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DIREITO EMPRESARIAL

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Direito Empresarial - Prof. João Glicério 
Raphaela Macedo
I UNIDADE 
AULA 01 – 14.02.12
Aula de apresentação
Marcação das provas 10/04 e 19/06
AULA 02 – 28.02.12 (Prof.: Abelardo Sampaio/email: abelardo@sampaioehenriques.com.br)
DIREITO COMERCIAL
Nem sempre o direito empresarial foi separado do direito civil e por isso que alguns livros ainda chamam de direito
comercial, pelo nome chega ao direito dos comerciantes. Mas, comerciantes e empresários não são sinônimos. E por
isso essa mudança do direito comercial para o direito empresarial.
Muito antes de existir qualquer regulamentação acerca do direito comercial existia o comercio, as trocas. A origem
do direito comercial são as trocas. 
Na idade antiga o sistema de produção era basicamente de subsistência, as pessoas produziam apenas aquilo que
necessitavam para sobreviver sem existir a produção de excedentes, sem a existência de excedentes, não existia a
troca. Os indícios de produção excedentes aparecem pelos fenícios, que são considerados os comerciantes da idade
antiga.
Em Roma também não havia esse intuito mercatório, porém os romanos “adoravam” legislar e eles criaram duas
normas que são de direito comercial, a Lex Rhodia Jactu e Nauticus Foenum, eram normas acerca do direito
comercial, a primeira sobre o local de Rhodia e a segunda sobre regras náuticas, porém ainda não existia uma
sistematização, existiam regras, que eram consuetudinárias. Outro exemplo é o código de Hammurabi que já previa o
empréstimo a juros e contrato de depósito.
Na idade média, novamente não há uma sistematização do direito comercial, pois era constituída por feudos que
possuíam regras próprias determinadas pelos senhores feudais que não se comunicavam com o mundo exterior, não
havia o trânsito entre os feudos e isso começa a acontecer com o surgimento dos burgos, que eram as feiras que
começavam a se formar nas rotas comerciais em que se faziam as trocas entre os bens produzidos em cada feudo, e
os imigrantes eram chamado de burgueses, são a origem dos comerciantes. Os burgos mais importantes
encontraram-se nas cidades italianas. E o direito comercial começa a tomar forma a partir das corporações de
mercadores feitos pelos burgueses, justamente pela sua ascensão e essa é a primeira fase do direito comercial. Essa
primeira fase é chamada de fase subjetiva do direito comercial, subjetiva porque se considerava comerciante apenas
aqueles inscritos nas corporações de mercadores, essas corporações eram como se fossem órgãos de classe, eram
entes autônomos que começaram a criar regras próprias, regras estas aplicadas somente àqueles que estavam
inscritos em seus quadros, ou seja, os comerciantes. Inicia-se aí a separação entre o direito civil e o direito comercial
e as essas normas dá-se o nome de Jus Mercatoris (direito dos comerciantes) e elas eram aplicadas pelos Consules
Mercatoris que se assemelhavam a juízes que eram eleitos nessas corporações.
Seguindo o momento histórico, há uma modificação desse panorama, com a ascensão do absolutismo. O
absolutismo é caracterizado pelo poder absoluto do rei, e isso fez com que trouxesse para monopólio do Estado a
criação das leis e aplicação do direito comercial. Outra mudança é que se passou a aplicar a lei comercial na relação
jurídica, desde que haja um comerciante envolvido e isso cria uma distorção do direito comercial, no seguinte
sentido, apesar de continuar sendo costumeiro vai deixar de ser mutável, exatamente pelo monopólio estatal na
criação de suas normas, porque o Estado criar uma lei, é muito mais difícil do que as pessoas estabelecerem o
costume, por ter outros interesses, outras forças, então passa a ser um direito estático. Porém, continua sendo
subjetivo, não mudou de fase.
1
Direito Empresarial - Prof. João Glicério 
Raphaela Macedo
O que leva a transformação da fase subjetiva para objetiva, que é a segunda fase, é a Revolução Francesa, com seus
pilares de liberdade, igualdade e fraternidade, e essa nova idéia não se compatibilizava com a lei comercial, que se
aplicava somente a quem fizesse parte de órgão de classe e por conta disso, cria-se uma nova forma de identificação
daqueles a quem seriam aplicadas as normas de direito comercio, não mais em razão do sujeito, mas em razão dos
atos praticados por esse sujeito, surge então a TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO, quem trouxe primeiramente essa
teoria foi o Código Civil e o Código Comercial Francês, conhecidos como Códigos Napoleônicos, o primeiro em 1804 e
o segundo em 1808. Esse código inaugura a separação efetiva entre direito civil e direito comercial. 
Mas essa teoria tem um problema: quem define os atos de comércio? O conceito de atos de comércio, segundo
Pontes de Miranda é um problema insolúvel para doutrina, um martírio para o legislador e um enigma para
jurisprudência. Alfredo Rocco solucionou o problema dizendo que ato de comércio é tudo o que a lei definir como tal
e para isso foram desenvolvidos dois sistemas: (1) descritivo, que foi adotado por Portugal e Espanha, não trazia cada
ato em si, mas trazia elementos que os atos deveriam conter e caia no mesmo problema da indefinição, porque eram
conceitos abertos e assim não era possível assegurar a segurança jurídica. A técnica que prevaleceu foi a (2)
enumerativa, na qual a lei descrevia ato por ato que seria considerado ato de comércio, atendeu ao anseio de
igualdade porque qualquer pessoa poderia ser comerciante, sem discriminação. Mas essa teoria entra em declínio,
principalmente por conta de Revolução Industrial.
A Revolução Industrial modificou completamente as relações econômicas, passa de uma produção artesanal para a
produção em massa, que o que mais cresceu foi o setor de serviços, que não existia. Na produção manufaturada não
tinha necessidade, por exemplo, de contador, de serviço de fornecimento... Em larga escala é necessário esses
serviços, mas eles não estavam incluídos no rol dos atos de comércio, a agricultura e pecuária também não estavam
incluídas, porque não existia essa atividade de forma intensiva, como também não existia a intermediação
imobiliária.
Os comerciantes que não estavam incluídos nos atos de comercio que praticavam, e por isso, começaram a exigir que
fossem incluídos, pelo fato do regime de direito comercial ser mais especial e favorável aos comerciantes do que as
regras de Direito Civil, que eram mais gerais. E essa mudança devido à revolução industrial gerou uma mudança do
direito comercial e fez surgir a TEORIA DA EMPRESA, que surge no CC Italiano de 1942, a primeira coisa que esse
código faz é a unificação do direito privado, existe agora um único código para o direito civil e comercial, muito
influenciado pelo facismo, pelo ideal que todos são iguais, tanto empregados como empregadores. E com isso
compatibiliza a idéia que não podem existir códigos separados, mas dentro do código as regras continuam separadas.
Esse problema da pouca abrangência dos conceitos de atos de comércio, é resolvido pela fase subjetiva moderna,
deixa-se a fase objetiva em que os atos praticados qualificavam o comerciante, passa-se a idéia de que é a forma
como a pessoa exerce a atividade que vai caracterizá-la como empresário ou não. Que é a forma empresarial e o
código italiano definia no seu art. 2082 que empresário é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica
organizada com vista à troca e produção de bens e serviços.
Para a teoria da empresa, se a atividade do sujeito se enquadra em qualquer dos atos descritos na lei, é empresário.
O modo como a atividade é realizado é que vai definir se as normas aplicáveis serão de direito empresarial. É
subjetivo porque depende de como o empresário vai conduzir sua atividade, não mais depende de qualidades
pessoas do empresário e a partir dessa teoria que passaa chamar o direito comercial em direito empresarial.
A EVOLUÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL NO DIREITO BRASILEIRO
Essa primeira fase do direito não existiu no Brasil, pois foi descoberto em 1500 e só passou existir efetivamente
algum tempo depois, mas nessa parte do Brasil Colônia, eram vigentes as ordenações portuguesas e o único
acontecimento relevante dessa época é quando da vinda da coroa real para o Brasil em que se cria a real junta de
comércio, agricultura, fabricação e navegação e também a criação dos tribunais de comércio, essa parte seria
assemelhada a fase do estado absolutista da fase subjetiva. 
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Direito Empresarial - Prof. João Glicério 
Raphaela Macedo
Com a independência em 1822, houve o anseio de se produzir normas brasileiras, não queria se admitir a aplicação
das normas portuguesas no Brasil independente e o primeiro diploma considerado de normas brasileiro foi o Código
Comercial de 1850 e parte desse código ainda encontra-se em vigor. Esse código de filiava a teoria dos atos de
comércio, em que era comerciante aquele que praticava os atos determinados por lei. Pela influência francesa.
Segundo o código de 1850: “comerciante seria aquele inscrito nos tribunais de comercio do império e exercente da
mercancia como profissão habitual”.
A necessidade de registro não quer dizer que é subjetivo, até porque todo empresário tem que ser registrado, a
obrigação de registrar decorre do fato de ser empresário, e não o fato de ser empresário decorre por ser registrado.
Logo após veio a edição do regulamento 737 que em seu art. 19 definia o que era mercancia: “considera-se
mercancia a compra e venda ou troca de efeitos móveis semoventes para vender (...)”. Ou seja, seria considerado
comerciante quem praticasse qualquer dos atos previstos nesse artigo 19. 
