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Aula de Campo em Geografia Urbana

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1 
 
 
 
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE 
PERNAMBUCO – CAMPUS RECIFE 
CGEO – CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA 
DOCENTES: PROF. DR. ADATO GOMES / PROF. DR. WEDMO TEXEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALINE DE SOUZA DA SILVA ALVES 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE AULA DE CAMPO 
GEOGRAFIA URBANA E TÉCNICAS DE PESQUISA EM GEOGRAFIA 
UMA ANÁLISE ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recife 
2 
 
2016 
1 INTRODUÇÃO 
O presente relatório descreve as atividades referentes a aula de campo da disciplina de 
Geografia Urbana e Métodos e Técnicas de Pesquisa em Geografia do Curso Licenciatura em 
Geografia, oferecido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de 
Pernambuco – IFPE – Campus Recife. A aula de campo teve início no dia 27 de novembro e 
término do dia 29 de novembro de 2015 e foi realizado em duas cidades do Nordeste 
brasileiro: cidade de João Pessoa/PB e Natal/RN. Neste trabalho serão relatadas além das 
atividades desenvolvidas durante a aula, uma abordagem teórica fazendo contrapontos entre a 
teoria estudada e analisada em sala de aula e a prática vivenciada na aula de campo. 
O propósito da aula de campo é, antes de tudo, identificar os elementos das paisagens 
que correnpondam à análise da Geogragia urbana sobre o espaço, de modo que possamos 
registrar em relatos tanto a questão da ocupação do espaço urbano pelo complexo de 
comércios, serviços e imobiliárias que promovem os “padrões” da cidade (fazendo o 
contraponto com a reivindicação do direito à cidade), quanto a crescente relação 
complementar e interdependente entre o campo e a cidade, o rural e o urbano promovendo 
suas ruralidades e rurbanidades em ambos os aspectos. E são estas questões que este relatório 
objetiva também retratar, além de todo o percurso da aula de campo, a partir os capítulos 
distribuídos ao longo do corpo do relatório e que serão relatados a partir e agora. 
A aula de campo contou com cerca de 12 estudantes do 6º período do curso de 
Licenciatura em Geografia, com uma van disponibilizada pelo Instituto – IFPE – onde, no 
primeiro dia (27/11), pudemos percorrer o caminho direto à Paraíba onde teríamos a primeira 
parada para observação e análise da paisagem. No meio do trajeto, já na Paraíba, paramos 
num posto de gasolina onde pudemos observar uma área de agricultura urbanizada – 
plantação de cana de açúcar com lago represado – onde já vimos os indícios da relação rural + 
urbano que será discutido do capítulo 6, onde retrataremos sobre a Relação Campo/Cidade e 
Rural/Urbano. 
Seguindo o trajeto até o centro urbano da Paraíba, passamos pela entrada no bairro de 
José América na Av. Ilton Santos Maior, formada nas décadas de 60 e 70 e 80 por conjuntos 
habitacionais de antigos políticos e que, atualmente, tem expandido com muitos prédios 
residenciais. Nossa 1º parada foi logo em seguida, no bairro Portal do Sol, um bairro 
localizado na zona leste de João Pessoa, pouco povoado, mas em expansão, principalmente 
3 
 
