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TEORIA SOCIAL E O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL 
Claudia Regina Tenório Monteiro1 
pramonteiro@yahoo.com.br 
 
RESUMO 
As reflexões tecidas no presente artigo visam abarcar o desafio posto aos assistentes sociais no atual 
estágio societário onde as expressões da questão social assumem caráter crítico e expõe a 
humanidade a condições degradantes de existência. O projeto ético-político posiciona esse 
profissional a repensar seu fazer e adotar um referêncial crítco que o municie de conhecimentos e 
estratégias forjadas a partir desse acervo teórico recortado numa perspectiva crítica que contemple 
as contradições presentes nas relações sociais. O Serviço Social que ao longo de sua trajetória teve 
influência da escola franco-belga, o empiricismo norte-americano, o marxismo althusseriano, 
gramsciano, luckasciano, dentre outros, tem como tarefa uma vigilância epistemológica num campo 
de disputas para uma direção na sua cultura profissional. Necessariamente o projeto ético-político 
profissional precisa garantir as conquistas no campo teórico-metodológico para se manter crítico e 
combativo face aos atuais contornos do capitalismo predatório. As reflexões apresentadas no artigo 
revisitam a trajetória teórica-metodológica na profissão, já realizada por outros autores e avança 
sinalizando construções teóricas que devem compor o campo teórico na profissão, a partir de um 
debate interdisciplinar com escolas do campo sociológico. Assim, busca-se as bases para um 
arcabouço profissional fundado em estatutos que a qualifiquem como profissão que se quer 
comprometida com a emanciapção humana e uma sociedade sem exclusão, discriminação ou 
preconceitos. 
 
ABSTRACT 
The reflections woven in the present article aim to comprise the challenge put to the social workers 
in the current societarian traineeship where the expressions of the social question assume critical 
character and it exposes the humanity to degrading conditions of existence. The political-ethical 
project positions this professional to rethink his to do and a preferential critical to adopt him of 
knowledges and strategies forged from this theoretical heap cut out in a critical perspective that 
contemplates the present contradictions in the social relations. The Social Service that along his 
 
1 Assistente Social ( UFRJ ), Mestre em Serviço Social ( PUC-RIO ), Docente e Pesquisadora da Universidade 
Estácio de Sá 
trajectory had influence of the school Belgian-frankly, the North American empire, the Marxism 
althusserian, gramascian, luckascian, among others, takes a vigilance as a task epistemological in a 
field of arguments for a direction in his professional culture. Necessarily the political-ethical 
professional project needs theoretician – methodological guarantees the conquests in the field in 
order that face to remain critical and combative to the current outlines of the predatory capitalism. 
The reflections presented in the article re-visit the trajectory theoretician - methodological in the 
profession already carried out by other authors and it advances signaling theoretical constructions 
that must compose the theoretical field in the profession, from an interdisciplinary discussion with 
schools of the sociological field. So, the bases are looked for a professional outline been based on 
statutes that qualify it like profession that is wanted compromised to the human emancipation and a 
society without exclusion, discrimination or prejudices. 
 
Palavras-chave: Projeto ético-político; Teoria Social Crítica; Serviço Social 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Algumas discussões ao longo da história, ganharam centralidade no Serviço Social, temas 
sobre a cientificidade, instrumentalidade, dentre outras; o desafio que se coloca no contexto atual é 
identificar na cultura profissional uma discussão ética-política, principalmente no âmbito da teoria 
social. Como já sinalizado por SOUZA ( 1997 ) ao final do século XX, que “ a simetria antagônica 
da solidez do capitalismo e do marxismo e a história das estratégias de cada um deles para dissolver 
o outro no ar constituem uma das narrativas centrais “. Resultante disso foi a abertura de espaço que 
a Sociologia permitiu a construção de ´marxismos ´ e até o pós-marxismo dentre seus quadros ( 
SOUZA, 1997 ). No caso específico do Serviço Social, NETTO ( 1996 ), argumenta que a cultura 
profissional tende a ser mais conflituosa nos períodos democráticos, visto a busca de diversas 
correntes ídeo-políticas procurarem dar uma direção social estratégica para a profissão. 
 O objetivo desse artigo é chamar a atenção para essa necessidade de clareza teórica, sob o 
risco de retrocesso ao pragmatismo e ecletismo em tempos de concretização da proposta ético-
político do Serviço Social. Essa concretização está necessariamente caucada no permanente 
processo de luta pela hegemonia quanto a direção social do universo acadêmico-profissional da 
profissão. Os paradigmas teóricos-metodológicos de análise da realidade e que orientam os 
profissionais também estão comprometidos. É necessário não apenas uma leitura aprofundada da 
herança marxista se quisermos tecermos aprofundamentos em torno do projeto ético-político, pois 
as questões que o desafiam na contemporaneidade são múltiplas. Trata-se de uma projeção coletiva 
que envolve sujeitos individuais e coletivos em torno de uma determinada valoração ética que está 
intimamente vinculada a determinados projetos societários presentes na sociedade que se 
relacionam com os diversos projetos coletivos ( profissionais ou não ) em disputa na mesma 
sociedade. 
 
