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COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS DE OBRIGACÕES ART. 233 a 285

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DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 1 
 
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR 
Seção I 
Das Obrigações de Dar Coisa Certa 
- obrigação de dar coisa certa ou específica: 
a) entregar, devolver ou restituir; 
b) objeto determinado (individualizado), por isso chamado de obrigação específica; 
c) móvel ou imóvel; 
d) ação positiva; 
e) abrange os acessórios, quer seja, frutos, produtos, as benfeitorias e pertenças que tenham natureza 
essencial (salvo disposição em contrário em contrato ou circunstâncias do caso: "principio da gravitação 
jurídica". 
 
O que interessa substancialmente em relação às obrigações de dar a coisa certa são as regras que 
apontam as consequências do inadimplemento, o que inclui a obrigação de restituir coisa certa. 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o 
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. 
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente (obrigação de dar coisa certa), a coisa se perder (perecimento; 
perda total), sem culpa do devedor, antes da tradição (transferência), ou pendente a condição 
suspensiva, fica resolvida a obrigação (as partes voltam à situação primitiva, anterior à celebração da 
obrigação) para ambas as partes (sem pagamento de perdas e danos); se a perda resultar de culpa do 
devedor, responderá este pelo equivalente (valor em dinheiro da coisa) e mais perdas e danos. (ou seja, 
haverá resolução com perdas e danos). 
Ex.1 (sem culpa): no dia anterior à entrega, o cavalo morre atingido por um raio. Nesse caso, o preço pago 
deverá ser devolvido, sem qualquer indenização suplementar, ou seja, de perdas e danos. 
Ex.2 (com culpa): se o cavalo morrer por um golpe do devedor, que se encontrava em estado de 
embriaguez, além de devolver o preço recebido deverá indenizar o comprador por lucros cessantes e 
outros prejuízos suportados. (danos emergentes). 
PERDA DA COISA: 
1. SEM CULPA DO DEVEDOR: se a coisa se PERDER antes da tradição, ou pendente de condição 
suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; 
2. COM CULPA DO DEVEDOR: responderá pelo equivalente (em dinheiro da coisa) + perdas e danos. 
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou 
aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. 
- coisa deteriorada (perda parcial do valor) a coisa, sem culpa do devedor: 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 2 
 
a) resolver à obrigação sem direito à perdas e danos (já que não houve culpa genérica), ou 
b) ficar com a coisa, abatido do preço o valor correspondente ao perecimento parcial. 
Ex.: se o cavalo ficar cego porque foi atingido no seu olho por um inseto, o comprador poderá ficar com o 
cavalo, abatido no preço o valor da desvalorização OU exigir a devolução do preço integral, sem perdas e 
danos. 
DETERIORAÇÃO DA COISA: 
SEM CULPA DO DEVEDOR: poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço 
o valor que perdeu; 
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em 
que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. 
Ex.: se o vendedor cegar o cavalo de forma intencional, o comprador poderá ficar com o animal 
deteriorado ou exigir o seu equivalente, nos dois casos com direito à indenização suplementar pelos 
prejuízos suportados. 
COM CULPA DO DEVEDOR: duas situações: 
a) exigir o equivalente (em dinheiro) + direito de reclamar perdas e danos; 
b) aceitar a coisa no estado em que se encontra + direito de reclamar perdas e danos. 
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais 
poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. 
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. 
- tais melhoramentos são denominados de cômodos obrigacionais; 
- como melhoramentos devem ser incluídos os frutos, bens acessórios que são retirados do principal sem 
lhe diminuir a quantidade. 
- quanto a esses acessórios, há regra específica no parágrafo único: os frutos percebidos – já colhidos – 
pertencem ao devedor, enquanto os pendentes (ainda não colhidos), ao credor. 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir (devolver) coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder 
(perecimento, perda total) antes da tradição (transferência), sofrerá o credor a perda (res perit domino), 
e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. 
- aplica-se a máxima pela qual a coisa perece para o dono: res perit domino, suportando o credor o 
prejuízo; 
- o credor, proprietário da coisa que se perdeu, poderá pleitear os direitos que já existiam até o dia da 
referida perda. 
Ex.1: imagine-se o caso de uma locação, em que há o dever de devolver o imóvel ao final do contrato. No 
caso, de um incêndio causado por caso fortuito ou força maior e que destrói o apartamento, o locador 
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(credor da coisa) não poderá pleitear um novo imóvel do locatário (devedor da coisa) que estava na posse 
do bem, ou o seu valor correspondente; mas terá o direito aos aluguéis vencidos e não pagos até o evento 
danoso. 
Ex. 2: na vigência de um comodato, cujo veículo é roubado à mão armada, estando na posse do 
comodatário (devedor da coisa). A coisa perece para o seu dono (comodante), não respondendo o 
comodatário sequer pelo valor do automóvel. 
PERDA DA COISA: 
COM CULPA DO DEVEDOR: sofrerá o credor a perda e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus 
direitos até o dia da perda. 
Art. 239. Se a coisa se perder (perecimento, perda total) por culpa do devedor, responderá este pelo 
equivalente, mais perdas e danos. 
- na obrigação de restituir, se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, 
mais perdas e danos. 
Ex.: caso o locatário seja responsável pelo incêndio que causou a perda total do apartamento, diga-se 
provado o seu dolo ou a sua culpa, o locador poderá pleitear o valor correspondente ao bem (ao valor do 
apartamento), sem prejuízo de perdas e danos, ou seja, poderá exigir indenização por perdas e danos. 
PERDA DA COISA: 
COM CULPA DO DEVEDOR: responderá o devedor pelo equivalente (em dinheiro) + perdas e danos. 
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar (perda parcial da coisa) sem culpa do devedor, recebê-la-á o 
credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no 
art. 239 (Se a coisa se perder (perecimento, perda total) por culpa do devedor, responderá este pelo 
equivalente, mais perdas e danos). 
- deterioração – sem culpa do devedor – o credor somente pode exigir a coisa no estado em que se 
encontrar, sem direito à qualquer indenização de perdas e danos (se a coisa perece para o dono 
totalmente, por igual perece parcialmente). 
Ex.: se na locação o imóvel for destruído parcialmente por uma enchente, o credor (locador) somente 
poderá pleitear a coisa, no estado em que se encontrar. 
DETERIORAÇÃO DA COISA: 
SEM CULPA DO DEVEDOR: o credor a receberá tal qual se encontra, sem direito à indenização. 
- deterioração – com culpado devedor – o credor passa a ter o direito de exigir o valor equivalente à coisa 
mais as perdas e danos que o caso determinar. Como o caso é de deterioração, o correto seria aplicar o 
artigo 236, CC (e não o art. 239 do referido Código) que traz regra equivalente. Se o credor quiser, poderá 
ficar com a coisa no estado em que se encontrar ou exigir o seu equivalente, mais perdas e danos, como 
consta o art. 236, CC (Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa 
no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e 
danos). 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
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DETERIORAÇÃO DA COISA: 
COM CULPA DO DEVEDOR: o devedor responderá pelo equivalente + perdas e danos. 
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho 
do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. 
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se 
regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de 
má-fé. 
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, 
acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé. 
- prevê o atual Código Civil que o devedor deverá ser indenizado pelas benfeitorias úteis e necessárias 
(arts. 1.219 e 1.222, CC). 
 
