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� PAGE \* MERGEFORMAT �1� Faculdades Integradas Vianna Júnior Direito Administrativo Prof. Ricardo Rodrigues de Lima Poderes Administrativos: conceito e espécies. Poder de Polícia Poderes Administrativos: 1- Definição: são os instrumentos colocados à disposição dos agentes estatais para que façam valer a idéia da supremacia do interesse público sobre os interesses privados. São, portanto, poderes instrumentais, prerrogativas da Administração Pública. 2- Poder discricionário e poder vinculado: atributos de outros poderes. Poder hierárquico (ou poderes decorrentes da hierarquia): decorrências: editar atos normativos que obrigam internamente os subordinados e não pessoas estranhas; poder de dar ordens, o que significa que há o dever de obediência pelos inferiores, salvo quando manifestamente ilegais as determinações. O que não se admite é que o inferior imponha ao superior razões de conveniência e oportunidade; poder de controlar os atos dos inferiores, anulando-os ou revogando-os; poder de aplicar sanções em caso de infrações disciplinares; poder de avocar atribuições, desde que não se trate de competência exclusiva do órgão subordinado; poder de delegação quanto as atribuições não forem privativas. Obs.: a) Nos Poderes Legislativo e Judiciário não existe hierarquia quanto ao exercício de suas funções institucionais. b) A subordinação, própria do poder hierárquico, não se confunde com o controle que as pessoas federativas (entes políticos) exercem sobre as respectivas administrações indiretas (princípio do controle ou tutela). Poder disciplinar: poder que possui a Administração Pública de punir a conduta funcional desregrada dos seus agentes e de todos aqueles sujeitos voluntariamente à sua disciplina jurídica (contratados). Discricionariedade na dosagem nas sanções e exigência da observância do devido processo legal, com o contraditório e a ampla defesa (art. 5°, LV, CF). Poder regulamentar (ou normativo segundo alguns): art. 84, IV, CF (pelo princípio da simetria os poderes atribuídos ao Presidente da República são também estendidos aos Governadores e Prefeitos). Ressalte-se a incompatibilidade do denominado decreto autônomo ou “regulamento independente ou autônomo” diante da nossa ordem constitucional (art. 5°, II, CF), o que significa que a criação de direitos e a imposição de obrigações depende da lei. Alguns autores, a exemplo de Carvalhinho, admitem a fixação de obrigações subsidiárias ou derivadas através de decreto, como acontece, por exemplo, com uma lei que cria benefícios a determinados cidadãos, estabelecendo o decreto posterior a relação dos documentos que o interessado deve apresentar ao Estado. Cogitam hoje Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Celso Antônio Bandeira de Mello da autonomia do decreto na hipótese prevista no art. 84, VI da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional n°32. Obs.: Existem, no entanto, decretos que cumprem funções políticas próprias do Presidente da República, como é o caso dos decretos de intervenção (art. 36, §1º, CF), de estado de defesa (art. 136, §1º, CF) e de estado de sítio (art. 138, CF), os quais podem ser considerados autônomos em relação à lei, embora submissos à ordem constitucional. Poder de polícia: Conceito: “prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza a Administração Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade em fatos do interesse da coletividade” (Carvalhinho). Complementando a definição dada pelo professor José dos Santos Carvalho Filho, torna-se importante consultar o art. 78 do CTN que também disciplina os contornos do poder de polícia. Alguns dizem que o poder de polícia “é o mecanismo de frenagem dos abusos do direito individual” O poder de polícia representa uma atividade negativa se analisarmos a posição do administrado frente à Administração, pois, através dele, o Estado limita a sua liberdade de atuação; serviço público, por sua vez, representa uma atividade positiva, fornecendo a Administração, ao praticar atos materiais, benefícios aos administrados, uma utilidade: ex.: serviços de energia elétrica, água, transporte, etc. 6.2- Polícia administrativa e polícia judiciária: principais diferenças: P. Adm. atua sobre bens, direitos ou atividades, preventivamente ou repressivamente, evitando ações anti-sociais que não se definem como crimes, podendo qualquer órgão com competência definida em lei exercê-la. P. Jud. atua sobre pessoas, preventivamente ou repressivamente, com atenção, no entanto, para os ilícitos penais, estando as ações concentradas nas corporações policiais indicadas na Constituição Federal. Além disso, o estudo da polícia administrativa é feito pelo Direito Administrativo, enquanto a matéria pertinente à polícia judiciária encontra ambiente no Direito Processual Penal. Atos através dos quais se expressa a polícia administrativa ou meios de atuação: atos normativos: leis, decretos, resoluções, portarias e instruções; atos administrativos e operações materiais: a saber: medidas preventivas: fiscalização, vistoria, ordem, notificação, autorização, licença; medidas repressivas ou de coação: dissolução de reunião, interdição de atividade, apreensão de mercadorias deterioradas, internação de pessoa com doença contagiosa. Características: discricionariedade: (o poder de polícia é discricionário? Diz o professor Celso Antônio Bandeira de Melo que há uma predominância da discricionariedade e não a exclusividade de tal característica). Auto-executoriedade: exigibilidade (meios indiretos de coação: multa, impossibilidade de licenciamento do veículo enquanto não pagas as multas de trânsito); auto-executoriedade (meios diretos: dissolução de reunião, interdição de fábrica, apreensão de mercadorias); Coercibilidade: característica ligada à auto-executoriedade, pois o ato de polícia só é auto-executório porque dotado de força executiva. Executoriedade das medidas de polícia administrativa e observância do princípio da proporcionalidade contra abusos da Administração: A auto-executoriedade é cabível numa das seguintes hipóteses: quando a lei expressamente autorizar; quando a adoção da medida for urgente para a defesa do interesse público e não comportar as delongas naturais do pronunciamento judicial sem sacrifício ou risco para a coletividade; quando inexistir outra via de direito capaz de assegurar a satisfação do interesse público que a Administração está obrigada a defender em cumprimento à medida de polícia. Além da necessidade de observância de todos os requisitos do ato administrativo para que a medida de polícia seja válida, impõe-se a aplicação das seguintes regras com o fim de não eliminar os direitos individuais: necessidade; proporcionalidade: equivalência entre a limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado; eficácia: medida adequada para impedir o dano ao interesse público. Polícia administrativa da União, Estados e Municípios: as três entidades jurídicas de capacidade política desempenham atividades de polícia administrativa, sendo competente para cada medida aquela que também o for para legislar sobre a matéria; Lembrar, portanto, sobre as competências exclusivas ou privativas e sobre as competências concorrentes, como é o caso da salubridade pública, a segurança, etc. (arts. 22 e segs. da Constituição Federal); Cuidado para não incorrerem em equívocos: ex.: União tem competência para legislar sobre Direito Comercial (art. 22, I). Entretanto, o Município, considerando o seu peculiar interesse, pode legislar sobre o horário do comércio; sobre os locais onde se veda a prática de atividades comerciais, estando, assim, habilitado para conceder alvará de funcionamento e fiscalizar as atividades; O importante, portanto, é que se mantenha a essência da normatização da matéria com o ente indicado na Constituição Federal, o que não significa que os demais não possamregulamentar os aspectos externos.
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