devido aos empreendimentos de alto padrão turísticos daquela região. Os aspectos 
importantes observados nesta parada serão analisados no capítulo 3 que abordará a Produção 
do Espaço Urbano – Autosegregação e Segregação Socioespacial. 
Em seguidas observamos a “cidade como espetáculo”, analisando as investidas do 
poder público com a intenção de promover a cidade como destino turístico, criando ambientes 
propícios a esta prática como o Sesc, a Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes (criada em 
2008 e arquitetada por Oscar Niemeyer) e o Centro de Convenções Poeta Ronaldo Cunha Lima 
(uma construção milionárias do governo, mas que agora não consegue administrar e pensa em passar 
para a iniciativa privada). 
Em Praia de Tambaú vimos várias embarcações de pesca e turismo, mas, poucos 
banhistas em um lado da praia, pois nesta área era mais frequentada por pescadores. Neste 
mesmo lado, na calçada, vimos esculturas artísticas degradadas (escultura Saudação ao Sol, 
do autor Erickson Britto, inaugurada em 2010), com alguns moradores de rua e esgoto em 
direção ao mar. Mas, por toda a avenida da costa existem centros econômicos, comerciais e 
culturais, como pousadas, hotéis, bancos, quiosques, o Mercado do peixe e o Centro de 
artezanato. O padrão do gabarito dos prédios eram baixos, no máximo 3 andares, definidos 
por lei. Falando em leis, não podemos deixar de mencionar o Hotel Tambaú. Um hotel alto 
padrão, mas que encontra-se na areia da praia, restringindo o livre acesso da população aquele 
“pedaço de terra” público e que denigre a preservação ambiental, e às leis ambientais, mas 
permanece por ser contrução antiga. 
A última parada do dia foi na Praça Ponto de Cem Réis, ou Praça Vidal de Negreiros, 
como é nomeada oficialmente. Nesta localidade foram realizados questionários e entrevistas, 
instrumentos de coletas de dados da disciplina Métodos e Técnicas da Pesquisa em Geografia. 
As ações foram realizadas com os frequentadores deste espaço público afim de obtermos 
informações necessárias para analisarmos como funciona a centralidade urbana daquele local, 
os sentidos de sociabilidade urbana, etc. Os dados serão analisados no capítulo 7. 
No segundo dia (28/11) já estávamos em Natal/RN. A primeira parada da aula de 
campo em Natal foi na Praça do Conjunto Potilândia em Lagoa Nova, localizada em frente a 
avenida Salgado Filho. Uma praça inutilizada, degradada, com falta de espaço para pôr o lixo, 
embora foi visto amontoado na calçada deixando a entender que haveria coleta seletiva ao 
longo do dia, próxima a um conjunto residencial com ruas largas e cuidadas, mas, conforme 
moradores, sem redes de esgoto. 
4 
 
Foi possível obervar que quanto mais se aproximava do centro econômico mais 
verticalizada se tornava a cidade, e quanto mais longe do centro, mais residencial e popular se 
tornava. Do outro lado da avenida haviam lotes de terra ainda inutilizado. O local, por sua 
vez, é bastante valorizado do ponto de vista econômico, pois, a Av. Salgado Filho é uma via 
de acesso a Arena das Duna, aos Shopping e à beira mar. 
Partindo de lá, passamos ainda na beira bar, na praia do bairro Mãe Luíza, onde 
avistamos as duas faces da autosegregação e dos segregados “obrigatoriamente”, pois, a beira 
mar é abastecida de prédios de alto padrão enquanto que, por trás dos prédios está localizado 
o bairro popular de Mãe Luíza. Podemos entender que este processo de apropriação do local 
por parte das imobiliárias foi um processo recente, mas que a população sem “influência 
política” não conseguiu inibir. É gritante o contraste na paisagem, parece um “mundo” muito 
próximo, mas distantes. Embora que muitos moradores da comunidade trabalham nestes 
condomínios verticais, eles podem ser próximos espacialmente, pode haver uma relação, 
mesmo que apenas profissional, de seus habitantes mas as desigualdades são expressivas e 
opressoras. 
Em seguida percorremos a cidade de Natal até a vila de pescadores, comunidade 
Maruin, mostrando uma outra face de uma cidade, uma face esquecida pelo poder público e, 
de lá, fomos à zona norte de Natal, uma zona em expansão urbana recente. Antes da última 
parada, passamos pelo centro histórico de Natal, localizado nos bairros de Cidade Alta e 
Ribeira, onde podemos entender como difundiu a cidade de Natal e o que contribuiu para sua 
expansão urbana e econômica. 
A última parada do dia foi para as novas pesquisas, para a aplicação dos questionários 
e entrevistas, agora na Praça Gentil Ferreira, no Alecrim. Uma praça bem movimentada 
durante todo o dia, onde o comércio é livre e os comerciantes se apropriam, literalmente, do 
localpara vendas. Foi possível ver diversas a tividades a serem realizadas no local, desde 
comércio, roda de conversas, até cultos esvangélicos. É interessante ver que o que parece 
“desorganizado”, devido a multiplicidade das atividade ocorridas no local, os habitantes “se 
encontram” e se “organizam” naturalmente, e todos fazem o uso daquele espaço público de 
maneira irrestrita. 
Por fim, no dia 29/11, último dia de aula de campo visitamos o Condomínio 
Sustentável Veredas do Lagoa Azul, um condomínio afastado do centro urbano de Natal, que 
“prega” a tranquilidade do campo como a fulga para uma cidade caótica e sem segurança, 
5 
 