 
OBRIGAÇÃO 
 
FATO COM O BEM 
SEM CULPA 
Sem perdas e danos 
(caso fortuito ou força maior) 
COM CULPA 
Com perdas e danos 
 
DAR 
(entregar) 
 
PERDA 
(perda total da coisa) 
 
Resolve-se a obrigação para 
ambas as partes 
Pode o credor: 
exigir o valor equivalente 
 + perdas e danos 
 
DAR 
(entregar) 
 
DETERIORAÇÃO 
(desvalorização parcial da 
coisa) 
Pode o credor: 
Resolver a obrigação OU 
aceitar a coisa com 
abatimento do preço. 
Pode o credor: 
Exigir o equivalente (em 
dinheiro) + perdas e danos OU 
aceitar a coisa com 
abatimento + perdas e danos 
 
RESTITUIR 
(devolver) 
 
PERDA 
(perda total da coisa) 
 
Resolve-se a obrigação para 
ambas as partes 
Pode o credor: 
exigir o valor equivalente 
 + perdas e danos 
 
RESTITUIR 
(devolver) 
 
DETERIORAÇÃO 
(desvalorização parcial da 
coisa) 
 
O credor recebe a coisa no 
estado em que se encontra 
Pode o credor: 
Exigir o equivalente (em 
dinheiro) + perdas e danos OU 
aceitar a coisa com 
abatimento + perdas e danos 
 
 
 
 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 5 
 
Seção II 
Das Obrigações de Dar Coisa Incerta 
- obrigação de dar coisa incerta ou genérica: 
- é uma obrigação simples com apenas uma prestação e objeto determinável (pelo menos inicialmente); 
- sendo indicada inicialmente pelo gênero e quantidade, restando uma indicação posterior quanto à sua 
qualidade que, em regra, cabe ao devedor. 
- coisa incerta não quer dizer qualquer coisa, mas coisa indeterminada, porém suscetível de 
determinação futura. A determinação se faz pela escolha, denominada concentração, que constitui um 
ato jurídico unilateral (a princípio, pelo devedor). 
- objeto determinável nos moldes do art. 104, II, CC: 
Art. 104, CC. A validade do negócio jurídico requer: 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. 
- a coisa incerta deve ser indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade – nesse caso, em regra, a 
escolha pertence ao devedor, sendo que não poderá a coisa pior nem prestar a melhor. O direito de 
escolha, contudo, poderá pertencer ao credor se isso resultar do título da obrigação (contrato). 
- concentração: denominação dada para o momento da escolha da coisa incerta, tanto pelo devedor como 
pelo credor. 
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha (concentração) pertence ao 
devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação (contrato); mas não poderá dar a coisa pior, 
nem será obrigado a prestar a melhor. 
- princípio da equivalência das prestações, fixa-se o conteúdo da obrigação no gênero médio ou 
intermediário. 
- gênero intermediário da coisa. 
- aplica-se a proporcionalidade ao referido artigo, se a escolha couber ao credor, este não poderá fazer 
opção pela coisa mais valiosa nem ser compelido a receber a coisa menos valiosa. 
- consagra a vedação do enriquecimento sem causa, sintonizada com a função social obrigacional e com a 
boa-fé objetiva. 
Art. 245. Cientificado da escolha (concentração feita pelo devedor) o credor, vigorará o disposto na Seção 
antecedente. (Das Obrigações de Dar Coisa Certa) 
- após a escolha feita pelo devedor e tendo sido cientificado o credor, a obrigação genérica é convertida 
em obrigação específica. 
- com essa conversão aplicam-se as regras previstas para a obrigação de dar a coisa certa (arts. 233 a 242, 
CC). 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 6 
 
