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CASUISTICA DE LEGISLAÇÃO ELEITORAL

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1
CANDIDATURA DE MILITAR ÀS ELEIÇÕES: 
 LICENÇA DE 3 (TRÊS) MESES COM REMUNERAÇÃO INTEGRAL 
(Por Dr. Diógenes Gomes Vieira – Advogado – Artigo inserido no site: www.diogenesadvogado.com) 
 
(Texto integrante do Livro de autoria do Dr. Diógenes Gomes Vieira, atualmente em fase de conclusão, cujo 
título provisório é: “O Direito à Ampla Defesa nos Quartéis das Forças Armadas e Forças Auxiliares”) 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 Resolvi comentar sobre este assunto, em virtude de que percebi que muitos 
militares, quase a maioria, inclusive àqueles que trabalhavam no setor de recursos humanos das 
Organizações Militares, desconheciam que poderiam, estando na ativa, se candidatarem a cargos eletivos; 
todavia, àqueles que conheciam tal direito, não sabiam como fazer isso, e eu mesmo, quando decidi me 
candidatar ao cargo de Vereador em 2004, também desconhecia alguns pormenores burocráticos, e após 
uma grande pesquisa, descobri como um militar faz para se candidatar. 
 Esclareço, todavia, que me restringirei a comentar alguns procedimentos 
administrativos e judiciais relacionados ao militar-candidato, não me estendendo a todo o processo eleitoral, 
seja administrativo ou judicial; isso porque, sendo deferido o registro de candidatura do militar-candidato, que 
ocorre em torno de até 30 (trinta) dias após o pedido de requerimento do registro de candidatura (caso não 
haja impugnação, o que será explicado posteriormente), e fornecendo à Administração Militar o respectivo 
documento oficial, encerra-se, praticamente, os trâmites administrativos militares. 
 E lhes digo, ainda, que muitos Partidos Políticos, em regra, os “pequenos”, 
desconhecem os procedimentos administrativos necessários à eficácia da candidatura de militares; ou seja, 
este tema também será de grande utilidade aos Partidos Políticos. 
 Uma ressalva: como dito, em regra, os Chefes de Divisões de Recursos Humanos 
desconhecem os procedimentos civis e militares referentes à candidatura de militares às eleições municipais 
(Prefeito e Vereador) e gerais (Presidente, Senador, Deputados Estadual e Federal); e uma prova disso é que 
nas minhas 2 (duas) candidaturas – Vereador em 2004 e Deputado Estadual em 2006 – praticamente tive que 
ensinar meus superiores hierárquicos sobre todos os procedimentos, inclusive quanto aos aspectos militares. 
 Um acontecimento interessante: o Comandante do CINDACTA 31, ao tomar 
conhecimento de que eu seria candidato e estava entrando de licença remunerada de 3 (três) meses, 
mandou um subordinado me dizer que eu não poderia me candidatar, e entrar de licença, pois não havia feito 
um requerimento sujeito ao seu deferimento; então, respondi que “não preciso pedir nenhuma autorização2, 
estou apenas informando que vou entrar de licença, conforme previsão legal e a Constituição Federal”, e até 
 
1
 Terceiro Centro Integrado de Defesa e Controle do Espaço Aéreo, situado no Recife/PE. 
 2
hoje ele (Coronel Aviador) não aceita tal fato, porém, não podia fazer, absolutamente, nada, pois é a “lei” que 
nos confere tal direito; e, felizmente, este Coronel não está acima da “lei”. 
 Eis algumas das perguntas que militares me faziam: precisa pedir autorização? 
quanto tempo é a licença? é remunerada? conta para a reserva? tenho que ser filiado a Partido Político? 
 E para respondê-las, nada melhor do que exemplificar com um caso prático, 
quando de minhas candidaturas em 2004 e 2006. 
 
2. ALGUMAS LEGISLAÇÕES PERTINENTES À CANDIDATURA DE MILITARES 
 
 O Código Eleitoral, instituído pela Lei nº 4.737/65, em seu art. 98 e 218, comenta 
sobre a elebibilidade3 dos militares e sobre alguns atos das autoridades judiciárias e dos partidos políticos; 
todavia, quanto ao art. 98, tem-se que seus incisos I e II foram revogados tacitamente4 pelo § 8º do art. 14 da 
CF/88, então vejamos: 
 
“Art. 98. Os militares alistáveis são elegíveis, atendidas as seguintes 
condições: 
I – o militar que tiver menos de 5 (cinco) anos de serviço, será, ao se 
candidatar a cargo eletivo, excluído do serviço ativo; 
II – o militar em atividade com 5 (cinco) ou mais anos de serviço ao se 
candidatar a cargo eletivo, será afastado, temporariamente, do serviço 
ativo, como agregado, para tratar de interesse particular; 
III – o militar não excluído e que vier a ser eleito será, no ato da 
diplomação, transferido para a reserva ou reformado. 
 
Parágrafo único. O Juízo ou Tribunal que deferir o registro de militar 
candidato a cargo eletivo comunicará imediatamente a decisão à 
autoridade a que o mesmo estiver subordinado, cabendo igual 
obrigação ao partido, quando lançar a candidatura.” 
 
“Art. 218. O presidente de Junta ou de Tribunal que diplomar militar 
candidato a cargo eletivo, comunicará imediatamente a diplomação à 
autoridade a que o mesmo estiver subordinado, para os fins do Art. 
98.” 
 
 A Lei nº 6.880/80 (Estatuto dos Militares) também explicita normas referentes ao 
militar-candidato no seu art. 52 , embora, a letras “a” e “b” estejam, também, revogadas tacitamente pela 
CF/88: 
 
2
 Não existe legislação que condicione o militar a se lançar candidato à autorização prévia de qualquer autoridade 
pública, mesmo militar; tal fato se dá porque o direito de se candidatar é um direito constitucional, logo, nenhuma 
norma inferior, poderá exigir do militar-candidato prévia autorização militar. 
3
 Requisitos necessários para que um cidadão possa se candidatar a um cargo eletivo. 
4
 Revogação tácita é quando a revogação (cessação da obrigatoriedade da lei, supressão ou cassação da lei) resulta da 
incompatibilidade ou da divergência de norma entre a lei anterior e a lei nova. No caso discorrido, a CF/88 revogou os 
dispositivos legais que lhe eram contrárias, quanto ao tema militar-candidato. 
 3
 
“Art. 52 – Os militares são alistáveis, como eleitores, desde que 
oficiais, guardas-marinha ou aspirantes-a-oficial, suboficiais ou 
subtenentes, sargentos ou alunos das escolas militares de nível 
superio para formação de oficiais. 
Parágrafo único. Os militares alistáveis são elegíveis, atendidas às 
seguintes condições: 
a) se contar menos de 5 (cinco) anos de serviço, será, ao se 
candidatar a cargo eletivo, excluído do serviço ativo mediante 
demissão ou licenciamento “ex officio”; e 
b) se em atividade, com 5 (cinco) ou mais anos de serviço, será, ao se 
candidatar a cargo eletivo, afastado, temporariamente, do serviço ativo 
e agregado, considerado em licença para tratar de interesse particular; 
se eleito, será, no ato da diplomação, transferido para a reserva 
remunerada, percebendo a remuneração a que fizer jus em função do 
seu tempo de serviço,” 
 
 Aproveito tal dispositivo estatutário para mencionar que o militar-candidato, quando 
afastado para concorrer às eleições, não se considera em licença para tratar de interesse particular, haja vista 
que continua percebendo sua remuneração integral; ele passa a ser considerado em licença para concorrer 
às eleições; e como expresso no final do dispositivo, sendo eleito, e posteriormente, diplomado5, o militar será 
transferido para a reserva remunerada, percebendo proventos proporcionais ao tempo de serviço, que os 
militares chamam de cotas proporcionais. 
 