afirmando que lá é o lugar perfeito e seguro pra se viver, embora que seus moradores buscam 
também a exclusividade e o afastamento de tudo o que fazem deles possoas comuns como 
qualquer outro na cidade. 
Este percurso feito ao longo da aula de campo, assim como o respaldo teórico, relacionando a 
teoria com a prática, serão analisados e retratados a seguir. Iniciaremos com uma breve 
caracterização das cidades de João Pessoa e Natal (capítulo 2), em seguida, abordaremos a 
cerca da produção do espaço urbano (capítulo 3), onde falaremos um pouco acerca da 
autosegregação e segregação socioespacial e então, falaremos sobre a cidade como negócio 
(capítulo 4), as centralidades e reestruturalização socioespacial (capítulo 5), as relação 
campo/cidade e rural/urbano (capítulo 6) e os usos e abusos do espaço público e a 
sociabilidade urbana na cidade (capítulo 7), em que faremos uma breve intrpretação dos dados 
obtidos com os recursos de pesquisa utilizados, finalizando, então, com as considerações 
finais. 
 
2 CARACTERIZAÇÃO DAS CIDADES DE JOÃO PESSOA E NATAL 
João Pessoa é a capital e principal centro financeiro e econômico do Estado da 
Paraíba. De acordo com o IBGE (2015) possui uma população estimada em 791.438 
habitantes, com uma área territorial de 211,475 (km²), e uma densidade demográfica de 
3.421,28 (hab/km²). Localiza-se na latitude: 7° 6′ 55″ Sul e longitude: 34° 51′ 40″ Oeste. 
Limita-se, ao Sul, com o município do Conde, ao Oeste com os municípios de Bayeux e Santa 
Rita, ao Norte com o município de Cabedelo e ao Leste com o Oceano Atlântico. 
 
Figura 1 – João Pessoa 
Fonte: RAFAEL; ARANHA; MENESES E SARAIVA, 2009, p. 820 
 
6 
 
 
Natal, por sua vez, é um município brasileiro, capital do Estado do Rio Grande do 
Norte, localizado na Região Nordeste do Brasil. Pertence à Mesorregião do Leste Potiguar e à 
Microrregião de Natal. Foi fundada em 25 de dezembro de 1599, mediante a data de sua 
fundação recebeu o nome Natal. Possui uma população média de acordo com o IBGE (2015) 
de 803.739 hab, em uma área de 167,264 km2. Localizada na latitude de 5° 47′ 40″ Sul, e, 
longitude: 35° 12′ 40″ Oeste. 
 
Figura 2 – Cidade de Natal 
 
Fonte: Google imagens, 2015 
 
 
3 PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO – AUTOSEGREGAÇÃO E SEGREGAÇÃO 
SOCIOESPACIAL 
De acordo com Rafael; Aranha; Meneses e Saraiva (2009) a urbanização em João 
Pessoa ocorreu no final do século XIX, mediante o desenvolvimento da produção algodoeira 
que impulsionou os serviços públicos na capital e o colapso do trabalho escravo que fez com 
que os senhores de engenho e fazendeiros passassem a ter residência permanente na cidade. 
Diferente de outras cidades do Brasil como Recife por exemplo, João Pessoa surgiu do 
Oeste para o Leste, cresceu do interior do Estado para o litoral. Desta forma, apenas a partir 
década de 40 do século XX, as áreas litorâneas foram sendo realmente ocupadas em 
consequência da abertura da Av. Epitácio Pessoa, ocorrida em 1933. 
Percebe-se então que a ocupação de forma mais expressiva na zona litorânea de João 
Pessoa é algo bem recente. Ocorreu, de acordo com o IBGE (2010), devido ao crescimento 
7 
 
populacional intensificado a partir dos anos 1960, quando iniciou o crescimento do índice de 
urbanização. Esse aumento populacional e urbano esteve relacionado à nova demanda 
populacional, ao planejamento urbano e políticas públicas de implantação de conjuntos 
habitacionais, além da especulação do setor imobiliário. 
Mesmo com esse crescimento urbano a cidade de João Pessoa possui ainda vários 
“vazios urbanos” considerados intencionais, pois não estão abandonados, mas sim, 
especulados imobiliariamente como podemos visualizar na Figura 3, registrada na primeira 
parada próximo aos residenciais de luxo como o Privê Cabo Branco Residence (Figura 4), e 
que onde foi percebido que o terreno estava cercado por cercas de arame. 
 
