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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Metabolismo do ferro – Bioquímica Metabólica BQ056 Professora: Maria Eliane A formação de hemoglobina é dependente de ferro. O Ferro é a matéria-prima pra construção da hemoglobina. A distribuição do ferro é diferente de homem para mulher, isso depende do número de eritrócitos que o homem tem maior e também por conta da massa muscular que no homem é maior. Por isso o homem retém mais ferro que a mulher. Onde encontramos o ferro no organismo não difere e sim a quantidade. A maior parte do ferro é encontrado junto com a hemoglobina, e 30% está presente em moléculas de deposito de ferro. A distribuição do ferro corporal é feita de três tipos: Ferro funcional; Está nos eritrócitos maduros, nas células musculares e um pouco nos hepatócitos. Ferro de deposito; temos um pouco nos hepatócitos e um pouco no sistema monócito-macrófago. Esse ferro tem uma quantidade de ferritina maior. Ferro de transporte; Forma de transferrina. Essa divisão em compartimentos é importante para o entendimento em como acontece o metabolismo na falta ou no excesso de ferro. A maioria do ferro vem da dieta, mas não é a única fonte porque temos o processo de hemocareterese que é a destruição das hemácias envelhecidas que também serve como fonte de ferro, uma reciclagem de ferro. O ferro dessas hemácias fica retido no macrófago, no sistema reticulo-endotelial e é distribuído para o corpo a medida que haja necessidade. Em uma dieta equilibrada consumimos uma quantidade bem maior que a quantidade que é necessária por conta dessa reciclagem mesmo. Em gravidez ou anemia ferropriva a absorção do ferro aumenta 20 ou 30%, mas o normal de absorção anormal é de 5 a 10%. Do ferro que vem da dieta existem dois tipos: ferro heme e ferro não-heme. Por isso que tem gente que tem uma dieta super desequilibrada e ela não apresentou nenhum tipo de anemia ferropriva, mas se ela ingerir bastante carne a absorção do ferro estará normal pois a oferta do ferro heme estará de acordo com a necessidade. Ferro heme: é o ferro absorvido já ligado ao grupamento heme, ingerindo carne. Mais fácil absorção pois não tem limitação de transporte por parte da carga. Por isso é absorvido direto. Ferro não-heme: ferro inorgânico. Precisa de transformação de carga para o transporte, pois o transportador de ferro inorgânico é divalente. Tem que passar para o ferro divalente. Hemocaterese: Fagocitose e degradação de hemácias senescentes (“envelhecidas”), que tornam-se mais frágeis, com menos elasticidade e com perdas de funções metabólicas, sendo então rompidas no vaso sanguíneo ou fagocitadas pelas células de Kupffer (macrófagos hepáticos). Perdemos ferro por perda de células, não excretamos ferro, o ferro sai com as células. Em adultos normais, a quantidade de ferro absorvida diariamente equivale à quantidade excretada e o ferro do organismo é continuamente reciclado por um eficiente sistema de reutilização desse metal. A mulher perde mais ferro durante o período menstrual além de perder também o 1mg normal que o homem perde. Absorção de ferro Favorecem a absorção: ferro heme, ferro na forma +2, associação do ferro com alimentos mais ácidos, deficiência de ferro. Desfavorecem: ferro inorgânico, forma férrica, excesso de ferro, cálcio (pela divalencia, o transportador que transporta o ferro é transportador de íons divalentes, logo qualquer íon divalente atrapalha o transporte do ferro – competição). A maioria da absorção do ferro é no duodeno. Nas bordas do enterocito é onde estão os transportadores, tem o HCP1 que é o transportador direto do heme e o DMT1 que é o transportador direto do ferro inorgânico. O ferro +2 que é absorvido, se chegar o ferro +3 é a proteína DcytB que faz a conversão de cargas. Uma vez absorvido o ferro chega dentro do ambiente celular, se ele entrar com o griupo heme terá uma enzima que metabolizara o grupo heme e liberara o ferro. Dentro da célula, ele acaba virando ferro inorgânico. Se ferro +2 passa para dentro da célula e é preciso ferro no organismo, ele passa direto pelo transportador ferroportina que se encontra na região basal da célula na forma +2. Se ele passa na forma +2 para dentro da célula e a demanda de ferro no organismo é baixa, parte vai passar pelo transportador e ir para a corrente sanguínea e parte vai ser transformado em ferro inorgânico novamente para ser depositado, pois ele só pode ser depositado na forma +3. Ferro de armazenamento e ferro de transporte tem que ser na forma +3, e a proteína que transporta o ferro é a transferrina e a de deposito é a ferritina. Mas para o ferro passar pelos transportadores ele deve estar na forma +2. Dentro da célula se o ferro tiver que ser transformado para +3 pra ser armazenado a hefaestina que faz isso. No plasma a ceruloplasmina que faz isso, pra ele se lugar a transferrina (se o ferro fica livre ele é bem toxico ao organismo e não é vantagem nenhuma ter ferro livre no organismo). Armazenamento Ferritina é a principal proteína para armazenamento de ferro. Em algumas células ela sofre metabolização parcial e acaba se transformando em uma outra molécula de armazenamento que é a hemossiderina. A hemossiderina é um produto de metabolização da ferritina. A única vantagem é na capacidade total de armazenamento de ferro, a hemossiderina é 37% apesar de termos mais ferritina no organismo. Isso se deve a solubilidade da hemossiderinba, que é mais insolúvel. Quando a demanda de ferro é alta há a movimentação de ferro do deposito, primeiro ele é retirado da ferritina e depois da hemossiderina devido a