O CC de 16 não tratou de direito comercial, é exclusivamente civil.
Em 2002, já sobre a influência do direito italiano e da teoria da empresa, traz-se para dentro do CC traz o código
comercial, chamado “do direito de empresa”, livro II, a partir do art. 966. A influencia do direito italiano é clara
justamente pela unificação do direito privado, mas assim como o italiano, as normas continuaram dispas.
O art. 966 traz o conceito de empresário “considera-se empresário aquele que exerce atividade econômica
organizada para produção e circulação de bens ou serviços”. É quase idêntico ao que foi definido pelo Código Italiano.
LIVROS EMPRESARIAIS
 Assunto abstrato, pois não é algo que se vê no dia-a-dia.
CONCEITO 
Os livros empresariais são regulados a partir do art. 1179 do CC.
Todo e qualquer empresário é obrigado a possuir um contador, salvo se o local que foi constituída a empresa, não
exista um contador, então o próprio empresário será responsável pela contabilidade e escrituração dos livros
empresariais será, e isso está regulamentado no art. 1782. A escrituração dos livros é de responsabilidade do
empresário, seja pessoa física ou jurídica, mas que deve ser feito, exclusivamente, por um contador.
Os livros empresariais são a base onde serão registrados os movimentos contábeis do empresário, não basta ter um
contador, essa contabilidade deve estar registrada de maneira uniforme nos livros empresariais. Hoje já se admite
outras formas mais modernas de fazer escrituração, existe ainda à mão, existem escriturações em fichas separadas
que serão encadernadas, pode ser feitos nas folhas contínuas, e também de forma digital.
ESPÉCIES
OBRIGATÓRIOS 
O empresário não pode abster-se de escriturar tais livros, tem que manter devidamente escriturados. Esses se
dividem em:
COMUNS 
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Direito Empresarial - Prof. João Glicério 
Raphaela Macedo
São aqueles que todo e qualquer empresário tem que escriturar e ele é apenas um, o diário, em que deve registrar
dia-a-dia toda e qualquer movimentação que represente alteração patrimonial do empresário (art. 1184). Podem ser
escriturados em no máximo 30 dias, porém é necessário manter diários auxiliares onde seja possível individualizar os
movimentos indicados no diário, o livro-razão, por exemplo. O diário é o único comum e obrigatório, porém há
exceções, micro empresas e empresas de pequeno porte estão dispensados da escrituração do livro diário, em
conseqüência elas devem escriturar dois livros: (1) livro caixa, é somente registrado as movimentações financeiras e
o (2) livro de registro de inventário, é um livro de escrituração anual, em que todo empresário vai escriturar, por ano,
os bens da sua empresa. Como fora dispensado o diário, deixou disponíveis mecanismos para verificar se as
movimentações financeiras são compatíveis com a alteração patrimonial do empresário.
→ As micros e as pequenas empresas merecem um tratamento favorecido, isso existe hoje no sistema através do
simples nacional, de tributos. E há ainda empresas que não estão incluídas no simples porque não querem ou porque
são proibidas. A lei do simples dizia que as micro e pequenas empresas deveriam escriturar o livro caixa e o de
registro de inventario, mas o CC diz que o pequeno empresário estava dispensado das exigências de escrituração. O
problema é qual o conceito de pequeno empresário? Essa dúvida mudou com a lei complementar 123/06 que em
seu art. 68 disse que o pequeno empresário, para fins no disposto 970 do CC e § 2º do art. 1179, é aquele micro
empreendedor individual (M.E.I.), que é o empresário individual com faturamento anual até 60 mil reais.
ESPECIAIS
São livros que o empresário é obrigado a escriturar em razão de alguma peculiaridade do empresário, não são todos
que são obrigados. Por exemplo, enquanto os empresários comuns são obrigados a escriturar somente o livro
comum, a sociedade anônima precisa registrar outros livros que estão descritos no art. 100. ??????
a) Facultativos = são os livros que o empresário escolhe se vai escriturar ou não, que o faz para ajudá-lo no
comando e no desenvolvimento da sua empresa.
b) Livro Caixa = registro das movimentações financeiras
c) Livro Conta Corrente = é o livro que se registra as transações com cada credor ou devedor, é o que registra cada
relação, de forma separada.
d) Livro Razão = os registros bancários da empresa, a conciliação bancária.
e) Livro Estoque = registro de entrada e saída de mercadorias, ou seja, controle de estoque.
AULA 03 – 06.03.12 (Prof.: Abelardo Sampaio)
FUNÇÕES
GERENCIAL 
Os livros facultativos não são somente estes, o empresário pode escriturar o livro que ele quiser e bem entender. E
isso por conta de uma das funções dos livros empresariais que é a função gerencial, pois dão uma ferramenta de
verificar o andamento do seu negócio. A função gerencial é fornecer ao empresário dados necessários a
administração e ao desenvolvimento do seu negócio.
DOCUMENTAL 
Desde que atendidos os requisitos de regularidade, o livro empresarial é considerado documento, e documento é um
veículo de informação que a lei atribui força probatório, ou seja, podem servir como prova. 
FISCAL 
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Direito Empresarial - Prof. João Glicério 
Raphaela Macedo
É fornecer ao Poder Público os dados para que seja possível verificar se está o empresário a cumprir com todas as
suas obrigações tributárias, previdenciárias, fundiárias (relativas ao FGTS), e qualquer outra obrigação fiscal para com
o estado.
REQUISITOS DA ESCRITURAÇÃO
REQUISITOS INTRÍNSECOS
Dizem respeito à forma como a escrituração deve ser realizada (art. 1183 do CC).
Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem
cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes
para as margens.
Se ocorrer um erro na escrituração, deve estornar e fazer uma correta.REQUISITOS EXTRÍNSECOS
Refere-se ao livro em si mesmo, ele precisa possuir primeiramente termo de abertura e o termo de encerramento
para que não posso inserir folhas antes e nem depois desses termos. Outro requisito extrínseco é a autenticação na
junta comercial.
CONSEQÜÊNCIAS DAS IRREGULARIDADES DOS LIVROS EMPRESARIAIS (NÃO ATENDIMENTO AOS REQUISITOS)
PERDA DE EFICÁCIA PROBATÓRIA
No âmbito civil a primeira conseqüência da irregularidade da escrituração, é a perda da eficácia probatória dos livros
empresariais. Essas conseqüências atingem somente o empresário, pois os livros deixam de ser a favor do
empresário, ou seja, podem fazer prova contra. Art. 379 CPC.
O empresário só pode usar o livro empresarial como prova se for contra outro empresário, não pode usar como
prova a seu favor com uma ação que ele tenha com uma pessoa física, por exemplo. Isso porque o empresário
escritura livros também e a pessoa física não, ou seja, deve haver paridade de armas (princípio do contraditório).
EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO
A segunda conseqüência no âmbito civil é relativa ao incidente de exibição de documento. A exibição está prevista no
CPC a partir do art. 355. Aquele que tem em seu poder documentos indispensáveis ao julgamento da lide, por
exemplo, caso uma parte contra o empresário diga que a prova do seu direito encontra-se na escrituração do
empresário e ordena a exibição dos livros pelo juiz, verifique-se a irregularidade na exibição dos livros, será
considerado verdadeiro o quanto alegado pela parte, é uma espécie de perda de revelia, não importa qual seja a
irregularidade. Porque os requisitos são instrumento de autenticidade dos livros, se não forem atendidos o
empresário poderia também ter alterado o conteúdo das informações expostas.
CONSEQÜÊNCIA PENAL 
A conseqüência penal para irregularidade na escrituração é crime falimentar, ou seja, caso seja decretada a falência
de um empresário e verificada a irregularidade da sua escrituração o mesmo incorrerá no art. 178 da Lei de Falência
(11.101/05).
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Direito Empresarial - Prof. João Glicério 
Raphaela Macedo
Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a
recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos de escrituração contábil
obrigatórios:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.
FALSIFICAÇÃO 
A falsificação de livro empresarial é equiparada a falsificação de documento público
CONSERVAÇÃO
O empresário deve conservar seus livros até que estejam prescritas ou que ocorra a decadência das operações
registradas.
EXIBIÇÃO DOS LIVROS EMPRESARIAIS
Os livros empresariais são protegidos pelo principio do sigilo, pode ser encontrado no art. 1190 do CC. 
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto,
poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em
seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.
ADMINISTRATIVA 
As possibilidades de exibição dos livros é primeiramente administrativa que será para autoridades executando
fiscalização tributária ou previdenciária e mesmo o empresário somente está obrigado a exibir a parte do livro que se
referir ao período da fiscalização.
JUDICIAL 
A exibição judicial pode ser (1) parcial que deverá ter somente a parte do livro que seja indispensável a resolução da
demanda. Pode ser uma ordenada em qualquer tipo de processo, tanto de oficio pelo juiz como a requerimento da
parte e será feita a partir da extração de cópias do livro empresarial, ou seja, o livro continuará em poder do
empresário e será preservado o sigilo referente às partes não atingidas pela demanda judicial. Ou pode ser a exibição
(2) total em que estará limitada a processos relativos à sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão a
conta de outrem ou em caso de falência (art. 1191 do CC). Essa exibição só pode ser deferida a requerimento da
parte, o juiz não pode fazer de ofício e os livros deverão ser depositados em cartório.