Nesta parada, no bairro Portal do Sol, pudemos observar a ação da especulação 
imobiliária de acordo com os objetivos do plano de aula de: enquadrar a cidade como 
negócio, as distintas faces da segregação socioespacial e a turistificação do espaço urbano. 
Próximo, se encontra uma área de preservação da UFPB, as outras áreas são 
particulares. Nestas áreas particulares é que são encontrados os “vazios urbanos”. Os 
proprietários fundiários e o Estado (com o papel de legislador, de aprovação dos imobiliários, 
junto com o jogo de força, onde os dois lados saem ganhando) são vistos como agentes 
produtores do espaço. 
Nas esalas das cidades os setores que tem “poder” sobre os Estados são os imobiliários 
e de transporte, o que acaba por criar - na cidade - os conflitos entre os Agentes Produtores do 
Espaço. Destre eles podemos citar: os agentes econômicos – imobiliárias (intensão de 
ocupação passando por cima do Estado, as vezes); os agentes sociais – MSTs (acham que tem 
o direito de se apropriar da terra não ocupada); e os agentes estatais – Estado (Legislação do 
local, do meio ambiente). 
Em 1979 é aprovada a 1° lei que libera as atuais formações dos condomínios 
residenciais, é a Lei Nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, que dispõe sobre o condomínio em 
edificações e as incorporações imobiliárias, onde é dito no Art. 1º que as edificações ou 
conjuntos de edificações, de um ou mais pavimentos, construídos sob a forma de unidades 
isoladas entre si, destinadas a fins residenciais ou não-residenciais, poderão ser alienados, no 
todo ou em parte, objetivamente considerados, e constituirá, cada unidade, propriedade 
autônoma sujeita às limitações da Lei. Desta forma, aprovado por lei e em benefício do setor 
imobiliário, este tipo de área residencial vêm crescendo cada vez mais expressivamente, 
8 
 
aumentando o sentido de segregação e autosegregação do espaço em relação a cidade, em seu 
sentido pleno. 
 
Figuras 3 e 4 – Vazios urbanos e condomínios de luxo 
Fonte: Silva, novembro de 2015 
As figuras acima nos permitem trabalhar algumas questões que foram bem latentes ao 
longo da aula de campo como as distintas faces da segregação socioespacial, e como os 
diferentes agentes sócio espaciais agem no espaço urbano. Primeiramente discutiremos acerca 
da segregação sócio espacial, que foi visualizada não apenas em João Pessoa mais também em 
Natal. 
Atualmente a produção do espaço ocorre de forma desigual, mediante a segregação da 
população de acordo com seu nível socioeconômico. A produção do espaço urbano se dar 
mediante “uma nova sociabilidade, que mostra um outro tipo de apropriação da cidade pelos 
moradores, evidenciando a segregação como fenômeno revelador dos conteúdos da produção 
do espaço e a autosegregação como desejo de consumo” (PADUA 2---, p. 146). 
A segregação ou a autosegregação são fenômenos cada vez mais recorrentes na atual 
cidade, fruto de uma série de discursos impostos pelo capital, como por exemplo onde se 
prega o medo: “a arquitetura do medo e da intimidação espalha-se pelos espaços públicos das 
cidades” (BAUMAN, 2009, p. 63). Esse discurso do medo que cada dia é mais pregado,acaba por impulsionar as pessoas a deixem de utilizar os espaços públicos, ou até mesmo que 
passem a negar a cidade, e buscar moradias em condomínios fechados, que ousamos chamar 
de “cidades da imaginação”. 
9 
 