 Eis os dispositivos previstos na CF/88: 
“Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e 
pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da 
lei, mediante: 
... 
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: 
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da 
atividade; 
II – secontar mais de dez anos de serviço, será agregado pela 
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da 
diplomação, para a inatividade.” 
 
 O Estatuto dos Militares prevê, em seu art. 82, inciso XIV, sobre a agregação do 
militar-candidato, porém, atentar para o fato de que são 10 (dez) ou mais anos de serviço: 
 
“Art. 82 – O militar será agregado quando for afastado 
temporariamente do serviço ativo por motivo de: 
... 
 
5
 Diplomado é o ato oficial de entrega do Diploma do Cargo Eletivo: Presidente da Republica, Senador, Deputados 
Federal e Estadual, Prefeito e Vereador. Por exemplo: os eleitos nas eleições de 2006 receberam seus Diplomas no dia 
01.01.2007. 
 4
XIV – ter-se candidatado a cargo eletivo, desde que conte 5 (cinco) ou 
mais anos de serviço. 
...” 
 
 
O Tribunal Superior Eleitoral edita resoluções6 para as eleições, e para o pleito de 
2006, foi divulgada a Resolução Nº 22.156 de 03 de março de 2006, que, em seu art. 12, faz referências aos 
militares-candidatos: 
 
“Art. 12. O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições 
(Constituição Federal, art. 14, § 8º, I e II): 
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da 
atividade; 
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela 
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da 
diplomação, para a inatividade. 
§ 1º A condição de elegibilidade relativa à filiação partidária não é 
exigível ao militar da ativa que pretenda concorrer a cargo eletivo, 
bastando o pedido de registro de candidatura, após prévia escolha em 
convenção partidária. 
§ 2º O militar da reserva remunerada deve ter filiação partidária 
deferida um ano antes do pleito. 
§ 3º O militar que passar à inatividade após o prazo de um ano para 
filiação partidária, mas antes da escolha em convenção, deverá filiar-
se a partido político, no prazo de quarenta e oito horas, após se tornar 
inativo. 
§ 4º Deferido o registro de militar candidato, o Tribunal comunicará a 
decisão à autoridade a que o militar estiver subordinado, cabendo igual 
obrigação ao partido político, quando o escolher candidato (Código 
Eleitoral, art. 98, parágrafo único).”
 
 
 Então, a CF/88 identifica 2 (duas) situações sobre o militar-candidato: a) com menos 
de 10 (dez) anos e b) com mais de 10 (dez) anos. 
 Na primeira, quando o texto constitucional diz “afastar-se da atividade”, significa que 
o militar será licenciado ou demitido, ou seja, não será mais militar, não tendo direito a qualquer remuneração, 
independentemente, de ser eleito ou não no pleito eleitoral; na prática, tendo menos de 10 (dez) anos de 
serviço, o militar que se candidatar estará pedindo “baixa”. 
 Já na segunda situação, militar com mais de 10 (dez) anos de serviço, ocorrerá que, 
independentemente, de ser eleito ou não, continuará a ser militar, percebendo sua remuneração integral, 
todavia, caso eleito, passará para a reserva remunerada, percebendo remuneração proporcional ao tempo de 
serviço. 
 Quanto àqueles militares com menos de 10 (dez) anos, o afastamento dar-se-á com 
o deferimento do pedido de candidatura, conforme entendimento do TSE: 
 5
 
“I. A transferência para a inatividade do militar que conta menos de dez 
anos de serviço é definitiva, mas só exigível após deferido o registro da 
candidatura. 
II. A filiação partidária a um ano da eleição não é condição de 
elegibilidade do militar, donde ser irrelevante a indagação sobre a 
nulidade da filiação do militar ainda na ativa, argüida com base no art. 
142, § 3º, V, da Constituição. 
(TSE – Resp 20318/PA – Relator Ministro Sepúlveda Pertence, j. 
19.09.2002).” 
 
 Houve, também, uma consulta eleitoral sobre tal fato, onde o TSE assim respondeu: 
 
“CONSULTA. Senador. A luz do art. 14, parágrafo 8, I, da Constituição 
Federal, que diz: "o militar alistável e elegível, atendidas as seguintes 
condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, devera afastar-
se da atividade; "indaga:"afastar-se da atividade, o que significa? 
"respondida nos seguintes termos: o afastamento do militar, de sua 
atividade, previsto no art. 14, parágrafo 8, I, da Constituição, deverá se 
processar mediante demissão ou licenciamento ex-officio, na forma da 
legislação que trata do serviço militar e dos regulamentos específicos 
de cada forca armada. 
(TSE – Consulta 571/DF – Rel.Ministro Walter Ramos da Costa Porto, 
j. 13.04.2000)” 
 
 Desta forma, antes de um militar pretender se candidatar, terá que verificar em quais 
destas situações se enquadra, a fim de não ser pego de surpresa. 
 O Supremo Tribunal Federal, (STF) já decidiu sobre a matéria, quando uma 
Organização Militar concedeu a licença para afastamento de um militar-candidato, com mais de 10 anos de 
serviço, porém sem conceder-lhe a respectiva remuneração, então vejamos: 
 
“EMENTA7: LICENÇA - MILITAR - ELEGIBILIDADE. Longe fica de 
contrariar o inciso II do § 8º do artigo 14 da Constituição Federal 
provimento que implique reconhecer ao militar candidato o direito a 
licença remunerada, quando conte mais de dez anos de serviço. (STF 
– AI-AgR 189907/DF – Segunda Turma – Relator Ministro Marco 
Aurélio, julgado em 29.09.1997, DJ de 21.11.1997, p. 811) 
 
 A lei complementar nº 64/90, em seu art. 1º, dentre outros, trata dos períodos de 
desincompatibilização (afastamento do serviço ativo) do militar da ativa, o que será mais discorrido 
posteriormente; assim como a lei nº 9.504/97 dispõe, em seu art. 73, sobre a proibição de transferência do 
militar nos 3 (três) últimos meses do pleito, o que, também, será comentado posteriormente. 
 
6
 São instruções específicas, julgadas convenientes pelo TSE, para a execução das normas contidas no Código Eleitoral 
 6
 Em resumo, as normas significativas para os militares, pelo menos das Forças 
Armadas, são as aqui citadas; quanto às polícias militares e bombeiros militares, deve-se obter as legislações 
mais específicas, mas, em regra, não diferem muito do aqui discorrido, pois, lembre-se, a possibilidade de 
candidatura de militar está explícita na Constituição Federal de 1988, Lei Maior de nosso País. 
 Os 3 (três) meses de licença (afastamento) obrigatória ao militar-candidato contarão 
para todos os efeitos legais, de acordo com o art. 81 c/c8 o art. 82, inciso XIV, do Estatuto dos militares, e em 
especial destaco: a) tempo de serviço para a reserva remunerada; e b) tempo de serviço para a promoção. 
 E mais uma coisa: o militar-candidato, neste período, estará sujeito aos regulamentos 
disciplinares, nos termos do art. 83 do Estatuto dos Militares, e também, ao Código Penal Militar: 
 
“Art. 83 – O militar agregado fica sujeito às obrigações disciplinares 
concernentes às suas relações com outros militares e autoridades 
civis, salvo quando titular de cargo que lhe dê precedência funcional 
sobre outros militares mais graduados ou mais antigos.” 
 
3. CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE 
 
 Partindo do fato de que o militar, mesmo na ativa, pode se candidatar a um cargo 
eletivo, passarei a discorrer sobre as condições de elegibilidade necessárias ao militar, a fim de poder 
concorrer às eleições gerais ou municipais. 
 E, obviamente, faz-se necessário conceituar o que são essas condições de 
elegibilidade, onde, sinteticamente, significa dizer que, embora a CF/88 permita que qualquer do povo aspire 
por um cargo eletivo, ela também faz algumas exigências, definindo as condições básicas necessárias ao 
direito de qualquer do povo ser votado nas eleições.Ou seja, a CF/88 diz: você tem o direito de se candidatar 
a um cargo eletivo, mas somente poderá exercer este direito, caso cumpra as exigências feitas por mim e 
pelas leis específicas. 
 Então, como visto, as condições básicas de elegibilidade têm cunho constitucional, 
previsto no art. 14, especialmente no § 3º; porém a própria CF/88, nesse mesmo parágrafo, explicita que 
essas condições serão definidas na forma da lei, eis o dispositivo constitucional: 
 
“§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: 
I - a nacionalidade brasileira; 
II - o pleno exercício dos direitos políticos; 
 III - o alistamento eleitoral; 
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; 
 
7
 Ementa é, em suma, uma síntese de uma decisão judicial. 
8
 C/C significa “combinado com”, ou seja, estes dois dispositivos interpretados conjuntamente é que vão definir que o 
militar-candidato agregado para concorrer às eleições, permanecerá com os direitos inerentes à sua carreira, como 
tempo de serviço, férias, promoção, etc. 
 7
 V - a filiação partidária; 
 VI - a idade mínima de: 
 a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República 
e Senador; 
 b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do 
Distrito Federal; 
 c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou 
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; 
d) dezoito anos para Vereador. 
... 
§ 8º - o militar alistável é elegível, ...” 
 
 Vejamos um detalhe: o § 8º informa que o militar é elegível se alistável, logo, os 
militares impedidos de se alistarem estão impedidos de concorrer às eleições, então vejamos o § 2º do art. 14 
da CF/88: 
 
“§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante 
o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.” 
 
 O Tribunal Superior Eleitoral – TSE – na resolução nº 15.850/89, em resposta à 
Consulta Eleitoral nº 10.471/DF, definiu o termo conscrito: 
 
“1. Eleitor. Serviço militar obrigatório. 
2. Entendimento da expressão "conscrito" no art. 14, parag. 2 da CF. 
3. Aluno de órgão de formação da reserva. Integração no conceito de 
serviço militar obrigatório. Proibição de votação, ainda que 
anteriormente alistado. 
4. Situação especial prevista na lei 5.292. Médicos, dentistas, 
farmacêuticos e veterinários. Condição de serviço militar obrigatório. 
5. Serviço militar em prorrogação ao tempo de soldado engajado. 
Implicação do art. 14, parágrafo 2 da cf. 
(tse – consulta 10.471/df – rel. Min. Roberto Ferreira rosas, j. 
03.11.1989).” 
 
 Dentre as condições básicas de elegibilidade discriminadas no “§ 3º do art. 14, 
entendo que 3 (três) delas devem ser comentadas, quais sejam: incisos II, IV e V. 
 
a) Inciso II: o pleno exercício dos direitos políticos 
 
 Inicialmente, utilizo-me da conceituação de direitos políticos, fornecida por De Plácido 
e Silva9: “Subjetivamente considerado, geralmente designado no plural direitos políticos, é tido como a 
faculdade outorgada a todo cidadão de participar da administração, direta ou indiretamente, sendo eleito para 
 
9
 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico.Rio de Janeiro: Editora Forense, 1998, pág. 276. 
 8
os seus cargos eletivos ou de representação, ou do sufrágio, que escolhe os delegados ou representantes do 
povo.” 
 A aquisição dos direitos políticos ocorre com o alistamento eleitoral, previsto no inciso 
III, que consiste no alistamento mediante procedimento administrativo junto aos órgãos competentes da 
Justiça Eleitoral. 
 O inciso II se refere ao pleno exercício dos direitos políticos, em virtude de que há 
hipóteses em que um cidadão pode perder seus direitos políticos, ou tê-los suspensos, e em ocorrendo tais 
possibilidades, estará inelegível; o art. 15 da CF/88 expõe tais casos, então vejamos: 
 
 “ Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou 
suspensão só se dará nos casos de: 
 I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em 
julgado; 
 II - incapacidade civil absoluta; 
 III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem 
seus efeitos; 
 IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação 
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; 
 V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.”
 
 
 
 Então, em relação aos militares, as hipóteses mais comuns de suspensão dos 
direitos políticos, que lhes impedirão de ter seu registro de candidatura deferido, serão as dos incisos III e V, 
enquanto durarem seus efeitos. 
 
b) Inciso IV: o domicílio eleitoral na circunscrição10 
 
 Maximilians Fuher11 resume o tema domicílio da seguinte forma: “Em princípio, 
domicílio é o lugar onde a pessoa reside com ânimo definitivo. Mas domicílio pode também ser o local de 
trabalho ou o lugar onde a pessoa mantém o centro de suas ocupações, ou, ainda, o lugar onde for 
encontrada, se não tiver residência fixa ou centro de ocupações habituais. Pode o domicílio ser duplo ou 
múltiplo, no caso de mais de uma residência ou centro de ocupações. As pessoas jurídicas têm por domicílio 
a sede, ou a filial, para os atos ali praticados. Domicílio é o que fica a critério do indivíduo. Domicílio legal é o 
fixado em lei, como o do filho menor, que é o de seu pai. Domicílio de eleição é o estabelecido por acordo das 
partes nos contratos (arts. 31 a 42 do CC).” 
 
10Na prática, aqui se refere a Município (Prefeito e Vereador), Estado (Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual) e em 
qualquer lugar do País para Presidente da República. 
11 FURHER, Maximilianus Cláudio Américo.Resumo de Direito Civil. São Paulo: Editora Malheiros, 2001. 24ª ed., p. 38. 
 9
 Porém, o domicílio eleitoral é diferente, sendo importante fazer tal distinção, em 
virtude de que se costuma confundir o domicílio necessário do militar com o seu domicílio eleitoral, sendo que 
àquele é definido no art. 76 do Código Civil: 
 
“Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o 
militar, o marítimo e o preso. 
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou 
assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer 
permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da 
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar 
imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver 
matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. “
 
 
 
Um militar pode ter várias residências, porém somente um domicílio necessário, de 
acordo com o previsto no art. 76; todavia seu domicílio eleitoral pode ser diferente do necessário. 
Exemplificando: quando estava servindo no CINDACTA 3 (Recife/PE), candidatei-me ao cargo de Deputado 
Estadual pelo Estado do Rio Grande do Norte, haja vista que era meu domicílio eleitoral por escolha, já que 
possuía 2 (duas) residências, uma em Recife e outra em Natal; todavia, para um candidato concorrer às 
eleições em determinada circunscrição (Município, por exemplo) deve, pelo menos, até 1 (um) ano antes das 
eleições, ter requerido sua inscrição eleitoral ou a transferência de seu domicílio eleitoral, nos termos do art. 
9º da lei nº 9.504/97; diferentemente do eleitor, que, de acordo com o art. 91 desta mesma lei, deve, pelo 
menos, 151 (cento e cinqüenta e um) dias antes do pleito, requerer a inscrição eleitoral ou a transferência, a 
fim de poder votar na respectiva circunscrição. 
 Mas como se define o domicílio eleitoral?A resposta está no art. 42 do Código 
Eleitoral, que disciplina: 
 
“Art. 42. O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do 
eleitor. 
Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar 
de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando 
mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas.”
 