BALANÇO (ART. 1179 DO CC)
O empresário possui ainda a obrigação de levantar balanço patrimonial que é o balanço ativo e passivo, onde consta
todo o patrimônio da sociedade. E balanço de resultado econômico, ou seja, o resultado da atividade, que diz se a
atividade é lucrativa ou não. A elaboração desses balanços é um resumo do patrimônio e o balanço de resultado
econômico é o resumo da atividade financeira. Essa obrigação é anual, mas a lei pode prevê em casos específicos um
tempo menor, bancos, por exemplo, devem apresentar esse balanços a cada 6 meses e empresas de pequeno porte e
microempresas estão dispensadas da elaboração desses balanços.
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado
ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a
levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
NOME EMPRESARIAL
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Direito Empresarial - Prof. João Glicério 
Raphaela Macedo
CONCEITO
O nome para o empresário é a forma de identificação do empresário. A pessoa jurídica também pode ter nome. A
pessoa física além do nome civil se for empresário, também terá o nome empresarial. O nome empresarial não é a
única forma de identificação do empresário. 
FORMAS DE IDENTIFICAÇÃO
Normalmente são indicadas quatro formas de identificação do empresário:
NOME EMPRESARIAL que atualmente serve para identificar o empresário perante credores e fornecedores. Razão
social é utilizado informalmente para o nome empresarial, pois razão social dá idéia de sociedade, mas o empresário
não tem nada de sociedade, por isso não é técnico.
MARCA é aquilo que identifica os produtos e serviços do empresário, é como comumente o empresário é conhecido
pelos seus clientes.
TÍTULO DE ESTABELECIMENTO = local onde é desenvolvida a atividade do empresário, por exemplo, Sam’s Club é o
título do estabelecimento, que tem diversas marcas que são colocadas nos produtos.
NOME DE DOMÍNIO = domínio é a página da internet, é o endereço eletrônico do empresário. O nome de domínio é
registrado no nic.br que é o núcleo de informação e controle do .br que vai direcionar para o registro, que custa R$
30,00 por ano.
PRINCÍPIOS
NOVIDADE = diz que não podem existir nomes empresariais idênticos ou semelhantes.
VERACIDADE = determina que toda e qualquer informação constante do nome empresarial terá que ser verdadeira,
por exemplo, não podemos criar uma empresa de comércio de cadeiras escolares e colocar no nome “Sampaio e
Macedo produção de roupas”.
ESPÉCIES
FIRMA
Pode ser individual ou social, firma social é sinônima de razão social. A firma se caracteriza pelo seguinte: é composta
pelo patronímico do empresário, isto é, seu nome civil, de forma completa ou abreviada. O nome empresarial sob a
forma de firma é facultativa a indicação do ramo de atividade do empresário, por exemplo, pode colocar A. Sampaio
comércio de cadeiras, como apenas A. Sampaio. A firma não somente serve como o nome do empresário, como
serve também como sua assinatura.
DENOMINAÇÃO 
É composta por um elemento fantasia e a designação obrigatória do ramo de atividade do objeto social, esse
elemento fantasia é qualquer coisa, desde que não ofenda a moral e os bons costumes.
FORMAS DE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESÁRIA
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL = como é apenas uma pessoa, pode colocar apenas o nome do empresário.
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Direito Empresarial - Prof. João Glicério 
Raphaela Macedo
SOCIEDADE EM NOME COLETIVO = todos os sócios respondem ilimitadamente, quaisquer deles podem estar na
firma.
SOCIEDADEEM COMANDITA SIMPLES = tem os dois tipos de sócios, os sócios com responsabilidade ilimitada que são
chamados de comanditados e os sócios com responsabilidade limitada que são os comanditários. Se for colocado o
nome de um sócio comanditário na firma, ele irá responder ilimitadamente em obediência ao principio da
veracidade. 
Obrigatoriamente devem utilizar firma. Na firma, em regra, só podem figurar os sócios com responsabilidade
ilimitada.
SOCIEDADE LIMITADA = poderá usar tanto firma como denominação e terá de constar no seu nome empresarial a
palavra ‘Limitada’ na forma por extenso ou abreviada (LTDA), se não constar, os sócios responderão ilimitadamente,
tanto faz se é firma ou denominação.
SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES = poderá usar tanto firma como denominação, só que se assemelha a
comandita simples, também tem dois tipos de sócios, uns com responsabilidade limitada e outros com
responsabilidade ilimitada. Caso ela opte por utilizar firma, vai se aplicar a mesma coisa da comandita simples, que
somente poderá constar no nome empresarial aquele sócio com responsabilidade ilimitada, ou seja, o comanditado
e caso um comanditário conste, responderá ilimitadamente. Além disso, seja adotado firma ou denominação, terá de
ser colocado no nome empresarial, deverá ser colocado a expressão “em comandita por ações” ou CA.
SOCIEDADE ANÔNIMA = opera exclusivamente por denominação (art. 1160 do CC e art. 3º da lei de S.A.) O CC diz
que deve identificar denominação indicativa do objeto e a lei de S.A. diz que não tem obrigação de designar o objeto.
Porém, a S.A. tem que designar o objeto da sua atividade porque o CC é posterior a lei de S.A. aplica-se a partir de
janeiro de 2003 a obrigatoriedade de indicação do objeto nas sociedades anônimas.
ALTERAÇÃO DO NOME EMPRESARIAL
VOLUNTÁRIA = quando os sócios resolverem, em acordo, alterar o nome empresarial
OBRIGATÓRIA:
a) Saída de um sócio da sociedade
b) Falecimento
c) Retirada
d) Expulsão
e) Incapacidade
f) Mudança na categoria de sócio = por exemplo, se o sócio que era comanditado, tinha responsabilidade
ilimitada, passa a ser comanditário, passa a ter responsabilidade limitada, vai ter que retirar o nome desse
sócio, pois só podem constar os nomes dos sócios com responsabilidade ilimitada.
g) Alienação de estabelecimento empresarial = quando toda atividade é vendida, ou seja, todos os bens que são
utilizados para realização da atividade (art. 1164, p. ún.)
h) Transformação societária = quando tem uma S.A que transforma numa limitada, etc. Tem que alterar o nome
para se adaptar às regras de cada sociedade.
i) Lesão ao direito de outro empresário = se o registro da sua empresa e o outro empresário alega que o nome
é idêntico, e ele tem registro anterior, terá que alterar o nome, por conta da violação ao principio da
novidade.
PROTEÇÃO DO NOME EMPRESARIAL = a proteção se inicia com o registro e tem prazo de duração indeterminado, ou
seja, até quando a empresa estiver regular estará protegido o seu nome empresarial, quanto a questão da dimensão
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Direito Empresarial - Prof. João Glicério 
Raphaela Macedo
da proteção, será independentemente do ramo de atividade, entretanto, apenas no âmbito do estado em cuja junta
comercial esteja registrado.
AULA 04 – 13.03.12
DIREITO EMPRESARIAL
FUNDAMENTAIS HISTÓRICOS
TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO (1808)
Foi criada com a intenção de preservar o poder recém adquirido da burguesia. Surgiu no momento pós revolução
francesa, num momento muito conturbado, em que a burguesia havia chegado ao poder, e adotou inúmeras
medidas para se manter no poder e uma delas foi a criação da teoria dos atos de comercio que tinha dois
fundamentos: direito comercial e direito civil. 
A máxima do direito romano era que o direito era um só, mas com as codificações o direito começou a se partir e
especializar. Essa teoria estabeleceu premissas sempre no sentido de proteger os burgueses, pois até a Revolução
Frances quem mandavam eram os nobres.
O direito comercial seria o ramo do direito privado destinado a regulamentar as relações existentes entre os
burgueses, enquanto o direito civil seria aquele destinado a regulamentar as relações estabelecidas entre os nobres.
Como os burgueses estavam no poder, adotaram inúmeras medidas para se manter no poder e rechearam o direito
comercial de benefícios e privilégios e o direito civil de deveres e obrigações, pois estes repercutiram na esfera
jurídica dos nobres.
Alguns benefícios e privilégios se perderam com o tempo, mas outros permaneceram, por exemplo, a pessoa jurídica
paga proporcionalmente muito menos imposto de renda que a pessoa física. Esse privilégio vem desde o Código
Napoleônico, pois antes da revolução francesa, quem possuíam as terras eram os nobres, mas depois da revolução
francesa, surgiram os impostos, pois os burgueses queriam quebrar os privilégios dos nobres.
Outro exemplo, o regime de insolvência empresarial é muito mais benéfico que o regime de insolvência civil, que
este, não há nenhuma forma de recuperação, já se o empresário entra em crise, há duas formas de recuperação:
judicial e extrajudicial.
Antigamente, só os comerciantes inscritos na junta comercial podiam passar procuração por instrumento particular, e
hoje, qualquer pessoa capaz pode passar uma procuração.
Os burgueses conceituaram atos de comércio? Não, porque tinham receio que os nobres tentassem se adequar aos
conceitos e passassem a ter os benefícios que eram apenas dos burgueses.
O Código comercial Frances de 1808, apenas listou os atos considerados de comércio: comércio, indústria, bancos e
seguros.
O código comercial Brasileiro de 1850 copiou o código comercial francês, e este código ainda está em vigor. É a lei
ordinária mais antiga em vigor em nosso ordenamento. A parte que trata de direito comercial marítimo, por
exemplo, é a mesma.