Cidades da imaginação por esses condomínios serem construídos e vendidos com uma 
propaganda em que o espaço venha a “suprir” quase todas necessidades dos moradores. Os 
produtores imobiliários vendem um estilo de vida utópico, onde os problemas da cidade real 
não existam, onde a paz e o verde imperam em meio (ou afastado) ao caos urbano. Não é 
apenas uma venda de imóveis e sim um “estilo de vida”. 
Tudo isso coopera para a autosegregação onde a pessoa, atraído pelo novo “estilo de 
vida” escolhe, por conta própria, se separar do resto da sociedade. Desta forma, é perceptível 
que “a autosegregação ocorre, de modo geral, nos grupos de mais alta renda,os quais têm a 
capacidade para residir em áreas melhor localizadas e equipadas” (O’ Neill, 1983, p. 35 apud 
MINO p.165). Ou seja, a cidade real se encontra repleta de conflitos, pois como bem traz 
Carlos (2009), ela é produto de lutas, fruto de relações sociais contraditórias, criadas e 
aprofundadas pelo capital, sim, criadas e aprofundadas pelo capital, pois o mesmo se 
aproveita dessas contrariedades da cidade, dos confrontos, das mazelas sociais, e aprofundam-
nas mais ainda. 
Criando condomínios privados ou apartamentos de alto luxo, que vendem uma falsa 
realidade, e segregam a sociedade, aprofundando mais ainda as desigualdades sociais, 
gerando mais conflitos na cidade, o papel das ações do capital não é, nem de perto, cumprir o 
bem estar social. Percebemos que essas ações do capital não é algo limitado a um único local, 
encontramos isso na nossa cidade, Recife, assim como nas cidade visitadas na aula de campo, 
como João Pessoa e Natal. Mas, essa realidade não se encontra presa apenas a estas cidades, é 
algo que ocorre em todo Brasil. 
Vimos o que vem a ser a autosegregação, que é uma escolha individual de obter 
“melhores” condições de vida afastados da cidade, em seu sentido pleno. Já a segregação “é 
um processo segundo o qual diferentes classes ou camadas sociais tendem a se concentrar 
cada vez mais em diferentes regiões gerais ou conjuntos de bairros” (VILLAÇA 1998, p. 142 
apud MINO p.165). Enquanto a autosegregação é uma escolha, a segregação é alto imposta. 
São impostas “barreiras invisíveis” que impedem o uso coletivo de determinados 
locais. Por exemplo, temos os shoppings, que apesar de serem de uso “público”, existem 
barreiras que impedem que determinadas classes sociais adentrem nesses espaços, como 
podemos observar o Mangabeira Shopping em João Pessoa (PB). Mas também temos o 
exemplo dos condomínios fechados como o Veredas do Lagoa Azul, o quel visitamos na aula 
de campo, em Natal (RN), alguns “bairros planejados” como a Reserva do Paiva em Cabo de 
10 
 
Santo Agostinho (PE), e também praias com acesso restrito, como ocorre na Praia de 
Carneiros em Tamandaré (PE) que acabam por provocarem segregação. 
Como visualizamos na Figura 3 acima, no condomínio Cabo Branco Residence Privê 
ou em Natal, na orla de Ponta Negra, há indícios de segregação espacial. Em Ponta Negra a 
orla da praia é repleta por um grupo de condomínios verticalizados e no alto da encosta existe 
o bairro de Mãe Luiza. Como mostra nas figuras abaixo: 
Figura 4e 5 – Construções de alto padrão na orla de Ponta Negra, frente a comunidade do 
Bairro de Mãe Luiza 
 
Fonte: Silva, novembro de 2015 
 Nessa área a segregação e autosegregação se faz presente. Autosegregação por parte 
dos moradores dos condomínios e segregação dos moradores do Bairro de Mãe Luiza. Na 
verdade, a autosegregação promove a segregação, e esses dois fenômenos acabam por tornar a 
cidade um local mais desigual e de contrastes. 
A auto segregação é uma contradição pois “a cidade nasce da necessidade de se 
organizar um dado espaço no sentido de integrá-lo [...] é o rompimento do isolamento das 
áreas agora sob sua influência” (CARLOS,2009, p.57), ou seja, a autosegregação é a negação 
da cidade. 
4 A CIDADE COMO NEGÓCIO 
 A cidade se encontra no dia a dia em um fazer contínuo, e esse fazer se faz mediante a 
ação de diferentes agentes: 
11 
 