A TEORIA SOCIAL CRÍTICA NO SERVIÇO SOCIAL 
 
 Após quase quatro décadas de conservadorismo teórico-metodológico, o Serviço Social 
conseguiu avançar numa elaboração literária que subdiasse seus profissionais na leitura da realidade 
que o permitisse ir além da aparência da manifestação da questão social. 
 A ruptura foi possível com o ingresso do marxismo enquanto referencial hegemônico. Essa 
aproximação não se deu sem entraves, ao contrário, foi marcado por vieses contraditórios. 
Althusser, Gramisci quando foi possível uma consolidação acadêmica. 
 NETTO ( 1991 ) apresenta três momentos da Intenção de ruptura: o primeiro momento é 
quando se dá a sua emersão com a elaboraçaõ do Método de BH até a demissão desse grupo da 
Universidade Católica de Minas Gerais; composto por uma minoria que havia feito uma opção pela 
participação política e cívica; esses estavam referenciados em Louis Althusser que entendia as 
instituições enquanto aparelho ideológico de Estado, levando muitos profissionais a vislumbrarem 
na comunidade a prática privilegiada. 
 A tradição marxista concebe o estado como um aparelho repressivo, uma máquina de 
repressão que permite às classes dominantes assegurar a sua dominação sobre a classe operária, 
extorquindo desta última a mais-valia. O Estado é, antes de qualquer coisa, o Aparelho de Estado, 
termo que compreende não somente o aparelho especializado, mas também o exército (que intervém 
como força repressiva de apoio em última instância), o Chefe de Estado, o Governo e a 
Administração, definindo o Estado como força de execução e de intervenção repressiva a serviço da 
“classe dominante “ . 
 PPaarraa BBAARRRROOCCOO (( 22000077)) oo iiddeeáárriioo oorriiuunnddoo ddee AAlltthhuusssseerr aapprreesseennttaa ppeerrssppeeccttiivvaa eessttrruuttuurraalliissttaa ee 
tteennddêênncciiaa ppoossiittiivviissttaa,, ddeessppoojjaaddaa ddoo hhuummaanniissmmoo ee ddaa iiddeeoollooggiiaa,, qquuee ppooddeerriiaa mmaaiiss sseerr qquuaalliiffiiccaaddoo 
ccoommoo uumm aannttii--hhuummaanniissmmoommaarrxxiissttaa..FFooii uummaa ccoonnttrriibbuuiiççããoo ppeerrmmeeaaddaa ppeelloo eecclleettiissmmoo tteeóórriiccoo,, uummaa 
IIddeeoollooggiizzaaççããoo eemm ddeettrriimmeennttoo tteeóórriiccoo--mmeettooddoollóóggiiccoo ee ttoommaaddaa ssiimmpplliiffiiccaaddaa ddoo rreeffeerreenncciiaall mmaarrxxiissttaa.. 
 PPoosstteerriioorrmmeennttee vveemm aa ccoonnssoolliiddaaççããoo aaccaaddêêmmiiccaa,, ee ttaammbbéémm aa rreeccuuppeerraaççããoo ddoo pprroojjeettoo ddee rruuppttuurraa 
ccoomm oo pprroocceessssoo ddee rreeddeemmooccrraattiizzaaççããoo nnaa AAmméérriiccaa LLaattiinnaa.. IInnfflluuêênncciiaa ddee GGrraammssccii,, MMiilliittâânncciiaa 
ppoollííttiiccoo--pprrooffiissssiioonnaall aallccaannççaa mmaattuurriiddaaddee ee aa OOrrggaanniizzaaççããoo ssiinnddiiccaall eemm nniivveell nnaacciioonnaall ddooss 
AAssssiisstteenntteess SSoocciiaaiiss ssããoo aass pprriinncciippaaiiss ooccoorrrrêênncciiaass nneessssee mmoommeennttoo.. 
 No amadurecimento da tradição marxista recorre-se à ontologia social. Recupera o 
pensamento de Marx e demonstra como e em que medida ele é uma ontologia do ser social, uma 
investigação do que o Ser social é. Marx inaugura uma nova concepção de mundo ao colocar o 
homem como o único e grande protagonista da história. Entende que: 
 
