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Central de Material e Esterilização

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
INTRODUÇÃO: POR QUE SABER SOBRE CENTRAL DE MATERIAL E 
ESTERILIZAÇÃO? 
 
Durante os cursos técnico e graduação de enfermagem somos 
direcionados quase que totalmente para a assistência. Mesmo em cursos de 
pós graduação em Centro Cirúrgico, Recuperação Pós Anestésica e Centro de 
Material e Esterilização, há uma atenção menor a área de Centro de Material e 
Esterilização (CME). Quem trabalha na área, deve buscar, de forma 
independente, se aprofundar no conhecimento. 
O CME é uma área peculiar dentro da Instituição Hospitalar, pois 
presta assistência de forma indireta ao cliente, e é considerado o “coração do 
hospital” porque a maioria dos procedimentos dos profissionais da área da 
saúde envolvem formas de descontaminação dos materiais, desde a limpeza 
simples com água e sabão até a esterilização. 
Segundo a RDC nº15 de 2012, dentro do CME deve ter um 
responsável técnico (RT), com formação em Ensino Superior com disciplinas 
afins e com conhecimento na área. Este RT é exclusivamente responsável pelo 
CME, devendo estar no local de trabalho durante toda sua jornada de trabalho. 
Na maioria das Instituições Hospitalares e Empresas Terceirizadas, 
o RT é um Enfermeiro, e os colaboradores são auxiliares ou técnicos de 
enfermagem. Por isso, a importância da enfermagem se atualizar e se preparar 
para atuar neste campo. Esta apostila tem como finalidade introduzir o 
profissional de saúde no CME, capacitando-o para iniciar suas atividades neste 
setor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
UM POUCO DE HISTÓRIA... 
 
Na antiguidade, o corpo humano era considerado uma incógnita, 
considerado em toda sua complexidade, pelos cirurgiões. Os cirurgiões não 
passavam por uma academia, mas por uma educação prática. Eram chamados 
de “cirurgiões barbeiros”1, que possuam maior habilidade manual. A cirurgia 
era tratada como uma prática baixa e profana, pois os cirurgiões lidavam com a 
carne “decadente” (tumores, cistos, fraturas, gangrenas, entre outros). 
Antes de 1840, os cirurgiões contavam apenas com sua destreza 
manual para realizarem o procedimento cirúrgico. Os instrumentos utilizados 
nas operações eram limpos com qualquer pano ou até mesmo a aba da 
sobrecasaca dos cirurgiões. Em 1848, Ignaz Filipe Semmelweis, trabalhando 
na Clínica Obstétrica do Hospital de Viena, descobre a causa da mortalidade 
pela febre puerperal. Ele instituiu, a partir de 15 de maio de 1847, uma política 
rigorosa de lavagem das mãos e dos instrumentos em solução de cal clorada, 
entre o trabalho de autópsia e o cuidado dos clientes. Ele desvendara o 
segredo de transmissão dos agentes infecciosos, por meio das mãos e dos 
instrumentos dos médicos e cirurgiões, revelação que seria três decênios 
depois a pedra angular da assepsia. 
Nas últimas décadas do século XX, com o desenvolvimento 
vertiginoso da técnica de procedimentos cirúrgicos, os artigos e equipamentos 
necessários do ato anestésico-cirúrgico foram se tornando cada vez mais 
complexos e especializados, e consequentemente, pessoal mais qualificado. 
Com o aumento da demanda de artigos, sentiu-se a necessidade de centralizar 
o processamento de materiais em um único local, otimizando o uso de 
equipamentos de esterilização e diminuindo custos para as instituições 
hospitalares. Nascia assim, o Centro de Material e Esterilização. 
 
 
1
 Os “cirurgiões barbeiros” não eram médicos, e não tinham formação alguma em medicina. Em 
1731, foi criada a Real Academia de Cirurgia e Luiz XIV dissolveu a associação de cirurgiões e 
barbeiros 12 anos depois. Enfim, em 1768, na Convenção dos Cirurgiões Treinados por 
Aprendizagem Rápida, os cirurgiões competiam em status com os médicos e foi definido que a 
cirurgia era um braço da medicina. 
4 
 
 
 
O CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO 
 
O CME caracteriza-se como uma unidade de apoio técnico a todos 
os serviços, assistenciais e de diagnóstico, sendo responsável pelo 
reprocessamento dos materiais utilizados na assistência a saúde, desde 
limpeza, inspeção, seleção quanto a integridade e funcionalidade e ao 
acondicionamento em embalagens adequadas, até a distribuição desses 
produtos esterilizados a unidades consumidoras. 
 
FINALIDADES 
 
As principais finalidades do CME são: 
 Concentrar os artigos e o instrumental esterilizado e de reposição, para 
melhor controle da Instituição Hospitalar; 
 Padronização das técnicas de limpeza, preparo, esterilização e 
acondicionamento dos materiais; 
 Distribuição do material processado (esterilizado ou desinfectado) para as 
unidades assistenciais; 
 Treinamento e capacitação dos colaboradores do CME e setores 
assistenciais, visando a melhoria da manutenção da qualidade do material 
e evitar reprocessamento desnecessário; 
 Favorecer ensino e pesquisa; 
 Manter estoque de artigos processados (arsenal) para atendimento às 
necessidades da Instituição. 
 
