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Espaço e alteridade no Egito Antigo I.docx

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Espaço e alteridade no Egito Antigo
Introdução
Para abordar o tema é necessário, em primeiro lugar, ressaltar que a autopercepção que os egípcios tinham de si mesmos nos é relatada em sua grande parte pelas elites.
Assim quando se pergunta: o que pensavam os egípcios acerca disso ou daquilo? A resposta não é imediata.
Dependendo do lugar social, seja um camponês ou uma sacerdote , a resposta tende a ser diferente, a despeito de terem pontos em comum. Não obstante, o mesmo indivíduo poderia ter percepções diversas em função de diferentes situações.
Assim, a pergunta acerca das percepções espaço-temporais dos antigos egípcios e das figuras de alteridade geradas a partir de tais condições deve ser respondida de acordo com os distintos grupos sociais, que têm formulado diferentes formas de conceber o espaço, o tempo eo que fica fora deles.
Será aqui analisado 3 grandes símbolos:
Comunidades camponesas;
O Estado enquanto entidade política;
Sacerdotes enquanto contexto religioso para reflexão da chave cosmológica.
A visão destas esferas acerca do espaço, tempo e alteridade fragmentaram-se ou recombinavam-se de múltiplos modos, porém, provavelmente, permitem captar algo de multiplicidade dos modos de conceber o espaço, o tempo e a alteridade entre os antigos egípcios.
 Espaço, tempo e alteridade no âmbito comunal
Desde o período pré-dinástico, a presença de comunidades aldeias dispersas ao longo do vale e do delta do Nilo se acha bem atestada pela arqueologia, (ex. cemitérios comunais)
Essas comunidades transcendem o período e sobrevivem até o período pós-faraônico e são a referência do mundo rural.
 	Tais comunidades têm na reciprocidade comunal a prática econômica dominante; trabalho em equipe nas tarefas do campo, a participação coletiva dos integrantes da aldeia, na construção, manutenção e administração das obras hidráulicas, a possível circulação de bens em escala local sobre a base de dons e contra-dons.
Preeminência dos anciãos, indica forte noção de alteridade. E junto a isto, a escassa ingerência do Estado nos assuntos internos sugere a organização do campesino em entidades coletivas de convivência.
Neste mundo comunal, o parentesco é o eixo central da articulação social.
Conceito central de espaço para esta subjetividade camponesa e parental?
Partindo da ideia de uma identidade entre o grupo de parentesco e a aldeia, o conceito central de espaço e que a trama parental que articula o grupo que coincide espacialmente com o âmbito territorial que corresponde à aldeia.
A lógica do parentesco consistia um tipo de tramas sociais de limites discretos que não se estende de forma ilimitada.
Pertinência de um indivíduo a uma trama parental implica imediatamente o pertencimento a um espaço aldeão específico. Daí a força das identidades locais como critério primário de identificação no mundo camponês.
Fora das aldeias há insegurança e hostilidade. 
Em relação ao tempo:
Primazia do tempo cíclico sobre o linear.
Tempo de inundação, da semeadura e da colheita, o da seca e novamente da inundação.
A vida social também ofereceu uma dimensão marcadamente cíclica.
Tarefas e rituais que correspondem ao ciclo anual.
Ciclo da vida parental: define posições que devem ser permanentemente ocupadas.
Pais que instruem filhos que serão pais.
Ciclo de lugares sociais e não de indivíduos.
Tempo linear: anciãos e mortos são venerados, gerações pretéritas são veneradas.
Figuras de alteridade: 
Alteridades comunais variavam segundo a condição política da comunidade de acordo com o status autônomo ou subordinado a algum dispositivo estatal.
Período pré-estatal: alteridade provém de outras comunidades que habitam a mesma região.
Existência de outras comunidades vizinhas e opostas é requisito para a definição do próprio grupo.
Outro é um não parente: estrangeiro e inimigo. Há conflitos entre outras aldeias .
Guerra permite afirmação autonomia por meio da contraposição com outras comunidades que estão no entorno.
Surgimento do Estado e perda de subordinação das comunidade: comunidades vizinhas continuam com status negativo, mas agora o cosmos comunitário se modifica.
Porque o Estado:
Confisca a autonomia militar das aldeias,
Concede certa autonomia na resolução de questões internas;
A tributação implica na introdução de uma instância coercitiva que regula em instâncias que não são comunais;
Agora temos um Outro radicalmente diferente, regido por outra lógica social;
Tributo em espécie e trabalho
Trabalho= corveia= translado do aldeão 
Corveia: introduz uma dimensão espacial diferente que situa o camponês em contextos completamente diversos de sua experiência comunal (geográfico e social)
Em relação ao tempo: periodicidade da extração do tributo introduz um parâmetro que situa a dinâmica campesina segundo critério exterior ao funcionamento das comunidades.
