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A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE MÚSICA PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL Carmen Aguera Munhoz Rodrigues1 Profª . Drª. Sheila Maria Rosin2 RESUMO: Há muito tempo, estudiosos têm se dedicado a entender os benefícios que a aprendizagem de música traz para o desenvolvimento humano. Os estudos apontam que, para além de momentos prazerosos, o aprendizado de música contribui para o desenvolvimento dos aspectos cognitivos, emocionais e sociais, promovendo o bem- estar do indivíduo. Os estudos revelam também que ela proporciona melhoria no convívio social, ajudando na superação de problemas como violência e uso de drogas. Favorecendo o desenvolvimento cognitivo e afetivo, o ensino de música torna-se um excelente instrumento didático-pedagógico, auxiliando o professor no processo ensino- aprendizagem escolar. Nesse sentido, o presente trabalho objetiva entender os benefícios das práticas musicais no desenvolvimento humano e, também, compreender como os resultados dessas transformações se destaca no aprimoramento de outras áreas, inclusive no aprendizado escolar. Para alcançar os objetivos foram realizadas pesquisas bibliográficas com base em autores que são autoridades na área e, também, em documentos educacionais. Ainda, buscou-se entender como se dá a prática musical por meio de pesquisa de campo com crianças em espaços não-escolares. PALAVRAS- CHAVES: Educação. Música. Desenvolvimento. ¹ Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Maringá – Paraná ² Orientadora. Professora do Departamento de Teoria e Prática da Universidade Estadual de Maringá. Introdução Este texto tem como objetivo entender os benefícios das práticas musicais no desenvolvimento humano e, também, compreender como os resultados dessas transformações se destacam no aprimoramento de outras áreas, emocional, cognitivo e inclusive no aprendizado escolar. Desde que a música se tornou componente curricular nas escolas brasileiras, a partir do início de 2011, não se pode deixar de conhecer as implicações que ela traz para a construção do desenvolvimento infantil e também para a promoção de igualdade e cidadania. A música é considerada por vários autores e pesquisadores, entre eles Loureiro (2003), Correia (2010), como elemento enriquecedor para o desenvolvimento humano, que proporciona bem-estar e colabora para a ampliação de outras áreas necessárias para a formação plena do indivíduo. Conforme estudos, o aprendizado musical serve como estímulo no período de escolarização, ajudando na apropriação da linguagem, concentração e no aprendizado da matemática. Por meio do contato com a música a criança aprende a conviver melhor com outras crianças, estabelecendo um diálogo mais harmonioso, o que contribui para relação interpessoal e o convívio em sociedade, promovendo ainda o desenvolvimento do senso de colaboração e respeito mútuo, já que ela proporciona mais segurança emocional e confiança porque, ao praticá-la, as crianças conseguem liberar suas angústias. Para melhor compreender os benefícios que a música traz para o indivíduo, a autora deste trabalho buscou fundamentar-se em autores considerados autoridades na área, como Loureiro (2003) e Amato (2006), e, ainda, respaldou-se na legislação educacional brasileira, como na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei n° 9394/96, na Lei Nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, que trata da inclusão do ensino da música nas escolas, no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Procurou-se, também, acompanhar o trabalho musical realizado com crianças carentes, na Associação Assistencial Rainha da Paz, da cidade de Cianorte, no Estado do Paraná, onde ocorre o ensino dessa arte para as crianças em situação de risco. As observações ocorreram em dez sessões quinzenais em uma turma de trinta alunos que uma vez por semana são atendidos por uma professora com formação musical. Além das observações foram feitas entrevistas com alguns pais e professores, para entender como as pessoas envolvidas compreendem o aprendizado musical e para verificar em quais aspectos aconteceram transformações nas vidas das crianças. A Importância da Música no Desenvolvimento da Criança O princípio do direito universal da educação para todos está contemplado por meio da LDB 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo então ministro da educação Paulo Renato em 20 de dezembro de 1996. A Lei, em seu artigo Art. 26, § 2º, deixa clara a obrigatoriedade do ensino da arte, sendo esta componente curricular obrigatória nos diversos níveis da educação básica com objetivo de auxiliar o desenvolvimento dos alunos. Ainda, no mesmo artigo, § 6º, define-se a obrigatoriedade do ensino da música, subentendendo-se que a música, bem como as demais disciplinas, deverá ser conteúdo do currículo nas escolas públicas e que todos, sem distinção alguma, terão oportunidade de aquisição do conhecimento musical de forma sistemática, embora cientes de que, como as demais disciplinas, o aprendizado da música neste estágio não habilita os estudantes à prática profissional da área. A Lei 11.769, de 18 de agosto de 2008, que trata da alteração sobre a lei supracitada, em princípio, dá a entender que a preocupação com a regulamentação do ensino da música é privilégio dos dias atuais, mas, de acordo com Amato (2006), já em 1854, havia tal preocupação. Conforme a autora, nesse ano, um decreto federal regulamentou o ensino de música no país. O decreto buscava orientar os docentes preparando-os com as atividades dessa área que devem ser ministradas aos alunos. No ano seguinte, outro decreto tratava da legalização contratual de professores de música por meio de concurso público. Em relação aos dias atuais, conforme Loureiro (2003), a música na educação escolar brasileira está ausente há várias décadas. O motivo, dentre vários fatores, foi a perda de identidade enquanto disciplina, Ao ser transformada 1971 em um dos componentes da disciplina Educação Artística. No entanto com a intenção de superação da pedagogia tecnicista da época e as preocupações na formação de indivíduos criativos capazes de enfrentarem os novos desafios promoveram sua re- inserção nos currículos da escola fundamental. Percebe-se que a música na educação brasileira ainda é vista como acessório para entretenimento, como um recurso de reposição em momentos em que não se é possível cumprir o planejado pelo currículo escolar, sem a importância devida como material didático-pedagógico que possa contribuir para o desenvolvimento no ensino aprendizado do aluno e a formação do homem. As escolas tentam enquadrar-se para a inclusão da nova disciplina usando estratégias, nas maiorias das vezes, inadequadas, reforçando a ideia de que essa atividade, como conhecimento científico, não apresenta o mesmo valor das outras disciplinas. Ainda que esses procedimentos venham sendo repensados, muitas instituições encontram dificuldades para integrar a linguagem musical ao contexto educacional. Contata-se uma defasagem entre o trabalho realizado na área da música e nas demais áreas do conhecimento, evidenciada pela realização de atividades de reprodução e imitação em detrimento de atividades voltadas á criação e á elaboração musical. Nesses contextos, a música é tratada como se fosse um produto pronto, que se aprende a reproduzir, e não uma linguagem cujo conhecimento constrói. (BRASIL, 1998, p. 45) De acordo com Loureiro(2003), no Brasil, a aquisição de habilidades musicais ainda é um processo acessível somente a uma pequena parcela das crianças. Mesmo com a legalização para a implantação no currículo, as dificuldades encontradas nas escolas públicas brasileiras não são muito diferentes da realidade do século XIX. Com a implantação da Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, a música como atividade educativa sofre ainda uma série de limitações, tais como carência de material músico- pedagógico, salas inadequadas, tempo disponível reduzido, além de turmas numerosas. O número de professores da área ainda está muito aquém do necessário e esse fato provoca um grande desajuste na educação musical. A autora afirma ainda que a prática é bem diferente do proposto pelas leis. Segundo a autora, além da falta de infra-estrutura, o professor não possui o conhecimento necessário e acaba transmitindo-o de acordo com sua própria percepção sem os embasamentos técnicos e científicos devidos, logo, ensina conforme aprendeu, priorizando e considerando apenas o seu próprio conhecimento, ignorando a música apreciada pelos alunos e suas vivências. Os conteúdos por sua vez terminam sendo são fragmentados, desatualizados, abstratos, direcionando o seu ensino a uma educação imposta, deixando de lado a educação musical de qualidade da escola. A autora diz que, a partir de sua experiência ao trabalhar música com crianças em situações de risco, crianças freqüentadoras da FEBEM (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), de Belo Horizonte, que, no principio, as dificuldades de relacionamento com os menores eram grandes, mas que com o passar do tempo a atividade tornou-se recurso de aproximação entre professores e alunos e, pouco a pouco, as aulas começaram a mostrar a evidenciar e os menores demonstravam superar as dificuldades vividas por elas no seu cotidiano. Quanto ao o resgate da dignidade das crianças afirma que no início do curso se mostravam agressivas, consideradas hiperativas e difíceis de controlar, com o passar do tempo demonstravam serem como a maioria das crianças, evidenciando carências e necessidades sem a intenção de negligenciar os problemas começou-se a verificar que a música serviu de estratégia de aproximação. E era fato que, apesar das dificuldades, o trabalho prosseguia com bons resultados, o medo foi substituído pela amizade e, assim, muito alunos permaneceram nas aulas e mostraram-se hábeis no aprendizado musical. Assim como Loureiro (2003), outros autores compreendem o exercício dessa atividade como elemento auxiliar em vários aspetos no desenvolvimento da criança. Dentre eles, Correia (2010) a elege como sendo imprescindível na educação. Segundo o autor, pedagogicamente ela é um recurso que enriquece o processo educacional e atribuindo a ela um grande valor artístico, estético, cognitivo e emocional. Para ele, a linguagem musical oferece possibilidades interdisciplinares. De acordo com esse autor, a música possui caráter racional, subjetivo e emocional e certamente poderá auxilar no processo ensino-aprendizagem, já que por apresentar característica interdisciplinar é de grande valia como instrumento metodológico e didático-pedagógico. Acrescenta que a linguagem, principalmente textual, pode ser potencializada por meio da