LOCALIZAÇÃO 
 
O CME deve ser uma unidade independente do Centro Cirúrgico, de 
fácil acesso para as unidades assistenciais e próximo das unidades 
fornecedoras, como almoxarifado e lavanderia. Também deve ser projetado 
para que não haja circulação excessiva de pessoas, diminuindo o risco de 
5 
 
contaminação. A circulação e colaboradores dentro da unidade deve ser 
restrita aos que trabalham no setor. 
 
ESTRUTURA 
 
A estrutura do setor deve favorecer o sentido único do andamento 
do processo. 
 
 
É recomendado que entre a área de recepção e limpeza dos 
materiais e as demais áreas tenha uma barreira física, impedindo o contato do 
material sujo com material limpo. 
6 
 
O CME pode ser dividido em duas grandes áreas: “área suja”, onde 
são recepcionados os materiais oriundos dos setores assistenciais, e “área 
limpa”, onde o material é submetido desde a inspeção de limpeza a 
armazenagem e distribuição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
RECEPÇÃO E LIMPEZA DOS ARTIGOS 
 
Quando um profissional de saúde finaliza o procedimento, é 
necessário que todo o instrumental utilizado seja encaminhado ao CME para o 
processamento. 
É interessante e recomendado que, dentro do próprio setor, antes de 
encaminhar o material ao CME, seja feita uma pré lavagem, apenas com água 
corrente, para retirar o excesso de fluidos corpóreos e hidrata-los, facilitando 
processo no CME. Isto ajuda a diminuir o tempo de processamento e os custos 
com produtos químicos. 
Nesta área, o colaborador entra em contato com o material 
contaminado com os mais diversos microorganismos. Todo o material deve ser 
considerado “contaminado”2, para evitar acidentes com material biológico. Toda 
instituição hospitalar deve fornecer equipamentos de proteção individual (EPI) e 
é obrigação do supervisor do setor o monitoramento do seu uso. Os EPI’s 
recomendados são: 
 Luvas de limpeza; 
 Avental, de manga longa e até o tornozelo; 
 Óculos de proteção, 
 Protetor auricular 
 Touca/gorro; 
 Máscara; 
 Botas impermeáveis 
Ao receber o material, o CME inicia o processo de limpeza. A 
limpeza é a etapa mais importante de todo o processo, pois um material que 
não estiver limpo, não pode ser esterilizado. Se o material apresentar alguma 
sujidade, mesmo depois de esterilizado, deve ser considerado contaminado e 
refeito o processo. Esta pode ser feita: 
 
2
 Alguns artigos trazem uma prática no CMEperigosa: a identificação do tipo de microrganismo que 
contém no material (ex: HIV, Hepatite B, pseudomonas, KPC, etc). Isso faz com que os colaboradores 
tenham um cuidado maior apenas quando recebem estes avisos, deixando de se preocupar e tomar os 
devidos cuidados com sua segurança em outros materiais. Esta prática pode causar acidentes sérios, 
trazendo transtornos ao colaborador acidentado. 
8 
 
 Manual: limpeza comum, realizada pelo colaborador. Envolve a diluição de 
detergentes químicos em água para auxiliar a retirada de matéria orgânica. 
Pode ser feita com escovas resistentes ou para canulados, dependendo do 
material. 
 Mecânica: limpeza realizada por equipamentos. Os equipamentos de 
limpeza mais comuns encontrados em CMEs é a lavadora ultrassônica, 
que através do processo de cavitação remove matéria orgânica do 
instrumental e lavadora termodesinfectora, que através de jatos de água 
combinados a detergentes em alta temperatura auxilia na remoção de 
sujidade e descontaminação do material. 
Independentemente do modo selecionado para realizar a lavagem 
do material, é imprescindível a pré-lavagem para retirada da matéria orgânica 
grosseira e a inspeção final para verificação de resíduos de sujidade. O 
enxágue recomendado pela RDC nº15/2012 recomenda que a água seja 
purificada, ou seja, que hajam filtros nas torneiras para filtragem. Os minerais 
encontrados na água podem agredir e diminuir a vida útil do instrumental. 
A secagem é recomendada com pistola de ar comprimido, 
principalmente em material canulado (pinças de videocirurgia, por exemplo), 
para que, em caso de matéria orgânica presa ao instrumental, esta seja 
removida primariamente pelo jato forte de ar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
PREPARO 
 
A área de preparo é aquela onde os instrumentais passam pelo 
processo de inspeção, montagem dos kits de instrumentais, escolha do 
invólucro adequado e encaminhados para a esterilização. 
Esta área é considerada limpa. Aqui cabe uma inspeção rigorosa em 
todos os instrumentais antes de acondicionar em caixas ou embalagens. Em 
caso de encontrar sujidade, deve-se refazer o processo de limpeza, lembrando 
que todo o material com matéria orgânica, mesmo depois de passar pelo 
processo de esterilização, ainda é considerado contaminado. Os materiais que 
são aprovados na inspeção de limpeza podem ser considerados limpos, mas o 
cuidado com o manuseio deles não pode ser desconsiderado. Para os 
colaboradores, o EPI essencial para o manuseio é a luva de procedimento, 
podendo ser de látex ou vinil, dependendo da sensibilidade do colaborador. 
Os EPIS recomendados em toda área de preparo são: 
 Luva de procedimento simples; 
 Touca/gorro 
 Protetor de calçados “pro-pé” 
Após o acondicionamento dos instrumentais dentro das caixas, 
bandejas ou outros, é importante saber a qual invólucro escolher. 
Um invólucro, para ser considerado ideal, deve conter os seguintes 
aspectos: permitir adequada penetração e remoção do agente esterilizante; 
promover barreira adequada; resistir a rasgos, abrasões e perfurações; 
selagem hermética; não delaminar; promover abertura asséptica; ser atóxica, 
inodora e não liberar corantes; ser isenta de rasgos, furos, fissuras, dobras, 
remendos e espessura diminuída localizada; repelir umidade; ter indicador 
químico quando possível; ter opções de tamanhos; ter baixa memória; fácil de 
manipular; apropriada ao método de esterilização escolhido. 
O papel Kraft foi proibido de ser utilizado como invólucro pela 
RDCnº15/2012. 
10 
 