 A superação do capitalismo é um processo desencadeado pelo 
 proletariado, no sentido de sua auto-supressão, ou seja, de 
 superação da existência de classes sociais, da criação de 
 condições para uma (re) apropriação universalizante da riqueza 
 humana construída historicamente . ( BARROCO, 2007 ) 
 
 A inserção do marxismo no Serviço Social no nível da academia é algo consolidado e 
amdurecido, não se pode dizer o mesmo dentre a categoria profissional. Nas observações do campo 
é comum encontrarmos desconhecimentos e imprecisões quanto ao marximo e até mesmo 
justificarem uma completa ausência de reflexão teórica crítica X prática/intervenção, tido até 
mesmo como dicotômicos2. Essa inserção trouxe um tendencionamento à estatização, ou pelo 
menos o acentuamento reificado no papel do Estado ideologicamente defendido pela esquerda, 
entretanto para o contexto democrático. 
 
A AMEAÇA NEOLIBERAL 
 
 Com a complexificação da sociedade moderna, trazendo a eclosão da questão social, 
passaram a constar na agenda estatal, a regulação e intervenção na economia e na vida social, 
visando enfrentar os conflitos relacionados ao capital e trabalho, surgindo o Estado de Bem-Estar. 
A definição desse modelo é trazida a partir de uma leitura que define o Estado de bem-estar como 
um conjunto de serviços sociais providos pelo Estado, em dinheiro ou espécie, assim como a 
regulação das atividades privadas de indivíduos e empresas. Acusam esse modelo de trazer uma 
expansão da burocracia e da hierarquia, desperdiçando recursos, técnicas de programação e gestão 
de forma a impedir o controle dos trabalhadores sobre a burocracia estatal, sinalizando que um 
Estado corporativista não beneficia os trabalhadores, nem na qualidade de vida, nem na extensão do 
 
2 Demanda uma investigação para melhor descrevermos essa situação entre os profissionais. 
controle democrático sobre as instituições públicas. 
O desgaste desse modelo, a despeito dos trinta anos gloriosos do Keynesianismo, expõe uma 
difícil relação entre o “Estado de Direito e Estado Social e, consequentemente, entre direito 
individuais, relacionados às liberdades burguesas (pessoal, política e econômica), e direitos sociais, 
relacionados à questão da igualdade e justiça sociais (participação no poder político e na 
distribuição da riqueza socialmente produzida)” (PEREIRA, 2001:34). Passa a ser buscado a 
refuncionalidade estatal numa paulatina transição do keynesianismo pelo monetarismo, justificado 
pelo excessivo gasto com políticas sociais públicas, a interferência negativa do mercado pelo Estado 
e um entendimento de ser pernicioso uma proteção social pública de forma redistributiva. 
Assim, houve uma mudança do Estado interventor pelo Estado-mínimo, sob escopo do 
excessivo gasto com políticas sociais públicas, a interferência negativa no mercado e um 
entendimento de ser pernicioso uma proteção social pública de forma redistributiva. Acusam esse 
modelo de trazer uma expansão da burocracia e da hierarquia, desperdiçando recursos, técnicas de 
programação e gestão de forma a impedir o controle dos trabalhadores sobre a burocracia estatal, 
sinalizando que um Estado corporativista não beneficia os trabalhadores, nem na qualidade de vida, 
nem na extensão do controle democrático sobre as instituições públicas. 
DOIMO (1995), ao desvendar o fenômeno da politização do social3 , observa que no Brasil, 
historicamente há uma ausência de democracia e de direitos de cidadania, que 
 
 Na verdade, a cultura política brasileira, erigida sobre uma concepção 
 hierárquica do mundo, imprimiu relações clientelistas tão profundas 
 em detrimento da cidadania política que jamais conseguiu consolidar 
 uma verdadeira esfera pública. (DOIMO, 1995). 
 