- antes dessa concentração, não há que se falar em inadimplemento da obrigação genérica, em regra. 
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por 
força maior ou caso fortuito. 
- continua consagrado a regra de direito pela qual o gênero nunca perece, ao prever que antes da escolha 
não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que em decorrência de caso 
fortuito (evento imprevisível) ou força maior (evento previsível, mas inevitável). Isso 
porque ainda não há individualização da coisa. 
- como consequência natural dessa máxima, não cabem medidas de tutela específica para cumprimento 
das obrigações genéricas ou de dar a coisa incerta, antes da escolha ser efetivada. 
CAPÍTULO II 
DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER 
- obrigação positiva de fazer. 
- obrigação de fazer fungível ou infungível (obrigação personalíssima ou obrigação intuitu personae). 
- o devedor se vincula a determinado comportamento, consistente em praticar um ato ou cumprimento 
de uma tarefa ou atribuição por parte do devedor: contrato de empreitada. 
- pode esta constar de um trabalho físico ou intelectual, como também a prática de um ato jurídico. 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor (com culpa) que recusar a prestação 
a ele só imposta (obrigação fungível), ou só por ele exequível (obrigação personalíssima). 
- OBRIGAÇÃO DE FAZER FUNGÍVEL – é aquela que ainda pode ser cumprida por outra pessoa, à custa do 
devedor originário, por sua natureza ou previsão no instrumento. Havendo INADIMPLEMENTO com culpa 
do devedor, o credor poderá exigir: 
1º. O cumprimento forçado da obrigação, por meio de tutela específica, com a possibilidade de fixação de 
multa ou "astreintes"; 
2º. O cumprimento da obrigação por terceiro, à custa do devedor originário; 
FUNGÍVEL A prestação pode ser realizada pelo devedor ou por um terceiro (art. 249, CC). 
- OBRIGAÇÃO DE FAZER INFUNGÍVEL – é aquela que tem natureza personalíssima ou intuitu personae, 
em decorrência de regra constante do instrumento obrigacional ou pela própria natureza da prestação. Em 
caso de INADIMPLEMENTO com culpa do devedor, o credor terá asseguintes opções: 
1º. Exigir o cumprimento forçado da obrigação, por meio de tutela específica, com a possibilidade de multa 
ou "astreintes"; 
2º. Não interessando mais a obrigação de fazer, exigir perdas e danos conforme o artigo 247, CC: Incorre 
na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por 
ele exequível. 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 7 
 
INFUNGÍVEL Apenas o devedor indicado no título da obrigação pode satisfazê-la – obrigação 
personalíssima (intuitu personae) 
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se 
por culpa dele (devedor), responderá por perdas e danos. 
- caso a obrigação de fazer nas duas modalidades (fungível e infungível), torne-se impossível sem culpa do 
devedor, resolve-se a obrigação sem a necessidade de pagamento de perdas e danos. Ex.: imagine-se a 
hipótese de falecimento de um pintor contratado, que tinha arte única. 
- não interessando mais a obrigação de fazer, o credor poderá requerer a sua conversão em perdas e 
danos. 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do 
devedor, havendo recusa ou mora deste (devedor), sem prejuízo da indenização cabível. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar 
ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. 
- no plano extrajudicial, o parágrafo único do presente artigo, passou a possibilitar a "autotutela civil", para 
cumprimento das obrigações de fazer fungível. Ex.: imagine-se o caso de contratação de uma empreitada. 
Sendo pago o preço antecipadamente e negando-se o empreiteiro a desempenhar sua tarefa, o tomador 
que tem urgência poderá contratar o serviço de outrem, pleiteando depois a indenização cabível do 
empreiteiro original. 
 
CAPÍTULO III 
DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER 
- o devedor assume o compromisso de se abster de um fato, que poderia praticar se não fosse o vínculo 
que o prende. 
- se o devedor praticar o ato a cuja abstenção havia se obrigado, o credor pode exigir que o desfaça, sob 
pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado as perdas e danos a que deu causa. 
- obrigação negativa de não fazer é a única obrigação negativa admitida no Direito Privado Brasileiro. 
- objeto: abstenção de uma conduta. 
- art. 390, CC: "nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que 
executou o ato de que se devia abster". 
- o descumprimento da obrigação negativa se dá quando o ato é praticado. 
- a obrigação de não fazer é quase sempre infungível, personalíssima (intuitu personae), sendo 
também predominantemente indivisível pela sua natureza, nos termos do art. 258, CC (A obrigação é 
indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua 
natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico). 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 8 
 
Ex.: contrato de confidencialidade, pelo qual alguém não pode revelar informações, geralmente 
empresariais ou industriais, de determinada pessoa ou empresa. 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível 
abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. 
- se o ADIMPLEMENTO (cumprimento de uma obrigação) da obrigação de não fazer tornar-se impossível 
sem culpa do devedor, será resolvida. Ex.: hipótese de falecimento daquele que tinha a obrigação de 
confidencialidade. 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o 
desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente 
de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. 
- não interessando mais a obrigação de não fazer, o credor poderá exigir perdas e danos (art. 251, caput, 
CC). 
- o parágrafo único do artigo 251, CC, introduziu a "autotutela civil" para cumprimento das obrigações de 
não fazer. 
CAPÍTULO IV 
DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS 
- obrigação composta quando há uma pluralidade de objetos ou prestações. 
- obrigação composta objetiva alternativa ou disjuntiva (obrigação com mais de um prestação (dar, fazer, 
não fazer); prestações estas excludentes). 
- na obrigação alternativa, havendo duas prestações, o devedor se desonera totalmente satisfazendo 
apenas uma delas. 
- como ocorre na obrigação de dar coisa incerta (obrigação genérica, porém é uma obrigação simples, 
com apenas uma prestação e objeto determinável), o objeto da obrigação alternativa é determinável, 
cabendo uma escolha, do mesmo modo denominada "concentração", que no silêncio cabe ao devedor 
(art. 252, caput, CC: Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se 
estipulou). 
- na obrigação alternativa, muitas vezes, há prestações de natureza diversas, de dar, fazer e não fazer, 
devendo ser feita uma opção entre essas. 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. 
§ 1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. 
- ou seja, receber prestações de forma fragmentada. A conclusão é que prevalece, em regra, a identidade 
física e material das prestações na obrigação alternativa ou disjuntiva. 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 9 
 
