasita é considerado como o de primeira escolha; é um exame rápido, fácil e barato. É um exame que deve ser feito no início da evolução da lesão presente na pele, pois, nas feridas antigas, com mais de um ano, raramente serão encontradas os parasitas. Existe, também, o método direto, que é através de cultivo do pa- rasita em meios de cultura enriquecido. Este tipo de diagnóstico permite a identificação da espécie de leishmania envolvida e o método in vivo através da inoculação de material coletado em animais. Para os exames imunológicos, o teste de escolha é chamado de tes- te de intradermoreação de Montenegro – IDRM ou da leishmanina, onde será observada uma resposta de hipersensibilidade celular retardada (figura 17). A técnica de ELISA, ou Ensaio Imuno Enzimático, é um teste bom, mas o seu uso é restrito à pesquisa. Temos o teste de IFI ou teste de Imunofluores- cência Indireta (IFI) e o teste de reação de cadeia de polimerase ou PCR. Figura 17 – Diagnóstico da leishmaniose Tegumentar America através teste de intradermoreação de Montenegro – IDRM. Fonte: Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Atlas de leishmaniose tegumentar americana: diagnóstico clínico e diferencial / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 136 p. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico 29 2.2.7 Tratamento O medicamento de escolha para a LTA é o antimonial pentavalente, que tem a função de destruir o parasito. Existem dois tipos de antimoniais pentavalentes que podem ser uti- lizados: o antimoniato de N-metil glucamina e o stibogluconato de sódio, sendo que o segundo não é não comercializado em nosso país. Se, com este tratamento, não houver uma resposta adequada ou satisfatória, passa-se, então, a adotar drogas de segunda escolha, que são anfotericina B e o iso- tionato de pentamidina. Existem uma série de recomendações, contra-indicações e reações adversas que estas drogas podem causar ao paciente. Por isso, a importância do acompanhamento do paciente pelos profissionais de saúde. 2.2.8 Características Epidemiológicas A doença está presente em vários municípios de todas as unidades federadas e, por ano, são registrados cerca 28.794 casos autóctones. São em média 17 casos para cada 100.000 habitantes. E qual região tem apresentado o maior número de casos dessa doença? A tabela 01 nos mostra que entre os anos de 2005 a 2009 foram registrados 112.305 casos e que a região Norte foi a mais afetada, com 46.354 casos. Em seguida, temos a região Nordeste, com 33.119 casos. Em terceiro lugar, observa-se a região Centro-Oeste, com 18.832 casos. E, por fim, as regiões Sudeste e Sul, com 10.772 e 2.722 casos, respectivamente. Tabela 1 Casos de leishmaniose tegumentar confirmados no ano de 2009 e divididos por regiões do Brasil Região 2005 2006 2007 2008 2009 Total Norte 10.679 8.833 9.890 8.680 8.272 46.354 Nordeste 8.112 6.169 5.925 6.003 6.910 33.119 Sudoeste 2.809 2.868 1.898 1.592 1.605 10.772 Sul 541 573 514 630 464 2.722 Centro-Oeste 4.388 3.852 3.095 3.005 4.492 18.832 UF ignorada 156 102 85 82 81 421.85 Brasil 26.685 22.397 21.407 19.992 21.824 112.305 Fonte: SINAN/SVS/MS – Atualizado em 18/08/2010 (Dados sujeitos à revisão). 2.2.9 Vigilância Epidemiológica Qual a importância da vigilância epidemiológica? É que, através dela, é possível diagnosticar e tratar os casos da forma mais rápida possível. Casos autóctones Quando as pessoas são infectadas no mesmo lugar onde vivem. Ou seja, a doença não foi trazida de outras regiões por onde passaram. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde30 E por que tanta pressa de se tratar a doença no homem? Porque tem o obje- tivo de reduzir as complicações e as alterações ou deformidades anatômicas causadas ao ser humano por consequência da doença. A investigação epidemiológica é feita e tem a intenção de determi- nar a possível área endêmica ou se este é mais um novo foco da doença. Ava- lia-se, também, a possibilidade de ser mais um caso autóctone ou importado. Informações como forma clínica, idade, sexo e ocupação são impor- tantes no processo de investigação. Para esta e em todas as doenças descritas nesse caderno didático são feitos estudos no local da infecção que têm como intenção adotar algum modelo de medidas de prevenção e controle para a doença, impedindo que outras pessoas corram o risco de se infectar. Por que é importante o estudo entomológico do vetor? A vigilância entomológica tem a função de levantar informações quantitativas e qualita- tivas sobre o inseto transmissor. E a importância desse trabalho é de conhe- cer o comportamento do mosquito no meio ambiente. 