TELLES (1994), discorrendo sobre a construção do espaço público na sociedade civil, 
revela as contradições presentes, onde se por um lado, há a descoberta da lei e dos direitos, por 
outro há uma incivilidade cotidiana feita de violência, preconceitos e discriminações. Para a autora, 
ao que os neoliberais reclamam um tom auspício de modernidade, é o que há de mais atrasado na 
sociedade brasileira, “um privatismo selvagem que faz do interesse privado a medida de todas as 
coisas, que nega a alteridade e obstrui a dimensão ética da vida social” (TELLES, 1994 ). 
 MONTAÑO ( 2000 ) lembra que 
 
 o projeto neoliberal quer uma sociedade civil dócil, sem confronto, cuja 
 cotidianidade, alienada, reificada, seja a da ‘ preocupação ‘ e ‘ ocupação ‘ 
 ( não a do trabalho e lutas sociais ) em atividades não criadoras nem 
 
3 Politização do social, segundo a autora se configura na ação de “ao multiplicar as agências decisórias diretamente 
referidas aos interesses do cidadão comum e ao posicioná-lo como potencialmente co-responsável pelas decisões 
políticas correspondentes, o estado induz o indivíduo tanto a reivindicar aquilo que a ele foi posto como um direito, 
quanto a torná-lo um ator social diretamente relacionado às coisas da política” (1995:55). 
 transformadoras, mas voltadas para as ( auto -) respostas 
 imediatas às necessidades localizadas. 
 
A Sociedade Civil também precisa compreender e exercer protagonismo4. Não se pode 
unicamente entender essa colocação enquanto liberal ou neoliberal, mas a partir de Gramisci 
entender sua potencialidade. Cair num debate meramente Estado X Sociedade Civil implica abrir 
mão de questões que levam ao acentuamento/agudização da questão social, tal como a 
multiplicidade no tratamento da pobreza e novas metodologias de enfrentamento. 
O que se precisa salvaguardar é o potencial decisivo para a construção de uma nova 
hegemonia presente na sociedade civil. Conforme Simionatto (2006), o que após a globalização 
vem-se buscando como contracorrente é a agregação de forças5 preocupadas com a criação de uma 
sociedade civil articulada por movimentos transnacionais, ainda que não sejam portadores de um 
projeto universal, aomenos se propõem a rediscussão da esfera pública e dos valores democráticos. 
 Precisamos dar a devida atenção ao formulado por Montaño ( 2009 ) quando diz que a 
despeito do referencial crítico não conseguiu romper com a lógica fundacional, nem com sua 
tradição e seu fundamento genético.Como analisa o autor: 
 
 Nem a contundente crítica desenvolvida no mais importante 
 movimento da profissão na América-Latina desde sua criação, 
 a Reconceituação , conseguiu romper de vez com sua tradição 
 e seu fundamento genético, não indo além de uma ´ intenção 
 de 'ruptura ´ ( MONTAÑO, 2008 ) 
 
 
 O receio não fica por conta apenas da retomada do conservadorismo no meio profissional, 
mas é recriada novas clivagens sob diversas correntes teóricas, inclusive no interior do próprio 
marxismo ( MONTAÑO, 2008 ). 
 
O PROJETO ÉTICO-POLÌTICO COMO VIA DE MANUTENÇÃO DA CRITICIDADE 
 
 O desafio se instaura na própria dinâmica societária. Se por um lado a democracia foi um 
elemento sine qua non para o afloramento do aparato profissional crítico, por outro lado traz a 
necessidade de pensar e demarcar a continuidade da ruptura com o conservadorismo. 
 
4 As legislações colocam o papel do Estado e seus deveres entretanto ainda que o coloquem na condição de 
gestor, pressupõe complementariedade. 
5 Refere-se ao movimento non-global e aos Fóruns Sociais Mundiais 
 Através daquilo que tem sido denominado Projeto ético-político, o Serviço Social tem se 
posicionado em não deixar arrefecer o movimento de reconceituação, mas mantê-lo com a chama 
da leitura de legado marxista. Na conjuntura que passou a desenhar-se a partir da década de 90 com 
a cultura neoliberal e por outro lado a consolidação da democracia na política brasileira . 
 O projeto ético-político é construído a partir do projeto profissional de ruptura referenciado 
nas conquistas dos dois Códigos ( 1986 e 1993 ), nas revisões curriculares de 1982 e 1986 e no 
conjunto de seus avanços teórico-práticos construídos no processo de renovação profissional, a 
partir da década de 60 ( Barroco, 2007 ) e como define BRAZ( 2003 ) : 
 Trata-se de uma projeção coletiva que envolve sujeitos individuais 
 e coletivos em torno de uma determinada valoração ética 
 que está intimamente vinculada a determinados projetos 
 societários presentes na sociedade que se relacionam com os 
 diversos projetos coletivos ( profissionais ou não ) em disputa 
 na mesma sociedade. 
 