§ 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada 
período. 
- no caso de obrigação de prestações periódica, também denominadas obrigação de execução continuada 
ou trato sucessivo, a opção poderá ser exercida em cada período, o que mantém o contrato sob forma não 
instantânea. Tal regra poderá ser aplicada em favor tanto do devedor quanto do credor, desde que não 
gere enriquecimento sem causa de um sujeito sobre o outro. 
§ 3º No caso de pluralidade de optantes (credores), não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o 
juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. (em eventual ação) 
- não havendo acordo quanto a concentração (escolha) na obrigação alternativa, em relação às partes ou a 
terceiros, a escolha caberá ao juiz a quem a questão foi levada. 
- princípio da operabilidade: pelo qual o aplicador do Direito é chamado a se pronunciar em casos 
especificados pela própria lei, ou pra preencher espaços vazios ou cláusulas gerais nela previstos. 
§ 4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a 
escolha se não houver acordo entre as partes. 
- caberá o controle da escolha mais uma vez ao juiz da causa convocado a pronunciar-se sobre o caso 
concreto. 
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, 
subsistirá o débito quanto à outra. 
- o artigo consagra a redução do objeto obrigacional, ou seja, a conversão da obrigação composta objetiva 
alternativa em obrigação simples. Desta forma, se uma das prestações não puder ser cumprida, a 
obrigação se concentra na restante. 
- na hipótese de redução do objeto obrigacional,nos termos do artigo em comento, o valor deverá estar 
relacionado com o da prestação restante, ou do que "por último se possibilitou", mais uma vez sem 
prejuízo da indenização cabível no caso concreto. 
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao 
credor a escolha, ficará aquele (devedor) obrigado a pagar o valor da que por último (a prestação) se 
impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar. 
- tornando-se totalmente impossível a obrigação alternativa ou disjuntiva (se nenhuma das prestações 
puder ser cumprida) por culpa genérica do devedor, e não cabendo a escolha ao credor, deverá o devedor 
arcar com a última prestação pela qual se obrigou, sem prejuízo das perdas e danos. Na verdade, o 
comando legal determina que o valor a ser levado em conta é o da prestação sobre a qual recaiu a 
concentração, havendo a determinação do objeto por tal ato. 
CULPA DO DEVEDOR+IMPOSSIBILIDADE DE TODAS AS PRESTAÇÕES+ESCOLHA NÃO CABE AO CREDOR= 
VALOR DA PRESTAÇÃO QUE POR ÚLTIMO SE IMPOSSIBILITOU+PERDAS E DANOS 
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do 
devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente (que sobrou) ou o valor da outra (que 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 10 
 
pereceu), com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, 
poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. 
- caso a escolha caiba ao credor, tornando-se impossível somente uma das prestações por culpa em 
sentido amplo do devedor, o credor terá duas opções: 
1º. Exigir a prestação restante ou subsistente mais perdas e danos, ou 
2º. exigir o valor da prestação que se perdeu, sem prejuízo da reparação material e moral (perdas e danos). 
CULPA DO DEVEDOR+IMPOSSIBILIDADE DE UMA DAS PRESTAÇÕES+ESCOLHA CABE AO CREDOR= 
PRESTAÇÃO SUBSISTENTE OU O VALOR DA PRESTAÇÃO QUE SE PERDEU+PERDAS E DANOS 
Também nessa situação, culpa do devedor, cabendo a escolha do credor e tornando-se impossível o 
cumprimento de ambas as prestações, o credor poderá exigir o valor de qualquer uma das prestações, sem 
prejuízo da reparação por prejuízos materiais e morais. Pelo dispositivo em questão, percebe-se a natureza 
jurídica da obrigação alternativa, uma vez que somente uma das prestações pode ser exigida, em todos os 
casos. 
CULPA DO DEVEDOR+IMPOSSIBILIDADE DE TODAS AS PRESTAÇÕES+ESCOLHA CABE AO CREDOR= VALOR 
DE QUALQUER UMA DAS PRESTAÇÕES+PERDAS E DANOS. 
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a 
obrigação. 
 
1º 
Se a escolha não competir ao credor e por CULPA DO DEVEDOR não se puder cumprir nenhuma das 
prestações, esse (devedor) ficará obrigado a pagar o valor que por último se impossibilitou, mais as 
perdas e danos que o caso determinar. 
 
2º 
Quando a escolha couber ao credor e um das prestações tornar-se impossível por CULPA DO 
DEVEDOR, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e 
danos. 
 
3º 
Se, por CULPA DO DEVEDOR, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor 
reclamar o valor de qualquer delas, além de perdas e danos. 
 
4º 
Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação 
(caso fortuito ou força maior, por exemplo) 
 
CAPÍTULO V 
DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
- classificação das obrigações quanto à divisibilidade ou indivisibilidade do objeto obrigacional, levando 
em conta o seu conteúdo, ou seja, a unicidade da prestação (dar, fazer ou não fazer). 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 11 
 
