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2 Conceitos de espaço e tempo em Kant e suas possíveis relações com a geografia Por: Antonio Alcir da Silva Arruda, 2015 Immanuel Kant Nasceu em 1724 em Könisberg, na Prússia Oriental. Könisberg, foi a cidade onde viveu, onde estudou e onde ensinou.Morreu em 1804, na terra natal, com 80 anos Além de trabalhos em filosofia, Kant também foi professor de Física, Antropologia, Geografia, Lógica, Metafísica outras disciplinas. A contribuição de Kant à Geografia foi além de professor, a elaboração de estudos sobre a Geografia e as relações desta, com fenômenos naturais, usando a filosofia do conhecimento humano conforme seu sistema. No curso de Geografia Fisica ministrado por Kant, seu alunos eram introduzidos nas bases do conhecimento empírico, necessários para raciocínios e pesquisas científicas para entendimento do mundo, pois Kant defendia a necessidade de se pensar em fenômenos naturais como um todo. Segundo Santos (2009), Kant entendia que existia uma relação entre sujeitos e objetos que eram reguladas ou mediadas pela intuição. Na intuição o objeto é entendido pelo sujeito a partir da elaboração de conceitos. Assim o pensamento de Kant traz no sujeito a capacidade de conhecer os fenômenos a partir dos objetos mediados pelo sujeito. Kant acredita que o espaço e o tempo são formas de sensibilidade a priori. Sendo o espaço relacionado à Geografia e o tempo relacionado aos fatos de sucessão na História. Segundo Costa&Rocha (2010, p. 41) para Kant, “o espaço é uma representação necessária a priori, que serve de fundamento a todas às percepções exteriores, o local onde ocorrem os fenômenos.” Kant diz, (“todo fenômeno ocorre dentro de algum espaço”) Nesse sentido, o espaço tem uma interpretação diferente de outras ciências, pois pode ser estudado como geografia física de forma geral, água, ar, continentes, relevo etc, bem como geografia humana ( cultura, religiões ocupação do espaço geográfico..) mas sem considerar o fator tempo, pois isso é preocupação da Historia. Para Kant, espaço é semelhante ao tempo quando se trata da intuição sensível, ou seja, uma forma a priori da sensibilidade. Tempo e espaço não estão nas coisas, estão em nós, somos nós que percebemos através das coisas sensiveis o tempo e o espaço. O espaço “É uma representação necessária a priori, que serve de fundamento a todas as intuições externas”, porque “é impossível conceber que não exista espaço, embora o possamos pensar sem que contenha algum objeto”. Em suma, o espaço é “a ideia da possibilidade dos fenômenos”. 3 O espaço não é discursivo, mas pura intuição como foi definido em – Crítica da Razão Pura - Como intuição pura, o espaço é uma ”forma pura da sensibilidade” ou “a forma de todas as aparências do sentido externo”, é o mundo com a complexidade exterior. Para kant, O tempo é uma forma também como o espaço, de intuição a priori. O tempo é “a ordem de sucessões” dos acontecimentos. Na Estética Transcendental da Crítica da Razão Pura ao invés de pensar na ideia do tempo como coisa em si, pensa numa ideia do tempo como condição dos fenômenos. O tempo é sucessão interior, só serve para o agora, pois o passado não volta e o futuro ainda não chegou, consequentemente só existe o presente; só existe o agora. “A argumentação em relação ao tempo é fundamentalmente a mesma: a simultaneidade das coisas e sua sucessão não poderiam ser percebidas se a representação do tempo não lhes servisse de fundamento; acrescente-se a isso o fato de que todas as coisas que se enquadram dentro do tempo podem desaparecer, mas o próprio tempo não pode ser suprimido” Dicionário de filosofia – Ferrater Mora As definições de espaço e tempo de Kant, possuem relações com a geografia: Kant identificava a Geografia em cinco partes, a saber: Geografia Matemática (forma, dimensão, e movimento da Terra), Geografia Moral (os costumes e o caráter do homem em relação ao meio ambiente), Política, Mercantil (comercial), e Teológica (a distribuição das religiões). Em sua obra filosófica, houveram contribuições importantes: - Classificação da Geografia como ciência dentro do esquema do conhecimento humano e obras que tratam o estudo e a observação dos fenômenos naturais Kant define a Geografia como a ciência da diferenciação da crosta terrestre. Também afirma ser a Geografia responsável pela descrição das coisas em termos de espaço. Essa afirmação ganha relevância para classificação científica da Geografia no sistema de Kant, devido à importância da intuição de espaço na teoria do conhecimento da obra “Crítica da Razão Pura”. Kant nunca publicou um livro de geografia, no entanto ao fim de seus dias autorizou que um antigo aluno publicasse notas de sua disciplina, que condensava muito o conhecimento geográfico da época de kant e que a tornou então uma obra de referência para o pensamento geográfico do ponto de vista histórico. A Geografia coube a descrição dos dados em sua organização espacial, enquanto a História seria responsável pela descrição temporal da sucessão dos fenômenos. Para Philo (1996, p. 270), “...a importância da geografia histórica é fazer com que uma sensibilidade geográfica seja introduzida no estudo de todos esses fenômenos do passado – econômicos, sociais, políticos ou qualquer outro – que são a própria „substância‟ da história e que atraíram a 4 atenção dos historiadores (como também a de outros estudiosos das ciências sociais e das humanidades)” “A geografia tem que considerar que as formas sociais são produtos históricos, resultado da ação humana sobre a superfície terrestre, e que expressam a cada momento as relações sociais que lhe deram origem. “Nesse sentido, a paisagem manifesta a historicidade do desenvolvimento humano, associando objetos fixados ao solo e geneticamente datados” (MORAES, 1988, p. 15). Ou como decreta a famosa frase “...o espaço é a acumulação desigual de tempos” (SANTOS, 2004c, p. 9).” Bibliografia: http://terrabrasilis.revues.org/246#tocto1n1 http://alvesmaradona.blogspot.com.br/2014/08/immanuel-kant.html OKARA: Geografia em debate, v.7, n.1, p. 186-188, 2013 Santos, Milton, 1926-2001 A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção / Milton Santos. - 4. ed. 2. reimpr. - São Paulo: Editora Dicionário de Filosofia José ferrater Mora PEREIRA, R. Ensaios Filosóficos, Volume III - abril/2011
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