Após escolher o invólucro, é de extrema importância a identificação 
do material com a data da esterilização, data limite de uso3, identificação do 
equipamento para esterilização e método de esterilização, lote, nome do 
colaborador que montou o material. Já existem etiquetas no mercado que tem 
essas informações para preencher, com e sem integrador químico. 
As embalagens para esterilização que são autorizadas para uso 
segundo a RDC nº15 são: 
 
CAMPO DE ALGODÃO 
 
Obrigatório ser 100% algodão. Material reutilizável, por isso o mais 
utilizado pelas instituições hospitalares. Tem baixa memória e é resistente a 
manipulação, porém em caso de apresentar furos, rasgos, costuras ou 
diminuição da espessura deve ser imediatamente descartado. Segundo 
estudos, pode ser reutilizado até 65 vezes com técnica de barreira dupla (duas 
camadas de campo de algodão). Serve para esterilização a vapor. 
 
SMS4 
 
É chamado de “não tecido”. Esta embalagem é descartável feita de 
polipropileno. A barreira microbiana é alta, em torno de 97%. Se comparada ao 
tecido de algodão, a barreira microbiana é melhor. Não tem uma memória boa 
quanto ao tecido, sendo que exige uma habilidade melhor no empacotamento. 
Compatível com todos os métodos de esterilização. 
 
PAPEL GRAU CIRÚRGICO 
 
Formada por um lado de papel e outro de filme plástico. Contém 
integrador químico em sua lateral, o que auxilia na visualização do material 
processado e não processado. Muito utilizada para esterilização de material 
avulso, pois facilita visualização do instrumental. 
 
3
 Nova terminologia para definir a data de validade. 
4
 SMS: spunbonded/meltblown/spunbonded 
11 
 
 
CONTÊINER RÍGIDO 
 
Este sistema foi criado na Alemanha. Constitui-se por uma caixa de 
metal ou plástico termorresistente, especifico para acomodar os artigos para 
esterilização. A tampa contém um filtro antimicrobiano (descartável ou 
reutilizável) de alta eficiência, permeável ao agente esterilizante. Com este 
sistema, pode-se garantir a esterilização por mais tempo, visto que a caixa é o 
invólucro, que é mais resistente ao manuseio. Não se recomenda a utilização 
de outro tipo de embalagem dentro do contêiner, sob o risco de comprometer a 
eficácia da esterilização do artigo. 
 
TYVEK® 
 
É uma embalagem descartável, desenvolvida para todos os métodos 
de esterilização, porém mais utilizada para o método de plasma de peróxido de 
hidrogênio pelo seu alto custo. É confeccionada 100% de fibras de polietileno. 
Disponível em vários tamanhos e formatos. Incompatível com esterilização a 
134ºC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS 
 
Antes de entrar no campo da esterilização e desinfecção, devemos 
compreender a classificação dos artigos, a fim de saber qual método de 
descontaminação o artigo deve ser submetido de acordo com sua 
classificação. Isto reduz o risco de contaminação cruzada, reduz custos com 
processos desnecessários e aumenta a segurança para o colaborador e 
cliente. Os artigos podem ser classificados em críticos, semicríticos e não 
críticos: 
 Artigos críticos: são os que penetram em tecidos estéreis (ex: 
órgãos, músculos, ossos, sistema vascular, etc). Se contaminados, estes 
artigos promovem a contaminação dos tecidos e podem levar a complicações 
no cliente. Exemplos de materiais críticos são: instrumentais cirúrgicos para 
cirurgia aberta ou videocirurgia, campos operatórios, agulhas, etc. Todos esses 
materiais devem passar pelo processo de esterilização. 
 Artigos semicríticos: são os que entram em contato com 
mucosa íntegra (boca, vagina, intestinos), que tem microbiota própria. São 
resistentes aos esporos, porém são susceptíveis a bactérias que não são de 
sua microbiota e alguns vírus. Exemplos desses artigos são: endoscópios em 
geral, tubo endotraqueal e espéculo vaginal. Todos esses materiais devem 
passar pelo processo de desinfecção de alto nível, descrito adiante,no item 
desinfecção. 
 Artigos não críticos: são os que entram em contato com pele 
íntegra ou nem entram em contato com o cliente. A pele é uma barreira efetiva 
a muitos microrganismos, e os artigos apresentam baixíssima fonte de 
contaminação cruzada. São exemplos: termômetros, esfigmomanômetros, 
enxoval (lençol, travesseiro, fronha, etc). Devem ser submetidos ao processo 
de desinfecção de baixo nível ou apenas limpeza. 
 