Ao listar atos de comercio, o legislador Frances daquele período, transferiu para a doutrina a tentativa de encontrar
um conceito para atos de comercio, e a doutrina tentou por mais de 100 anos um conceito científico sustentável, mas
não conseguiu. E quem chegou mais perto desse conceito foi Alfredo Rocco, só que a grande qualidade do conceito
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Direito Empresarial - Prof. João Glicério 
Raphaela Macedo
dele, era também o seu maior defeito, pois conseguia abarcar todas as hipóteses, mas só conseguia abarcar porque
era extremamente genérico, e por isso foi extremamente criticado.
TEORIA DA EMPRESA (1942)
Conceito de atos de comércio, ninguém conseguiu encontrar um conceito que ligasse todos os atos, então a doutrina
percebeu que dentro desse sistema, seria impossível encontrar um conceito. E por isso, na Itália, nasce a teoria da
empresa.
A teoria da empresa de 1942 foi concebida com o objetivo de preencher as lacunas e corrigir os defeitos da teoria
dos atos de comércios. O mais importante defeito da teoria dos atos de comércio é justamente a falta de conceito, e
por isso logo no primeiro artigo do livro de código civil italiano, trouxe o conceito de empresário, que foi imitada pelo
código civil brasileiro.
Inclusive o art. 966 do CC é uma cópia do art. 2082 do CC Italiano. Só tem duas diferenças: idioma e o verbo que
inicia a frase, que no Brasil é o verbo considerar e na Itália é o verbo ser.
A teoria da empresa veio acompanhada da tese da reunificação do direito privado. O maior defensor foi o italiano
Professor Cesare Vivante, em seu livro “o tratado do direito comercial”, na 5ª edição passou a ser contrário a
reunificação, pois seria uma mal tanto para o direito civil quanto para o direito comercial, pois o direito privado já
estava tão super especializado que a reunificação se mostrou inviável e de fato não aconteceu como era esperado.
Hoje, se pode dizer que a reunificaçãoaconteceu apenas de maneira parcial e mesmo assim, apenas no aspecto
legislativo, ou seja, hoje há apenas um único corpo de normas que é o código civil que tem regras de direito civil e de
direito empresarial, por isso que a reunificação não atingiu seu objetivo.
Do ponto de vista didático, profissional e, principalmente, científico as disciplinas conservam a sua autonomia e
independência.
Cesare Vivante defendeu tão fervorosamente a unificação do direito que privado, que muitos autores, inclusive
brasileiro, diz ter sido ele o primeiro a propor, mas na verdade o primeiro foi um professor brasileiro e baiano,
Augusto Teixeira de Freitas, ainda no projeto do CC de 1916 que foi rejeitado, mas serviu de base para o CC
Argentino, Uruguaio e Italiano. E o CC de 2002 tem toda sua base no CC Italiano.
A autonomia do direito empresarial está preservada, ainda é ramo autônomo e independente do direito. A unificação
não alcançou o objetivo pretendido.
EMPRESÁRIO
CONCEITO (ART. 966)
Este artigo é o mais importante do direito privado moderno, pois divide o direito em dois ramos: civil e empresarial.
O direito empresarial tem seu objetivo delimitado pelo art. 966, pois diz quem vai ser empresário e
conseqüentemente, quem não será, por exclusão, se sujeitará ao direito civil aquele que não atender ao conceito
estabelecido no artigo.
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção
ou a circulação de bens ou de serviços.
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Direito Empresarial - Prof. João Glicério 
Raphaela Macedo
Esse artigo traz as três características que diferencia o empresário das demais pessoas: (1) o profissionalismo; (2)
exercício de uma atividade econômica com intuito lucrativo; e, (3) organização.
O PROFISSIONALISMO é o exercício de uma atividade para sua subsistência, manutenção, então ser profissional é
congregar três importantes características:
HABITUALIDADE = A habitualidade é o atendimento da demanda periódica da atividade, então é sinônimo de
periodicidade, agora cada atividade tem a sua periodicidade, por exemplo, se alguém pretende organizar um bloco
carnavalesco, essa organização deve ser feita uma vez por ano, assim está atendida a habitualidade dessa atividade. 
PESSOALIDADE = é o outro lado da moeda da responsabilidade, isso significa que a atividade deve ser exercida em
nome do empresário ou diretamente por ele ou por alguém que o faça em seu nome, então os prepostos do
empresário estarão agindo em nome dele, por isso inclusive, que o empresário responde pelos atos praticados pelos
seus prepostos. A responsabilidade do empresário decorre da pessoalidade.
MONOPÓLIO DE INFORMAÇÕES = essa expressão é muito ruim e foi incorporada ao conceito de empresário na
década de 90, com o advento do CDC, porque quando ouve essa expressão a idéia é que o empresário tem que saber
tudo e guardar para ele, mas é uma idéia equivocada, o empresário não precisa saber tudo e aquilo que está
obrigado a saber não pode guardar para ele, tem que repassar aos consumidores, pois as informações que são
obrigados a saber, são as relacionadas com o consumo do produto que ele oferece, por exemplo, condições de uso,
eventuais defeito de fabricação, eventuais risco a vida e a saúde. Essas informações o empresário tem que fornecer
aos consumidores através do manual de instruções.
E quem deve atender a esses requisitos é o empresário, e não pode se confundir com o sócio, e inclusive, o
ordenamento brasileiro contempla três tipos de empresário (individual, sociedade empresária e o eireli). Eireli é a
empresa individual de responsabilidade limitada, foi criada pela lei 12441/11 que entrou em vigor no dia 09 de
janeiro de 2012, é uma tentativa do legislador brasileiro que o individuo sozinho exerça a atividade empresarial,
incentivando o empreendedorismo individual, com responsabilidade limitada. 
A lei inseriu no art. 44 o inciso VI, que é o eireli, e por isso a doutrina majoritária entende que a personalidade
jurídica do eireli é de um novo tipo de pessoa jurídica, portanto, é um novo tipo de empresário, que é a sociedade
unipessoal com responsabilidade limitada. João Glicério discorda, ele entende que é um tipo de sociedade
empresária, ou seja, para o Professor, continua tendo dois tipos de empresário.
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Acrescentado pela Lei 12.441-2011)
O empresário individual é uma pessoa física que exerce uma atividade empresarial com responsabilidade ilimitada,
isso significa que o patrimônio profissional pode invadir o patrimônio pessoal. Logo, é uma personalidade jurídica
apenas.
A sociedade empresária é pessoa jurídica que exerce uma atividade empresarial, e pode ter responsabilidade
limitada e ilimitada. Se for limitada, não pode invadir o patrimônio particular dos sócios. Os sócios não se confundem
com a sociedade, qualquer contratação é feita em nome da sociedade.
Já o eireli é uma pessoa jurídica com responsabilidade limitada, que tem apenas um único componente, que cria uma
nova personalidade jurídica. 
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Direito Empresarial - Prof. João Glicério 
Raphaela Macedo
Quem deve atender aos requisitos do art. 966 é o empresário individual, a sociedade empresária e o eireli. Logo, o
sócio por ter personalidade jurídica própria, não se confunde com a sociedade, não é ele quem tem que atender aos
requisitos do código.
ATIVIDADE ECONÔMICA COM INTUITO LUCRATIVO
Além de profissionalismo, o empresário deve exercer uma atividade econômica com intuito lucrativo, a idéia de
atividade econômica está relacionada ao lucro. Uma fundação e associação se tiverem lucro tem que ser revestido na
atividade, pois não podem ter fins lucrativos, mas podem ter o lucro como meio.
Na atividade empresarial o fim é o lucro, é o objetivo do empresário. O empresário, necessariamente, tem que ter
intuito lucrativo, o indivíduo que não persegue o lucro não pode ser considerado empresário. O empresário pode não
encontrar o lucro, mas deve persegui-lo. 
Porém, nem todos que tem intuito lucrativo são empresários, existem atividades civis que perseguem o lucro, mas
não são considerados empresários, o advogado, por exemplo.
É importante frisar, que o termo empresa é utilizado de maneira equivocada. Empresa não se confunde com o sujeito
nem com o objeto da atividade, não é coisa e nem pessoa. Empresa, tecnicamente, é sinônimo de atividade. Para
saber se o termo foi empregado corretamente numa frase, basta substituí-lo por atividade. A empresa é o vínculo
jurídico que liga o sujeito ao objeto.
A teoria da empresa do alemão Asquini defende que o perfil da empresa é:
- Subjetivo: empresário
- Objetivo: estabelecimento
- Funcional: empresa
- Corporativo: preposto
A doutrina entende que não há o perfil corporativo.
ORGANIZAÇÃO
Organização é a articulação dos quatro fatores de produção. Os fatores são Capital (próprio ou alheio), mão-de-obra
(direita – carteira assinada – ou indireta), insumos (matéria-prima utilizada pelo empresário) e tecnologia
(aprimoramento da técnica para atender a demanda da atividade). Existe uma discussão doutrinaria entre o italiano
Vincenzo Buonocore e o professor brasileiro Evaristo Filho. 
Vincenzo defende que a mão-de-obra não deveria ser um requisito do conceito de empresário, pois mesmo aquele
que não contrata mão-de-obra alheia pode ser empresário (o requisito é contratar mão-de-obra e não empregado.
Por exemplo, lavanderia automática, em que não é necessária a contratação de ninguém, uma só pessoa pode
administrar o local.