2.2.10 Medidas de controle Não existe uma única medida de controle capaz de evitar a in- fecção do agente no homem. Isso vai depender da particularidade de cada região ou foco da doença. Porém, nesse momento, é muito importante e es- trategicamente eficiente a organização dos serviços de saúde com profissio- nais capacitados e motivados e que o local tenha o mínimo de equipamentos necessários para o atendimento da comunidade afetada. Não apenas ter, é necessário, também, ser ágil, promovendo o atendimento rápido do suspeito ou doente, o diagnóstico e tratamento adequado com o devido acompanha- mento. Quanto ao controle do vetor? É indicado nos casos em que foi evi- denciada a presença do mosquito no ambiente domiciliar e peridomiciliar. É importante efetuar os estudos epidemiológicos e entomológicos para comprovar a existência do mosquito vetor no ambiente. É uma doença para a qual ainda não existe vacina para humano. Existe, sim, o tratamento para o homem, que deve ser feito com acompa- nhamento dos serviços médicos e é totalmente gratuito e oferecido pelo Ministério da Saúde (MS). Atividade de aprendizagem A. Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença capaz de causar importantes agravos nos seres humanos, visto que, na pessoa acometida, causa deformidades, feridas, incapacidade física e, muitas vezes, pode levar à morte. No Brasil, ano de 2009, a doenças atingiu um número de pessoas superior a 20 mil. Essa doença é uma realidade e todo o ano atinge essa cifra de mil. Com base no que foi explicado sobre a Leishmaniose Tegumentar Americana, marque V (verdadeiro) ou F de (falso). Área endêmica É considerado quando comumente ocorre a presença de um agente infeccioso ou de uma doença em uma determinada área. Caso importado Quando um agente ou doença foi trazida de um lugar para o outro onde não existia anteriormente. Estudo entomológico Estudos dos insetos e todas as coisas referentes a estes. Informação quantitativa Dentro dos estudos epidemiológicos, resume-se no “por quê” isso está acontecendo. É, na verdade, uma tentativa de explicar um fato. Informação qualitativa Dentro dos estudos epidemiológicos, resume-se no “Como” isso acontece. É uma tentativa de compreender algo referente ao fato acontecido. Peridomiciliar O que está em volta do domicílio (casa, residência) e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico 31 ( ) É consideradauma doença infectocontagiosa e que é transmitida pelo contato direto pessoa a pessoa. ( ) É uma zoonose e pode ser transmitida por qualquer tipo de mosquito. ( ) É uma doença que possui várias denominações, entre as quais temos “nariz de tapir”, “botão do oriente” e “úlcera de Bauru”. ( ) É uma doença não contagiosa, por isso pode ser transmitida pelo con- tato direto. ( ) Existem várias espécies de leishmania que são capazes de acometer os animais e o homem. Porém, três são consideradas como principais, que são a Leishmania amazonensis, Leishmania guyanensi e a Leishmania (Viannia) braziliensis. ( ) Apenas os cães são os reservatórios responsáveis pela mantença da doença na natureza. ( ) O mosquito flebotomínio é transmissor da Leishmaniose Visceral Ame- ricana e, para este, existem vários nomes populares, entre os quais temos mosquito palha, tatuquira, birigui. ( ) A doenças é transmitida através da picada do mosquito flebotomínio macho e infectado. ( ) Caso autóctone da LVA é quando a pessoa infectada em outra região diferente daquela onde vive. ( ) A única medida de controle capaz de eliminar o a doença no ser huma- no é através do uso da vacina antileishmania. B. Área endêmica é definida com sendo aquela em que sempre vai estar pre- sente uma determinada doença ou agente infeccioso. Sobre a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), dentre os animais listados abaixo, qual não é