 
 
 Como dito acima, o militar pode ter várias residências, e é com suporte no parágrafo 
único, que um militar pode se candidatar em qualquer lugar do país, caso tenho neste local uma de suas 
residências. 
 O TSE já analisou tal diferenciação, quando assim o definiu no Recurso Especial 
Eleitoral nº 16.397/2000: 
 
"o conceito de domicílio eleitoral não se confunde, necessariamente, 
com o de domicílio civil; aquele, mais flexível e elástico, identifica-se 
 10
com a residência e o lugar onde o interessado tem vínculos (políticos, 
sociais, patrimoniais, negócios).” 
 
 Então, quando um militar pretender se candidatar em outra localidade, que não seja 
seu domicílio necessário, e a Organização Militar disser não ser possível, no intuito de desestimular o militar-
candidato, este terá subsídios para argumentar sobre esta questão. 
 
c ) Inciso V: a filiação partidária 
 
 A CF/88 exige a filiação partidária como um requisito essencial para a elegibilidade, 
todavia no seu art. 142, § 3º, inciso V, menciona que: “o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar 
filiado a partidos políticos”. 
 Então como se resolve tal questão? O próprio TSE dirimiu tal questionamento, 
quando da edição de suas resoluções eleitorais, sendo a última (Resolução nº 22.156, de 03.03.2006) das 
eleições gerais de 2006, então vejamos: 
 
“Art. 12. O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições 
(Constituição Federal, art. 14, § 8º, I e II): 
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da 
atividade; 
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela 
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da 
diplomação, para a inatividade. 
§ 1º A condição de elegibilidade relativa à filiação partidária não é 
exigível ao militar da ativa que pretenda concorrer a cargo eletivo, 
bastando o pedido de registro de candidatura, após prévia 
escolha em convenção partidária (grifo meu). 
§ 2º O militar da reserva remunerada deve ter filiação partidária 
deferida um ano antes do pleito. 
§ 3º O militar que passar à inatividade após o prazo de um ano para 
filiação partidária, mas antes da escolha em convenção, deverá filiar-
se a partido político, no prazo de quarenta e oito horas, após se tornar 
inativo. 
§ 4º Deferido o registro de militar candidato, o Tribunal comunicará a 
decisão à autoridade a que o militar estiver subordinado, cabendo igual 
obrigação ao partido político, quando o escolher candidato (Código 
Eleitoral, art. 98, parágrafo único).” 
 
 
 Então, o militar não precisa, já que proibido constitucionalmente, estar filiado a 
partido político para poder concorrer às eleições; ou seja, quando do pedido de registro de candidatura, que 
será posteriormente comentado, não precisará comprovar tal requisito de elegibilidade. 
 Há outra importantíssima condição de elegibilidade: desincompatibilização, prevista 
na Lei Complementar nº 64/90, exigindo que alguns cidadãos detentores de cargos, sejam públicos ou 
 11
privados, por exemplos, afastem-se de suas funções por certos períodos anteriores à eleição, a fim de não se 
beneficiarem de suas condições “especiais”, a fim de captar votos, além, é claro do objetivo de manutenção 
da moralidade administrativa. 
 Em alguns cargos o prazo é diferenciado entre os próprios militares, dependendo de 
suas funções públicas, como dos Comandantes das Forças Armadas, onde o prazo de afastamento é de 6 
(seis) meses antes do pleito; todavia, como me dirijo especialmente aos graduados e a alguns oficiais que 
não detém cargos de comando ou de maior relevância significativa; logo, pelo menos neste tópico, deixarei de 
lado tais prazos especiais, que estão discriminados na Lei Complementar nº 64/90. 
 O prazo para desincompatibilização dos graduados e oficiais, em regra, é de 3 (três) 
meses, seja para qualquer cargo eletivo, nos termos da letra “l” do art.1º, da LC nº 64/90, por aplicação 
analógica12: 
 
“l) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos órgãos ou 
entidades da administração direta ou indireta da União, dos Estados, 
do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios, inclusive das 
fundações mantidas pelo poder público, não se afastarem até 3 (três) 
meses anteriores ao pleito, garantido o direito à percepção dos seus 
vencimentos integrais;” 
 
 Porém, as Organizações Militares, especialmente seus órgãos administrativos, 
geralmente, têm problema em entender a legislação eleitoral referente aos militares; e para melhor 
compreensão citarei um exemplo ocorrido comigo nas eleições de 2006, quando concorri ao cargo de 
Deputado Estadual. 
 Como o calendário muda constantemente de eleição para eleição, não há um dia pré-
determinado para o dia da votação, logo, em relação à desincompatibilização é a mesma coisa; nas últimas 
eleições eu deveria me afastar das funções militares antes do dia 1º de julho, já que as eleições ocorreriam 
em 1º de outubro de 2006; porém, como o dia 1º foi num sábado, apresentei-me para início de licença para 
concorrer às eleições na sexta-feira, ou seja, dia 30.05.2006. 
 Ocorreu, todavia, que o Chefe da Divisão de Recursos Humanos do CINDACTA 3, ao 
saber sobre minha apresentação, questionou-me: “mas onde está escrito que você tem que se afastar hoje?” 
Expliquei-lhe o porquê, mas não o convenci, e até tive que explicar para o setor jurídico, porém também não 
me entenderam. E queriam, que eu ficasse até que houvesse o deferimento de minha candidatura, então lhes 
disse que se ficasse, quando deferida minha candidatura estaria inelegível, e acreditem, não entenderam 
 
12
 A LC nº 64/90 não detém inciso especial aos militares, logo, utiliza-se o método analógico, ou seja, procura-se uma 
norma que poderia ser aplicada devido à omissão da lei, em função das semelhanças aos casos concretos; a letra “l” do 
art. 1º refere-se aos servidores públicos, sem mencionar se estão incluídos os militares. Parte da doutrina entende que o 
dispositivo refere-se somente aos civis; logo, em virtude da omissão da lei, tem-se considerado, analogicamente, que os 
militares estão subordinados a tal norma destinada aos servidores públicos civis. 
 12
também; todavia, disse-lhes que estava exercendo meus direitos constitucionais e, simplesmente, afastei-me 
de minhas atividades militares. 
 Porém, vou lhes explicar detalhadamente: acontece que a LC nº 64/90 exige o 
afastamento do militar, em alguns casos, até 3 (três) meses antes do pleito, e como no exemplo citado, 
ocorreu no dia 30.05.06, já que dia 1º de julho seria sábado; entretanto, o pedido de registro de candidatura, 
que é feito pelos partidos ou coligações, podia ser realizado até o dia 05.07.2006, e caso estes não 
efetivassem o pedido, os candidatos, individualmente, poderia fazer até o dia 07.07.2006, conforme 
expressam os arts. 21 e 24 da Resolução nº 22.156 do TSE, então vejamos: 
 
“Art. 21. Os partidos políticos e as coligações solicitarão à Justiça 
Eleitoral o registro de seus candidatos até as dezenove horas do dia 5 
de julho do ano da eleição (Lei nº 9.504/97, art. 11, caput).” 
 