 
 
 
 
13 
 
 
ESTERILIZAÇÃO - MÉTODOS 
 
Nessa etapa, é a esterilização propriamente dita, ou seja, onde os 
artigos vão passar pelo processo de esterilização, independentemente do 
método escolhido. 
Os colaboradores que ficam nessa área devem sempre trabalhar de 
forma ergonômica, pois há muitos conjuntos que são pesados. Utilizar 
carrinhos com rodas lubrificadas e tentar sempre, em caso de um kit ser muito 
pesado, verificar a possibilidade de dividir em dois kits. Se não houver essa 
possibilidade e não houver carrinhos auxiliares, carregar em dois 
colaboradores. 
O EPI mais importante nesta fase é a luva térmica, pois os materiais 
saem das autoclaves (em caso do método de vapor) muito quentes e podem 
causar queimaduras. 
Existem vários métodos de esterilização. Cada Instituição Hospitalar 
ou Empresa Terceirizada deve verificar qual método atende sua demanda, de 
acordo com o volume de artigos, a quantidade de artigos termossensíveis, 
quantidade de cirurgias e partos/mês, quantidade de leitos de internação, 
quantidade de cirurgias contendo órtese e prótese, etc. 
Os métodos de esterilização podem se dividir em métodos físicos 
(vapor saturado sob pressão – calor úmido; calor seco; radiação ionizante), 
físico-químicos de baixa temperatura (óxido de etileno – ETO; vapor de 
formaldeído – VBTF; plasma de peróxido de hidrogênio – GPPH; ozônio). 
Para este estudo, vamos considerar os métodos mais utilizados nas 
instituições e empresas terceirizadas: vapor saturado sob pressão, radiação 
ionizante, vapor de formaldeído, óxido de etileno e plasma de peróxido de 
hidrogênio. 
 
MÉTODOS FÍSICOS 
 
Os métodos físicos compreendem o calor e a radiação. São eles: 
vapor saturado sob pressão e radiação. 
14 
 
 
Vapor Saturado Sob Pressão 
 
Este é o método mais utilizado em instituições hospitalares pelo seu 
baixo custo e eficácia (esporicida e não tóxico). Aqui o material utilizado é a 
água de 121ºC a 134ºC. Pode ser usado para todos os materiais, exceto os 
termossensíveis. As Autoclaves5 podem ser gravitacionais (ar removido de 
dentro da câmara por gravidade), alto vácuo (ar removido mecanicamente 
formando vácuo), vácuo pulsátil (ar extraído por injeções e retiradas sucessivas 
de vapor) e ciclo flash (tem pequeno porte e opera sem o ciclo de secagem e 
sem empacotamento). 
O ciclo da autoclave compreende: drenagem do ar, admissão de 
vapor e exposição do artigo ao agente esterilizante (tempo de penetração do 
vapor, tempo de esterilização e tempo de confiança), exaustão do vapor e 
secagem de carga. Esse processo pode levar de 35 a 50 minutos, dependendo 
do tempo programado. 
 
Ciclo Flash 
 
O ciclo flash acompanha a mesma linha da esterilização em 
autoclave de rotina, porém não apresenta as fases de pré vácuo (pré 
esterilização) e secagem (pós esterilização) são curtos. Os artigos esterilizados 
por esse tipo de ciclo devem ser utilizados imediatamente. Os itens não 
utilizados devem ser armazenados e reprocessados em caso de necessidade 
de uso. 
Segundo a Association of PeriOperative Registered Nurses – AORN 
e Association for the Advancement of Medical Instrumentation – AAMI, ambas 
dos EUA, a recomendação da utilização desse ciclo é somente em casos de 
emergência, por exemplo contaminação acidental de algum instrumental de 
suma importância na cirurgia em andamento. 
 
5
 O termo Autoclave é utilizado somente para máquinas esterilizadoras a vapor saturado sob pressão. 
Para outros métodos, o termo é equipamento para esterilização. 
15 
 
É um método muito debatido, pois a utilização desse método como 
rotina pode ocasionar falhas na esterilização e contaminação do cliente. Todos 
os profissionais de saúde envolvidos devem estar cientes e conscientes sobre 
este método de esterilização. 
No Brasil, a proibição desse método como rotina está prevista na 
RDC nº8/2009, que define em seu artigo 11: “Art.11: o ciclo flash das 
autoclaves a vácuo não pode ser utilizado como rotina para o processamento 
do instrumental e produtos utilizados em procedimentos citados no art.1. 
Parágrafo único. A utilização do ciclo flash das autoclaves só pode ocorrer em 
casos de urgência, como em contaminação acidental de instrumental cirúrgico 
do procedimento em curso. Este ciclo deve ser monitorado por indicadores 
químicos e biológicos”. 
 
Radiação Ionizante 
 
A radiação ionizante é chamada assim quando, ao se chocar com os 
átomos de um material irradiado, é capaz de alterar sua carga elétrica pelo 
deslocamento de elétrons, transformando-os em íons positivos e negativos, 
causando a morte dos microorganismos. 
O processo da esterilização por radiação ionizante é mais utilizado 
pelas indústrias pelo seu alto custo e necessidade de pessoal técnico 
especializado. Agulhas, seringas, drenos e outros materiais são exemplos de 
artigos esterilizados por radiação ionizante. 
 
MÉTODOS FISICO-QUIMICOS 
 
Quando um material é termossensível, ou seja, não suporta 
temperaturas acima de 121ºC, precisamos recorrer a métodos que sejam 
eficazes e não danifiquem o material. Os métodos físico-químicos unem o 
processo físico do calor, porém não na mesma temperatura do processo de 
vapor saturado sob pressão, e agentes químicos esterilizantes. 
16 
 
Podemos citar os processos: esterilização por vapor a baixa 
temperatura e formaldeído (VBTF), esterilização a óxido de etileno (ETO) e 
esterilização por gás plasma de peróxido de hidrogênio (GPPH). 
 