essa diferença de solubilidade das duas proteínas. A acidez favorece a transformação de ferro +3 em ferro +2. A vitamina C é necessaria no ambiente intracelular pra conseguir desligar o ferro +3 e liberar o +2, a VitC tira da ferritina sendo essencial pra liberação do ferro. TRANSFERRINA Proteína de transporte. Contém dois pontos de ligação ao ferro. Capacidade limitada de transporte. É sintetizada, de forma predominante, no fígado e tem como finalidades: Captar e transportar o ferro em condições solúveis dos locais de absorção até os locais de utilização e armazenamento; Proteger o organismo dos efeitos tóxicos do ferro livre. A transferrina passa e se liga a todo ferro livre no organismo. Então a transferrina tem três estados: ou ela está totalmente vazia, ou com um sitio só ligado ou com os dois. As células que tem necessidade de ferro possuem receptores pra transferrina. Existem dois tipos, o tipo I e o Tipo II. O Tipo I está ligado ao status de ferro, quando há um excesso de ferro esses receptores tem a expressão diminuídos e os de membrana são internalizados. O Tipo II é responsável pelas células que sempre estão precisando de ferro (eritrócitos, criptas duodenais e células hepáticas), mas elas também tem o Tipo I. Deficiência de ferro: nada acontece com o Tipo II, mas a expressão do tipo I é aumentada. A transferrina ligada com o ferro encontra uma célula que tem o receptor pra transferrina, quando a transferrina se liga ao receptor a célula engloba a transferrina junto com seu receptor e engloba também o que está em volta dela como proteínas e etc. Dentro da célula tem uma vesícula com o complexo, junto a isso, essas células tem o mesmo tipo de transportador que tem no enterócito que é o DMT1 (transportador de íons divalentes). Geralmente quando a vesícula é formada, vai uma certa quantidade desse DMT1 fazendo parte da membrana da vesícula. Com isso, outras estruturas de membrana também vão, como a bomba de próton, normalmente há o influxo de próton pra dentro da vesícula e a mudança de pH faz comque facilite o desvio do ferro da trasnferrina. A mudança de pH desliga o ferro da trasnferrina e passa pelo ambiente citoplasmático através do DMT1. O ferro vai pro ambiente intracelular e é usado pela célula ou é armazenado. E essa vesícula sem o ferro é unida na superfície da célula, reciclando o receptor de transferrina. Então é liberado a APO-TF que é a porção proteica do comsplexo e o receptor de transferrina volta para a membrana da célula para reiniciar o processo. No período pós-prandial a transferrina fica cheia, passado um tempo a transferrina vai ficando vazia. No período de jejum ela volta a ficar mais cheia, continua transportando, só que ela tira do estoque de ferritina. O ferro então não vem mais da dieta e sim do armazenamento, como medula óssea, macrófagos do reticulo-endotelial... O transporte sempre esta acontecendo, pois ou ele vem da dieta ou do estoque. Regulação da absorção Um é pelo status do ferro e o outro é pela hepcidina que é um hormônio produzido no fígado e tem uma regulação negativa em relação ao metabolismo de ferro. Quanto amis hepcidina, mais inibida estará a distribuição de ferro no organismo. Hepcidina: inibição da absorção intestinal; liberação do ferro para macrófagos e enterócitos; mediador do ciclo da absorção do ferro entre o fígado e o intestino. A hepcidina atua no metabolismo de ferro mas também é a proteína da fase aguda em processos inflamatórios. A IL-6 aumentada (aumentada pela inflamação)causa aumento na expressão de hepcidina, mais hepcidina menos absorção de ferro = anemia ferropriva. Problemas mais sérios em casos crônicos. A hepcidina inibe a ferroportina, não deixa o ferro ir pro sangue nem ir pro plasma. Transfusão sanguínea: maiores chances de excesso de ferro no organismo. Status de ferro Homeostase, deficiência e sobrecarga. Deficiência: Gravidez seguida; Gastrointestinal; Uterina; Hematúria, hemoglobinúria; Má absorção; Dieta carente; Deficiência de ferro: achados anemia microcitica hipocromica. Ferro diminuido na medula óssea Diminuição da concentração de ferro sérico; Aumento da capacidade total de ligação de ferro (TIBC); Aumento de receptores de transferrina liberados no plasma; Diminuição da ferritina sérica. Tratamento: suplemento Sobrecarga HEMOSSIDEROSE: Sobrecarga de ferro sem lesão tecidual associada. Pode ser generalizada ou localizada, depende do estagio. Destruição excessiva de hemácias, em anemias hemolíticas como a anemia falciforme, anemias autoimunes e transfusões múltiplas. Ingesta excessiva de ferro, que pode superar a capacidade de controle de absorção a nível do intestino. Se não tratar vira hemocromatose. HEMOCROMATOSE: Acúmulo excessivo de ferro, com lesão tecidual (fígado, órgãos endócrinos e coração). Fígado torna-se cirrótico e de cor marrom. Há grande aumento na incidência de câncer hepático (carcinoma hepatocelular); Atrofia do pâncreas que pode levar a diabetes mellitus; Cor da pele fica bronzeada devido ao acúmulo de hemossiderina; Atrofia dos túbulos seminíferos leva a esterilidade (azoospermia); Arritmias cardíacas, cardiomiopatia. Os sintomas são mais graves e precoces em homens (5 a 7:1), pois as mulheres perdem ferro regularmente através da menstruação, retardando o acúmulo. Tratamento: Flebotomia (tirar sangue = sangria) e medicamentosa: quelante de ferro. Medicamentos: DESFERRIOXAMINA → →→ → eficácia melhor comprovada. DESFERIPRONA → →→ → mais eficaz na remoção do ferro cardíaco DEFERASIROX → →→ → mais novo quelante oral ** Baseado na aula da professora + Devlin.
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