utilização da linguagem musical, que serve ao processo de ensino- aprendizagem e também como método alternativo para se aplicar à educação. Conforme se observa no Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil, RCNEI (1998), a música é entendida como linguagem musical com capacidade de comunicar sensações e sentimentos por meio do som e do silêncio e está presente em todas as culturas, sendo que na Grécia antiga já era considerada fundamental na formação dos futuros cidadãos, ao lado da Matemática e da Filosofia. Desde quando bebê e em toda a formação do homem, a música é essencial para integração social. ...trabalho com música deve considerar, portanto, que ela é um meio de expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive aquelas que apresentem necessidades especiais. A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto-estima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social. (BRASIL, 1998 pg.47). Conforme o Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil RCNEI (1998), o canto desempenha um papel de grande importância na educação musical infantil, pois integra a melodia com o ritmo, sendo um excelente meio para desenvolver a audição, já que as crianças, ao cantar, imitam o que ouvem o que influencia de maneira extremamente positiva no desenvolvimento da audição. Ao imitar, as crianças desenvolvem a elaboração do repertório de informações que se transformará em uma linguagem que servirá para que se comuniquem posteriormente. Pode-se notar a importância da música no desenvolvimento humano, tanto que Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) citam que sua inclusão no ensino fundamental tem o objetivo oportunizar ao aluno o desenvolvimento de uma inteligência musical. Mas, para que ela tenha sucesso na formação do cidadão, é necessário que todos tenham oportunidades de estarem na posição de ouvintes, intérpretes, compositores e improvisadores, dentro e fora da sala de aula. O documento pontua ainda que a escola deva promover o envolvimento de pessoas relacionadas à música, proporcionando assim meios para que os alunos possam tornar-se desde ouvintes sensíveis até caso manifeste desejo músicos profissionais, devendo assim, a escola valorizar, ajudar e incentivar a criação de eventos, para que possam se apresentar e mostrar suas criações. A educadora musical Elvira Drummond (2010) defende a importância da música para o desenvolvimento dos hemisférios direito e esquerdo do cérebro. Conforme a autora, essa prática ajuda a ativação dos neurônios, promovendo desenvolvimento motor e social ao processo de aquisição da linguagem. A educadora afirma que está cientificamente comprovado que a música amplia as redes neurais, o que ajuda o desenvolvimento cognitivo. Como afirma Stefani (1989), “ouvido para música” não é algo inato, pois essa habilidade se forma aos poucos, com trabalho, e são necessários, sobretudo, muitos exercícios de motivação. Ainda exemplifica dizendo que, assim como o ouvido do pastor se forma em contato com os sons que ouve e que necessita para exercer tal função, o mesmo acontece com o ouvido de um mecânico e, da mesma forma, o do músico que, com o treino, aprende a perceber o som do instrumento. Dessa forma, o esforço para aprendizagem da música é muito importante e há necessidade de muito treino, porém não de um aprendizado tecnicista, mas, sim, um esforço na busca por compreender cada passo, saber que habilidade para a percepção musical só surge com dedicação. Scherer (2010), com base na perspectiva histórico-cultural, diz estar a formação de conceitos relacionada com as possibilidades que os indivíduos encontram no meio em que vivem e a forma de apropriação desses conceitos. A música, segundo autora, é um aprendizado que se desenvolve com conhecimento adquirido historicamente. Assim, ao priorizarmos o ensino dos conceitos musicais em diferentes atividades, estamos estimulando o estudo da música à criança, proporcionando a ela produtos historicamente acumulados e importantes para sua formação, porém não de maneiras artificiais por memorização compulsiva ou repetitiva, mas, sim, sistematizados, com experiências mediadas e agradáveis. Em Saviani (2005), vê-se que a internalização de uma ação exige esforço repetitivo até que se pratique com desenvoltura e comfacilidade, mas que para se chegar ao ponto de tal prática de forma natural, há necessidade de muito exercício e concentração no que se está fazendo, absorvendo assim todas as energias. Assim, o aprendiz torna-se um “escravo” dos atos que está praticando, deixando de ser um prisioneiro daquela ação a partir do momento em que conseguir aprender por completo a atividade. O autor relaciona o ato de aprender ao de dirigir dizendo que a mesma ação pode ser aplicada em outros domínios, como o de aprender a tocar um instrumento musical. Conforme Saviani (2003), a educação integral do homem compreende o período desde o nascimento, com a creche, educação infantil, ensino fundamental ao ensino médio, quando o indivíduo chega por volta dos dezessete anos. Para o autor, este é o tempo oportuno para estudos da educação artística, sendo a disciplina necessária como parte do currículo e que, segundo seu entender, a música é uma de arte de grande valor educativo. Para ele, [...] a música é um tipo de arte com imenso potencial educativo já que, a par de manifestações estéticas por