considerado ou reconhecido como reservatório e, por isso, não está envolvi- do no processo de transmissão da doença? a. Roedores b. Felinos c. Cães d. Aves e. Ratos C. Para a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) existe tratamento e medidas de controle que são feitos pelo Ministério da Saúde (MS), através do SUS (Sistema Único de Saúde) e são atividades gratuitas. Quanto ao trata- mento e às medidas de controle da LTA. Marque V (Verdadeiro) ou F (Falso). ( ) Para a eliminação da LTA, é necessário eliminar os cães soropositivos e tratar precocemente as infecções humanas. ( ) Devemos ratar precocemente as infecções humanas e, principalmente, cães soropositivos. ( ) É de grande importância o uso de inseticidas contra mosquitos do gê- nero flebotomínio, bem como, o tratamento de cães soropositivos. ( ) Para o combate da enfermidade, deve-se adotar atividades de cons- cientização da população para tratamento dos cães soropositivos, bem como, o uso estratégico de inseticidas no ambiente, independente da presença ou não do mosquito transmissor;. ( ) Para entendermos mais sobre a enfermidade é extremamente impor- tante efetuar os estudos entomológicos sobre o mosquito transmissor da doença para que se tenha um conhecimento sobre o comportamento do vetor no meio ambiente e a forma de transmissão para os seres humanos e animais. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico AULA 1 Alfabetização Digital 33 Aula 3 - Leishmaniose Visceral (LV) Objetivos Nessa aula sobre a LV, iremos abordar temas semelhantes ao tema anteriormente citado. Porém, alguns aspectos se diferenciam em relação à doença LTA. Com isso, para entendermos sobre esta doença, iremos abordar os seguintes aspectos: • Introdução sobre a enfermidade e uma distribuição mundial da LV; • Algumas das principais apresentações da doença no animal e no ser humano; • Agente etiológico da doença e quem são os transmissores dessa enfermidade; • Quais das espécies animais podem, naturalmente, ter a doença; • Como acontece a transmissão da doença nos animais e no ser humano; • Como é feito o diagnóstico da doença; • Para esta doença, tem um tratamento? • Como a doença vem se comportando nas mais diversas áreas desse nosso país; • A doença mata? • Como está sendo efetuada a vigilância para esta doença no ter- ritório brasileiro; • Como é feito o controle da LV; • E, no final, faremos uma atividade para melhor compreensão do assunto. 3.1 Introdução A Lleishmania Vvisceral, há alguns anos, era considerada uma do- ença tipicamente de zonas rurais. Atualmente, vêm sendo observados casos nas áreas urbanizadas. Esta doença possui aspectos crônicos, acomete o or- ganismo de forma sistêmica e é caracterizada por apresentar febre de longa duração, perda de peso, fraqueza no corpo, a pessoa não consegue ter os movimentos ou reações normais e anemia. Se não for devidamente tratada, pode causar a morte em cerca de 90% daquelas pessoas que são acometidas pelo agente. É considerada uma doença que possui uma grande chance de causar a morte da pessoa afetada, principalmente naquelas que não receberam o devido tratamento. A LV tem uma ampla distribuição pelo mundo, sendo re- gistrados casos na Ásia, Europa, Oriente Médio, África e nas Américas (figura 18). e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde34 Figura 18: Locais no mundo onde são registradas a Leishmaniose Visceral. Fonte: http://www.who.int/leishmaniasis/leishmaniasis_maps/en/index.html - Data de acesso 25/03/2011. Por que é tão importante o descobrimento da doença? Porque na maior parte dos casos não são observados os sintomas. Ou seja, possuem o que chamamos de forma inaparente ou assintomática da doença e, por decorrência desse fato, foram feitas observações importantes e que são di- vididas em períodos, conforme se segue: O período inicial (figura 19) é quan- do a pessoa infectada apresenta-se com uma febre durante um período de 04 semanas ou menos, pele e mucosas apresentam-se pálidas, aumento do tamanho do fígado e baço (espleniomegalia e hepatomegalia) e, ao fazer os testes laboratoriais para a presença da doença, são observados que os títulos de anticorpos para a leishmaniose podem estar altos ou não apresentarem