Vapor a baixa temperatura e formaldeído (VBTF) 
 
O formaldeído é um gás incolor e odor característico, utilizado como 
agente desinfetante ou esterilizante, no estado líquido ou gasoso. Geralmente, 
o produto é encontrado em solução aquosa (formalina) a 37%. 
O equipamento aquece a solução entre 60ºC a 80ºC, deixando-a em 
estado de vapor, associada a uma umidade relativa entre 75 a 100%. O ciclo 
do equipamento tem características semelhantes ao de vapor saturado sob 
pressão, com pulsos de retirada de ar e injeção de vapor. O ciclo dura em 
média cinco horas, devido ao processo de areação, ou seja, retirada de 
formaldeído do artigo. 
Em comparação ao ETO, o ciclo sai mais rápido e com menor custo. 
Esse equipamento pode ser instalado na própria CME do hospital ou em 
empresas privadas. 
Nesse processo, não é recomendado embalar materiais com tecido 
de algodão e nem processar nenhum material feito de tecido, pois a solução 
impregna no artigo, e a areação é ineficiente. Também não é recomendado a 
esterilização de líquidos e pó. Materiais canulados muito longos precisam de 
processo de validação. 
O colaborador que operar o processo de esterilização VBTF deve 
ser muito bem treinado quanto a manipulação da solução aquosa e operação 
do equipamento, pois o formol é altamente irritante de mucosa e cancerígeno 
em caso de exposição prolongada por anos. 
 
Esterilização por óxido de etileno (ETO) 
 
O ETO é um gás incolor inflamável, explosivo, carcinogênico e tem o 
seu uso indicado para esterilização de artigos termossensíveis. 
17 
 
O ciclo do processo por ETO contém: pré-umidificação, equilíbrio datemperatura, pré-vácuo, equilíbrio da umidificação, introdução do gás, tempo 
de exposição, vácuo final e areação. A temperatura pode ser entre 37ºC a 63C, 
umidade relativa de 40 a 80%, e o tempo de exposição de 1 a 6 horas. O ETO, 
por ser tóxico, o processo de areação deve ser de 12 a 16 horas em local 
específico, com trocas de ar frequentes. 
Os invólucros compatíveis com esta esterilização são: papel grau 
cirúrgico, SMS e Tyvek®. 
O colaborador que atua no processo, deve estar bem capacitado e 
orientado quanto aos riscos da toxicidade do ETO: câncer, anomalias no 
sistema reprodutor, alterações genéticas, doenças neurológicas e mutação. 
No Brasil, a Portaria Interministerial nº482 de 1999 estabelece os 
limites de tolerância de resíduos de ETO. Geralmente quem trabalha com este 
processo são as Empresas Terceirizadas, pois pelo alto risco de explosão 
devem ficar afastadas de áreas residenciais. 
 
Plasma de peróxido de hidrogênio (GPPH) 
 
O peróxido de hidrogênio é um agente bactericida, virucida, 
esporicida e fungicida em baixas concentrações e temperaturas. O plasma é 
considerado o quarto estado da matéria. Pode estar na apresentação de 59%. 
O plasma é capaz de transformar o peróxido de hidrogênio em uma 
nuvem de substâncias altamente reativas, que se recombinam, transformando-
se em água e oxigênio. Por não utilizar energia térmica, mas onda 
eletromagnética, o plasma é produzido a baixa temperatura, de 45ºC a 55ºC. 
O ciclo é composto por: vácuo, injeção, difusão, plasma e ventilação, 
sendo que já tem máquinas modernas que fazem o ciclo com duas injeções e 
plasma, aumentando a eficácia. 
Cada ciclo varia entre 28 a 72 minutos, podendo ser utilizado 
imediatamente após o término de forma segura. São incompatíveis com o 
processo: celulose, líquidos e lúmens de fundo cego. Podem ser usados como 
invólucro: SMS e Tyvek®. 
 
18 
 
 
 
 
DESINFECÇÃO 
 
A desinfecção consiste no processo de eliminação de 
microorganismos presentes em superfícies e produtos para saúde, porém em 
menor poder letal que a esterilização, pois não destrói todas as formas de vida 
microbiana, principalmente os esporos. Segundo a RDC nº15/2012, deve-se ter 
uma área específica utilizada somente para a desinfecção, com exaustão de ar 
constante. 
O colaborador que ficar responsável pela desinfecção dos artigos 
deve ter cuidado quanto a utilização dos EPIs, pois alguns desinfetantes 
podem ser tóxicos. Os EPIs recomendados são: máscara, de preferência com 
viseira; na falta desta utilizar máscara simples e óculos de proteção; avental 
impermeável que cubra, inclusive, ventre e membros inferiores; luvas de 
borracha; gorro; botas de borracha e protetor auricular em caso de ter ar 
comprimido no setor. 
O responsável técnico do CME deve ter todas as fichas de 
segurança do produto químico (FSPQ) e manter à disposição para consulta dos 
colaboradores. Também é recomendado que haja um protocolo de condutas de 
emergência em caso de exposição aos produtos. 
Segundo a classificação de Spauding, em 1968, a desinfecção é 
indicada para produtos semicríticos, mas restrita a ela. Os métodos de 
desinfecção podem ser classificados conforme o nível (alto, médio e baixo), e 
conforme o método e agente desinfetante. 
 Desinfecção de alto nível: Destruição de alguns esporos, do 
bacilo da tuberculose, de todas as bactérias vegetativas, fungos e todos os 
vírus. 
 Desinfecção de médio nível: Inativa bactérias na forma 
vegetativa, a maioria dos vírus e fungos e as micobactérias, incluindo o agente 
da tuberculose (mycobacterium tuberculosis), mas não inativa os esporos. 
19 
 
 Desinfecção de baixo nível: Elimina a maioria das bactérias, 
alguns vírus e fungos, mas não inativa microrganismos resistentes como as 
micobactérias ou esporos bacterianos. 
 