excelência, explicitamente ela se vincula a conhecimentos científicos ligados à física e à matemática além de exigir habilidade motora e destreza que a colocam, sem dúvida, como um dos recursos mais eficazes na direção de uma educação voltada para o objetivo de se atingir o desenvolvimento integral do ser humano. (SAVIANI, 2003, p.40). Segundo Nogueira (2003), pesquisas no final do século XX confirmam a importância da música no desenvolvimento da criança. De acordo com ela quanto maiores forem os estímulos recebidos pela criança, maior será o seu desenvolvimento intelectual. Quando se trabalha sons, se desenvolvem as capacidades auditivas, trabalhando gestos e dança, se desenvolvem a coordenação motora e a atenção e, com o canto, a criança estará descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o meio em que vive. Conforme Nogueira. (2003, p.3): Outra linha de estudos aponta a proximidade entre a música e o raciocínio lógico matemático. Segundo Schaw, Irvine e Rauscher (apud CAVALCANTE, 2004) pesquisadores da Universidade de Wisconsin, alunos que receberam aulas de música apresentavam resultados de 15 a 41% superiores em testes de proporções e frações do que os de outras crianças. Em outra investigação, Schaw verificou que alunos de 2a. série que faziam aulas de piano duas vezes por semana, apresentaram desempenho superior em matemática aos alunos de 4 ª série que não estudavam música. De acordo com a autora, resultados de pesquisas também comprovam, a importância da música clássica como estímulo à concentração. Conforme experiências realizadas com dois grupos de crianças em fase de aprendizagem que apresentaram resultados favoráveis à aplicação da música, o que foi comprovado por meio de experimento em que um grupo de crianças tinha essa atividade e o outro não. Ainda, quanto aos possíveis benefícios que traria, a autora revela que, além de ser de grande contribuição para ao desenvolvimento cognitivo, auditivo e corporal, ela mostra indícios de ser um grande instrumento para o desenvolvimento nos campos afetivo e social. A autora diz que a música, seja por meio de aprendizado de um instrumento ou apenas pela apreciação, potencializa a aprendizagem cognitiva principalmente no aspecto do raciocínio lógico, memória e abstração, mas é importante não deixar de lembrar-se de sua importância na questão afetiva, já que vivemos em uma sociedade competitiva que valoriza somente os conhecimentos lógicos, raciocínios rápidos e criatividade e que, sem dúvida, a música também abrange o aspecto emocional do ser humano. Os Benefícios da Música na Educação Escolar A música é compreendida como forma de ampliar o conhecimento cultural das crianças e jovens no período que abrange a educação básica e, também, como fator que contribui para o desenvolvimento no ensino-aprendizagem escolar. A educação musical na escola deveria objetivar despertar a sensibilidade musical, o desenvolvimento cognitivo, o afetivo e as relações interpessoais, tendo em vista que seu caráter cultural diversificado propicia o respeito pelas diferentes culturas e pode contribuir para o desenvolvimento da criança, dando a ela oportunidade de conhecimento e valorização da vida e, por apresentar caráter interdisciplinar, é favorável sua inserção no currículo escolar. Na concepção de Correia (2010), essa atividade auxilia na aprendizagem e é componente histórico de qualquer época, ajuda no estudo de questões sociais e políticas e, para o professor, serve de instrumento didático-pedagógico em vários seguimentos de forma prazerosa, auxiliando também na expressão e comunicação e no desenvolvimento do raciocínio lógico. Portanto, deveria ser incentivada a interdisciplinaridade e os currículos de ensinos deveriam adotá-las para trabalhar a cooperação, socialização, minimizando, assim, as barreiras que atrasam a democratização curricular do ensino. Assim conforme o autor, A música auxilia na aprendizagem de várias matérias. Ela é componente histórico de qualquer época, portanto oferece condição de estudos na identificação de questões, comportamentos, fatos e contextos de determinada fase da história. Os estudantes podem apreciar várias questões sociais e políticas, escutando canções, música clássica ou comédias musicais. O professor pode utilizar a música em vários segmentos do conhecimento, sempre de forma prazerosa, bem como na expressão e comunicação, linguagem lógico-matemática, conhecimento científico, saúde e outras. Os currículos de ensino devem incentivar a interdisciplinaridade e suas várias possibilidades. (CORREIA, 2003, p. 84-85). Ainda, conforme o autor a música serve como elemento de aproximação, A utilização da música, bem como o uso de outros meios, pode incentivar a participação, a cooperação, socialização, e assim destruir as barreiras que atrasam a democratização curricular do ensino. [...] A prática interdisciplinar ainda é insípida em nossa educação (CORREIA, 2003, p. 85). O autor cita sua prática como professor de Geografia que aplica a música como recurso metodológico. Entende que ela serve como instrumento para a orientação das atividades, já que podem ser utilizadas linguagens musicais em forma de canções, com letras que vêm ao encontro dos conteúdos trabalhados e, através de descrições pessoais após as seções sonoras ouvidas pelos educando, são realizadas discussões sobre o conteúdo e os alunos têm oportunidade de mostrar