- a questão atinente a divisibilidade/indivisibilidade das obrigações só merece relevo havendo, na 
relação jurídica obrigacional, uma pluralidade de credores ou de devedores, ou ainda, uma pluralidade 
de credores e de devedores. 
- obrigações compostas subjetivas: pluralidade de credores ou de devedores. 
- obrigação divisível: é aquela que pode ser cumprida de forma fracionada, ou seja, em partes. 
- obrigação indivisível: é aquela que não admite fracionamento quanto ao cumprimento, por sua 
natureza personalíssima e infungível, as obrigações de não fazer, quase sempre são indivisíveis. 
- as OBRIGAÇÕES DE DAR podem ser DIVISÍVEIS e INDIVISÍVEIS, o mesmo ocorrendo em relação às 
OBRIGAÇÕES DE FAZER. 
- por sua natureza infungível e personalíssima, as OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER são quase sempre 
INDIVISÍVEIS. 
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se 
dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. 
- presunção relativa de forma igualitária e independente de divisão. 
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não 
suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante 
do negócio jurídico. (e do contrato) 
- a indivisibilidade pode ser: 
a) natural- decorrente da natureza da prestação; 
b) legal- decorrente de imposição da norma jurídica; 
c) convencional- pela vontade das partes da relação obrigacional. 
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela 
dívida toda. 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros 
coobrigados. 
- na obrigação indivisível, havendo dois ou mais devedores, cada um será obrigado pela dívida toda. O 
devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados. Trata-se 
de sub-rogação legal, automática. 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores (na obrigação indivisível), poderá cada um destes (credores) 
exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: 
I - a todos conjuntamente (ao mesmo tempo); 
II - a um (credor), dando este (credor que recebeu o valor total) caução de ratificação dos outros 
credores. 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 12 
 
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação (indivisível) por inteiro, a cada um dos outros assistirá 
o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. 
Art. 262. Se um dos credores remitir (perdoar) a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; 
mas estes (credores) só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. 
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão. 
- os credores restantes somente poderão exigir as suas quotas correspondentes. 
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. (ou seja, por 
culpa do devedor) 
- a obrigação indivisível perde seu caráter se convertida em obrigação de pagar perdas e danos, que é uma 
obrigação de dar divisível. 
§ 1º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por 
partes iguais. 
- princípio da aplicação direta do princípio da proporcionalidade. 
§ 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados (totalmente da obrigação) os outros, respondendosó esse 
pelas perdas e danos. 
- se houver culpa por parte de um dos devedores, somente este responderá por perdas e danos, bem 
como pelo valor da obrigação. 
- credor ou credores nada podem exigir dos devedores não culpados, que ficam exonerados do vínculo 
obrigacional. A solução é irrepreensível, por restringir a responsabilidade pelo inadimplemento 
obrigacional a quem culposamente lhe deu causa. 
 
OBRIGAÇÃO 
DIVISÍVEL 
É divisível a obrigação quando for possível o cumprimento FRACIONADO da prestação, art. 
257, CC: Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta 
presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou 
devedores. 
 
 
 
 
OBRIGAÇÃO 
INDIVISÍVEL 
- é indivisível a obrigação quando a prestação tem por objeto uma coisa ou fato não 
suscetível de fracionamento. 
- art. 258, CC: A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um 
fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada 
a razão determinante do negócio jurídico. 
- aqui, havendo dois ou mais devedores, cada um será obrigado pela dívida toda. 
- o devedor que pagou a dívida toda, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outro 
coobrigados. 
- se a pluralidade for de credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira. 
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UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 13 
 
- o devedor desobriga-se nas seguintes hipóteses: 
a) se pagar a todos os credores conjuntamente, ou seja, todos de uma só vez; 
b) se pagar a apenas um dos credores, mas este der caução de ratificação dos outros 
credores. 
- se um dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o 
direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. 
*PERDE A QUALIDADE DE INDIVISÍVEL A OBRIGAÇÃO QUE SE RESOLVER EM PERDAS E 
DANOS. 
 
CAPÍTULO VI 
DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 
- em havendo mais de um credor, haverá uma obrigação complexa subjetiva ativa. 
- se estiverem presentes dois ou mais devedores, nessa situação é de obrigação complexa subjetiva 
passiva. 
Seção I 
Disposições Gerais 
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um 
devedor, cada um com direito (credores), ou obrigado (devedores), à dívida toda. 
- na obrigação solidária ativa: qualquer um dos credores pode exigir a obrigação por inteiro. 
- na obrigação solidária passiva: a dívida pode ser paga por qualquer um dos devedores. 
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. 
- solidariedade de natureza obrigacional. 
- a solidariedade contratual não pode ser presumida, devendo resultar da lei (solidariedade legal) ou da 
vontade das partes (solidariedade convencional). Ex.: não se presume solidariedade passiva pelo simples 
fato de duas ou mais pessoas jurídicas integrarem o mesmo grupo econômico. 
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e 
condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. 
- o artigo supra citado traz um rol exemplificativo de situações. 
- a obrigação solidária, quanto a presença de elementos acidentais, pode ser: 
i) obrigação solidária pura ou simples- é aquela que NÃO contém condição, termo ou encargo; 
ii) obrigação solidária condicional- é aquela cujos efeitos estão subordinados a um evento futuro e incerto 
(condição); 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 14 
 