Já para Evaristo contratar mão-de-obra alheia é essencial para o conceito de empresário. Para ele, quem não contrata
mão-de-obra realiza uma atividade civil, esse é o pensamento dominanteda doutrina brasileira.
AULA 05 – 20.03.12
ATIVIDADES CIVIS 
Essencialmente temos quatro hipóteses de atividade civil, a primeira é uma consequência lógica do próprio conceito,
quem não atender aos requisitos do artigo 966 do CC não pode ser considerado empresário. Então, a primeira
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Raphaela Macedo
hipótese é excludente, logo só pode ser considerado empresário aquele que atender a todos os requisitos do artigo
966 do CC, faltou qualquer desses requisitos o sujeito esta excluído do conceito de empresário.
A segunda hipótese de atividade civil esta no parágrafo único do art. 966 do CC, este diz: este parágrafo trata do
profissional intelectual. Quem é esse profissional de natureza cientifica, literária ou artística? É aquele profissional
que exerce atividade liberal, por exemplo, médico, contador, advogado, pintores, escritores, enfim, os profissionais
liberais em geral se encaixam no paragrafo único do art. 966. Mesmo que o profissional liberal contrate
colaboradores ou auxiliares não será ele considerado empresário, não desnatura o exercício da atividade civil, ele
continua exercendo atividade civil, salvo se o exercício da atividade constituir elemento de empresa, se o empresário
se tornar elemento de uma organização empresarial, a entidade a qual ele pertence é uma entidade que exerce
atividade empresarial mesmo sendo um tipo de profissão intelectual, por exemplo, o médico no consultório exerce
atividade de natureza civil, o médico no hospital é um mero elemento de empresa, então a atividade que o médico
exerce no hospital é uma atividade empresarial, o médico no hospital é elemento de empresa, então o hospital
exerce atividade empresarial. Se o profissional intelectual preservar a sua autonomia ele exerce uma atividade de
natureza civil, se o profissional intelectual se tornar um mero elemento de empresa, a organização a qual ele
pertence será uma organização empresarial. 
E quando é que o profissional vai se tornar elemento de empresa? Quando ele deixar de ser a referência para sua
clientela. O médico em um consultório exerce uma atividade civil, porque as pessoas não vão ao consultório pelo
consultório, vão em busca do profissional, do individuo, para serem atendidos por aquele profissional, diferente do
hospital em que o médico se tornou um mero elemento de empresa, o médico no hospital não é referência para
clientela, as pessoas vão em busca da instituição, a referência é a instituição, as pessoas vão pela instituição não pelo
profissional. Quando se trata de clinica tem que verificar o caso: se a referência é o médico ou a instituição, para
tanto observa - se a referência é o profissional , conseqüentemente a atividade que o profissional exerce é civil, por
exemplo, se o médico sai da clinica e a clientela o acompanha. Porém, se a referência é a clinica, por exemplo, o
médico sai da clinica, mas a clientela não acompanha, conseqüentemente tem-se aí uma atividade empresarial. 
Enfim se o profissional é referência exerce atividade civil, se não é referência, ou seja, a referência é a instituição
atividade empresarial. Tem que ver se essa preferência prepondera. O art. 16 do estatuto da OAB diz que: em síntese
o estatuto impede que a advocacia se organize de maneira empresarial. A razão de ser desse estatuto é evitar a
mercantilização da advocacia, por exemplo, publicidade em excesso, venda casada, essa era a essência do estatuto da
OAB coibir esse tipo de prática. É possível o enquadramento da advocacia com os parâmetros estabelecidos pelo art.
966 do CC.
A terceira hipótese de atividade civil é daqueles que exercem uma atividade rural. A partir da atividade rural, o
conceito de empresário deixa de ser material e passa a ser formal, isto é, um único elemento é que define a natureza
jurídica daquele que exerce atividade rural, qual seja, onde ele irá registrar, se na junta comercial ou no cartório civil.
Então para aqueles que exercem atividade rural é o lugar do registro o fator determinante para sua estruturação
como atividade empresarial, é o lugar do registro que definirá a natureza jurídica daqueles que exercem uma
atividade rural, se aqueles que exercem um atividade rural decidir pela realização do registro na junta comercial será
ele considerado empresário. Agora de outro lado, se ele decidir realizar o registro no cartório civil a atividade dele
será atividade civil. É importante ter cuidado, porque aquele que exerce atividade rural tem a faculdade de onde
fazer o registro e é essa escolha que determinará a sua natureza jurídica. O que define a natureza jurídica daquele
que exerce atividade rural é o local de registros, é o lugar do registro o elemento definidor da natureza jurídica de
quem exerce atividade rural, o registro é obrigatório, a faculdade esta em escolher onde fazer o registro, que será ou
na junta comercial ou no cartório civil, e essa escolha é que definirá a natureza jurídica de quem exerce atividade
rural. O registro para quem exerce atividade rural é constitutivo, enquanto que para os demais será declaratório.
Obs.: Conceito material é quando você tem vários requisitos a analisar. Formal é quando um único critério define o
objeto.
A quarta hipótese dentre aqueles que exercem atividade civil é a cooperativa, que esta parágrafo único no art. 982
do CC, este artigo estabelece que as cooperativas sempre serão consideradas sociedades simples e, o mesmo
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dispositivo estabelece que as sociedades por ações serão sempre consideradas sociedades empresárias, as
sociedades por ações são sociedades dividas em ações, temos duas em nosso ordenamento: a sociedade anônima e
a sociedade em comandita por ações, são sociedades divididas em ações e serão sempre sociedades empresárias.
Não tem exceção. A cooperativa tem que fazer seu registro na junta comercial, mesmo sendo a cooperativa uma
sociedade simples, portanto sujeitando-se ao regime de direito civil, mesmo assim, deve realizar seu registro na junta
comercial. Será a cooperativa sempre uma sociedade simples por definição legal, serão sempre sociedades sujeitas
ao regime de direito civil. E as sociedades por ações serão sempre empresária sujeitando-se ao regime de direito
empresarial. Sociedade anônimas é sempre empresária. Aqui não importa o enquadramento no artigo 966 do CC, o
que importa é a definição legal.
VEDAÇÕES 
Vedações ao exercício da atividade empresarial. Temos duas: as vedações se dividem em incapacidade e proibições. A
incapacidade existe para proteger o individuo da coletividade, o ordenamento entende que o individuo não tem o
necessário discernimento para as praticas dos atos da vida civil e empresarial, por isso é que existe a incapacidade,
para proteger o individuo. Em ótica contrária, a proibição existe para proteger a coletividade daquele individuo
potencialmente nocivo ou que já se mostrou nocivo a coletividade. 
Temos dois tipos de incapacidade: os absolutamente incapazes que não tem nenhum discernimento e temos os
relativamente incapazes que tem o discernimento reduzido. Os absolutamente incapazes são protegidos pelo instituo
da representação, aqui o próprio representante que pratica o ato em nome do incapaz. Enquanto os relativamente
incapazes são protegidos pelo instituto da assistência, aqui o incapaz pratica o ato e o assistente apenas confirma. O
emancipado é plenamente capaz. Quais são as cinco formas de emancipação? (ver no livro de civil). O incapaz pode
ser sócio de uma sociedade desde o começo dela, mas para isso alguns requisitos devem ser observados, são os
requisitos do art. 974, §3º do CC, este artigo diz: se o incapaz figurar como sócio da sociedade alguns requisitos
devem ser observador:
a) O capital social tem que ser integralizado à vista (aquele capital que permite quea sociedade caminhe com
as próprias pernas);
b) O incapaz não pode ser administrador da sociedade;
c) O incapaz tem que estar representado se for absolutamente incapaz e assistido se for relativamente incapaz.
Quanto à sociedade já resolvemos e quanto ao empresário individual, o incapaz pode ser empresário individual? O
incapaz NUNCA pode iniciar uma atividade como empresário individual. Ele só pode no máximo continuar uma
atividade como empresário individual, iniciar NUNCA, mas continuar ele PODE. Ou uma atividade herdada ou uma
atividade iniciada por ele quando ele era capaz, agora ele só pode continuar mediante autorização judicial constante
de alvará, este alvará deve conter a relação dos bens pessoal do incapaz ao tempo da sucessão. Os bens pessoais do
incapaz estarão protegidos do eventual insucesso da atividade, então se tudo der errado o credor não vai poder
invadir o patrimônio particular do incapaz, os bens do incapaz ao tempo da sucessão estarão protegidos se constar
do alvará, agora se o bem que consta no alvará for empregado na atividade empresarial ele perde essa proteção. 
Obs.: lei que criou a FUNAI – 6.001/1973 – 
A proibição existe para aqueles que já se mostraram nocivos ou potencialmente nocivos para o exercício da
atividade, por isso que eles vão ser proibidos de exercer a atividade empresarial. 
O primeiro proibido de exercer a atividade empresarial é o falido até a reabilitação, o falido é reabilitado quando
houver a extinção de todas as suas obrigações civis e penais. Ele não falou apenas em pagamento, mas sim extinção. 
O segundo proibido de exercer a atividade empresarial é aquele condenado por crime incompatível com o exercício
da atividade empresarial, por exemplo, crimes contra a ordem econômica, contra sistema financeiro nacional, crimes
contra a previdência, contra as relações de consumo, são exemplos de crimes incompatíveis com o exercício da
atividade profissional. 