sua criatividade e conhecimentos adquiridos, sendo uma metodologia muito apreciada pelos jovens. A música como disciplina escolar, deve ser considerada como uma melhoria no currículo escolar brasileiro e, mesmo em meio a tantos percalços, ainda configura-se como oportunidade de levar um pouco de música com qualidade, contradizendo assim as influencias negativas veiculadas pela mídia, que contribuem para degradação dos valores humanos. Considerar o amplo acesso que se tem à música fora da escola não justifica a sua falta no currículo escolar, uma vez que essa música chega aos nossos ouvidos sem nenhuma discriminação e consciência por parte de quem ouve. Além do mais, é negado ao aluno o acesso a uma área do conhecimento que certamente poderá levá-lo a desenvolver o potencial artístico e criador, além de permitir que esses desenvolvam uma apreciação musical crítica e consciente. Armazenar, memorizar informações, conhecimentos estáticos e descontextualizados não são mais situações possíveis nos dias atuais. O momento atual requer a valorização da intuição, da criatividade e da livre expressão doaluno para encarar e lidar com as diversas situações do seu cotidiano seja dentro ou fora do contexto escolar. (LOUREIRO, 2003, p.142). As músicas apresentadas fora do espaço escolar nem sempre são de boa qualidade, com intuito de enriquecer o processo educacional, por isso sua implantação no currículo é favorável segundo educadores musicais. Conforme Loureiro (2003), essa atividade como componente curricular é uma oportunidade para que o aluno tenha acesso a essa área do conhecimento e, ela, integrando o currículo escolar, se aplicada de forma correta, com profissionais especialistas na área, contribuirá para desenvolver habilidades criativas que ajudarão o aluno a criar, inovar em todas as situações, além de proporcionar momentos oportunos de descontração favorece o desenvolvimento cognitivo. Pode ser entendida, ainda, como um estímulo para que o aluno se sinta valorizado, reforçando sua auto-estima, e descobrindo-se como um ser importante, podendo compor um grupo musical. Isso acontece porque, embora cada pessoa demonstre uma habilidade maior em determinado instrumento ou tom de voz, poderá participar de trabalho a ser realizado porque se ajustará em equipe. Conforme Fialho (2007), Demori (2007) e Araldi (2007), ensinar música na escola não significa necessariamente o ensinar a tocar um instrumento especifico, mas, sim, apresentá-la como área do conhecimento e suas especificidades, com intuito de possibilitar usar práticas musicais coletivas e conteúdos que ajudem na formação do aluno. Também, conforme as autoras, a simples apreciação já é um bom exercício para os principiantes. A partir de uma simples aula sem obrigação, o aluno pode dar sua opinião, expor seu ponto de vista e, assim, começar a agir com visão crítica, podendo experimentar cantar, compor ou tocar um instrumento musical. Quando o professor utiliza essa atividade como instrumento didático- pedagógico, além de ampliar os conhecimentos pode proporcionar aos alunos momentos agradáveis, estimulando-o a expressar-se artisticamente e, assim, superar as angústias vividas no dia a dia, por meio de momentos prazerosos proporcionados pela arte. De acordo com Os Parâmetros Curriculares Nacionais dizem: O ser humano que não conhece arte tem uma experiência de aprendizagem limitada, escapa-lhe a dimensão do sonho, da força comunicativa dos objetos à sua volta, da sonoridade instigante da poesia, das criações musicais, das cores e formas, dos gestos e luzes que buscam o sentido da vida. (BRASILIA, MEC/SEF, 1997, p.14). Na escola, conforme afirma Lima (2008, p.17), o professor tem a oportunidade de passar, por meio da música, conteúdos sistematizados, trabalhando de forma que aluno possa apropriar-se de amplo conhecimento. Ela pode ser utilizada com crianças bem pequenas como os bebês e até com os adolescentes como elemento de aproximação com os professores facilitando o relacionamento entre ambos. Na escola, esta ação do adulto se revela como a função pedagógica que o professor tem de possibilitar a apropriação do conhecimento sistematizado (que comumente chamamos de conhecimento formal), que caracteriza as ciências e as artes. Cumpre frisar que por meio da interação social com adultos ou companheiros, brinquedos, objetos, é que ocorre a apropriação do saber, a criança aprende com o mundo que a rodeia. Deste modo, com a música, a criança interage com o ritmo, com a letra e aprende com os colegas e professores até mesmo a treinar sua voz, assim, a aprendizagem ocorre por meio do estimulo do convívio social e serve de base para novas aprendizagens, já que a cada etapa apreendida, um novo desafio surgirá e começará um novo empenho para chegar à próxima. Sua importância para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças da educação infantil também é reconhecida nos documentos oficiais. Segundo os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil RCNEI (1998), sendo a música uma linguagem de caráter lúdico, o professor ao se utilizar desse elemento sonoro torna o ensino mais atrativo, já que esta pode proporcionar as crianças momentos especial de prazer. Assim sendo, ela pode ser uma grande aliada no processo de ensino e aprendizagem e um rico instrumento de comunicação e socialização. Ainda, de acordo com o documento, esse tipo de trabalho