títulos algum. O Período de Estado (figura 20) é quando a pessoa infectada apresenta febre irregular, emagrecimento progressivo, peles e mucosas pá- lidas, aumento do tamanho do fígado e do baço e os títulos de anticorpos estão elevados ao se fazer testes laboratoriais. No Período Final (figura 21) a pessoa enferma apresenta febre continuamente, aspectos de desnutrição, membros inferiores inchados, sangramento pelo nariz (epistaxe), gengiva (gengivorragia), pontos vermelhos pelo corpo indicando hemorragias dos pequenos vasos (petéquias), pele e mucosa amareladas (icterícia), barriga d’água (ascite) e os títulos de anticorpos elevados são observados. No estado avançado da doença, a pessoa enferma tem mais chances de morrer. A LV possui várias denominações, podendo ser chamada de calazar, febre dundu, espleniomegalia tropical e doença de cachorro (figura 22). Figura 19: Paciente com Leishmaniose Visceral (LV) na fase inicial ou aguda, onde a área desenhada neste paciente representa o fígado (lado direito do paciente) e baço (lado esquerdo do paciente) apresentando aumento de tamanho. Fonte: Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. Brasil. Editora do Ministério da Saúde. Brasília. 2006. 120 p. Doença crônica É considerada uma doença que possui uma duração mínima de 03 meses. Anemia Diminuição da quantidade hemoglobina. A hemoglobina tem a função de conduzir oxigênio para os tecidos e está presente nas hemácias que são conhecidas como células vermelhas do sangue. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico 35 Figura 20 - Pacientes com Leishmaniose Visceral (LV) no período de estado onde apresentam fígado (lado direito do paciente) e baço (lado esquerdo do paciente) com aumento de tamanho. Fonte: Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. Brasil. Editora do Ministério da Saúde.Brasília. 2006. 120 p. Figura 21 - Pacientes com Leishmaniose Visceral (LV) no período final na doença apresentando um grande aumento de tamanho na região barriga por consequência do fígado e do baço estarem extremamente aumentados de tamanho. Fonte: Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. Brasil. Editora do Ministério da Saúde. Brasília. 2006. 120 p. Figura 22 – Sinais clínicos de leishmaniose visceral em cão, onde são observados um crescimento exagerado das unhas e um estado emagrecimento (LV). Fonte: Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. Brasil. Editora do Ministério da Saúde. Brasília. 2006. 120 p. 3.1.1 Agente Etiológico e vetor É um protozoário do gênero Leishmania, espécie Leishmania cha- gasi, principal agente da doença. O agente causador da doença vai estar presente no tubo digestivo do inseto transmissor (flebotomínio) (figura 23), uma vez contaminado. Para a transmissão da leishmaniose, temos os insetos denominados flebotomíneos e, no Brasil, são duas as espécies que estão envolvidas na transmissão da doença, que são Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde36 Em especial, a espécie de L. longipalpis, infelizmente, conseguiu se adaptar facilmente aos ambientes peridomiciliares e também pode ser encontradas dentro das residências. E, com isso, é grave a presença desse inseto portando a doença ou mesmo algum animal infectado e que esteja presente juntamente com o inseto transmissor. Figura 23 - Inseto flebotomínio transmissor da Leishmaniose Visceral. Fonte: Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. Brasil. Editora do Ministério da Saúde. Brasília. 2006. 120 p. 3.1.2 Hospedeiro e Reservatórios Na área urbana, o cão é a principal fonte de infecção, e nas áreas silvestres podemos citar que as espécies de raposas (Cerdocyon thous e Du- sicyon vetulus) e marsupiais (Didelphis albiventris) (figura 24) Figura 24 – Raposa (Dusicyon vetulus) e um marsupial (Didelphis albiventris) Fonte: Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. Brasil. Editora do Ministério da Saúde. Brasília. 2006. 