Agentes sociais, cada um centrado principalmente em estratégias e 
práticas espaciais pertinentes às atividades que os caracterizam, como 
por exemplo, produção industrial ou promoção imobiliária, podem, 
sob certas condições, desempenhar outras estratégias e práticas 
espaciais diferentes daquelas que os distinguem, mas que são 
semelhantes entre si. A terra urbana pode ser objeto de interesse de 
promotores imobiliárias, de empresas industriais, do estado e de outros 
agentes. (CORRÊA, ANO, p. 45) 
 A cidade é feita em sociedade, e cada pessoa, ou como Corrêa (ano) traz, é fruto de 
diferentes agentes sociais. Assim, ela é ponto de encontro e de confrontos, pois cada um 
desses agentes buscam alcançar seus interesses. E de acordo com, Carlos (2009), desde a 
industrialização, o avanço tecnológico, e mais propriamente a divisão do trabalho, a cidade 
passa a ser principal ponto de concentração de interesses políticos, ocorre a partir desse 
momento a hierarquização das cidades, que “reproduz a grande metrópole como resultado de 
uma prodigiosa acumulação de poder e riqueza” (CARLOS 2009, p. 66), ou seja, a cidade 
passa a ser vista como lócus de produção de capital. Ponto de concentração de indústrias e 
comércios, ou seja, de diversos meios de produção. 
Podemos visualizar essa característica das cidades tanto em João Pessoa como em 
Natal. Em João Pessoa visualizamos a presença do setor secundário e terciário. O setor 
secundário com um perfil industrial bastante tradicional, com grande destaque para as 
indústrias: alimentícia, têxtil, de couro, de calçados, metalúrgica, sucroalcooleira, informática, 
entre outras. 
E o setor terciário também se faz bem expressivo na paisagem, como podemos 
visualizar o Mangabeira shopping, ou no centro da cidade, na praça Vidal de Negreiros 
popularmente chamada de praça Cem Reis. 
Figuras 6 e 7 – Setor Terciário em João Pessoa 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Silva, novembro de 2015 
12 
 
O fato de a Praça Vidal de Negreiros chamar-se desta maneira oficialmente e 
popularmente de Praça Cem reis mostra que a cidade é uma produção continua e de diferentes 
agentes sociais, que se apropriam e nomeiam os lugares de acordo com suas vivências. Apesar 
da cidade ser um lócus de produção do capital, ela é mais que isso, é um local de produção 
cultural também. 
E o capital aproveita até mesmo isso em seu favor. Passa a utilizar as diferenciações 
culturais, para obtenção de lucro. A cidade como negócio se dar por diferentes vieses, como 
Carlos (2009, p. 76) traz: “ o modo de produção capitalista produz um espaço como todo 
modo de produção”. A cidade como negócio se desenvolve por meio do setor primário, 
secundário, terciário, e o uso da cidade como espetáculo também promove esse aspecto nas 
cidades. 
Cidade como espetáculo se dar mediante a vários aspectos, seja por meio do uso da 
arquitetura urbana, como em João Pessoa onde temos: o centro histórico da cidade, a estação 
ciência Cabo Branco (obra de Oscar Niemayer), farol Cabo Branco, Sesc Centro Cultural e o 
Pontal dos Seixas. Já em Natal, por exemplo, temos uma das cidades sedes dos jogos da Copa 
de 2014, com a Arena das Dunas, construída no local onde existia o tradicional estádio 
Machadão. 
 O capital utiliza das diversas estruturas urbanas para se produzir. Se apropria de obras 
arquitetônicas, como de espaços naturais, como o Parque das Dunas em Natal.A cidade se faz 
como produto para o capital, que a vende por meio de cartões postais por exemplo, mas ao 
mesmo tempo é obra, produção humana, repleta de contrariedades que não são postas em 
cartões postais. 
Como no caso da área portuária de Natal, onde conhecemos a comunidade de 
Marunhin, que possui um caráter econômico mais baixo, onde a população em sua base geral 
é de pescadores, em sua essência é uma comunidade carente, onde o poder público se ausenta 
de muitas de suas funções, como o saneamento básico por exemplo. 
Essa comunidade de Natal não aparece em seus cartões postais, pelo contrário se 
encontra afastada dos principais pontos turísticos da cidade. “A cidade sempre foi um lugar de 
encontro, de diferença e de interação criativa, um lugar onde a desordem tem seus usos e 
visões formas culturais e desejos individuais concorrentes se chocam” (HARVEY, 2013, p 
32), fica perceptível com os contrastes vivenciados em campo que a cidade é lócus de 
desigualdades, e pluralidades. 
13 
 
Segue abaixo algumas figuras que representam essa pluralidade das cidades de João 
Pessoa e Natal: 
Figuras 8 – Pluralidades em João Pessoa e em Natal 
Fonte: Silva, novembro de 2015 
 
Acima nas figuras podemos observar como o espaço urbano é rico de lugares variados, 
e essa variedade é utilizada pelo capital, de forma a torna a cidade um espetáculo um negócio. 
 