AGENTES DESINFETANTES 
 
Para que um determinado produto químico seja considerado um 
bom degermante, deve ser considerado: o nível de desinfecção necessária, 
tipo de material a ser desinfectado, tipo de concentração do degermante, 
tempo e temperatura de exposição, pH da solução, toxicidade para o 
colaborador que manuseia o produto, quantidade de resíduos do degermante 
que fica no artigo após desinfecção. Serão citados os mais comuns nas 
instituições de saúde. 
 Formaldeído: tem ação fungicida, bactericida, esporicida e 
virucida. No Brasil, comum em setores de Hemodiálise a apresentação 4%, 
usado para desinfecção de dialisadores, porém a Anvisa proibiu seu uso como 
agente desinfectante. O tempo de exposição ao produto deve ser seguido 
conforme o fabricante. O colaborador deve ter cuidado ao manusear o produto, 
pois em contato com a pele ocorre a queratinização, e o odor é altamente 
irritante para olhos e mucosas. É um produto tóxico e carcinogênico. 
 Glutaraldeído: a solução aquosa apresenta pH neutro. Não é 
esporicida, a menos que seja acrescida de um ativador alcalinizante e seu pH 
seja de 7,5 a 8,5. Este produto, quando utilizado em artigos com o processo de 
limpeza insuficiente, fixa matéria orgânica. Se os artigos submetidos a esse 
tipo de desinfecção não forem enxaguados em água estéril de forma 
abundante, o resíduo deste desinfetante pode causar problemas ao paciente. O 
colaborador que for exposto a quantidades elevadas de vapor do produto 
podem ter: dermatites, irritação de mucosas, epistaxe, rinite e sintomas 
pulmonares (asma, bronquite e traqueíte). Não é carcinogênico nem 
teratogênico, e não causa problema na saúde reprodutiva do colaborador que o 
manuseia. 
 Ortoftaldeído: com apresentação a 0,55%, apresenta boa 
atividade micobactericida, inclusive as resistentes ao glutaraldeído. Baixo nível 
20 
 
de odor, menos irritante a mucosas e pele, porém o cuidado ao manusear o 
produto deve ser o mesmo que dos outros desinfetantes. Deve-se, antes de 
utilizar o produto, realizar a verificação da concentração da solução. 
Geralmente as empresas fabricantes contém os produtos para verificar a 
concentração. 
 Ácido peracético: ácido acético + peróxido de hidrogênio. Rápida 
ação microbicida. Atualmente é a escolha dos centros de Hemodiálise para 
desinfecção dos dialisadores. Nos EUA já existe e é utilizado em larga escala o 
equipamento de esterilização a vapor de ácido peracético, porém não é tão 
comum no Brasil. Odor característico, é irritante para mucosas. Tem ação 
corrosiva em cobre, latão, bronze, aço comum e ferro galvanizado. Deve-se, 
antes de utilizar o produto, realizar a verificação da concentração da solução. 
Geralmente as empresas fabricantes contém os produtos para verificar a 
concentração. 
 Hipoclorito de Sódio6: podem vir na apresentação líquida ou 
sólida. Odor forte e irritante para mucosas. São de baixo custo, ação rápida, 
baixa toxicidade e ampla atividade microbicida. É corrosivo para metais, 
incompatível com detergentes e ação descolorante. Indicado para desinfecção 
de superfícies, artigos de inaloterapia e oxigenoterapia. Requer enxágue 
abundante dos artigos antes de entrar em contato com a pele, pois pode 
causar irritações. 
 Termodesinfecção: é a desinfecção realizada por um 
equipamento próprio, onde o calor e o degermante agem realizando a 
desinfecção. Este processo tem como vantagem a pouca exposição do 
colaborador ao produto químico, porém deve-se ter cuidado ao manusear o 
produto desinfetado, pois pode causar queimaduras. Pode-se monitorar o 
processo de limpeza e desinfecção através de indicadores químicos próprios. 
 