iii) obrigação solidária a termo- é aquela cujos efeitos estão subordinados a evento futuro e certo (termo). 
- a obrigação solidária pode ser pura em relação a uma parte e condicional ou a termo em relação à outra, 
seja o sujeito credor ou devedor. 
Seção II 
Da Solidariedade Ativa 
- pode ser inicialmente legal ou pode ser convencional, quando fixada por contrato, o que é mais 
comum. 
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por 
inteiro. 
-a dívida pode ser exigida por qualquer credor e de qualquer maneira: uma parte, quase toda ou toda a 
divida. Assim como o devedor pode pagar a quem quiser e como quiser, antes de eventual demanda 
proposta por qualquer dos credores. 
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem (em juízo) o devedor comum, a 
qualquer daqueles (credores solidários) poderá este (devedor comum) pagar. 
- porém, caso um dos credores demande o devedor, por meio de ação de cobrança ou similar, o 
pagamento somente poderá ser efetuado para aquele que demandou. Como qualquer credor solidário 
pode demandar ou seja, acionar o devedor pela totalidade do débito, uma vez iniciada a demanda, ter-se-á 
a prevenção judicial; o devedor, então, apenas se libertará pagando a dívida por inteiro ao credor que o 
acionou, não lhe sendo mais lícito escolher o credor solidário pra a realização da prestação. 
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi 
pago. 
Ex: sendo três devedores, A, B e C... e o devedor D, cujo valor da prestação é de R$ 30.000,00. 
- no caso de pagamento parcial efetuado pelo devedor D a o credor A, em parte, no valor de R$ 10.000,00, 
o restante da dívida, R$ 20.000,00, poderá ser cobrada por qualquer credor, o que obviamente inclui 
aquele que recebeu, ou seja A. 
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir 
e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for 
indivisível. 
Ex: sendo três devedores, A, B e C... e o devedor D, cujo valor da prestação é de R$ 30.000,00. 
Sendo a quota do credor C, que faleceu, de R$ 10.000,00, cada um dos seus dois herdeiros E e F somente 
poderá exigir do devedor D R$ 5.000,00, o que consagra a "refração do crédito". Anota-se que a 
solidariedade persiste em relação aos demais credores, que continuam podendo exigir os R$ 30.000, ou 
seja, a totalidade da dívida. A premissa não deverá ser aplicada se a obrigação for naturalmente indivisível, 
como no exemplo do animal para fins de reprodução ou de um veículo. Nesse caso, se um dos credores 
falecer, o cumprimento dessa obrigação indivisível ocorrerá se o objeto for entregue a qualquer um dos 
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UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 15 
 
sucessores deste. É pertinente frisar que esse efeito não mantém relação com a solidariedade, mas sim 
com a indivisibilidade da obrigação. 
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos (por culpa do devedor), subsiste, para todos os 
efeitos, a solidariedade. 
Ex.: se a prestação tornar-se impossível com culpa do devedor D, acrescendo-se a título de perdas e danos 
o valor de R$ 30.000,00 por lucros cessantes, o montante total de R$ 60.000,00 poderá ser cobrado por 
qualquer credor, mantendo-se a solidariedade. Essa é a diferença em relação a obrigação indivisível que 
perde seu caráter de indivisível quando da sua conversão em perdas e danos, o que não ocorre com a 
obrigação solidária ativa, que permanece com o dever do sujeito passivo obrigacional de pagar a quem 
quer que seja. 
Art. 272. O credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o pagamento(total) responderá aos 
outros pela parte que lhes caiba. 
- a obrigação solidária ativa não é fracionável em relação ao devedor (relação externa). Mas fracionável em 
relação aos sujeitos ativos da relação obrigacional (relação interna). Ressalve-se que foram utilizadas as 
expressões não fracionável e fracionável apenas para fins didáticos, uma vez que a obrigação solidária de 
modo algum se confunde com a obrigação indivisível. 
Ex.: se o credor A perdoar a dívida por inteiro (remissão) ou receber o montante de R$ 30.000,00 deverá 
pagar os demais credores B e C as suas quotas correspondentes, ou seja, R$ 10.000,00 para cada um deles. 
Entre os credores, na citada relação interna, a dívida pode ser fracionada, o que não ocorre na relação 
credores-devedor (relação externa) 
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. 
- as exceções pessoais são defesas de mérito existentes somente contra determinados sujeitos, como 
aquelas relacionadas com os vícios da vontade (erro, dolo, estado de perigo, e lesão) e as incapacidades 
em geral, como é o caso da falta de legitimação. Na obrigação solidária ativa, o devedor não poderá opor 
essas defesas contra os demais credores diante da sua natureza personalíssima. 
Ex.: se o devedor D foi coagido pelo credor solidário A para celebrar determinado negócio jurídico 
obrigacional, a anulabilidade do negócio somente poderá ser oposta em relação a esse credor, A, não em 
relação aos demais credores, que nada têm relação com a coação exercida. Se C cobrar a dívida e D alegar 
a coação de A como único argumento, a demanda de cobrança deve ser julgada procedente. 
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento 
favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em 
relação a qualquer deles. 
- se um dos credores vai a juízo e perde, qualquer que seja o motivo (acolhimento de exceção comum ou 
pessoal), essa decisão não tem eficácia em relação aos demais credores; 
- se o credor vai a juízo e ganha, essa decisão beneficiará os demais credores, salvo se o(s) devedor(es) 
tiver(em) exceção pessoal que possa ser oposta a outro credor não participante do processo, pois, em 
relação àquele que promoveu a demanda, o(s) devedor(es) nada mais pode(m) opor. 
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UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 16 
 