120 p. 3.1.3 Modo de Transmissão A transmissão é através de um vetor, o inseto flebotomínio fêmea infectado, das espécies Lutzomyia longipalpis e L. cruzi. Lembrando que, para ocorrer a transmissão, o animal estará infectado e não apenas isso, o parasita (leishmania) deverá estar presente na pele ou no sangue das zonas periféricas do corpo. O mosquito, ao picar o animal que contém o parasita, e ao absorver o sangue, suga também o parasita (figura 25). e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico 37 Não existe a transmissão direta de uma pessoa para outra ou de um animal para outro animal. Mas é importante lembrar que existe sim o risco através da contaminação por transfusão de sangue ou através do uso com- partilhado de seringas e agulhas para o uso de substâncias entorpecentes. Figura 25 - Modo de transmissão da doença do animal para o ser humano. Fonte: SVS/SUS/MS Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/folder_ leishmanioses_web_05_05_10.pdf>. Acesso em:... 3.1.4 Período de Incubação Não existe um tempo certo, mas esse pode variar tanto para ser humano como também para os cães. De modo geral, no homem, é de 10 dias a 24 meses com média entre 2 a 6 meses. No cão, varia de 3 meses a vários anos, com um tempo médio que ser de 3 a 7 meses. Percebam que essa doença é de considerada crônica e isso nos leva a dizer que pode levar de meses a anos para que ocorra o surgimento dos sinais clínicos. 3.1.5 Quadro Clínico É importante falar que, no ser humano, só uma pequena parcela que tem a doença, desenvolve ou apresentará os sinais clínicos e sintomas. Para aquelas pessoas que não apresentam os sintomas, ao se fazer os exames laboratoriais para a pesquisa de anticorpos contra o parasita, serão obser- vadas reações de positividade ou reação positiva para o protozoário (leish- mania), devido ao organismo infectado produzir imunidade humoral por um período consideravelmente longo. Com isso, conclui-se que o parasita está no organismo há muito tempo desafiando o sistema de defesa. Pessoas com idade abaixo de 6 meses e acima de 65 anos são bem mais suscetíveis ao agente. São pessoas que, ao terem a doença, possuem mais riscos de morrerem por consequência da infecção. Vale lembrar que ao observar pessoas apresentando febre, aumen- to do tamanho do fígado, aumento do tamanho do baço, rápido emagreci- mento, fraqueza, baixa capacidade de reflexos motores, inchaços, diarréias, e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde38 sangramentos pelas aberturas naturais, vômitos, entre outros, isso pode ser indício de que o organismo está com algum problema e, certamente, são indícios de que a máquina humana precisa de cuidados médicos. Então, é extremamente importante levar esta pessoa a um posto médico para que seja examinada por um profissional competente. No cão, os sintomas irão depender do sistema de defesa do animal, mas, geralmente, a doença apresenta-se de forma sistêmica e crônica. No momento em que são observados os sintomas, o desenvolvimen- to é rápido e fatal, causando a morte desse animal semanas após. Em alguns animais, a doença pode permanecer latente, quer dizer não aparente ou oculta, chegando, inclusive, à cura espontânea – que é o pior. Os índices da forma assintomática da leishmania visceral podem estar entre 40 a 60% de uma população que seja reagente aos testes de diagnóstico. Por isso, dizemos que a melhor forma de saber se doença está presente é através do diagnóstico laboratorial. 3.1.6 Diagnóstico Para a pesquisa do parasita, é feita uma coleta do baço e linfonó- dulos através do método chamado de punção aspirativa, aspirado de medula óssea, coleta de uma pequena amostra de fígado. Este é o método que me- lhor oferece mais segurança é o aspirado de medula óssea e, após a coleta, é feita a pesquisa do parasita. O material aspirado deverá ser examinado usando os processos de colorações de rotina, chamados colorações de Giemsa ou Wright, Leishman, Panóptico. Existem os métodos de cultura em laboratório, usando meios de cultura específicos para o desenvolvimento do parasita em um ambiente artificial. Porém, são mais caros e demorados. O método de isolamento, usando animais de laboratórios, também é uma forma de isolamento empregado para a pesquisa direta do agente, porém, é demorado e não tem importância prática, já que precisamos de uma resposta rápida. O método de PCR (Reação de polimerase em cadeia) pode ser con- siderado como uma nova perspectiva para o diagnóstico da doença, pois apresenta bons resultados para se detectar o parasita. No Brasil, o exame mais utilizado para o diagnóstico é RIFI – Reação de Imunofluorescencia Indireta, que é expresso através de diluições em série do soro coletado. Existe também o teste de ELISA – Ensaio Imuno Enzimático. 