 Os projetos societários são avalizados por projetos profissionais, o que pode levar a 
afirmação de que os projetos societários são atravessados também por projetos de classe. O que 
torna muito profícua a discussão aqui levantada, entendendo que o Serviço Social tem sua 
determinação histórica mediada pelas necessidades originadas na relação Capital X Trabalho e pelas 
forças sociais, cujos projetos societários é funcional tratar as refrações da questão social como 
despolitizada. 
 O debate teórico-metodológico é um debate ético-político e que no interior da cultura 
profissional pode ser apresentado dentro de uma pluralidade, entretanto sem perder a perspectiva 
crítica alcança pela profissão. 
 Quanto às vertentes téorico-profissionais, para NETTO ( 1996 ) pode projetar as seguintes 
linhas em desenvolvimento na cultura profissional: 
z Manter-se-á a continuidade da vertente que se iniciou com a “ intenção de ruptura “. 
z Uma vertente de caria tecnocrático, herdeira da “ perspectiva modernizadora “, mas 
renovada pelo neoliberalismo e reciclada por outras teorias sistêmico-organizacionais. 
z Desenvolvimento da vertente neoconservadora, inspirada na epistemologia pós-moderna. 
z Vertentes que prepogam a desqualificação da teorização sistemática, pautada num 
anticapitalismo romântico, de glorificação do saber popular e apelo aos valores de 
solidariedade. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 O legado de Marx é um dos pilares das Ciências Sociais e o seu futuro poderá alterá-la e 
outros campos de saberes, inclusive o Serviço Social. Entretanto essas transformações dependem 
dos problemas e desafios dos pensadores de uma determinada época. Marx centrou suas análises 
nas transformações macro-sociais, construindo o materialismo histórico, onde as sociedades 
evoluem necessária e determinadamente em fases de acordo com o nível de desenvolvimento das 
forças produtivas que determina e explica a estrutura econômica da sociedade, entretanto “ estamos 
numa época em que a contingência parece sobrepujar a determinação “ ( SOUZA, 1997 ). O que 
exige entender os fenômenos políticos e culturais com dinâmicas especificas, sabendo que eles são 
cada vez mais políticos, econômicos e culturais. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BARROCO, Maria L. Ética e Serviço Social. Fundamentos Ontológicos. São Paulo: Cortez, 2008 
 
CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (7. 
Região). Assistente social: ética e direitos: coletânea de leis e resoluções. 4. ed. Rio de Janeiro, 
2006. 
 
DOIMO, Ana Ma. A Vez e a Voz do Popular: Movimentos sociais e participação política no Brasil 
pós-70. RJ: Relume-Dumará: ANPOCS, 1995. 
 
IAMAMOTO, Marilda Villela. A formação profissional na contemporaneidade: Dilemas e 
perspectivas. Conferência pronunciada na Oficina Regional de ABESS, Região Leste II.Rio de 
Janeiro: PUC-RJ, 1995. ( Mimeo ). 
 
NETTO, José Paulo.Ditadura e Serviço Social: Uma análise do serviço social no Brasil pós-64. São 
paulo: Cortez, 1991. 
 
________________. Transformações societárias e Serviço Social – notas para uma análise 
propectiva da profissão no brasil. Serviço Social e Sociedade. São paulo: Cortez, n. 50, 1996. 
 
MONTAÑO, Carlos. A natureza do Serviço Social: Um ensaio sobre sua gênese, a “ especificidade 
“ e sua reprodução. São Paulo:Cortez, 2007. 
 
_________________. Terceiro Setor e questão Social. Crítica ao padrão emergente de intervenção 
social. São Paulo: Cortez, 2002. 
 
 
PEREIRA, Potyara Amazoeida. Estado, regulação e controle democrático. IN: BRAVO, M.I. S e 
PEREIRA, P.A. (org). Política Social e Democracia. SP: Cortez, RJ: UERJ, 2001. 
 
SIMIONATTO, Ivete. “Estado e Sociedade Civil em tempos de Globalização: reinvenção da 
política ou despolitização?” IN: Cadernos Especiais, 40, site: www.assistentesocial.com.br, 2006. 
 
SOUZA, Boaventura de. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 4A ed. SP: 
Cortez, 1997. 
 
TELLES, Vera da Silva. Sociedade Civil e a construção de espaços públicos. IN: DAGNINO, 
Evelina (org.) Anos 90: Política e Sociedade no Brasil. SP: Brasiliense, 1994.

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