deve ser considerado um importante meio de expressão e forma de conhecimento também para os bebês e as crianças com necessidades especiais, porque a linguagem musical é um excelente meio para o desenvolvimento da expressão, equilíbrio, auto-estima e autoconhecimento e ótimo meio para promover a integração social. A prática musical como instrumento de relacionamento pessoal e valorização do indivíduo Para verificar-se se, de fato, o ensino da música atua no desenvolvimento da criança, procurou-se a instituição assistencial Rainha da Paz onde existem projetos que têm como objetivo promover, por meio de atividades educativas, o desenvolvimento das crianças, proporcionando a elas melhor qualidade de vida na família, escola e sociedade. A Entidade trabalha com crianças carentes desde o início de suas atividades em 1992. Recebe as crianças e adolescentes, na faixa etária de sete a 17 anos, em turnos alternados da escola regular objetivando protegê-los, pois muitos vivem em situação de risco e pobreza. Atualmente a entidade acolhe uma média de mil crianças e adolescentes e o atendimento é realizado por meio de atividades esportivas, lúdicas e artísticas com cunho educativo. Lá são oferecidas aulas de dança, capoeira, violão, teclado, flauta doce, canto, bordado, pintura em tecido e tela, macramê, horticultura, teatro, xadrez, filosofia, jogos pedagógicos, artes, artesanato em argila, informática e costura Industrial. Há, ainda, oficinas de reforço escolar, leitura, espiritualidade e relações interpessoais, complementando a formação recebida por meio da escola. Também é oferecida à população atendida pela Entidade, a participação em projetos específicos que vêm ao encontro de suas necessidades, como a Escolinha de Futebol, realizada semanalmente para os interessados em aprimorar-se nesta modalidade. Desta prática há a perspectiva de montar uma equipe oficial para representar a Entidade nos campeonatos esportivos do município e região. As crianças não são obrigadas a participar das atividades oferecidas pela instituição, mas é grande a procura por elas. A oficina observada foi a de Música, especificamente flauta doce e canto coral, que tem como responsável a professora Margarida G. Pasin, bacharel em música pela Universidade Estadual de Maringá. A oficina recebe mais ou menos sessenta alunos, com dois turnos de aula, manhã e tarde, uma vez por semana. De acordo com Pasin (2011), as aulas de música permitem que a criança desenvolva um estudo de qualidade, pois a metodologia pedagógica do projeto executado pela professora visa ao compromisso ético com a cultura e a educação musical. A finalidade do projeto é despertar nas crianças o gosto pela música; melhorar seus conhecimentos culturais; oportunizar o desenvolvimento de valores que lhes dêem oportunidades de um futuro melhor; articular o contato e aprendizado de instrumentos como a flauta doce e também o canto coral; fazer música como prática social que ampare os alunos na prevenção e superação de riscos existentes. As crianças chegam à oficina sem nenhum conhecimento musical e, lentamente, vão descobrindo que são capazes de acompanhar o grupo, que têm condições de executar músicas de seu cotidiano e acabam pedindo a partitura de suas canções preferidas. A cada aula os alunos enfrentam novos desafios como aprenderuma nova melodia ou aperfeiçoar a já estudada. O que acontece nas oficinas de certa forma comprova a afirmação de Loureiro (2004) que diz que qualquer pessoa tem competência para aprendizado musical, basta apenas que sejam oferecidas condições para tal prática. Desta forma, percebe-se que a arte não é um dom ou talento de alguns, mas que se tiverem oportunidades muitas crianças serão capazes de desenvolver essa habilidade, pois para se aprender uma atividade, primeiro é necessário experimentá-la. No grupo analisado, a música torna-se instrumento de relacionamento pessoal e valorização do indivíduo. A maior parte do tempo se trabalha em equipe, mas, sempre que necessário, as crianças recebem atendimentos individuais, nos quais são reforçados os conteúdos ensinados. Nesse atendimento a criança fica na oficina um pouco além do horário para não prejudicar os outros alunos. Mas, na aula seguinte, recomeçam todos juntos e os alunos que estão mais avançados ajudam os outros, trocando informações e conhecimentos, incentivando os menos hábeis a persistirem e, pouco a pouco, as dificuldades vão diminuindo, assim todos participam com o que sabem fazer. De acordo com Beineke (2003), dentro de um grupo musical os alunos tocam episódios diferentes, cada qual contribui com o que é capaz independente de ser algo simples ou mais complexo, mas a participação de todos é igualmente importante. As aulas são intercaladas entre a prática e a teoria. A professora antes de iniciá-las explica a teoria musical, utiliza recursos como o quadro negro, partituras ampliadas em cartolinas, desenha as notas musicais e cola em lugares visíveis para ajudar a reter o conhecimento. Fala sobre a linguagem musical de forma simples para que todos entendam. Mesmo com toda dedicação da professora a aula teórica não é o que mais atrai as crianças, elas preferem mesmo é tocar o instrumento no caso a flauta ou cantar e sempre com um objetivo, estudar para apresentação. Além da música, também são trabalhados com os alunos cuidados com o corpo e conhecimentos educacionais de modo