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Raphaela Macedo
O terceiro proibido de exercer atividade empresarial é o leiloeiro, porque o leiloeiro é um agente auxiliar do
empresário, então se o leiloeiro também for empresário ele pode utilizar de informações privilegiadas decorrentes da
condição de leiloeiro para se beneficiar.
O quarto proibido é o funcionário público, só que existem vários níveis da proibição do funcionário público, depende
da função que ele ocupa, por exemplo, procurador do estado pode exercer atividade empresarial plenamente, pode
ser empresário individual, pode ser administrador de uma sociedade, já o juiz não, o juiz pode ser sócio de uma
sociedade, mas não pode ser empresário individual e não pode ser administrador de uma sociedade e o auditor fiscal
da receita antigamente não podia ser nada, nem mesmo sócio. – PERGUNTAR AO PROF.
(- apenas para saber: pode o procurador do estado participar de licitação desde que não seja no estado no estado ao
qual é vinculado)
O quinto proibido de exercer atividade empresarial é o estrangeiro, em alguns ramos de atividade tem algumas
limitações, uma proibição, é que a própria CF proíbe o estrangeiro de deter mais do que 30% (art. 222 da CF) de
participação societária de empresas jornalísticas e de rádio de fusão, além também de não poder coordenar a
programação. Brasileiro naturalizado pode. Também existe restrições a participação de estrangeiros em empresas de
aviação civil. Brasileiro nato pode
O sexto e ultimo proibido de exercer atividade empresarial é o devedor do INSS (Instituo Nacional do Seguro Social). 
Então esses são os proibidos, obvio que se um proibido exercer irregularmente a atividade empresarial não pode
alegar que era proibido para não cumprir sua obrigação.
PREPOSTOS 
É toda mão de obra do empresário, seja mão de obra direta ou mão de obra indireta, os atos praticados pelos
prepostos vinculam o empresário preponente, desde que atendam a dois requisitos: objeto e lugar. O ato tem que
ser praticado no lugar em que a atividade é exercida e tem que está relacionado com o objeto da atividade. Por
exemplo, você entra em uma loja de móveis e chegando nesta loja, o vendedor lhe oferece uma cadeira que não
estava a venda, e chegando em casa você ao usá-la cai da cadeira, pergunta-se: você pode demandar o empresário
para ressarcir os prejuízos causados? Com certeza, porque o ato foi praticado no lugar em que a atividade é exercida
e esta relacionado com o seu objeto, venda de bens móveis, e a cadeira foi comprada dentro da loja. Então o ato
praticado pelo preposto vincula o preponente, o empresário responde pelos danos causados pela venda da cadeira
quebrada. Agora, o empresário depois terá o direito de regresso contra o preposto, mas perante terceiros o
empresário tem responsabilidade. Agora se você vai na mesma loja e o vendedor de oferece um par de tênis assim,
só que esse tênis é defeituoso e você acaba sofrendo um acidente, pergunta-se: o empresário responde pelo seu
preposto? O tênis foi vendido dentro da sua loja, atendeu, portanto ao requisito do lugar da atividade, porém não
tem nada haver com o objeto de sua atividade, a loja de móveis não vende tênis, nesse caso o empresário não
responde. outrossim, se o empresário oferece o serviço de entrega em domicilio, venda por telefone, venda por
internet, o ato praticado pelo preposto neste espaço vincula o preponente. Se for uma relação de consumo o CDC diz
que oferta irrisória não vincula o empresário preponente
AULA 06 – 27.03.12
(CONTINUAÇÃO) Prepostos do empresário = o CC coloca dois prepostos em destaque: gerente e o contador. 
O gerente é o preposto que tem funções de chefia, função de comandar a operação da atividade empresarial, mas o
empresário pode limitar os poderes do gerente, para que essa limitação produza efeitos perante terceiros tem ela
que ser feita por escrito e arquivada na junta comercial, para dá publicidade, caso contrário só surtirá efeitos entre o
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Raphaela Macedo
empresário e o gerente. Qualquer pessoa capaz pode ser gerente não se exigindo nenhuma habilitação específica,
apesar de existir um pleito dos conselhos de administração para que seja bacharel em administração e tenha registro
no conselho de administração, mas esse pleito não vai a lugar nenhum, pois o gerente é preposto facultativo, o
empresário tem gerente se quiser, se exige qualquer habilitação, o empresário simplesmente não contrata gerente,
ou então da outro nome.
O contador é o preposto do empresário responsável por sua escrituração e o contador tem que ter habilitação
especifica em contabilidade e registro no conselho competente. E é preposto obrigatório, por isso pode se exigir
formação especifica em contabilidade e registro no órgão competente. O contador é preposto obrigatório, salvo nas
localidades onde não existir contador, nesses casos, o empresário está autorizado a fazer a sua própria contabilidade.
REGISTRO DE EMPRESA = a primeira obrigação do empresário é registrar-se na junta comercial.
Histórico 
A primeira notícia histórica de registro de empresas é das corporações de oficio medievais. As corporações de oficio
medievais foram as primeiras a registrar os artesãos.
No Brasil a primeira notícia acerca do registro é de 1808 com o alvará real de 23 de agosto, esse alvará não tem
número, pois na época não existia mais de uma lei por dia, as normas eram identificadas pela data. E é o mesmo
alvará que criou o Banco do Brasil e o Tribunal da Real Junta do Comercio Agricultura Fábrica e Navegação, e este
tinha dois grandes defeitos: (a) só existia na capital e (b) funções incompatíveis, a função judicante atrelada à função
executiva de realizar o registro. Essa esse tribunal que ia julgar o registro feito por ele mesmo, então poderia se
beneficiar.
Em 1805 um dos defeitos foi corrigido, o Tribunal passou a se chamar apenas Tribunalde Comércio e foram criados
os Tribunais de Relação. Os tribunais de comércio ficavam nas capitais e os Tribunais de Relação ficaram localizados
no interior.
Em 1875 que o segundo problema foi resolvido, foram criadas as juntas comerciais e as inspetorias regionais, as
juntas ficavam nas capitais juntos com os Tribunais de Comércio e as inspetorias ficavam no interior com os Tribunais
de Relação. Logo, o Tribunal de Comércio e Tribunais de relação continuou com a função judicante e as juntas e
inspetorias com a função executiva.
Em 1889, com a proclamação da República, as juntas e inspetorias passaram a competência dos estados, o que foi
muito ruim, porque tem um grande problema, cada estado fazia registro como bem entendia, se o comerciante
quisesse fazer registro em um estado e depois em outro, não haveria barreiras.
Com a CF de 1946 a União permaneceu apenas com a função legislativa do registro, enquanto os estados ficaram a
função executiva do registro, e é esse o sistema atual. Ou seja, a União diz como deve ser feito o registro e o estado
faz. Esse sistema atual, hoje está consolidado na Lei de Registros (8934/94), essa lei foi que criou o SINREM.
SINREM 
Sistema Nacional de Registro de Empresa. Esse sistema é dividido em duas esferas: (a) no âmbito federal o órgão é o
DNRC (Departamento Nacional de Registro de Comércio) é vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Indústria e
Comércio Exterior, que hoje é chefiado por Fernando Pimentel e no (b) âmbito estadual o órgão responsável é a junta
comercial.
O DNRC tem diversas funções, a primeira é a legislativa, cabe ditar as regras de funcionamento do registro de
empresas do Brasil e é exercida através das instruções normativas. A segunda função é a fiscalizadora, pois já que cria
as leis, ele mesmo que fiscaliza se estão corretas. A terceira função é a correcional, não pode ser confundida com
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função correicional, correção é refazer do modo adequado, já correição é o processo de punição de quem cometeu
erro. O DNRC não pune funcionário, apenas corrige o registro, é o governo estadual que pune o funcionário que
cometeu erro. A quarta função é a de manutenção do cadastro nacional de empresas, quem faz o registro é a junta,
pega as principais informações e manda para o DNRC.
A junta comercial é um órgão estadual que tem como principal função executiva, a junta vai realizar o registro
conforme as orientações do DNRC. A junta quando vai analisar o registro, faz um exame formal, e não material, não
interfere no conteúdo. O único aspecto material que a junta pode examinar é a flagrante ilicitude do objeto, que se o
objeto for flagrantemente ilícito a junta pode apontar o ilícito de objeto. A segunda função da junta é de
assentamento dos usos e práticas mercantis, o direito empresarial é o ramo do direito que tem maior vinculação a
realidade, os costumes da região influenciam sobre maneira as regras empresariais, por isso são incorporados
formalmente, o que não acontece em nenhum outro ramo do direito, e pode servir de base para a decisão judicial. A
terceira função da junta é de servir de órgão profissional para os auxiliares do empresário, tradutores públicos,
intérpretes comerciais e leiloeiros e são matriculados na junta comercial. E a quarta e última função, é a expedição
de carteiras profissionais destes auxiliares
AULA 07 – 03.04.12 (Digitação Carine)
ATOS DO REGISTRO 
O registro é o gênero que comporta três espécies: (1) matrícula; (2) arquivamento; e, (3) autenticação, são os três
atos do registro de empresa.
MATRICULA 
Já foi o ato de registro do empresário, não é mais, atualmente é o ato de registro dos auxiliares do empresários,
quem são estes? Tradutores públicos, leiloeiros e interpretes comerciais. Tínhamos outros dois auxiliares que não
existem mais, os administradores de armazém gerais e o trapicheiro. O trapicheiro é o administrador do trapiche, é
um armazém de pequeno e médio porte. Porém, com a invenção do contender isso acabou, porque simplesmente a
mercadoria é transportada da mesma forma que é armazenada. 
