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Curso de Psicologia Comment by Alessandra Schneider: Preencha estes dados Disciplina: estudos da mente I Prof.ª: Raquel Aluno: Mateus de Oliveira Afonso As Cinco Lições da Psicanálise de S. Freud O texto “Cinco lições da Psicanálise” apresenta uma série de descrições de casos psicanalíticos conduzidos por um novo processo terapêutico, apresentados em conferência pelo médico Sigmund Freud. Em suas páginas transcritas, Freud divide suas experiências com a psicanálise em cinco partes. A ”primeira lição” apresenta um caso do Dr. Breuer, antigo professor de Freud. Este é sobre Ana, uma jovem de 21 anos, descrita como tendo alta capacidade intelectual e outros adjetivos positivos, mas que manifesta uma doença com uma série de perturbações físicas e psíquicas: paralisias nas extremidades do lado direito do corpo, perturbações oculares, aversão aos alimentos e a água e estados de “absence” (ausência). O que chama atenção é que os órgãos internos nada revelam de anormal, chegando-se ao diagnóstico de histeria. A paciente, em um dos seus estados de absence, dizia palavras que parecia surgir do seu pensamento. Em estado hipnótico, essas palavras eram usadas para que a jovem associasse ideias, descobrindo-se assim ligação com os seus sintomas. Percebeu-se, então, que quando o sintoma era exteriorizado energicamente ele era curado, ou seja, a partir do momento em que os traumas patológicos eram trazidos à consciência eles poderiam ser superados. Nessas experiências pontos importantes são percebidos para o sucesso do tratamento. É ressaltado que as recordações patogênicas devem ser produzidas em “ordem cronológica e precisamente inversa”, pois geralmente o primeiro trauma é o mais ativo. Além disso, é exposto que o paciente tem que acreditar no tratamento, nada acontecerá se estiver descrente da hipnose. Na segunda lição, Freud busca tratar a histeria com a sua base terapêutica. Porém confessa que a técnica de hipnose não era a solução, já que nem todos os seus pacientes eram passíveis de hipnose e esta não se fazia mais necessária para compreender a força da resistência, que poderia ser driblada através de conversas e lembranças. Desta forma, no estado normal de consciência era possível incentivar os pacientes a falar tudo o que lembravam, para posteriormente ligar as cenas patogênicas e aos sintomas. Com a certeza de que as recordações não se perdiam, podia afirmar que existiria uma força resistência que tentava proteger o estado mórbido. Assim, deveria suprir essa resistência para que os sintomas pudessem ser superados. O processo de retirar da consciência os acidentes patogênicos correspondentes, se chamaria “repressão”. Essa ideia de repressão é ilustrada por Freud da seguinte forma: existe uma sala onde o silencio é perturbado por uma pessoa inconveniente e barulhenta. Com dificuldade, o indivíduo é posto para fora da sala (está sendo reprimido). Este agora se põe a fazer barulho e cadeiras são postas em frente à porta. Assim é consumada a repressão, agora, resistência. Neste exemplo, a sala seria o consciente, enquanto, o lado de fora, o inconsciente. Na terceira lição vai discorrer um pouco mais sobre as duas forças antagônicas que atuam sobre o sujeito, de um lado o esforço do paciente de trazer à tona as lembranças esquecidas e de outra a resistência que impede a passagem para o consciente o elemento reprimido. Seguindo, Freud, discorda do senso comum, que trata as técnicas de interpretação de sonhos como sendo supérflua e ridicularizada, já que os sonhos se apresentam, muitas vezes, de forma confusa e sem nexo. Freud começa explicando que nem todos os sonhos são de difícil compreensão. Os sonhos das crianças, por exemplo, expressam, de forma geral, seus desejos e acontecimentos ocorridos na véspera do sonho. Nos adultos, essa característica também está presente, entretanto o sonho se apresenta de maneira distorcida devido a um processo semelhante a dor dos histéricos. Devemos entender que o processo psíquico correspondente teria uma expressão verbal muito diversa. O ato de verbalizar o sonho demanda uma vasta escolha de palavras e acaba sendo diferente dos pensamentos latentes do sonho (que é parte constituinte do inconsciente). Através do inconsciente é possível fazer um link com a histeria, uma vez que ambos possuem o mesmo mecanismo e gênese. Quem sonha reconhece tão mal o sentido dos seus sonhos quanto um histérico associa os significados dos seus sintomas. Até mesmo o processo que transforma o trauma em sintoma e o desejo em sonho se parece. Nesta lição Freud utiliza um importante conceito, “elaboração onírica” que é entendido da seguinte forma: um processo cujos pensamentos do inconsciente do sonho se disfarçam no conteúdo manifesto. Eis um processo curioso que envolve tanto o inconsciente quanto o consciente, ou seja, ocorre em dois processos psíquicos diferentes. Por fim, os pesadelos não se contrapõem ao que foi dito até agora, mas ele pode ser interpretado com a manifestação da ansiedade para realizar o desejo reprimido. Outro tópico levantado é sobre os lapsos de memória, pequenos enganos que passam despercebidos, mas que na verdade é uma manifestação do inconsciente: os atos falhos. Eles testemunham a repressão e a substituição inclusive em pessoas sãs. Pode-se concluir agora, tendo em vista tantos métodos, que a psicanálise cumpre com o seu papel de retirar os sintomas patológicos passando para a consciência tal material psíquico. Na quarta lição, Freud põe o elemento sexual (a libido) com importância nos sintomas patológicos (formação de substitutos). Chama a atenção para o fato de que existe sexualidade nas crianças. Também ressalta que a questão sexual independe da procriação, como é o caso do “autoerotismo” que é apenas pela busca de sensações de prazer. A criança toma particularmente um de seus genitores como objeto de seus desejos eróticos, exemplos disso são a sucção e a vontade de chupar o dedo, pois estes mesmo incitam a criança com sua ternura com nítido caráter sexual, mas sem demonstrar claramente as suas finalidades, porém esses sentimentos nem sempre são positivos, podem também possuir caráter negativo, de hostilidade. É dessa teoria que nasce o Complexo de Édipo. É natural que a criança faça dos pais a primeira escolhe amorosa (a menina se afeiçoa com o pai, e o menino com a mãe), porém ao longo de sua vida esse desejo pelos pais é abandonado e passado para uma pessoa estranha, evitando estranhamento e ameaças sociais. A tendência à neurose advém de uma perturbação do desenvolvimento sexual. Enfim, na última lição, Freud discorre sobre a regressão para as primeiras fases da vida sexual, podendo assim chegar às possíveis causas de uma neurose. Freud foca principalmente no tema da transferência. Este surge ao se tratar de um paciente neurótico, na qual ele transfere de fato sentimentos, tanto afetuosos quanto hostis, para o terapeuta de acordo com as fantasias do seu inconsciente, são trechos da vida sentimental do paciente, difícil de serem superados. Para ele esse fenômeno não é criado pela psicanálise, mas sim um processo natural e espontâneo que ocorre inclusive nas relações humanas. Uma dificuldade da psicanálise é o fato do doente que apresenta feridas na vida psíquica teme tocá-las para não aumentar seu sofrimento. No que cai à comparação do tratamento analítico com o trabalho de um cirurgião. Um desejo inconsciente tem muito mais força do que quando consciente. O tratamento psicanalítico coloca-se como melhor substituto da repressão fracassada, fazendo com que impulsos inconscientes tenham uma utilização conveniente, a qual devia ter encontrado anteriormente. Freud, hoje, é considerado o pai da psicanálise por ter sido o primeiro a elaborar a hipótese de que as causas de determinadas doenças são psicológicas e não orgânicas.
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