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Dúvida neurobiologia SUPERA 5 aprendizado associativo

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Material retirado da apostila do Curso de Verão do Departamento de Psicobiologia 
da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)- esse material não pode ser 
reproduzido e alterado. 
 
2. PSICOLOGIA EXPERIMENTAL: APRENDIZAGEM 
Em todas as espécies, e a todo o momento, se observa diversas experiências 
influenciando profundamente os mais variados comportamentos. Nós humanos, por 
exemplo, aprendemos a andar, a falar, a planejar e a amar. Assim como aprendemos a 
enganar, a odiar e a ter certos medos. Pode-se dizer então que aprendizado é uma 
base para a melhor adaptação do indivíduo, apesar de nem todo aprendizado ser 
adaptativo. 
Aprendizagem pode ser definida como um processo por meio do qual um 
comportamento é instalado ou é modificado, em função de um determinado estímulo. 
Isto é, são observadas mudanças duradouras no comportamento, em resposta às 
interações entre o organismo e o seu ambiente. 
No entanto, para caracterizar-se como aprendizado, essa modificação não deve ser 
decorrente de tendências inatas de respostas (instinto ou reflexo), maturação, ou 
estados temporários do organismo (como fadiga). Sendo assim, trata-se de um 
processo que se manifesta por alterações adaptativas no comportamento individual 
como resultado da experiência. Também é importante salientar que o aprendizado não 
é medido diretamente: o que medimos é o desempenho. 
Existem duas formas distintas de aprendizado: 
1) Aprendizagem não associativa, na qual o organismo aprende sobre as propriedades 
de um tipo específico de estímulo; 
2) Aprendizagem associativa, na qual é aprendida uma relação entre dois estímulos ou 
entre um estímulo e uma resposta. 
Antes de partir para definições dos diferentes tipos de aprendizagem, é fundamental 
definir dois termos que serão amplamente utilizados ao longo deste capítulo: 
ESTÍMULO e RESPOSTA. Estímulo refere-se a uma parte do ambiente no qual o 
organismo está inserido e que é capaz de afetá-lo. Os estímulos podem ser públicos ou 
privados: os públicos são externos ao organismo e os privados ocorrem dentro do 
organismo, não sendo acessíveis a observadores. Os estímulos têm a capacidade de 
eliciar ou evocar respostas, sendo que estas se referem a componentes do 
comportamento do sujeito. O comportamento pode ser entendido como a interação 
entre o ambiente e o organismo, ou, mais especificamente, entre estímulos e 
respostas. 
2.1. Aprendizagem Não-Associativa 
Habituação: é um comportamento adaptativo, observado em todas as espécies - de 
protozoários a humanos - e que não implica na aquisição de respostas novas e sim na 
perda de velhas. A habituação ocorre quando um estímulo específico, que não possui 
caráter de ameaça ao indivíduo, é apresentado repetidamente, culminando na 
diminuição ou até mesmo na supressão da resposta inicialmente eliciada por esse 
determinado estímulo. O comportamento é adquirido rapidamente, mediante 
intervalos pequenos de exposição ao estímulo. No entanto, qualquer alteração no 
estímulo desencadeará as respostas inicialmente observadas, e o sujeito voltará a se 
comportar em função do estímulo até que haja nova habituação. Um exemplo é 
quando estamos estudando em um local que possui um ventilador ruidoso. No início, 
teremos maior dificuldade para nos concentrarmos e nossa atenção será voltada ao 
barulho. No entanto, após algum tempo expostos a tal ruído, nos habituaremos a ele e 
poderemos estudar tranquilamente, sem ao menos notar sua presença. Porém, caso o 
ventilador tenha a velocidade de rotação aumentada de maneira perceptível 
(alteração nas propriedades do estímulo), é possível que voltemos a nos incomodar 
com o ruído, assim como, caso o ventilador seja desligado, notaremos que houve uma 
mudança no ambiente (notaremos a ausência do ruído). 
 