 
 
 
6
 Não se recomenda o uso de água sanitária de uso doméstico para instituições de saúde. É 
necessárioque a empresa fabricante apresente o registro na Anvisa como produto saneante, o 
certificado de boas práticas de fabricação e a ficha de segurança do produto químico (FSPQ) 
21 
 
 
INDICADORES DE PROCESSO 
 
Todas as fases do processo dentro de uma CME devem ser 
monitoradas através de indicadores de processo. Na prática de desinfecção, 
não há, até o momento, indicadores práticos de resultados. Já na esterilização, 
há recursos tecnológicos para o controle dos seus resultados, na rotina diária, 
por meio de indicadores físicos, químicos e biológicos. Os indicadores físicos 
estão na própria autoclave, indicando a pressão interna e externa da câmara. 
Sobre os indicadores químicos, contamos com seis classes: 
 Classe 1: indicadores de processo. São tintas termocrômicas, ou 
seja, mudam de cor com a exposição ao processo, que indicam que o artigo 
passou pelo processo de esterilização. São as famosas “fitas zebradas”, e os 
indicadores químicos contidos no papel grau cirúrgico e Tyvek®. É importante 
que todo material contenha esse indicador visível, para que não haja 
possibilidade de confundir o material processado de não processado. Algumas 
etiquetas de identificação já contém o indicador químico incluído. 
 Classe 2: é utilizado para testes específicos. O Bowie-Dick (BD) é 
considerado um indicador classe 2. O BD é utilizado para a verificação da 
bomba de vácuo das autoclaves, ou seja, verificar se a retirada do ar através 
de pulsos de vácuo é eficiente. 
 Classe 3: indicadores de parâmetro único (temperatura, vapor, 
tempo de exposição). Não é comercializado no Brasil. 
 Classe 4: multiparamétrico, ou seja, verifica dois ou mais 
parâmetros ao mesmo tempo. 
 Classe 5: indicadores integradores, designados para reagir a 
todos os parâmetros da autoclave. No caso da autoclave de vapor saturado 
sob pressão, o indicador além de avaliar outros fatores, a qualidade do vapor 
tem que ter no mínimo 95% de umidade. Segundo organizações americanas, o 
desempenho pode ser comparado ao dos indicadores biológicos. 
 Classe 6: indicadores emuladores (simuladores). Reagem a todos 
os parâmetros críticos da autoclave. Esse indicador é de alta sensibilidade, 
pois não reage até que aproximadamente 95% do ciclo de esterilização se 
22 
 
conclua. O responsável pelo CME deve verificar qual simulador mais se 
adequa a validação de tempo e temperatura da sua autoclave. 
 
Segundo a RDC nº15/2012, art.96 diz que o monitoramento do 
processo de esterilização em cada carga deve ser realizado com integradores 
classe 5 ou 6, segundo rotina do CME. 
Os Indicadores Biológicos (IB) controlam ciclos de esterilização 
através de ampolas com preparações padronizadas de esporos bacterianos – 
comprovadamente resistente ao processo que vai ser realizado – contendo 
cerca de 106 UFC7 por unidade ou papel-filtro. Existem três gerações de IB: 
 Primeira geração: tiras ou discos de papel impregnado com 
esporos. São expostos ao processo de esterilização e encaminhados ao 
laboratório de microbiologia para análise. A leitura demora sete dias ou 168 
horas. Ciclos de calor seco (estufa) só podem ser monitorados por este tipo de 
IB. 
 Segunda geração: são indicadores autocontidos, nos quais um 
suporte impregnado com os esporos é acondicionado no fundo do frasco 
separado do meio de cultura contido em uma ampola de vidro. Após 
esterilização, a ampola é quebrada e o meio de cultura entra em contato com a 
fita com esporos, e é incubado no próprio CME ou laboratório, em temperaturas 
de 37 a 56ºC (conforme o microrganismo do teste) por 48 horas. A leitura do 
teste é feita pela mudança de cor decorrente da mudança do pH da cultura, 
indicando microrganismos vivos. 
 Terceira geração: também indicador autocontido, diferencia-se 
do de segunda geração pela metodologia de leitura das culturas. O método 
baseia-se na leitura de uma enzima característica do metabolismo do esporo, 
que em contato com o meio de cultura, é visível pela luz ultravioleta da 
incubadora. Da mesma forma que o de segunda geração, a ampola deve ser 
processada e colocada na incubadora de 37 a 56ºC. Se os esporos forem 
destruídos, não haverá presença da enzima do esporo no meio de cultura. 
 
 
7
 UFC: Unidades Formadoras de Colônias. 
23 
 
 ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DOS ARTIGOS 
 
Tão importante quanto o processo de esterilização e desinfecção, é 
garantir que o artigo mantenha a qualidade até seu uso. Para isso, a área de 
armazenamento deve ser limpa, em local de pouca circulação de pessoas. 
Deve se manter a temperatura de 18 a 24ºC constantemente, e o manuseio 
dos artigos deve ser feito somente se necessário. 
Segundo a RDC º15/2012, deve haver uma separação dos artigos 
esterilizados e desinfetados, podendo ser guardados no mesmo ambiente, 
desde que tenha uma barreira física entre eles. Também orienta que os artigos 
devem ser armazenados em prateleiras ou cestos aramados, para que a 
circulação do ar seja efetiva e mantenha a temperatura. As prateleiras devem 
ser feitas de material resistente a saneantes e de fácil limpeza. 
Deve haver conferência, de preferência diária, do local de guarda 
dos artigos, verificando violação da embalagem e vencimento dos materiais. 
Segundo os estudos da Dra Kazuko Graziano, há controvérsias determinar a 
validade dos materiais apenas por tempo. Os materiais podem ser 
contaminados antes do tempo se mal manipulados ou armazenados, ou se o 
local de armazenamento for adequado, se manter estéril após essa data. 
Esses estudos visam o custo que as instituições de saúde tem por 
reprocessamento de materiais apenas por vencerem pelo tempo (quinze dias, 
sete dias, trinta dias, etc) não levando em consideração o armazenamento e o 
cuidado com o manuseio dos materiais. 
Para Kovac e Taylor a manutenção do prazo de validade depende 
dos fatores: qualidade da embalagem, condições da área de armazenamento, 
condições de transporte, práticas de manuseio dor artigos. 
Para transportar os materiais processados as unidades 
assistenciais, é importante que seja feita em carrinhos fechados ou, na falta 
desses, em caixas plásticas previamente descontaminadas e com tampa, 
evitando o contado do material processado com o ambiente. Todos os 
materiais que saem da CME devem ser registrados por meios eletrônicos ou 
manuais, para que haja um controle do que sai da cme e em caso de recall, 
seja de fácil procura. 
24 
 