Espaço, tempo e alteridade no âmbito estatal
IV milênio a.C: região do Vale do Nilo passou por transformações sociais. Emergência de novas práticas de monopólio da coerção que introduziram variações em âmbitos sociais: a lógica estatal. Que se caracteriza:
Notória força expansiva: capacidade de coerção, de criação, intervenção.
Surgimento do estado: I dinastia – III milênio
Alto Egito.
Estado integrou território – 1 dinastia do Nilo- Marv mediterrâneo
Espaço 
Conceito de espaço diverso, de maior variabilidade, espaço politicamente integrado, o que unifica é a existência de um mesmo dispositivo de controle sobre o território.
Não é ilimitado: acaba onde terminar a gravitação do dispositivo político: fronteira material
Tempo
Se sustenta na linearidade cíclica e linear
Linear: noção de ancestralidade é exacerbada pelo Estado egípcio. Desde cedo, os monarcas afirmam essa conexão contínua de reis. Antes dos monarcas humanos uma série de dinastias divinas e semi divinas que projetam a realeza à origem do cosmo.
Do primeiro deus ao último faraó: a monarquia tem existido e sempre é transmitida de um rei para outro como de um pai para um filho. Não há Egito sem rei.
O tempo linear está posto a serviço da permanência, da continuidade, do imutável. Conceito de eternidade sagrada, devido o que tem acontecido é preservado na permanência imutável.
Alteridade 
Limite espacial é importante – do lado interior desses limites fica o âmbito politicamente controlado pelo Estado: população 
Do lado exterior desses limites : estrangeiros vivem à margem do Estado.
Outros estrangeiros formam o mundo alterno frente ao qual o Estado constrói certa identidade “egípcia”
Estrangeiro descrito de forma negativa, apesar de na prática serem mantidas relações militares, diplomáticas de se conviver com estrangeiros no próprio Egito.
Estrangeiro que define a existência do Estado é aquele que vive fora dos limites estatais, sem vínculos com o Estado interações com estrangeiros, permitem construir as identidades egípcias.
Papel de Seth no mundo dos deuses
Antagonista de Osíris e Hórus: princípios opostos ( turbulento frente ao estável)
Mas é um deus linear: oscila entre o interior e o exterior.
Espaço, tempo e alteridade no âmbito religioso
Sacerdócio: âmbito religioso produtor de representações cosmológicas. Distinção não são tão claras.
Concepções: correspondem ao cenário estatal, influiu mais no mundo estatal que o camponês.
Espaço: principais percepções do espaço que regem este plano das representações cósmicas?
Centro do espaço cosmológico egípcio é a terra, margens do Nilo.
Terra surge no momento da criação, das águas do oceano primordial, Nun
Perspectiva dual: duas terras: 
Alto e baixo Egito
Deserto e Aluvial
Vermelho e negro
O vértice: o rei
O rei é o nexo cósmico que garante a maat 
Nem a terra e nem maat são infinitas.
Fora do limite do caos
Fora dos limites do estado, termina a ordem cósmica
Tempo cósmico
O rei deve proceder de acordo com os protocolos que permitem que sempre que aconteça o que deve suceder.
Eternidade: tempo cíclico, a interminável recorrência do mesmo.
Rituais e guerras que o rei preside seinscrevem nessa eternidade cíclica p que a ordem cósmica seja garantida.
Rituais e combate aos inimigos ajustam-se à trajetória do sol para que o Egito exista e se garante a ordem cósmica.
Os acontecimentos são vistos não em sua singularidade, mas sim como manifestações de umas mesmas disposições primordiais divinas acerca do mundo, como atualizações do plano predeterminado pelas divindades, cujo o faraó é o grande fiador na terra.
Alteridade
Estrangeiros: fora dos limites cósmicos, portanto, representam o caos.
Figura negativa e que deve ser combatida, pois sua presença periférica é uma ameaça permanente.
Forma mais extrema de exterioridade: o não criado, o caos.
Conclusão 
Estes âmbitos não são compartilhamentos estanques nos quais os indivíduos são prisioneiros 
Caráter dominante de cada uma destas percepções depende do modo em que os indivíduos se inserem nos principais âmbitos sociais que determinam suas vidas: O fato de que um deles seja decisivo para plasmar as percepções de um indivíduo não exclui que outros possam sobredeterminar tais percepções de maneiras específicas. Ex: camponês convocado para a guerra.
Não há uma única resposta para a pergunta sobre as formas de representação do espaço, tempo e a alteridadeno Egito Antigo.
Mas sim identificar os diversos âmbitos sociais em que essas representações podem ser elaboradas de diferentes maneiras e que prevaleceram em cada situação histórica associada com o Egito Antigo.

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