3.1.7 Tratamento Em nosso país, a formulação disponível é o antimoniato N-metil glucamina, que é distribuída pelo Ministério da Saúde. Devem ser observados alguns cuidados importantes antes de se iniciar o tratamento dos pacientes e o tratamento pode e deve ser feito em nível ambulatorial, sendo, assim, mais seguro o monitoramento do enfermo. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e ReconhecimentoGeográfico 39 Temos as drogas utilizadas para um tratamento alternativo, que são o desoxicolato sódico de anfotericina B e as formulações lipossomais (anfotericina-B-lipossomal e anfotericina-B-dispersão coloidal), pentamidinas (sulfato e mesilato) e os medicamentos que modulam a resposta imunológi- ca do paciente (Interferon gama e GM-CSF). As duas últimas drogas citadas ainda estão em fase de investigação e todas devem ser administradas em hospitais de referência. No cão, não é recomendado o seu tratamento, pois essa tentativa possui uma baixa capacidade de resposta para a eliminação do agente no organismo animal, e com uma ressalva importante, é que, ao tratar o animal, pode-se estar causando uma seleção dos parasitas que, dessa forma, se tor- narão mais resistentes às drogas utilizadas. 3.1.8 Características Epidemiológicas Para essa doença, a região Nordeste é considerada a que tem o maior número de casos registrados com 9.227 entre os anos de 2005 a 2009. Em seguida, temos a região Norte, registrando 3.715 casos nesse mesmo pe- ríodo. Em seguida, temos as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul com 3.403, 1.466 e 17, respectivamente (Tabela 02). Em nosso país, é considerada uma doença endêmica, ou seja, a do- ença ocorre em apenas um determinado local ou região, não se espalhando para outras comunidades (Figura 26). Logicamente que, para a transmissão do agente, o vetor precisa estar presente. Contudo, registram-se surtos fre- quentes da doença. O que queremos dizer com isso? Isso ocorre quando há um aumento dos números de casos da doença acima do normal em uma determinada região. O que tem temos de informação em nosso país quando se fala de LV? Dados obtidos do Ministério da Saúde (MS) indicam que existe uma distri- buição dessa doença em 21 Unidades Federativas (UF), com uma média anual de 3.500 casos por ano e incidência de 1.9 casos para cada 100.000 habitan- tes (tabela 03), totalizando 18.397 casos, com 1.144 óbitos por consequência da LV(tabela 02 e 04). Na figura 28, observamos que existem áreas onde ainda não foram relatados casos da doença e áreas onde a transmissão é esporádica, mode- rada a intensa. Agora, a doença está presente principalmente em regiões povoadas, que é a faixa mais no centro que nas extremidades. Regiões 2005 2006 2007 2008 2009 Total Norte 660 684 847 815 709 3.715 Nordeste 2.011 1.982 1.741 1.739 1.754 9.227 Sudeste 656 704 679 723 641 3.403 Sul 3 3 3 0 8 17 Centro-Oeste 261 277 331 322 275 1.466 UF Ignorada 6 1 3 253 306 569 Brasil 3.597 3.651 3.604 3.852 3.693 18.397 Tabela 2 - Dados sobre os casos confirmados da Leishmaniose Visceral (LV) com informações divididas por grandes regiões no Brasil. Fonte: SINAN/SUS/MS – Atualizado 09/07/2010 - dados sujeito à alteração. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde40 Regiões 2005 2006 2007 2008 2009 Norte 4.5 4.5 5.5 5.4 4.6 Nordeste 3.9 3.8 3.3 3.3 3.3 Sudeste 0.8 0.9 0.8 0.9 0.8 Sul 0 0 0 0 0 Centro-Oeste 2.0 2.1 2.4 2.4 2.0 Brasil 2.0 2.0 1.9 2.0 1.9 Tabela 3 - Incidência da Leishmaniose Visceral no Brasil. Fonte: Sinan/SVS/MS – Atualizado em 09/07/2010 – Disponível em <http://portal.saude.gov.br/ portal/arquivos/pdf/3_lv_incidencia_14_10_10.pdf>. Acesso em:20/10/2011... Regiões 2005 2006 2007 2008 2009 Total Norte 37 34 26 41 17 155 Nordeste 138 144 83 94 86 545 Sudeste 69 52 45 41 75 282 Sul 2 1 0 0 0 3 Centro-Oeste 33 30 16 33 20 132 UF Ignorada 1 1 0 7 18 27 Brasil 280 262 170 216 216 1.144 Tabela 4 - Números de óbitos por consequência da Leishmaniose Visceral