 
RECALL 
 
A rastreabilidade é um conceito que surgiu devido a necessidade de 
saber em eu local um artigo se encontra na cadeia logóstica, sendo também 
muito usado para controle de qualidade. Deve fazer parte do processo 
produtivo com um propósito de desenvolver habilidade de identificar seu 
produto e sua origem. 
O objetivo essencial do recall é proteger e preservar a vida, a saúde, 
a integridade e a segurança do cliente, bem como evitar quaisquer prejuízos a 
saúde física e mental do mesmo. 
A chave para um recall eficiente é a comunicação imediata as 
pessoas e aos departamentos responsáveis para a recuperação dos produtos 
para saúde, antes que eles cheguem aos clientes. Assim que o IB der positivo 
(ou seja, crescimento de microrganismos na ampola), fazê-lo de todas as 
cargas desde o último IB negativo. 
O recall deve ser feito sempre que o monitoramento da carga, seja 
por indicador químico ou biológico, apresentar falha no processo. O material 
deve ser refeito e liberado após todos os testes acusarem negativo. 
É de responsabilidade do responsável técnico do CME realizar o 
procedimento, verificar as causas da falha e acionar os responsáveispela 
solução do problema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
PERFIL DOS PROFISSIONAIS ATUANTES NO CME 
 
Para executar o processo de trabalho no CME, a equipe desenvolve 
conhecimentos específicos sobre todas as etapas do processamento de 
artigos, os instrumentais cirúrgicos que passam pelo setor e todos os 
equipamentos desde limpeza até esterilizadoras. 
O enfermeiro coordenador ou RT do CME deve ter noções de 
liderança, conhecer profundamente todos os processos do CME, ter vasto 
conhecimento sobre equipamentos e insumos, além de pensamento 
estratégico e capacidade de decisão e solução de problemas. 
O enfermeiro atua como gestor do setor, realizando supervisão em 
todas as etapas do processo, acompanha e tem poder de decisão na compra 
dos insumos e instrumentais, realiza treinamento para os colaboradores e 
sempre procura se atualizar nas novidades do mercado e legislações. É 
interessante que o enfermeiro também produza conhecimento através de 
publicações periodicamente. 
O técnico ou auxiliar de enfermagem deve ter competência técnica, 
ser atento ao que está fazendo, se ater as regras de antissepsia e assepsia, 
utilizar todos os EPIs fornecidos pela empresa. 
O técnico ou auxiliar de enfermagem atua no operacional, ou seja, 
realizando todas as etapas do processo de artigos supervisionado pelo 
enfermeiro coordenador. 
A equipe de enfermagem atuante no CME deve ter um bom diálogo, 
propondo novas ideias que melhorem a qualidade do trabalho e debate dos 
problemas, a fim de solucionar da melhor forma possível. Também deve ser de 
fácil relacionamento, pois é considerado um setor fechado, ou seja, não há 
muito contato com outras pessoas que não sejam os colegas de CME. 
O setor deve ter normas e rotinas, adaptadas para cada realidade da 
instituição, e todos devem ser cientes e conscientes delas, e prezar sempre por 
manter a qualidade no expediente. 
 
 
 
26 
 
 
RISCOS OCUPACIONAIS NO CME 
 
No ambiente hospitalar, risco é uma das condições de uma variável 
com potencial necessário para causar danos, que podem ser entendidos como 
lesões as pessoas, equipamentos ou instalações, ao meio ambiente, perda de 
material no processo ou redução na capacidade de produção. De acordo com a 
NR-9 do Ministério do Trabalho, os riscos podem ser classificados como 
físicos, químicos, biológicos, mecânicos e de acidentes. 
Dentro de um CME, podemos encontrar os riscos: 
 Físicos: calor das autoclaves e equipamentos de limpeza e 
desinfecção; ruídos dos equipamentos e pistolas de ar comprimido; iluminação 
deficiente. 
 Químicos: todos os produtos químicos utilizados para limpeza, 
desinfecção e esterilização dos artigos. 
 Biológicos: todos os microrganismos oriundos dos setores 
assistenciais, de materiais utilizados pelos clientes. 
 Mecânicos e de acidentes: manipulação inadequada dos artigos, 
acidente com objetos pontiagudos, caixas cirúrgicas pesadas, carrinhos de 
transporte de artigos mal lubrificado, etc. 
 
Diante os riscos apresentados, ressalta-se a importância do uso dos 
EPIs e a realização dos exames periódico (anual), admissional e demissional 
pelo SESMT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
POSSARI, J. F. Centro de Material e Esterilização: Planejamento, 
organização e gestão. 4a. ed. São Paulo: Iátria, 2012. p. 230 
 
GRAZIANO, K. U.; SILVA, A.; PSALTIKIDIS, E. M. Enfermagem em 
Centro de Material e Esterilização. 1a. ed. Barueri: Manole, 2011. p. 416

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