geral. A professora explica, os cuidados que as crianças devem ter para obterem um bom desempenho na utilização da flauta, sobre a importância da respiração, associando sempre ao uso do instrumento e do canto, os cuidados com a postura, devendo estar eretas para facilitar na hora do manuseio do objeto e não se prejudicarem no futuro. Durante os ensinamentos, a professora dá outras orientações de cunho educacional, como o ensino da Língua Portuguesa, enfatizando muito a importância de saber ler e escrever corretamente para se comunicar e se fazer entender. Orienta também sobre a necessidade de se respeitar os colegas, sobre noções de higiene e sobre a preservação do espaço físico da instituição. Foi possível perceber que a professora Margarida tem uma preocupação com um ensino- aprendizado sistemático da música, pois as aulas são contextualizadas. Em todos os conteúdos estudados, ela explica a história da música, o motivo de ter sido escolhida, inclusive com um repertório variado que abrange desde músicas religiosas como Ave Maria de F.X. Engelhart, Hino Municipal de Cianorte de Antonio Wilson de Andrade, Quinta Sinfonia Opus 64 P. Tschaikowsky, Minueto em Fá Maior de W.A. Mozart, entre outras. De modo geral, o projeto musical desenvolvido na instituição traz muitos benefícios para os menores, como a percepção musical, concentração, desenvolvimento intelectual, relacionamento, auto-estima, autoconfiança, melhora na dicção, elementos que atuam como facilitadores do processo de aprendizagem, contribuindo para a harmonia pessoal e facilitando a integração e a convivência social. São comuns os relatos de crianças que, quando entraram na oficina, apresentavam dificuldades de aprendizagem e de comportamento e que, com o tempo, frequentando as aulas de música foram gradativamente melhorando, fato que se assemelha aos estudos de vários autores, entre eles Loureiro (2003), que por experiências vivenciadas na Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (FEBEM), reconhece que o ensino da música auxilia no resgate social, além de favorecer aspectos intelectuais e comportamentais dos jovens. A importância do estudo da música no processo didático-pedagógico acaba por ser reconhecida no ambiente familiar como mostra o caso da mãe de uma aluna do projeto da Rainha da Paz ao dizer que a filha estuda música há três anos e que esse estudo melhorou muito o rendimento nas disciplinas escolares, principalmente em matemática. A mãe falou que sua filha gosta muito de estudar flauta e que se dedica bastante e dá continuidade aos estudos também em casa, principalmente quando há apresentações. Para a mãe, estudar música é uma grande oportunidade para melhorar o rendimento do filha. Relata ainda que a família sempre acompanha a filha nos eventos. Em outro relato, a mãe de outra aluna disse que as aulas de música, favorecem muito, principalmente no aspecto socialização. Ela afirma que as aulas da professora Margarida são uma oportunidade muito boa para as crianças, pois elas, além de aprenderem a tocar um instrumento, também frequentam lugares que dificilmente teriam acesso. Conta também que quando vê a filha junto com as outras crianças se apresentando fica muito emocionada e que sempre acompanha a menina nos eventos e fala do orgulho que tem ao ver a filha se apresentar em eventos, enfatizando que a menina participa junto com a professora em cerimônia de casamento e que considera esse fato muito importante. Para ela a presença dos pais nas apresentações deixa a filha fica muito contente, pois, ela que gosta de mostrar aos seus familiares o que ela aprendeu. Disse ainda do esforço que faz, para que a filha continue a participar das aulas de música porque compreende como beneficio para a menina. A diferença que o ensino de musica realizado na oficina faz é percebida também por professores do ensino regular. Foram entrevistados alguns professores aqui denominados A, B,C, que atuam nas escolas onde as crianças que frequentam a oficina de música estudam em horário alternados. A professora “A”, de uma aluna de oito anos da quarta série do ensino fundamental diz que a mesma não apresentava problemas com aprendizagem, mas era muito tímida e que, após a entrada dela nas aulas de música, notou-se melhora em sua autoconfiança tanto para conversar, como para realizar atividades em grupos e que ela acredita que o ensino de música contribui para o desenvolvimento das crianças em várias áreas como cognição, sociabilidade e afetividade. Comentou também que tem interesse que as outras crianças da sala façam aulas de música e, para isso, está estimulando a menina que já está matricula na oficina de música a fazer uma apresentação junto com os outros participantes da Associação Rainha da Paz, para os demais alunos da sala que não participam. . A professora “B”, disse que as aulas de música foram essenciais para o desenvolvimento intelectual de uma de suas alunas que frequenta a oficina, pois a menina desenvolveu o raciocínio lógico, maior facilidade para trabalhar com matemática e também interpretação de texto. Pode-se notar que a melhora que a aluna apresenta nos conteúdos relatados deve-se ao poder de concentração que a música desenvolve, pois o aprendizado de música exige também conhecimentos matemáticos e aqueles que estudam música adquirem mais facilidade para o aprendizado dessa matéria. A professora “C”, de outra aluna