ARQUIVAMENTO 
É o ato de registro do empresário individual, e de constituição a alteração e dissolução das sociedades empresárias.
O prazo para arquivamento é de 30 dias a contar da pratica do ato que você vai arquivar na junta comercial. O
arquivamento feito dentro do prazo retroage convalidando todos os atos anteriormente praticados, o arquivamento
dentro do prazo produz efeitos ex tunc, agora o arquivamento fora do prazo não retroage, nem convalida os atos
anteriormente praticados, somente produz efeito dali em diante, efeitos ex nunc. 
AUTENTICAÇÃO 
É um ato que tem dupla função, tem a função de veracidade e a função de regularidade. A função de veracidade, por
exemplo, quando você leva a copia do documento e original para o cartório, o cartório autentica a cópia, e ao
autenticar a copia esta aferindo fé pública ao documento. Na junta é a mesma coisa, vai atribuir fé pública ao
contrato social. (áudio 48- só p. observar). E a função de regularidade, pois alguns documentos empresariais só são
considerados regulares se autenticados, a autenticação é requisito de regularidade de alguns documentos
empresariais. Os livros empresariais só são considerados regulares se autenticados.
EXAME DAS FORMALIDADES
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Quando a junta vai examinar um pedido de registro, ela só faz o exame formal desse pedido, a junta não faz o exame
material. O exame que a junta faz é um exame exclusamente formal, vai verificar se eles juntaram os documentos
necessários, se as clausulas contratuais estão presentes. Agora se o objeto for flagrantemente ilícito a junta pode
indeferir o pedido, e aí tem-se a análise material. Quando a junta tiver fazendo o exame das formalidades pode
encontrar dois tipos de vícios: um vicio insanável, atinge a validade do ato, exato.: contrato social assinado por
absolutamente incapaz sem representação, nesse caso o vicio é insanável, só cabe a junta uma única medida:
indeferir o pedido, porque o vicio atingiu a validade do ato. Já o vicio sanável, atinge a registrabilidade do ato, atinge
a eficácia do ato, então o vicio sanável, ex.: a ausência de um documento, de uma certidão. Bem como o vicio só
atinge a eficácia do ato, a junta vai converter o pedido em diligência para que o interessado possa atender a
exigência em até 30 dias. 
Esse é um vicio sanável, que pode ser corrigido, que atinge a eficácia a registrabilidade do ato.
PROCESSO DECISÓRIO 
Como a junta vai se comportar diante desse seu requerimento de registro? O primeiro ponto é: o ato que pretende
ser registrado quanto a sua categoria, ele pode ser de maior complexidade ou de menor complexidade. Os atos de
maior complexidade são decididos por um órgão colegiado, enquanto os atos de menor complexidade são decididos
de maneira singular. Temos dois colegiados na junta comercial: temos o plenário e temos as turmas,o plenário é
formado por todos os vogais (integrante da junta comercial = vogal) e as turmas é formada por alguns vogais. As
turmas decidem sobre os atos de maior complexidade, são eles: decidem sobre os atos de arquivamento
relacionados com a sociedade anônima S/A; sobre os atos de arquivamento relacionados aos grupos de sociedades e
consórcios de empresas; e sobre os atos de arquivamento relacionados as operações societárias.
E singularmente quem decide é o presidente da junta, mas ele delega essa função ou para um vogal ou para um
funcionário da junta. Quais são os atos de menor complexidade? Os demais arquivamentos, as matrículas e a
autenticação. 
Os plenários tratam exclusamente dos recursos, tanto os recursos das decisões das turmas, quanto das decisões
singulares.As decisões colegiadas devem ser proferidas em até 5 dias úteis. E as decisões singular devem ser
proferidas até 2 dias úteis. A conseqüência da não decisão no prazo, é o registro tácito, é o registro por decurso do
tempo, considera-se o recurso deferido tacitamente.
PROCESSO REVISIONAL
Se você esta insatisfeito com a decisão proferida pela junta, você pode ir tanto a via administrativa, como a via
judicial, para reverter a decisão proferida pela junta. O processo administrativo de reversão da decisão proferida pela
junta, é chamado de processo revisional. A primeira medida do processo revisional é o pedido de reconsideração
destinado ao mesmo órgão julgador. O prazo de todos os atos do processo revisional é de 10 dias úteis. Então tem 10
dias úteis para entrar com o pedido de reconsideração. Se a decisão for mantida você pode interpor um recurso ao
plenário da junta comercial, então se mantido o indeferimento do pedido de reconsideração pode interpor recurso
ao plenário, se este mantiver o indeferimento, a última medida possível é o recurso ao ministro de estado do
desenvolvimento indústria e comercio exterior, na verdade esse recurso vai para o DNRC, que vai examinar e deferir
ou indeferir, se mantido o indeferimento não tem mais nada a faz na esfera administrativa, mas apenas na esfera
judicial.
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
CONCEITO
Estabelecimento empresarial não se confunde com o lugar onde a atividade exercida, o lugar onde a atividade é
exercida é chamada de ponto empresarial. O estabelecimento empresarial é o conjunto de bens (materiais e
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imateriais), créditos e direitos, do empresário que são utilizados no exercício da atividade econômica organizada. É
isso que compõe o estabelecimento comercial. 
O estabelecimento patrimonial não é patrimônio empresarial, porque patrimônio empresarial é tudo que o
empresário possui, a diferença desse patrimônio empresarial para o estabelecimento empresarial, é que o
estabelecimento é parcela do patrimônio empresarial utilizada no exercício da atividade. (01:34 – exemplo no áudio).
O estabelecimento pode ser objeto de valoração econômica, posso valorar economicamente o estabelecimento, para
essa valoração, além de somar o valor dos bens que o compõe, tem que agregar ao valor do estabelecimento o
aviamento, o aviamento é o valor agregado ao estabelecimento em razão de sua organização, quanto mais
organizado é o estabelecimento maior será o valor do aviamento, e conseqüentemente maior será o valor do
estabelecimento. O aviamento é valor agregado ao estabelecimento em razão da organização. (ex.: a partir de 01:43
do áudio). 
TRESPASSE
Se eu posso atribuir um valor econômico ao estabelecimento, o mesmo pode ser objeto de alienação. O trespasse é a
alienação do estabelecimento empresarial, mas veja só, estou alienando o bem mais importante do empresário e
com certeza alienando a principal garantia dos credores. Os requisitos para o trespasse são:
 O contrato de alienação, o contrato de trespasse tem que ser escrito para que possa ser arquivado na junta
comercial;
 Publicação da alienação na imprensa oficial;
 Anuência ou concordância de todos os credores; obs.: se o patrimônio restante for suficiente para saldar
todas as dividas do empresário, ele não precisará da anuência dos credores, o patrimônio restante (aquilo
que sobra depois que aliena o estabelecimento) deve ser solvente (suficiente para saldar as suas dividas). 
Na alienação de bem coletivo, o acessório acompanha o principal, sendo assim, as dividas vinculadas ao
estabelecimento e devidamente contabilizadas são transferidas ao adquirente, mas, o alienante continuará
solidariamente responsável por elas. O alienante continuara solidariamente responsável por ele no período de 1 ano
a contar da alienação para as dividas vencidas, e 1 ano a contar do vencimento para as dividas vincendas. 
Existem duas exceções a essa regras: a primeira é das dividas trabalhistas e a segunda exceção é das dividas
tributárias. As dividas trabalhistas seguem o entendimento extraído dos art. 10 e 448 do CLT, enquanto as dividas
tributárias seguem o entendimento extraído do art. 133 do CTN. O entendimento extraído pelo TST e TRT em geral,
menos o de Capinas, entendem que as dividas trabalhistas também se transfere ao adquirente, só que o alienante
será subsidiariamente responsável por elas, por sua vez, o TRT de Capinas entende que tais dividas seria de
responsabilidade exclusiva do adquirente, que o alienante é irresponsável por essas dividas. Para o professor o
entendimento do TST e do TRT é absurdo, e principalmente o de Campinas. (02:06 do áudio – o que o prof. Acha). 
Por sua vez, as dividas tributárias segurem o entendimento extraído do art. 133 do CTN, em relação aos débitos
tributários, se o alienante continuar a exercer qualquer outra atividade econômica, ou parar e voltar antes de seis
meses, a responsabilidade tributária continuará com ele e subsidiariamente do adquirente. Se o alienante encerrar
definitivamente o exercício de qualquer atividade econômica ou parar e voltar depois de seis meses a
responsabilidade tributária será integralmente do adquirente.
AULA – 31.03.12 (aula de reposição – Digitação Carine)
LOCAÇÃO EMPRESARIAL
PONTO EMPRESARIAL – ESTABELECIMENTO DIFERENTE DE LUGAR
A locação empresarial é tratada pela lei 8245\1991. Ela prevê dois tipos de locação: residencial e a não residencial,
que é usada para o exercício de uma atividade econômica (empresariais e não empresariais). A que nos interessa
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aqui é a locação não residencial empresarial. Ela é marcada por duas características – tem como locatário
empresário e nela o imóvel é utilizado no exercício da atividade.