Porém, é válido lembrar que nem todos os estímulos apresentados repetidamente 
levam à habituação. É muito difícil que esse fenômeno seja observado na presença de 
um estímulo muito intenso como, por exemplo, o som de um bate-estaca enquanto se 
estuda. 
Sob algumas circunstâncias, a repetição de estímulo pode levar a uma consequência 
oposta à da habituação, como a potenciação. Assim, no processo de potenciação, há 
um aumento na resposta a determinado estímulo depois de repetidas apresentações 
deste, sendo mais provável de ser observada quando o estímulo apresentado tem 
valor aversivo ou oferece algum risco ao organismo, do que quando este possui caráter 
neutro ou reforçador. Por exemplo, choques elétricos geralmente eliciam guinchos em 
ratos. Se repetidos choques forem apresentados, é possível que ocorra aumento na 
magnitude da resposta do animal. 
Outro processo semelhante é a sensibilização. Na sensibilização, observa-se o 
aumento do poder eliciador de certos estímulos quando estes são apresentados após 
um dado estímulo. Por exemplo, determinados sons eliciam resposta de sobressaltos 
em ratos, e choques usualmente eliciam guinchos nos animais. Caso seja estabelecido 
um procedimento no qual o animal recebe um choque, e seguidamente é apresentado 
um som (não associado ao choque), é provável que o sobressalto eliciado pelo som 
tenha uma magnitude maior do que quando o som é apresentado sem a presença 
prévia do choque. Assim, diz-se que o choque sensibiliza o animal para o som. Desse 
modo, apesar de não haver nenhuma associação entre a resposta de sobressalto e o 
choque, esta é eliciada em maior magnitude devido à sensibilização causada pelo 
choque. Outro exemplo é quando estamos muito estressados com uma prova, e 
acabamos por nos irritar com diversas outras situações. Nesse caso, o estresse da 
prova nos sensibilizou, e respondemos de modo exacerbado a outros estímulos (não 
associados à prova) em função dessa sensibilização. 
2.2. Aprendizagem Associativa 
Estampagem ou imprinting: aprendizagem baseada em uma única associação entre 
estímulos e respostas, com efeitos geralmente irreversíveis, em um determinado 
período da vida do organismo, após o qual não pode mais ser estabelecida. Um 
exemplo clássico é ilustrado por ninhadas de patos que seguem sua mãe, um tipo de 
estampagem desenvolvida logo no início da vida dos filhotes e com caráter altamente 
adaptativo, pois assegura que os filhotes fiquem sempre próximos a ela. Quando um 
patinho sai da casca do ovo, é provável que a primeira coisa em movimento que ele 
veja seja sua mãe, de quem ficará perto e a quem seguirá. Todavia, se a mãe não 
estiver presente e o patinho vir, de início, alguma outra coisa em movimento (por 
exemplo, uma pessoa ou uma máquina), ele irá responder a esse estímulo como teria 
feito em relação à sua mãe biológica, seguindo-o. 
 
O etólogo Konrad Lorenz foi um dos pesquisadores que mais se dedicou à investigação 
deste fenômeno, sendo comumente lembrado quando se cita este tipo de 
aprendizagem. Lorenz costumava estar presente no nascimento de novos patinhos, 
sendo o primeiro estímulo que os animais entravam em contato, passando a ser 
seguido por todos os patos. Nesse caso, o estímulo estampado não foi a mãe pata, e 
sim o primeiro objeto em movimento visto pelo filhote, o próprio Lorenz. Como dito 
anteriormente, há um período crítico para o desenvolvimento da estampagem. Desse 
modo, usando o exemplo do patinho, se o estímulo não for apresentado 
suficientemente cedo na vida do animal, a estampagem pode não ocorrer mais. 
2.3. O Comportamento Reflexo ou Respondente (Eliciado) 
Todas as espécies animais possuem algumas conexões inatas, chamadas reflexos. 
Evolutivamente selecionado, o comportamento reflexo é fundamental por permitir ao 
organismo responder adaptativamente a certos estímulos ambientais, sendo estas 
respostas essenciais para a sobrevivênciado organismo (por exemplo, imagine os 
danos causados à visão se não fosse o mecanismo reflexo de piscar os olhos diante de 
determinados estímulos). 
O estudo do comportamento reflexo iniciou-se na fisiologia. No entanto, com a 
observação de que determinados estímulos e respostas estavam associados em 
relações regulares, causais e observáveis, os psicólogos também passaram a se voltar 
para o estudo das respostas reflexas, as quais podem ser definidas por meio do 
seguinte paradigma: 
 