no Brasil. Fonte: Sinan/SVS/MS – Atualizado em 09/07/2010. Figura 26 – Dados entre o período de 2007 a 2009 onde são mostradas as áreas onde existe a transmissão de Leishmaniose Visceral (LV). Fonte: SVS/MS – Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/1_areas_ transmissao_lv_07_10_10.pdf>.Acesso em 22/10/2011:.... Letalidade Quando a pessoa que adquiriu a doença morre por consequência disso. É o poder da doença em causar a morte da pessoa acometida. Óbito Falecimento, morte. Esporádica Quando acontece de vez em quando. e-Tec Brasil/CEMF/UnimontesDoenças Vetoriais, Viróticas e Reconhecimento Geográfico 41 3.2.9 Vigilância Epidemiológica A principal função da ação da vigilância, e talvez a mais importan- te, é de tentar reduzir a taxa de letalidade e morbidade através da rapidez do diagnóstico e tratamento das pessoas acometidas. É, também, importante não só o tratamento, mas, também, promo- ver a diminuição dos riscos de transmissão. Observem que, além do fato de a pessoa estar com a doença, se no ambiente onde mora estiver a presença do vetor, então há uma possibilidade de existência de fonte de infecção, onde o mosquito pode picar e transmitir para outras pessoas, a doença. Por isso, é muito importante fazer os estudos epidemiológicos da área e através dos dados obtidos adotar as devidas me- didas de controle imediato. Outro fato que podemos citar como relevante é que a LV é uma Do- ença de Notificação Compulsória (DNC) e se faz necessária a investigação epidemiológica sobre o mosquito transmissor e sobre a presença do parasita (leishmania) no homem e animais. Uma atenção especial para o que vai ser dito agora! Nessa situação, onde está presente a doença, na qual ela esteja afetando pessoas, é muito importante relacionar a ideia anteriormente citada sobre o Homem – Meio Ambiente – Vetor e Agente Etiológico. Pois, a ligação desses elementos, an- teriormente citados, torna-se mais fácil ao dizer que o efeito, as consequ- ências dessa mistura para a continuidade da doença em uma determinada região afetada. A exemplo disto, temos a Região Norte e Nordeste e Centro- -Oeste, local onde concentra-se o maios número de casos de leishmaniose.à Nesta área onde um indivíduo apresenta febre alta e aumento do tamanho do fígado, Isso será considerado como um caso suspeito e deve ser encaminhado para se fazer os testes para pesquisa do agente bem como promover os devidos cuidados a esse paciente. A confirmação é feita através de exame parasitológico positivo ou através de um teste chamado Imunofluorescência reativa, tanto para o homem como para o animal. Para o ser humano, deve-se efetuar o tratamento, e para o animal que estiver positivo, deve-se sacrificá-lo, evitando que o mesmo seja um reservatório, causando mais risco às pessoas. 3.1.10 Medidas de controle Como o próprio nome diz, a função é de tentar evitar o contato com o vetor, quebrar o elo de comunicação com indivíduos que podem contrair o agente causador da doença (homem e animal). Para o controle dessa enfermidade, devem-se adotar as devidas proteções individuais, como, por exemplo, o uso de repelentes, mosquitei- ros, limpeza diária do ambiente (figura 27), tanto fora quanto dentro da residência onde se mora. Doença de Notificação Compulsória (DNC) Quando uma doença é obrigada a ser notificada (avisada) e que todos tenham o conhecimento sobre essa doença no local onde aconteceu. Fim do glossário Imunofluorescência reativa Técnica usada para fazer o diagnóstico da leishmaniose em animais e humanos. Quando a pessoa ou o animal está com a doença, o teste reage, indicando isso através de um brilho fluorescente. e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes Vigilância em Saúde42 Figura 27: Ação de limpeza para retirada de lixo no meio ambiente. Fonte: Disponível em: <http://www.diariodoscampos.com.br/policia/ noticias/34775/?noticia=forca-verde-colabora-com-projeto-atitude > Publicado em: 26/09/2010 e extraído 02/04/2011. Acesso em: 22/10/2011... Deve-se evitar ficar exposto ao meio ambiente em horários mais prováveis onde o vetor apresenta-se ativo, que são no início do dia e da noite (crepúsculo) e noite (ver foto). Para os
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