“Art. 24. Na hipótese de o partido político ou a coligação não requerer 
o registro de seus candidatos, estes poderão fazê-lo perante o Tribunal 
Eleitoral competente até as dezenove horas do dia 7 de julhodo ano 
da eleição, apresentando o formulário Demonstrativo de Regularidade 
de Atos Partidários (DRAP) e o formulário Requerimento de Registro 
de Candidatura Individual (RRCI) (Lei nº 9.504/97, art. 11, § 4º).” 
 
 Mas não é só por isso, é que o deferimento13 do registro de candidatura não é 
imediato, e tem-se, ainda, todo um procedimento “administrativo-judicial” necessário ao deferimento. 
 Após o Partido Político, Coligação ou mesmo o candidato individualmente, protocolarem os 
pedidos de registros de candidatura, em havendo falhas ou omissões, o pré-candidato14 será intimado para 
no prazo de 72 (setenta e duas) horas corrigir o vício, sob pena de indeferimento de seu registro, nos termos 
do art. 32 da Resolução nº 22.156 do TSE. 
 Posteriormente, a partir da publicação, na imprensa oficial, do edital discriminando os 
pedidos de registro de candidatura dos pré-candidatos, abrir-se-á prazo de 5 (cinco) dias para que qualquer 
candidato, partido político, coligação ou Ministério Público, faça impugnações15 contra os pré-candidatos; 
como também aos cidadãos que estiverem no gozo de seus direitos políticos, noticiarem a inelegibilidade16 de 
qualquer candidatura. 
 
13
 Tecnicamente, àquele que requer o deferimento do registro de candidatura será denominado candidato, quando deste 
deferimento, ou seja, estando apto para concorrer às eleições; antes deste ato judicial (deferimento), este requerente é 
denominado pré-candidato, embora as legislações não façam tal distinção técnica; chamando todos de candidatos, 
mesmo que estejam sub judice. 
14
 Como dito antes, o cidadão é considerado, tecnicamente, “candidato”, quando tem deferido o respectivo registro de 
candidatura; antes deste ato judicial, o correto é chamar-se pré-candidato. 
15
 Impugnação é o ato no qual um candidato, partido político, coligação ou o Ministério Público peticionam à Justiça 
Eleitoral alegando que um candidato é inelegível, nos termos do art. 34 da Resolução nº 22.156 do TSE. 
16
 Notícia de inelegibilidade é, na prática, o mesmo que impugnação, todavia, têm legitimidade somente os cidadãos em 
pleno gozo dos seus direitos políticos, nos termos do art. 35 da Resolução nº 22.156 do TSE. 
 13
 Exemplificando: em 2004, minha candidatura e de todos do partido político, o qual 
estávamos representando, ao cargo de Vereador, foram impugnadas por um ex-presidente (notícia de 
inelegibilidade) deste mesmo partido; a decisão de primeira instância ocorreu quase 30 (trinta) dias depois do 
pedido de registro das candidaturas, e ainda, detínhamos o direito de recorrer até o Tribunal Superior 
Eleitoral, e, em algumas situações, até mesmo ao Supremo Tribunal Federal, como possível decisão até 
mesmo após o término das eleições; e tal possibilidade ocorreu com um cliente militar da Base Aérea de 
Natal nas eleições de 2006. E agora, vem a pergunta: mas como fica nesta situação, onde o registro foi 
deferido ou indeferido após o pleito eleitoral, onde, neste último caso, não houve a agregação do militar, nos 
termos do Estatuto dos Militares? E os 3 (três) meses de licença? Devolvem-se as remunerações? O que 
acontece? Tais respostas, em breve, serão respondidas, pois dependerá da mais aprofundamento jurídico. 
 Toda esta explanação serviu para demonstrar que é errado a Administração Militar 
sujeitar o início do afastamento do pré-candidato militar ao deferimento do registro de sua candidatura, como 
ocorrido comigo em 2006 no CINDACTA 3; pois, o próprio pedido de registro poderia, nas eleições de 2006, 
ser realizado até o dia 07.07.2006; e se eu não me afastasse até o dia 01.07.2006 (3 meses antes do pleito) 
estaria inelegível, pois descumpriria o art. 1º, inciso II, letra “l”, da LC nº 64/90. 
 
E acreditem, foi difícil fazer com que 4 (quatro) oficiais da Aeronáutica me 
compreendessem, e o mais cômico: um deles, era Assistente Jurídico do Quartel, formado em Direito. 
 
4. CANDIDATO-MILITAR: PROCEDIMENTOS A SEREM EXECUTADOS 
 
 
Nas eleições de 2006, fui responsável por todas as etapas necessárias destinadas ao 
pleito eleitoral, desde a Convenção Partidária, Registros de Candidaturas, montagem dos Comitês 
Financeiros, aberturas de Contas Correntes, Propaganda Política, dentre outras etapas, até a Prestação de 
Contas do Comitê Financeiro do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro – PRTB e dos candidatos, sendo 
esta, praticamente, a última etapa eleitoral para os candidatos não eleitos; e é com base nesta aprendizagem 
“prática” única, que irei discorrer sobre alguns pontos de relevante e necessário interesse aos futuros 
militares-candidatos. 
 
Primeiramente, faz-se necessário que o militar esteja vinculado a um partido político 
para concorrer às eleições, ou seja, não existe candidatura sem partido político; há militares que de “ouvir 
falar”, acreditam que é possível lançar-se candidato sem partido; todavia, embora o militar seja dispensado 
de filiação partidária, necessita estar vinculado a um partido político para concorrer às eleições. Essa 
confusão, provavelmente, é proveniente do fato de que, é permitido ao pré-candidato requerer, pessoalmente, 
seu registro de candidatura, porém, somente se o partido ou a coligação não requisitar o registro no período 
legal, nos termos do art. 24 da Resolução nº 22.156 do TSE. 
 14
 Àqueles militares que, de uma forma ou outra, estejam envolvidos com partidos 
políticos, não terão dificuldades em articular uma vaga disponível ao partido ou coligação para concorrer às 
eleições; porém, os que não estejam nesta situação, deverão, o quanto antes, procurar um partido político, e 
verificar a possibilidade de obter uma vaga. Então surge a seguinte pergunta: que vaga? 
 Não adentrarei profundamente nesta questão, que foge ao objetivo desta Obra, mas, 
resumidamente, ocorre o seguinte: dependendo da espécie do cargo eletivo pleiteado, e também, do número 
de cadeiras17 disponíveis ao Senado, Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas e Câmaras 
Municipais, de cada Estado ou Município, e ainda, dependendo se um partido se coligou ou não com outros, 
serão definidas as vagas disponíveis aos candidatos, conforme disposição do art. 10 da lei nº 9.504/97, então 
vejamos: 
 
“Art. 10. Cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos 
Deputados, Câmara Legislativa, Assembléias Legislativas e Câmaras 
Municipais, até cento e cinqüenta por cento do número de lugares a 
preencher. 
§ lº No caso de coligação para as eleições proporcionais, 
independentemente do número de partidos que a integrem, poderão 
ser registrados candidatos até o dobro do número de lugares a 
preencher. 
§ 2º Nas unidades da Federação em que o número de lugares a 
preencher para a Câmara dos Deputados não exceder de vinte, cada 
partido poderá registrar candidatos a Deputado Federal e a Deputado 
Estadual ou Distrital até o dobro das respectivas vagas; havendo 
coligação, estes números poderão ser acrescidos de até mais 
cinqüenta por cento. 
§ 3º Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, 
cada partido ou coligação deverá reservar o mínimo de trinta por cento 
e o máximo de setenta por cento para candidaturas de cada sexo. 
§ 4º Em todos os cálculos, será sempre desprezada a fração, se 
inferior a meio, e igualada a um, se igual ou superior. 
§ 5º No caso de as convenções para a escolha de candidatos não 
indicarem o número máximo de candidatos previsto no caput e nos §§ 
1º e 2º deste artigo, os órgãos de direção dos partidos respectivos 
poderão preencher as vagas remanescentes até sessenta dias antes 
do pleito.” 
 