Seção III 
Da Solidariedade Passiva 
- pode ser legal ou convencional, sendo a última mais comum. 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, 
a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados 
solidariamente pelo resto. 
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou 
alguns dos devedores. 
- O principal efeito decorrente da obrigação solidária passiva é que o credor pode cobrar o cumprimento 
da obrigação de qualquer um dos devedores como se todos fossem um só devedor. Há, portanto, uma 
opção de o credor cobrar um, vários ou todos os devedores, de acordo com a sua vontade (opção de 
demanda). Caso ocorra pagamento parcial da dívida, todos os devedores restantes, após se descontar a 
parte de quem pagou, continuam responsáveis pela dívida inteira. Assim sendo, ocorrendo o pagamento 
parcial de R$ 10.000,00 pelo devedor B, mesmo ele poderá ser demandado pelo restante (R$ 20.000,00). 
- Isso porque, na estrutura da obrigação, percebe-se um não fracionamento na relação entre credores e 
devedores (relação externa), e um fracionamento na relação dos devedores entre si (relação interna). Com 
a análise de algumas regras a seguir, ficará evidenciada tal constatação. Entretanto, deve ficar claro, mais 
uma vez, que se utiliza a expressão fracionamento somente para fins didáticos. Por certo que a obrigação 
solidária passiva não se confunde com a obrigação indivisível, como será exposto de forma detalhada mais 
à frente. 
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar 
(toda a dívida) senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for 
indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais 
devedores. 
- Como ocorre com a solidariedade ativa, o art. 276 do CC traz regra específica envolvendo a morte de um 
dos devedores solidários. No caso de falecimento de um deles cessa a solidariedade em relação aos 
sucessores do de cujus, eis que os herdeiros somente serão responsáveis até os limites da herança e de 
seus quinhões correspondentes. A regra não se aplica se a obrigação for indivisível. Outra exceção é feita 
pelo comando, eis que todos os herdeiros reunidos são considerados um único devedor em relação aos 
demais devedores. 
- Se a dívida for de R$ 30.000,00 e se D, um dos três devedores, falecer, deixando dois herdeiros, E e F, 
cada um destes somente poderá ser cobrado em R$ 5.000,00, metade de R$ 10.000,00, que é a cota de D, 
pois com a morte cessa a solidariedade em relação aos herdeiros (refração do débito). E isso, ainda, até os 
limites da herança. Porém, estando um dos herdeiros com o touro reprodutor, sempre mencionado como 
exemplo de objeto na obrigação indivisível, este deverá entregar o animal, permanecendo a solidariedade. 
Também é interessante deixar claro que, de acordo com o art. 276 do CC, todos os herdeiros, reunidos, 
devem ser considerados como um devedor solidário em relação aos demais codevedores. A parte final do 
dispositivo legal é interessante para os casos de pagamento feito por um dos devedores, que poderá 
cobrar dos herdeiros, até os limites da quota do devedor falecido e da herança. 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 17 
 
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos 
outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. 
- Tanto o pagamento parcial realizado por um dos devedores como o perdão da dívida (remissão) por ele 
obtida não têm o efeito de atingir os demais devedores na integralidade da dívida (art. 277 do CC). No 
máximo, caso ocorra o pagamento direto ou indireto, os demais devedores serão beneficiados de forma 
reflexa, havendo desconto em relação à quota paga ou perdoada. 
- Obviamente, considerando o que já foi exposto, nas duas situações acima – de pagamento e de perdão 
parciais –, os demais devedores poderão ser cobrados em R$ 20.000,00, sendo a prestação de R$ 
10.000,00. Os efeitos do perdão ou remissão ainda serão aprofundados. 
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários 
e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. 
- Por regra, o que for pactuado entre o credor e um dos devedores solidários não poderá agravar a 
situação dos demais, seja por cláusula contratual, seja por condição inserida na obrigação, seja ainda por 
aditivo negocial. Deve ser respeitado o princípio da relatividade dos efeitos contratuais, eis que o negócio 
firmado gera efeitos interpartes, em regra. Ilustrando, um eventual acordo celebrado entre um locatário e 
a concessionária de água não pode atingir os demais locatários solidários e o locador, se eles não 
participaram do acordo entre as partes originais. 
Art. 279. Impossibilitando-sea prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o 
encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. 
- Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todo o encargo 
de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. Vejamos um exemplo concreto: 
Caso um imóvel que seja locado a dois devedores tenha um débito de aluguéis em aberto de R$ 10.000,00, 
o locador poderá cobrá-lo de qualquer um, de acordo com a sua vontade (Locatário 1 ou Locatário 2). Mas 
se um dos locatários causou um incêndio no imóvel, gerando prejuízo de R$ 30.000,00, apenas este 
responderá perante o sujeito ativo da obrigação, além do valor da dívida, por lógico (Locatário 1 responde 
por R$ 40.000,00). A dívida locatícia em aberto continua podendo ser cobrada de qualquer um dos 
devedores solidários. 
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta 
somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida (juros demora, por 
exemplo). 
- Em complemento, o art. 280 do Código Civil enuncia que todos os devedores respondem pelos juros 
moratórios decorrentes do inadimplemento, mesmo que a ação para cobrança do valor da obrigação tenha 
sido proposta em face de somente um dos codevedores. Porém, no tocante à obrigação acrescida, como é 
a hipótese dos juros decorrentes do ilícito extracontratual, responde apenas aquele que agiu com culpa, no 
caso acima, o Locatário 1. 
- Em suma, diferentemente do que ocorre com a obrigação indivisível, todos os devedores solidários 
sempre respondem pelo débito, mesmo não havendo descumprimento por parte de um ou de alguns. 
Dessa forma, a solidariedade quanto ao valor da dívida permanece em todos os casos. Porém, quanto às 
perdas e danos somente será responsável o devedor que agiu com culpa estrita (imprudência, negligência, 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 18 
 
