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RESUMO DIREITO PENAL - Ultraje Público ao Pudor

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Direito Penal
Do Ultraje Público ao Pudor (Capítulo VI e VII)
Ato obsceno (art. 233!!!!)
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
        Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Objeto Jurídico: Trata-se do pudor público, que faz com que, um ato sexual normal, inspirado na perpetuação da espécie, se torne, entretanto, ofensivo se realizado em presença de outras pessoas.
A conduta típica consiste em praticar ato obsceno, ou seja, executar, realizar. Ato obsceno é todo ato de cunho sexual capaz de ofender o pudor médio da sociedade. O senso de pudor da coletividade deve ser avaliado de acordo com o lugar e a época em que foi praticado.
O ato obsceno deve ser praticado em lugar público, ou aberto ou exposto ao público.
a) Público: é aquele ao qual todas as pessoas têm acesso, por exemplo, ruas, praças.
b) Aberto ao público: aquele cujo acesso é livre ou condicionado, por exemplo, metrô, cinema, museu, teatro.
c) Exposto ao público: é o local privado visível para quem se encontra num lugar público ou aberto ao público (p. ex., salas envidraçadas com vista para a rua, jardim de entrada de uma residência, varanda de um apartamento, interior de um automóvel). Se for privado, visível de outro local privado (p. ex., quintal de residência que somente é visível para quem se encontra na residência vizinha), não há o crime em tela, podendo caracterizar-se o delito de perturbação da tranquilidade (LCP, art. 65).
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: crime vago, pois a coletividade que é atingida. Nada impede que concomitantemente seja ofendido o pudor de pessoa determinada na hipótese em que ela presencia o ato.
Elemento Subjetivo: dolo.
Consumação e Tentativa: Cuida-se de crime de perigo. Dá-se a consumação com a efetiva prática do ato, independentemente da presença de pessoas ou de alguém se sentir ofendido. Conforme já visto, a publicidade exigida pelo crime refere-se ao local dos fatos e não à presença de indivíduos nele. Embora nos crimes de perigo a tentativa seja possível, ela não é cabível no delito em estudo.
Cuida-se de crime de ação penal pública incondicionada!!!!!!! 
Por se tratar de infração de menor potencial ofensivo, está sujeita às disposições da
Lei n. 9.099/95. É cabível a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei dos Juizados Especiais Criminais).
Escrito ou Objeto obsceno (art. 234!!!!)
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:
        Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
        Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
        I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;
        II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
        III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
Todas essas condutas devem ser praticadas com o fim de comércio, distribuição ou de exposição pública. Não exige o tipo penal que efetivamente os objetos sejam comercializados, distribuídos ou expostos ao público; basta a finalidade. O inciso I do art. 234, por sua vez, pune a conduta daquele que concretiza esse fim.
Objeto jurídico: Pudor Público. A lesão a ele já não oferece, como no artigo antecedente, como o ato, que, ainda que chocante, é rápido e momentâneo, mas por uma prática que perdura, alcança maior número de pessoas e se estende através de países e continentes.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: coletividade.
Elemento subjetivo: dolo.
Consumação e tentativa: Consuma-se com a prática de uma das ações típicas (fazer, importar, exportar, adquirir, ter sob sua guarda). Assim como no delito previsto no art. 233, cuida-se aqui de crime de perigo; portanto é dispensável que haja a efetiva ofensa ao pudor público. Em que pese tratar-se de crime de perigo, é delito plurissubsistente* e, assim, comporta tentativa.
OBS.*: Crime Plurissubsistente é aquele cuja ação é representada por vários atos, ou seja, a conduta é um processo executivo composto por fases que podem ser fracionadas, e, por isso, admite a tentativa. Este tipo de crime constitui a maioria dos delitos.
Distinções importantes!!!: 
Se o agente “produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente”, terá a sua conduta enquadrada no art. 240, caput, do ECA, com a redação determinada pela Lei n. 11.829, de 25 de novembro de 2008. “Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão ‘cena de sexo explícito ou pornográfica’ compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais” (ECA, art. 241-E, acrescentado pela Lei n. 11.829/2008).
As condutas de “vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente” configura o crime previsto no art. 241, com a redação determinada pela Lei n. 11.829/2008.
Se o agente, “oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente”, haverá a configuração do crime previsto no art. 241-A do ECA, acrescentado pela Lei n. 11.829/2008. Nas mesmas penas incorre quem: “I — assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caputdeste artigo; II — assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo” (art. 241-A, § 1º). De acordo com o § 2º do art. 241-A, “As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo”.
Na hipótese de o agente “adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente”, haverá o crime previsto no art. 241-B, caput, do ECA, acrescido pela Lei n. 11.829/2008. Vide também §§ 1º, 2º e 3º do mencionado dispositivo legal.
No caso de o agente “simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual”, haverá o perfazimento do crime previsto no art. 241-C, caput, do ECA, acrescido pela Lei n. 11.829/2008. E incorre nas mesmas penas quem “vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste artigo” (ECA, art. 241-C, parágrafo único).
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada.
Em virtude da pena prevista (detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa), trata-se de infração de menor potencial ofensivo. É cabível o instituto da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei dos Juizados Especiais Criminais).
Disposições Gerais
Aumento de pena (art. 234-A!!!!)
Art. 234-A.  Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
          I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
IV - de um sextoaté a metade, se o agente transmite à vitima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Segredo de Justiça (artr. 234-B!!!!)
Art. 234-B.  Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Art. 234-C.  (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
O princípio da publicidade do processo constitui garantia de independência, imparcialidade, autoridade e responsabilidade do juiz. Encontra exceção nos casos em que o decoro ou o interesse social aconselhem que eles não sejam divulgados (CPC, art. 155, I e II; CPP, arts. 485, § 5º, com a redação determinada pela Lei n. 11.689/2008, e 792, § 1º). Esta é a chamada publicidade restrita, segundo a qual os atos são públicos só para as partes e seus procuradores, ou para um reduzido número de pessoas. A restrição se baseia no art. 5º, LX, da CF, consoante o qual “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”.
Assim, o Poder Judiciário somente poderá restringir o número de pessoas em julgamento quando o direito público à informação não for prejudicado. Sopesam-se os dois bens jurídicos: direito à intimidade e direito público à informação.
O art. 234-B constitui, desta maneira, mais uma exceção ao princípio da publicidade, pois os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça, dado que a exposição da vítima pode lhe causar graves constrangimentos.

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