 Ou seja, existe uma limitação ao número de pré-candidatos por partido ou coligação, 
mas então surgirá outra pergunta: entãocomo definir quais os interessados a serem “lançados” pelo partido 
ou coligação? Como será feita esta escolha? Digamos que existam 100 (cem) interessados e somente 50 
(cinqüenta) vagas? E, bom ressaltar, que há obrigatoriedade de reserva de vagas às mulheres, logo, esta 
 
17O termo “cadeiras” é a forma de designar o número máximo de candidatos eleitos para comporem as Casas 
Legislativas, por exemplo, para a legislatura de 2007, a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte seria 
composta de 24 (vinte e quatro) cadeiras, ou seja, 24 deputados estaduais; já na Assembléia Legislativa do Estado de 
Pernambuco o número seria de 49 (quarenta e nove) cadeiras. 
 15
etapa pré-eleitoral é um pouco complexa, e motivo de muitas brigas internas nos partidos; eu mesmo, 
presenciei várias durante minhas candidaturas em 2004 e 2006. 
 A resposta é: Convenção Partidária. 
 Mas será mesmo que somente a Convenção Partidária define os pré-candidatos? 
Não mesmo, principalmente, em partidos pequenos, onde os Presidentes definem, antes mesmo das 
convenções, os pré-candidatos dos partidos (a Convenção é como um ato simbólico, embora obrigatório); 
sendo que, muitas vezes, a escolha dependerá de quanto o interessado se dispõe a pagar! Isso mesmo, em 
alguns partidos, a vaga é comprada, mascarada de “taxa administrativa da partido”. 
 Todavia, partindo do fato de que é a Convenção Partidária o momento adequado 
para a escolha dos pré-candidatos, vejamos o art. 8º da lei nº 9.504/97: 
 
“Art. 8º A escolha dos candidatos pelos partidos e a deliberação sobre 
coligações deverão ser feitas no período de 10 a 30 de junho do ano 
em que se realizarem as eleições, lavrando-se a respectiva ata em 
livro aberto e rubricado pela Justiça Eleitoral. 
§ 1º Aos detentores de mandato de Deputado Federal, Estadual ou 
Distrital, ou de Vereador, e aos que tenham exercido esses cargos em 
qualquer período da legislatura que estiver em curso, é assegurado o 
registro de candidatura para o mesmo cargo pelo partido a que 
estejam filiados. ( Este parágrafo encontra-se suspenso por força de 
medida liminar concedida nos autos da Ação Direta de 
Inconstitucionalidade nº 2530-9) 
§ 2º Para a realização das convenções de escolha de candidatos, os 
partidos políticos poderão usar gratuitamente prédios públicos, 
responsabilizando-se por danos causados com a realização do 
evento.” 
 
 A Convenção Partidária é composta pelos filiados ao partido político, com direito a 
voto, nos termos das normas fixadas no respectivo Estatuto18. Outra pergunta: em virtude do militar não poder 
se filiar, poderá votar na Convenção? Eis uma resposta sem base legal explícita, todavia, pelo princípio 
constitucional da isonomia, entendo que sim, ademais, não existe qualquer norma impedindo tal prática. 
 Então, ocorrerá, que os filiados, aptos à votação, nos termos estatutários, escolherão 
os pré-candidatos que irão concorrer nas eleições municipais ou gerais; sendo que, neste ato, divulgar-se-á o 
número pelo qual cada um concorrerá nas urnas, que poderá ser por livre acordo entre os pré-candidatos, e 
que, também causa muita confusão. 
 Porém, necessária outra pergunta: o militar interessado em concorrer às eleições, 
está obrigado a informar previamente sua intenção, ou, mesmo, pedir autorização à sua Organização Militar – 
OM - para participar da Convenção e concorrer às eleições? A resposta é não! 
 
18
 Estatuto, resumidamente, é a lei ou regulamento do partido político, onde estão fixados seus princípios institucionais 
ou orgânicos. 
 16
 Todavia, como forma de “camaradagem”, e no intuito de não prejudicar as atividades 
da OM, sou da opinião de que não custa nada informar tal intenção ao seu superior hierárquico; 
principalmente, quanto à data da Convenção, principalmente, a fim de que não seja incluído nas escalas de 
serviço no dia da convenção, e lembre-se: sempre por escrito, com cópia de recebimento! Pois, se algum 
superior hierárquico, sabendo de sua intenção de se candidatar, tomando ciência da data da respectiva 
convenção, e mesmo assim, colocá-lo, justamente, de serviço neste dia, terá provas suficientes para, 
judicialmente, cessar este abuso, podendo, este superior sofrer penalidades judiciais gravíssimas. 
 Então, partindo do princípio que o militar-candidato já conseguiu um partido para 
lançar sua possível candidatura, passemos para a parte prática administrativa referente às OM. 
 O Comando da Aeronáutica emitiu a Portaria nº 47/5EM, de 23.05.2002 (anexa), 
estabelecendo alguns procedimentos ao militar-candidato, todavia, há algumas deficiências, tanto técnicas-
legais como práticas, porém, muito interessante, e, não raramente, desconhecida dos setores administrativos 
de vários OM, pois, tanto em 2004 quanto em 2006, eu mesmo tive que dar “essa dica”. 
 Anexados, constam alguns documentos escritos (modelos), de minha autoria, 
dirigidos à minha OM, que podem servir de exemplos aos futuros militares-candidatos, sendo que as etapas 
são as seguintes, ressaltando, mais uma vez, que não é necessário solicitar autorização prévia à 
Administração Militar para concorrer às eleições: 
 
1) em janeiro de 2006, informei ao Comandante de minha OM que seria candidato, todavia, 
como dito antes, tal procedimento não é obrigatório (modelo 1); 
2) como as convenções, de acordo com a lei, devem ser realizadas no período de 10 a 30 
de junho do ano eleitoral, pode-se informar ao superior hierárquico, via documento, sobre 
a data da convenção; eu, particularmente, nas eleições de 2006 não informei, pois como 
dito, não é obrigatório; 
3) sendo escolhido na convenção, o partido político, por intermédio de seu Presidente, é 
obrigado a informar à OM do militar-candidato a sua escolha, nos termos do art. 98, 
parágrafo único, do Código Eleitoral (modelo 2); 
4) o próximo passo será verificar o dia obrigatório para afastamento das atividades militares, 
ou seja, 3 (três) meses antes do dia das eleições; lembrando-se, que, não é necessário 
requerer autorização, simplesmente informe, apresentando-se, no setor competente, de 
que irá se afastar para concorrer às eleições; e juntamente, informar tal ato por 
documento escrito, pois este será o documento comprobatório de desincompatibilização, 
a ser juntado com o pedido do registro de candidatura (modelo 3); 
 
 17
5) o partido político ou a coligação, ou mesmo, o pré-candidato, em caso de inércia dos 
anteriores, como já discorrido, terão prazos para requerer o registro de candidatura – 
RCC; e de posse deste documento (modelo 4), o militar-candidato deverá entregá-lo a 
sua OM (modelo 5); 
6) após estas etapas, ao militar pré-candidato restará aguardar o deferimento de seu 
registro de candidatura pela Justiça Eleitoral, que como já mencionado, poderão decorrer 
vários dias, ou meses, até mesmo após o dia das eleições, no caso de impugnações; em 
2004 fui considerado inelegível em 01.10.04, ou seja, no dia das eleições (modelo 6); e, 
em havendo o deferimento (modelo 7), o militar deverá entregar cópia para sua OM; 
sendo, que, nos termos do art. 12 da Resolução nº 22.156/06 do TSE, a Justiça Eleitoral 
deverá comunicar o deferimento à autoridade militar a que o candidato estiver 
subordinado; e como no RCC não se menciona a Unidade à qual o militar está 
subordinado, e muito menos o endereço, oportuno informar à Justiça Eleitoral (modelo 8). 
7) estando a OM de posse do deferimento do registro de candidatura, agora, podendo-se 
denominar “candidato”, o militar será agregado, nos termos estatutários. 
 