imperícia) ou dolo (intenção de descumprimento). Esta é uma das mais importantes regras da teoria geral 
das obrigações. 
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a 
todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor. 
- Mas esse devedor demandado não poderá opor as exceções pessoais a que outro codevedor tem direito, 
eis que estas são personalíssimas, como se pode aduzir pelo próprio nome da defesa em questão. 
Ilustrando, qualquer um dos devedores poderá alegar a prescrição da dívida, ou o seu pagamento total ou 
parcial, direto ou indireto, pois as hipóteses são de exceções comuns. Por outra via, os vícios do 
consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão), somente podem ser suscitados pelo devedor 
que os sofreu. 
Art. 282. O credor pode renunciar (ou exonerar) à solidariedade em favor de um (depois que este pagar a 
sua cota-parte), de alguns ou de todos os devedores. 
Parágrafo único. Se o credor exonerar (mesma coisa que renunciar) da solidariedade um ou mais 
devedores (que pagou ou pagaram a sua cota-parte), subsistirá a dos demais. 
- O Código Civil de 2002 continua admitindo a renúncia à solidariedade, de forma parcial (a favor de um 
devedor) ou total (a favor de todos os codevedores), no seu art. 282, caput (“O credor pode renunciar à 
solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores”). A expressão renúncia à solidariedade 
pode ser utilizada como sinônima de exoneração da solidariedade. Enuncia o parágrafo único do 
dispositivo que “Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais”. 
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua 
quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as 
partes de todos os co-devedores. 
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados (ou renunciados) 
da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. 
- Aprofundando o tema da renúncia à solidariedade, de início, a categoria se diferencia da remissão quanto 
aos efeitos: “A renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão, em que o devedor fica inteiramente 
liberado do vínculo obrigacional, inclusive no que tange ao rateio da quota do eventual codevedor 
insolvente, nos termos do art. 284”. Lembre-se de que pelo último dispositivo, no caso de rateio entre os 
codevedores, contribuirão também os exonerados (ou renunciados) da solidariedade pelo credor, pela 
parte que na obrigação incumbia ao insolvente. Pois bem, vejamos o esquema relativo à renúncia à 
solidariedade: 
- A elucidar o teor do enunciado doutrinário por último transcrito, se A é o credor de uma dívida de R$ 
30.000,00, havendo três devedores solidários B, C e D, e renuncia à solidariedade em relação a B, este 
estará exonerado da solidariedade, mas continua sendo responsável por R$ 10.000,00. Quanto aos demais 
devedores, por óbvio, continuam respondendo solidariamente pela dívida (que sobrou: R$ 20.000,00). 
Completando o enunciado anteriormente citado, na IV Jornada de Direito Civil, aprovou-se o Enunciado n. 
349 do CJF/STJ: “Com a renúncia da solidariedade quanto a apenas um dos devedores solidários, o credor 
só poderá cobrar do beneficiado a sua quota na dívida; permanecendo a solidariedade quanto aos demais 
devedores, abatida do débito a parte correspondente aos beneficiados pela renúncia”. O proponente do 
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES arts. 233 à 285 comentados – Acad. Mauro Anjos 
 
UNICEUMA 3º PERÍODO ACADÊMICO MAURO ANJOS Página 19 
 
enunciado doutrinário foi José Fernando Simão, professor da USP. Ilustrando com a conclusão pelo 
abatimento, no exemplo por último apontado, em que a dívida era de R$ 30.000,00, havendo três 
devedores (B, C e D), ocorrendo a renúncia parcial da solidariedade, por parte do credor (A), em relação a 
um dos devedores (B), os demais somente, C e D, serão cobrados em R$ 20.000,00, permanecendo em 
relação a eles a solidariedade. 
Encerrando a respeito do art. 282 do CC, pelo qual “A renúncia à solidariedade em favor de determinado 
devedor afasta a hipótese de seu chamamento ao processo”. O enunciado doutrinário tem conteúdo bem 
interessante, de diálogo entre o Direito Civil e o Direito Processual, sendo certo que o chamamento ao 
processo é efeito decorrente da solidariedade, nos termos do art. 77, III, do CPC/1973, repetido pelo art. 
130, III, do CPC/2015. Em relação àquele que foi exonerado da responsabilidade (B), portanto, não caberá 
o chamamento ao processo, premissa mantida com a emergência do Novo Código de Processo Civil. 
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela 
para com aquele que pagar. 
- O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, 
dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes 
de todos os codevedores (art. 283 do CC). Entretanto, se a dívida solidária interessar exclusivamente a um 
dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que a pagar (art. 285 do CC). 
- Pelo tom da primeira norma, o CC/2002 possibilita a ação de regresso por parte do devedor solidário que 
paga a dívida dos demais. Assim, percebe-se que o pagamento da dívida faz com que esta perca o caráter 
de não fracionamento existente na relação entre devedorese credor ou credores (relação externa), 
outrora comentada. O devedor que paga a dívida poderá cobrar somente a quota dos demais, ocorrendo 
sub-rogação legal, nos termos do art. 346, III, do Código Civil atual. Para exemplificar, A é credor de B, C e 
D, devedores solidários, por uma dívida de R$ 30.000,00. Se B a paga integralmente, poderá cobrar de C e 
D somente R$ 10.000,00 de cada um, valor correspondente às suas quotas (totalizando R$ 20.000,00). Na 
situação descrita, havendo declaração de insolvência de um dos devedores, a sua quota deverá ser dividida 
proporcionalmente entre os devedores restantes. Eventualmente, tal regra pode ser afastada, de acordo 
com o instrumento obrigacional, interpretação esta que pode ser retirada da parte final do art. 283 do CC, 
que constitui um preceito de ordem privada. 
Essa divisão proporcional constitui, portanto, uma presunção relativa (iuris tantum), que admite prova e 
previsão em contrário. Por derradeiro, nos termos do art. 285 do CC, o interessado direto pela dívida 
responde integralmente por ela. Verificando a aplicação desse comando legal, caso um fiador pague a 
dívida de um locatário, devedor principal, poderá cobrar dele todo o montante da obrigação, pela 
aplicação do comando legal em questão. Já se o fiador paga toda a dívida de outro fiador, poderá aquele 
exigir somente a metade da mesma, eis que são devedores da mesma classe. Essa última conclusão, aliás, 
decorre da interpretação dos arts. 829, parágrafo único, e 831, ambos do CC, prevendo a última norma que 
“O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor; mas só poderá 
demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota”. 
 
BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL: MANUAL DE DIREITO CIVIL – VOLUME ÚNICO. FLÁVIO TARTUCE. ED. MÉTODO

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