Esta é uma fórmula geral e pouco precisa do reflexo, pois não diz sobre como R é 
dependente de S. Assim, dentro do paradigma do comportamento respondente, 
existem algumas leis que são importantes para compreensão dessa dependência e 
regem a regularidade da relação entre os estímulos eliciadores (S ou US) e os 
respondentes (R ou UR), as quais serão brevemente descritas a seguir. 
1) Lei do Limiar: Existe um limite determinado de intensidade do estímulo a partir do 
qual a resposta sempre ocorrerá, e abaixo do qual não ocorrerá nenhuma resposta. 
Assim, é preciso que o estímulo tenha certa intensidade para que possa eliciar uma 
determinada resposta. 
2) Lei da Latência: Entre a apresentação de um estímulo e o início da resposta, há um 
pequeno intervalo de tempo, chamado de latência ou período latente. De acordo com 
a lei da latência, à medida que aumenta a intensidade do estímulo eliciador, diminui o 
tempo transcorrido (período latente) até o aparecimento da resposta eliciada. 
3) Lei da Intensidade-Magnitude: À medida que aumenta a intensidade do estímulo 
eliciador, aumenta a magnitude da resposta eliciada. Todas as respostas que podem 
ser eliciadas em um organismo mantêm essa relação de dependência com a 
intensidade do estímulo. Os estímulos eliciadores podem então ser explicitados por 
meio de um espectro de intensidade, estando a magnitude da resposta relacionada à 
intensidade do estímulo. 
3. CONDICIONAMENTO CLÁSSICO 
O processo de condicionamento clássico (ou condicionamento respondente) foi 
primeiramente estudado no início do século XX pelo fisiologista russo Ivan Petrovich 
Pavlov, que inicialmente fez observações básicas e bastante simples. Pavlov constatou, 
enquanto realizava estudos sobre o mecanismo fisiológico da digestão em cães, que 
certos ácidos diluídos ou comida posta na boca de cães famintos levava à produção de 
saliva pelas glândulas apropriadas, ou seja, ele observou o reflexo salivar. Até aí, 
nenhuma novidade, e de fato não foi essa observação que lhe concedeu seu destaque 
na psicologia. Além de observar tal reflexo, Pavlov constatou que saliva também era 
produzia nos cães mesmo antes da comida chegar à boca, bastando apenas o animal 
faminto sentir o cheiro ou ver o alimento. E até mesmo a simples presença do homem 
responsável por alimentar o cão também era capaz de fazer salivar o animal faminto. 
Estas observações levantaram questionamentos em Pavlov, que acreditava que 
certamente essa salivação produzida apenas pela visão da comida ou do alimentador 
não era um mecanismo inato entre estímulo e resposta, e sim uma relação aprendida 
de acordo com as experiências vivenciadas pelo animal. Ou seja, havia algum outro 
elemento além do estímulo (comida) e resposta (salivação), e esse estímulo é o 
chamado ESTÍMULO CONDICIONADO (CS, de conditioned stimulus), estímulo que, 
precedendo exata e diretamente o estímulo eliciador do reflexo (US), poderia, por si 
só, eliciar a salivação. 
Através de um experimento clássico, Pavlov conseguiu então demonstrar a aquisição 
de novas relações entre estímulos e respostas, e passou a estudar exaustivamente a 
generalidade desse paradigma, que veio a ser chamado posteriormente de 
condicionamento clássico, ou condicionamento respondente, ou mesmo 
condicionamento pavloviano. 
No experimento clássico, um cão foi colocado em uma sala experimental, e por meio 
de uma cânula posta na sua mandíbula, era possível quantificar sua resposta de salivar. 
Por repetidas vezes, era apresentado um som e, logo em seguida, era servido um 
pouco de alimento ao cachorro. Esse pareamento (ou emparelhamento) foi repetido 
diversas vezes, por dias seguidos, até que, com o passar do tempo, a própria 
apresentação do som era capaz de fazer o animal produzir saliva. 
Desse modo, no paradigma do condicionamento clássico, há um estímulo previamente 
neutro (CS – ex: um som) que adquire a propriedade de eliciar uma resposta (CR – ex: 
salivar) que originalmente era eliciada por outro estímulo (US – ex. comida). E esse 
processo através do qual o CS passa a ter capacidade de eliciar CR após sucessivos 
pareamentos com o US é o que chamamos CONDICIONAMENTO. Tal paradigma pode 
ser esquematizado do seguinte modo: 
Sendo: 
CS: um estímulo previamente neutro (som) 
US: um estímulo incondicionado (comida) 
UR: uma resposta incondicionada (salivar) 
Após sucessivos pareamentos entre CS-US, têm-se: 
No entanto, para que haja essa “associação” dos estímulos, é necessário um 
treinamento prévio, por meio do qual ocorra seguidos emparelhamentos entre CS e 
US, numa relação temporal de estreita proximidade. Nota-se então que é preciso 
eliciar uma resposta antes de condicioná-la a outro estímulo. É importante ressaltar 
que o condicionamento clássico permite que novos estímulos passem a controlar 
respostas já existentes, mas não é capaz de instalar novas respostas ao repertório 
prévio do organismo. 
O termo “resposta condicionada” foi assim denominado para que houvesse uma 
distinção da “resposta incondicionada”, isto é, das respostas reflexas ou inatas. Desse 
modo, resposta condicionada equivale ao termo “resposta adquirida”, pois se trata de 
uma resposta adquirida por meio da experiência do organismo (ou seja, por meio do 
pareamento entre um estímulo incondicionado e um estímulo anteriormente neutro). 
Seguindo o mesmo raciocínio, falar em “resposta incondicionada” equivale a falar de 
respostas inatas, pois são reflexos inatos, que independem de qualquer tipo de treino 
prévio ou aprendizagem. 
Assim, no processo do condicionamento clássico, o organismo muda seu 
comportamento em função de uma nova contingência estabelecida entre um 
estímulo condicionado (CS) e um estímulo incondicionado (US). Esse tipo de 
associação varia muito em termos de complexidade, e trata-se de um processo 
muito importante para sobrevivência do organismo, pois lhe permite adaptação ao 
meio e às suas frequentes modificações. Figura 1: Desenho esquemático do aparato 
utilizado por Pavlov em seus experimentos de Condicionamento clássico. 
Retirado de: www.simplypsychology.pwp.blueyonder.co.uk.

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