 Com o resultado das eleições, 2 (dois) são os procedimentos a serem tomados juntoà OM, em decorrência do militar-candidato ter sido eleito ou não, possuindo mais de 10 (dez) anos de serviço; 
sendo que, primeiramente discorrerei sobre o militar não eleito: 
 
a) MILITAR NÃO ELEITO: 
 
1) se não eleito, o militar somente retornará ao serviço ativo no primeiro dia posterior à 
proclamação do resultado oficial; aguardando o ato de reversão, previsto no art. 86 da Lei 
nº 6.880/80 (Estatuto dos Militares). Surge uma pergunta: mas se é o ato de reversão que 
faz com que o militar retorne à sua OM, então por que retornar no dia seguinte, já que 
ainda não haverá publicado, ou mesmo iniciado o processo de reversão? Também tentei 
entender isso, porém, não adentrando no mérito da questão, é sensato se apresentar no 
dia seguinte, para não correr o risco de, supostamente, incorrer em deserção, nos termos 
do art. 188, inciso II, do Código Penal Militar, assim expresso: “deixa de se apresentar a 
autoridade competente, dentro do prazo de oito dias, contados daquele em que termina 
ou é cassada a licença ou agregação (grifos meus) ou em que é declarado o estado de 
sítio ou de guerra;”; 
 
 18
2) a Portaria nº 47/5EM, de 23.05.2002 (Aeronáutica) exige, ainda, que o militar entregue o 
resultado oficial das eleições, e ainda, que no prazo máximo de 15 (quinze) dias corridos, 
entregue “cópia do documento protocolizado na Justiça Eleitoral referente ao seu pedido 
de desligamento do partido”, e aqui está um dos graves erros19 técnicos: o militar da ativa 
nunca estará filiado ao partido político, mesmo tendo concorrido às eleições, isto porque, 
como já discorrido, o militar não precisa se filiar ao partido político para concorrer às 
eleições; e o ato de ser escolhido em Convenção Partidária ou ter deferido seu registro 
de candidatura a pedido do partido, não significa dizer que se filiou ao respectivo partido; 
porém, a Administração Militar, em regra, não entende de Direito Eleitoral, então nos 
resta, infelizmente, ir até o Cartório Eleitoral, e passar pela seguinte situação vivida por 
mim em 2004 e 2006: redigi uma petição (documento) e dirigi-me ao Cartório (Justiça 
Eleitoral) para protolocar o documento, e o servidor, entrando no sistema de dados, 
informou-me que eu não precisava requerer meu desligamento, já que não estava filiado 
a nenhum partido, o que eu já sabia; porém, expliquei-lhe, que era a Aeronáutica que 
exigia tal formalidade, então lhe pedi que protocolasse assim mesmo, e um dos 
servidores me disse: “esse pessoal militar não tem jeito mesmo, não entendem nada de 
eleições”. E pensei comigo: também, não conhecem democracia, ainda vivem das 
lembranças de seu governo ditatorial!?; 
 
3) e após esta etapa, tomando conhecimento do resultado das eleições e de que o militar já 
requereu sua “desfiliação”, a OM irá tomar as providências para reverter o militar. 
 
 b) MILITAR ELEITO: 
 
1) sendo eleito, primeiramente, deverá informar à sua OM o resultado oficial das eleições, 
demonstrando que fora eleito, permanecendo agregado até o dia da diplomação, ou seja, 
não retornará às suas atividades militares, continuando afastado; 
 
2) após ser diplomado, deverá informar à OM, fornecendo todos os documentos 
relacionados a este ato, e a partir desta data passará para a reserva remunerada, 
 
19
 O primeiro erro é pelo fato de que um filiado, primeiro, requer sua desfiliação ao próprio partido político, este é que 
irá informar à Justiça Eleitoral sobre o desligamento do filiado; ou seja, requerer o desligamento diretamente à Justiça 
Eleitoral não é suficiente para um filiado se desligar do partido político. Ressalte-se, que, para os não militares, ou 
militares inativos, ocorrerá que após o pedido de desligamento formal de filiação ao partido político, e em havendo 
nova filiação a outro partido, tal fato deverá ser informado ao Juízo do seu Cartório Eleitoral, nos termos do art. 22 da 
lei nº 9096/95, a fim de não correr o risco de ser inelegível por ter “dupla filiação”. 
 19
percebendo remuneração proporcional ao tempo de serviço, nos termos do art. 14, § 8º, 
da CF/88; e 
 
3) a OM, de posse destes documentos, iniciará o processo de transferência para a reserva 
remunerada, devendo, inclusive, receber as ajudas de custo previstas na letra “f”, tabela I, 
do anexo IV, da Medida Provisória nº 2.215-1, de 31.08.2001 (Substituta da Lei de 
Remuneração dos Militares). 
 
5. MILITAR-CANDIDATO: QUAIS OS PROCEDIMENTOS EM CASO DE IMPUGNAÇÃO E DE 
INDEFERIMENTO DO REGISTRO DE CANDIDATURA? 
 
 
 No tópico anterior, a dissertação teve como princípio, o fato do militar-candidato não 
ter sido impugnado, ou seja, desde o início houve o deferimento do seu pedido de candidatura; mas, o que 
acontece, quando há uma impugnação e o registro de candidatura do militar é indeferido? Como este militar 
será agregado sem o deferimento (homologação pela Justiça Eleitoral) de candidatura, nos termos da letra 
“b”, inciso II, do art.1º, da Portaria nº 47/5EM, de 23.05.2002, do Comando da Aeronáutica? Ele deverá voltar 
para suas atividades militares, enquanto aguarda os recursos eleitorais? Deixará de perceber suas 
remunerações, ou terá que devolvê-las? 
 Este tema é muito interessante, principalmente, pelo fato de que no ano de 2004, 
quando pré-candidato ao cargo de vereador, tive meu pedido de registro de candidatura impugnado, não 
conseguindo o deferimento (homologação), ou seja, não fiquei em momento algum agregado, embora 
percebendo remuneração durante os 3 (três) meses. Inclusive, quando do meu retorno à OM, foi aberta uma 
sindicância para verificar os motivos porque não houve deferimento do meu pedido de registro de candidatura 
(não entrega do documento oficial de homologação da Justiça Eleitoral), e esta parte foi mais interessante 
ainda, pois descobri o quanto o setor jurídico da Aeronáutica é leigo, também, em Direito Eleitoral. 
 Os arts. 58 e 59 da Resolução nº 22.156 do TSE respondem todas àquelas 
perguntas, então vejamos: 
 
“Art. 58. O candidato que tiver seu registro indeferido poderá recorrer 
da decisão e, enquanto estiver sub judice, prosseguir em sua 
campanha e ter seu nome mantido na urna eletrônica. 
Art. 59. Transitada em julgado a decisão que declarar a inelegibilidade 
do candidato, ser-lhe-á negado o registro, ou cancelado, se já tiver 
sido feito, ou declarado nulo o diploma, se já expedido (Lei 
Complementar nº 64/90, art. 15).” 
 