da escola regular relatou sobre a melhora que ela obteve no aspecto concentração, confirmando também que em seu entender as aulas de música servem como instrumento parao desenvolvimento cognitivo, comportamental, afetivo e social das crianças e colaboram com o processo aprendizagem dos conteúdos escolares e na formação integral da criança. Outros professores, mesmo aqueles que não atendem crianças da Associação Rainha da Paz, ao serem questionados como entendem a inclusão da música nas escolas, foram unânimes em dizer que esse conteúdo seria benéfico para enriquecer a educação formal. Contudo, afirmaram que, para que o mesmo se torne instrumento para ampliar o conhecimento, além de torná-lo obrigatório, as autoridades responsáveis deveriam contratar professores formados na área musical, pois, segundo os professores, mesmo não tendo a disciplina finalidade de formar músicos, o ensino deve ser de qualidade, e para isso acontecer será necessário, profissionais qualificados. Pôde-se, então, perceber, por meio de observações e conversas com os familiares e professoras das crianças que frequentam as aulas de músicas oferecidas pela Instituição Rainha da Paz, que essas aulas, além de contribuírem com um conhecimento elaborado para as crianças, resultam na melhora de outras áreas, aprimorando a qualidade de vida dos alunos. O trabalho mediado por profissionais capacitados e também os recursos oferecidos para que possam desenvolver um bom aprendizado, propiciam aos alunos condições de aprendizagem e a promoção da auto-estima e melhoram a vivência em sociedade, nas relações hierárquicas, sejam na família, escola ou trabalho, diminuindo as diferenças sociais. Considerações finais Diante do exposto neste trabalho, pode-se entender que o ensino musical realizado com as crianças carentes e que se encontram em situação de risco atendidas pela Associação Rainha da Paz de Cianorte-Pr, contribui para o desenvolvimento das mesmas em vários aspectos. Ao acompanhar alguns momentos dos estudos realizados pelos alunos durante as observações pudemos notar que os que se dispuseram a participar da oficina de música encontram suporte para enfrentar melhor os problemas vivenciados como a falta de estrutura familiar. Nesse sentido, a atividade musical motiva as crianças e dá esperança a todas elas. Ao ver as crianças estudando, não se pode acreditar que elas enfrentam tantas dificuldades, pois ficam alegres, determinadas, como se vivessem em plena harmonia no seu cotidiano. Assim, pode-se entender que a música ajuda a minimizar os efeitos negativos que fazem parte de suas rotinas, como a pobreza, a desestrutura familiar uso de drogas e outros tipos de violência, promovendo o resgate social e emocional. Levando-se em consideração que há na aprendizagem da música o resgate emocional, pode-se afirmar que, conseqüentemente, isto se reflete em melhoria na autoconfiança, sociabilidade, relacionamento interpessoal, comunicação, concentração, raciocínio lógico, etc. E, em virtude dessa melhora nos comportamentos e nas atitudes, é visto um progresso no desenvolvimento da criança junto a família, porque ela passa a mostrar um comportamento mais tranqüilo, estudando música em casa e se preocupando em fazer uma boa apresentação, ocupando o tempo que antes era ocioso e ficando menos tempo nas ruas. Verificou-se que o ensino de música ajuda no processo de aprendizagem escolar, dando maior segurança e ajudando a assimilar melhor os conteúdos apresentados, possibilitando maior entrosamento entre as disciplinas curriculares. De acordo com o que foi observado, entende-se que se for possibilitado à criança o acesso às atividades musicais elas terão uma melhor qualidade de vida, pois, a partir do momento em que as crianças praticam música, libertam-se do stress, e isso facilita a concentração e, em consequência, melhoram o raciocínio lógico, conseguindo melhorar no campo da matemática e interpretação de textos. Com a música, a criança expressa suas emoções e organiza melhor seus pensamentos. E, o mais importante, por meio da música acaba aprendendo de forma intensa e prazerosa. Do mesmo grupo participam crianças com diferentes graus de desenvolvimento musical, sendo aproveitado o potencial de cada um, havendo muita colaboração de uns para com os outros, reforçando-se também o que cada um sabe fazer melhor. Esse tipo de trabalho propicia um melhor relacionamento entre as crianças e oportuniza a elas apropriar-se dos conhecimentos adquiridos pelo colega, pois aquele que assimilou melhor o conteúdo acaba tendo que mostrar para os demais a forma correta e, assim, o acesso à cultura é compartilhado entre os membros ao se ajudarem mutuamente. Conclui-se que a música no processo de ensino-aprendizagem é uma oportunidade de agregar conhecimento histórico-cultural e que ela não é uma atividade inata, mas sim uma atividade construída pelo homem e uma atividade social aprendida através das interações humanas e que o professor pode utilizar esse recurso como ferramenta para ensinar e também desenvolver nos alunos as capacidades de imaginação, de compreensão e do respeito a regras para uma melhor convivência social, promovendo a, disciplina o que facilitará o aprendizado escolar. REFERÊNCIAS: BEINEKE, Viviane. O ensino de flauta doce na educação fundamental. In: HENTSCHKE, Liane; DEL BEM, Luciana. 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