Em que a locação empresarial difere da locação residência? É que na locação residencial não há uma vinculação do
morador ao imóvel, já na empresarial há. Se o empresário trocar de endereço é grave, a clientela vincula a atividade
econômica àquele endereço. Isso é muito importante, é o caso do shopping Salvador, que se instalou naquele
endereço para se apropriar dos clientes do 3º piso do Shopping Iguatemi.
É por isso que o ordenamento, ou seja, a lei de locação prevê um instituo específico para proteger a locação
empresarial, que é o direito de inerência ao ponto.
DIREITO DE INERÊNCIA AO PONTO 
É uma proteção dada a uma locação não residencial. É o direito que tem o locatário de renovar o contrato de locação
mesmo que o locador não queira. Agora, tem requisitos e exceções. 
Os requisitos são para a renovação compulsória do contrato de locação:
→ Requisitos ao direito de inerência ao ponto = o contrato de locação tem que ser escrito e tem que ter prazo
determinado. Se o contrato for oral ou em prazo indeterminado, não há que falar em direito.
→ Ter o locatário pelo menos cinco anos (de contrato) sem interrupção do contrato ou contratos, inclusive com
diferentes titulares desde que entre eles tenha se mantido o vínculo jurídico inter vivos (o comprador pode usar o
tempo de contrato do vendedor do estabelecimento) e mortis causa (o filho pode aproveitar o tempo do pai, já que
ele herdou o ponto do pai). 
A jurisprudência tem demonstrado que apenas uma interrupção de até 120 dias não desnatura o contrato.
Os donos do estabelecimento agiam de má fé (faziam isso recorrentemente, na tentativa de burlar, fraudar o direito
de inerência ao ponto, por isso a jurisprudência firmou entendimento de que uma interrupção de até 120 dias na
qual a continuidade da atividade não fosse afetada, não impediria que o direito fosse aplicado.
→ Ter o locatário pelo menostrês anos de efetivo exercício na mesma atividade quando da propositura da ação
renovatória. Qual o prazo de propositura da ação renovatória? É o primeiro semestre, faltando um ano para terminar
o contrato. Esse prazo é decadencial, isto é, é um prazo que não se suspende e não se prorroga. Por quanto tempo
vai renovar o contrato? Pelo mesmo período em que ele foi estabelecido. Posso propor uma renovatória? Quantas eu
quiser... 
O proprietário vai perder o estabelecimento? Não, pois ele recebe o aluguel, e, além disso, são cinco casos em que o
proprietário pode reaver seu imóvel (lei de locações, cinco exceções estão nos artigos 52 e 72)
São cinco as hipóteses de exceções de retomadas, propostas nas ações renovatórias. O locatário pode usar cinco
defesas para reaver seu imóvel. Elas são:
→ Uso próprio = expressão máxima de propriedade (eu quero usar, desde que ele use, ele pode tomar, não importa
para que ele use, só não pode usar para a mesma atividade, o proprietário fica impedido por 5 anos de usar o imóvel
para a mesma atividade para evitar a concorrência desleal, exceto se ele já exercia aquela atividade naquele imóvel
imediatamente antes da locação quem vinculou a clientela foi esse locatário).
→ A reforma substancial do prédio locado = imposta pelo poder público ou para a ampliação do imóvel. Nesse caso,
o proprietário tem que iniciar a obra até três meses após o encerramento do contrato.
→ A proposta de renovação insuficiente em relação ao valor de mercado. 
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→ A proposta melhor de terceiro = Neste caso, estou tendo um ganho financeiro e por isso tenho que indenizar o
locatário. O proprietário e o terceiro proponente responderão solidariamente pela indenização pela perda do ponto.
→ A transferência de estabelecimento existente há mais de um ano = Essa transferência deve ser feita de cônjuge
para o ascendente ou descendente do proprietário do imóvel. Não vou renovar, pois vou transferir para cá a loja de
sapato de meu pai que já existe há mais de um ano. Atenção: essa regra não se aplica à descendentes colaterais.
II UNIDADE
AULA 09 – 17.04.12
DIREITO CAMBIÁRIO
TÍTULO DE CRÉDITO
CONCEITO = ramo do direito empresarial que estuda o título de crédito enquanto instrumento de circulação da
riqueza produzida pelo empresário. A razão de ser e o fundamento de existência do titulo de crédito e que surgiu
para dá maior segurança jurídica.
Surgiu na idade média, com as invasões bárbaras as pessoas começaram a se aglutinar nos feudos e isso enfraqueceu
os estados nacionais. Só que essa vinculação com o feudo não durou muito tempo, algumas pessoas começaram a
fugir dos feudos, levando a produção excedente para trocar com o outro, os entrepostos comerciais, que eram
chamados de burgos e os habitantes eram chamados de burgueses.
Os habitantes dos burgos começaram a reavivar as relações comerciais perdidas na idade média. Os burgos
cresceram e formaram a criar cidades e por isso os feudos se enfraqueceram. As cidades passaram a ser núcleos
autônomos, não só de relações comerciais, como também de convivência e de poder. As cidades começaram a ter
moedas próprias, representantes próprios, ou seja, uma vinculação praticamente autônoma, diversa dos estados
nacionais.
Mas o individuo que queria estabelecer uma relação comercial entre cidades, se transitasse com riquezas, seria
objeto de sacas, de assalto e nesse período surge a lenda de Robin Hood, pelo sentimento egoísta da distribuição,
pois distribuía parta da riqueza com o objetivo de garanti e assegurar o apoio da população que viva nas florestas,
então ele não era entregado, o protegia. 
Então, para transitar entre cidades, sem ser objeto de assalto, nasce o título de crédito para resolver esse problema.
Letra de cambio é o titulo que serve de base para todo direito cambiário moderno, então será estudada
substancialmente, que surgiu na idade média. Justamente na intermediação entre as cidades. A tradução correta
seria carta de cambio, mas essa expressão já se popularizou.
Essa função também pode ser vista hoje me dia, por exemplo, João teve um cliente que tinha uma fazenda e vendeu
alguns bois para um frigorifico na Tancredo neves, recebeu o pagamento em dinheiro e não quis depositar na Caixa e
nem no Banco do Brasil, pois queria transferir na conta do Itaú, pegou o dinheiro, saiu com o carro, foi até o Banco
Itaú em frente ao Hiperposto, ao parar na frente, um motoqueiro pediu o dinheiro do envelope, perdeu 68 mil reais,
para economizar R$ 8,50, que é a função da transferência eletrônica, ou então um cheque, que se paga uma tarifa a
depender do valor.
Ou seja, o titulo tem a função de promover segurança para a transferência de riqueza. Garante que a proteção da
riqueza.
Até março de 2010 João Glicério falava que os títulos de crédito estavam acabando, porém, hoje se arrepende de ter
feitos tais afirmações, pois os títulos de credito tiveram uma drástica redução na sua utilização, especialmente com a
informatização dos sistema dos bancos, na verdade, duas categorias: uma foi extinta e a outra chegou a beira da
extinção. O estivador, por exemplo, deixou de existir com a criação do container, o porto de santos tinhas 60 mil
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estivadores, hoje, não tem nenhum estivador, porque quando o container foi criado, as mercadorias passaram a ser
transportadas da mesma forma que são armazenadas.
A categoria dos bancários chegou muito próximo à extinção, por exemplo, uma agência com numero mínimo possível
de clientes, tinha cerca de quarenta e cinco funcionários na década de 80, hoje essa mesma agencia tem quatro
funcionários, menos de 10% para a quantidade anterior. Antigamente, greve de banco era sinônimo de caos, hoje em
dia, as pessoas demoram certo tempo para perceber a greve, pois a maioria das atividades bancárias decorre
independentemente dos funcionários.
Mas em março de 2010, João percebeu que ainda existem alguns setores que ainda utilizam os títulos de crédito,
deixaram de ser substancialmente utilizados, mas ainda têm a sua importância, sua utilização.
Diante disso, o conceito de título de crédito, mais técnico que facilita a compreensão, mas existe também o conceito
mais festejado pela doutrina e adotado pelo CC.
O conceito técnico é que título é um documento que representa algo, por exemplo, título de eleitor, é um documento
que representa o cidadão como eleitor, que pode votar. Título é um documento que representa uma relação jurídica.
Crédito vem do latim credere e significa “crer”, acreditar, confiar, na acepção econômica, crédito é a troca de um bem
presente por um bem futuro. 
Então, tecnicamente, título de crédito é um documento representativo de uma obrigação pecuniária futura, pautada
na confiança. Obrigação pecuniária futura, pois o que recebe é o título, que posteriormente será trocado por
dinheiro.
Existe o conceito mais festejado pela doutrina que foi concebido pelo professor Cerase Vivante e inclusive é o
conceito adotado pelo CC, está no art. 887. Esse conceito é festejado porque já contempla no seu conteúdo os três
princípios gerais do direito cambiário, as três características dos títulos de crédito: necessário, exercício do direito
literal e autônomo.
Quando fala em documento necessário está se referindo ao princípio da cartularidade, quando fala em literal, se
refere ao princípio da literalidade e autônomo é o princípio da autonomia.
AULA 10 – 24.04.12
PRINCÍPIOS = são também as características do título cambiário. É na verdade, o conceito previsto no art. 887 do CC.
O conceito é o mais festejado porque contempla os três princípios gerais do título de crédito: princípio da
carturalidade; princípio da literalidade; e princípio da autonomia, sendo

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