 
 
Quando o art. 58 comenta sobre ter o “registro indeferido”, está dizendo, por 
exemplo, que um candidato, concorrendo ao cargo de vereador, possui algum impedimento constitucional ou 
 20
legal (inelegibilidade), impossibilitando sua candidatura; todavia, permite que este pré-candidato recorra desta 
decisão, que no meu exemplo, foi de primeira instância (Juiz Singular – Zona Eleitoral20); logo, recorri ao 
Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio Grande do Norte. 
 Entretanto, este mesmo artigo, proclama que, enquanto o pré-candidato estiver sub 
judice, ou seja, tendo seu registro sob “análise judicial”, poderá “prosseguir em sua campanha e ter seu nome 
mantido na urna eletrônica”; na prática, isto quer dizer o seguinte: enquanto o militar-candidato estiver 
recorrendo, deverá se manter afastado de suas atividades militares, pois caso retorne, será considerado 
inelegível, devido a exercer função proibida nos 3 (três) meses anteriores ao pleito, e como não pode voltar, 
continuará a perceber remuneração, pois ainda não foi decidido, definitivamente, a homologação do seu 
pedido de candidatura. 
 E, somente, saber-se-á se o candidato-militar teve ou não deferido seu pedido de 
registro de candidatura, quando houver transitado em julgado21uma decisão judicial (seja de primeira 
instância – Juízo Eleitoral, segunda - TRE ou “terceira” – TSE, e ainda, do STF); ocorrerá, entretanto, que tal 
trânsito em julgado poderá demorar meses, até mesmo, ocorrer após o dia do pleito eleitoral. 
 Exemplificando: em 2004, tive meu registro indeferido pelo juiz de primeiro grau, e 
recorri ao Tribunal Regional Eleitoral; porém este manteve o indeferimento, e, novamente, recorri, só que 
desta vez para o Tribunal Superior Eleitoral, sendo que, também, manteve o indeferimento; porém, 
novamente, opus outro recurso (agravo regimental), porém para este mesmo Tribunal Superior, onde foi 
mantido o indeferimento. Esta decisão transitou em julgado no dia anterior às eleições (30.09.2006), e 
ressalte-se que, poderia ter recorrido, também, para o Supremo Tribunal Federal. 
 Ou seja, não fui agregado, pois meu pedido de registro foi indeferido pela Justiça 
Eleitoral, e, na sindicância, antes de iniciar o interrogatório, perguntei ao oficial encarregado: “conhece de 
Direito Eleitoral?” A resposta foi negativa; então tive que explicar, detalhadamente, todos estes detalhes ao 
mesmo, embora este Oficial fosse formado em Direito, podendo procurar as legislações necessárias ao 
deslinde da questão; principalmente, pelo fato de que este era o Chefe do Setor Jurídico de uma OM da 
Aeronáutica (Base Aérea de Natal); e ressalte-se, sequer sabia da existência da Resolução nº 22.156 do 
TSE, e ainda estava manuseando uma coletânea de legislação eleitoral22 de 2000. 
 Após, explicar, ou melhor, ensinar para este oficial sobre um pouco de direito 
eleitoral, a sindicância foi arquivada; e obviamente, não devolvi qualquer remuneração, como também não 
sofri qualquer punição disciplinar, haja vista estar amparado pela legislação eleitoral. 
 
20
 Nas eleições municipais (prefeito e vereador), cabe às zonas eleitorais (Cartórios) processar os pedidos de registro de 
candidatura, assim como deferir os pedidos, e em caso de indeferimento, recorres-se ao TRE; já nas eleições gerais 
(Presidente, Senador, Governador e Deputados Federal e Estadual) os processamentos de registro de candidatura 
ocorrem no TRE, que os indeferindo, recorrer-se-á ao TSE. 
21
 Uma decisão transita em julgado, quando não há mais recursos possíveis contra a mesma; ou quando o interessado 
deixa esgotar-se o prazo para a interposição de um recurso. 
22
 A cada eleição o TSE divulga resoluções, como esta de 2006; por isso, o profissional da área eleitoral deve ficar 
atento para as novas resoluções. 
 21
 Mas, aí, surge outra pergunta: o que fazer quando há impugnação? Duas são as 
respostas, de acordo com duas hipóteses: 
 
a) se o militar-candidato for impugnado, e não quiser recorrer, deverá retornar à sua 
OM no prazo de 7 (sete) dias23 após a publicação oficial do indeferimento de sua 
candidatura, levando consigo tal documento para entregar na OM; e 
 
b) sendo impugnado, e querendo recorrer, deverá contratar um advogado24, e 
informar25 à OM que teve seu registro indeferido, juntamente com o documento 
oficial de indeferimento e cópia do recurso (informar sobre cada recurso); e 
adequado, nesta mesma informação, informar que permanecerá afastado de 
suas funções militares, nos termos do arts. 58 e 59 da citada Resolução do TSE. 
 
 Apenas, complementando, no ano de 2004, uma das candidatas ao cargo de 
vereadora de nosso partido, também impugnada, Procuradora Federal (Advocacia da União), após quase 2 
(dois) meses de findada as eleições, procurou-me dizendo que a Advocacia Geral da União havia, também, 
aberto um processo administrativo, a fim de saber os motivos pelos quais ela não havia tido deferido seu 
pedido de registro de candidatura: impressionante! E, então, elaborei sua defesa, e também, arquivaram o 
processo, então, percebemos que não é só as Forças Armadas que desconhecem o Direito Eleitoral. 
 Então, futuros militares-candidatos, acredito que estas sejam as informações 
necessárias sobre a candidatura de militares às eleições municipais e gerais, e boa sorte na arte da política, 
caso seja possível chamar-se de arte! 
 
 Natal/RN, junho de 2007. 
Dr. Diógenes Gomes Vieira 
Advogado especialista em Direito Militar 
diogenes_gomes@hotmail.com 
www.diogenesadvogado.com 
 
 
 
 
 
23
 7 (sete) dias é o prazo para o pré-candidato impugnado se defender da impugnação, nos termos do art. 36 da 
Resolução nº 22.156 do TSE; pois não havendo defesa no prazo legal, ocorrerá o trânsito em julgado da decisão judicial; todavia, 
como a Administração Militar é leiga, caso decida não recorrer, aconselho a não aguardar tanto tempo para regressar; logo, volte às 
suas funções seguidamente ao indeferimento. E por que digo isso: é que você pode pretender recorrer, mas no último dia desistir, 
por isso seu retorno, legalmente, seria após este prazo de 7 dias.
 
24
 É necessário para recorrer das impugnações. E mais uma coisa: o ideal é contratar um advogado desde a Convenção 
Partidária, pois este é o profissional habitado para preservar seus direitos frente ao pleito eleitoral. 
25
 De preferência, forneça uma procuração especial com firma reconhecida ao seu advogado, dando-lhe poderes para 
representa-lo junto a sua OM, isso poderá conter abusos de seus superiores hierárquicos. No ano de 2006, tive um 
cliente que seguiu este conselho. 
 22
 
ANEXOS 
 
 
 
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 24
 
 
 
 
 
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MODELO 1 
 
 
 
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MODELO 2 
 
 
 
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MODELO 3 
 
 
 
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MODELO 4 
 
 
 
 29
 
MODELO 5 
 
 
 
 30
 
MODELO 6 
 
 
 
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MODELO 7 
 
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MODELO 8

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