5 CENTRALIDADES E REESTRUTURALIZAÇÃO SOCIOESPACIAL 
 
 Como vimos até agora a cidade se faz de forma desigual, é um campo repleto de 
contrariedades, pluralidades, isso devido os diferentes agentes sociais que a compõe. A cidade 
é repleta de odores, sons, cores, as paisagens mais diversas. Desde áreas compostas pelas 
elites financeiras, com toda uma infraestrutura urbana com saneamento básico, amplas vias de 
transporte, iluminação, arborização, etc. 
14 
 
Como áreas onde se encontra grande porção de trabalhadores de baixa renda, onde a 
falta de uma infraestrutura urbana é latente, que possui uma organização, mas que para os 
padrões da sociedade atual é um caos. Sem saneamento básico, iluminação escarça, altos 
índices de violência. 
Tudo isso, desde as áreas nobres e favelas ou comunidades, formam as cidades, 
criando assim espaços que são mais valorizados que outros: 
Se tratando de desenvolvimento e estrutura das cidades do Brasil, o 
primeiro aspecto a destacar são as enormes diversidades constituídas 
pela nossa realidade urbana e territorial, provenientes de uma estrutura 
social marcada por fortes desigualdades sócio espaciais e crescente 
heterogeneidade interna. (SCHVASBERG, 2003 p. 43) 
Essa diversidade das cidades brasileiras não são exceções em João Pessoa e Natal. 
Essas cidades possuem lugares centrais, que são polos de toda uma “estrutura urbana 
completa”, com bancos, universidades, centros de convenções, grandes redes comerciais 
internacionais, industrias de ponta, tudo isso mostra a centralidade das cidades. 
Podemos perceber que João Pessoa é uma cidade que ainda está em um processo de 
crescimento, como vimos ainda possui vários vazios urbanos, se encontrando em processo de 
expansão. Podendo ser alvo assim do mercado imobiliário. Enquanto que Natal já possui uma 
estrutura urbana mais “completa”, não visualizamos nas áreas percorridas em campo nenhum 
vazio urbano, pelo contrário, Natal se encontra repleta de instrumentos urbanos que a tornam 
uma cidade central, um ponto de atração de diversos tipos de investimentos. 
 
6 RELAÇÃO CAMPO/CIDADE E RURAL/URBANO 
 
As cidades de João Pessoa e de Natal são totalmente urbanizadas assim como Recife. 
Então qual o motivo de um tópico acerca do rural e urbano, campo e cidade? Bem, o motivo é 
que atualmente as relações campo e cidade se encontram cada dia mais estreitas, e o viver 
urbano e rural também. 
No atual mundo da globalização as relações se encontram cada vez mais estreitas. O 
campo que era caracterizado por atividades agrícolas, agora possui atividades mais diversas, 
como da industrialização por exemplo. Assim, como as atividades do campo se diversificam 
15 
 
os sujeitos que a compõe também, no lugar da figura do camponês, encontramos as mais 
diversas profissões, desde o engenheiro agrônomo, florestal, até pecuaristas, zoologistas, etc. 
Além da questão das atividades econômicas que mudam no campo, temos os 
diferentes agentes sociais que surgem nesse espaço, e com essas mudanças o viver rural 
também muda. A identidade rural sofre mudanças mediante a essa fusão rural e urbano: “rural 
e urbano fundem-se, mas sem se tornarem a mesma coisa, já que preservam suas 
especificidades” (MARAFON, ano p.413) 
 Ou seja, apesar da aproximação que ocorre atualmente do rural e urbano ambos ainda 
se mantêm. Marafon (ano) descreve justamente que o rural e urbano sobrevive mediante a 
existência do outro, se existem ruralidades é devido a urbanidade e da mesma forma o 
contrário. 
 A ligação rural e urbano atualmente é aproveitada pelos agentes imobiliários, que 
vendem uma falsa ideia de rural em condomínios privados, como no caso do condomínio 
visitado em Natal, onde se vende a ideia do viver com a natureza, em comunidade, um modo 
de vida rural, mas com todos os elementos urbanos como internet, por exemplo, considerado 
sustentável. 
 Ao longo do percurso entre Recife, João Pessoa e Natal, visualizamos ao longo das 
BRs, em pequenas cidades afastadas dos grandes centros urbanos, áreas de agroindústria 
açucareira que utilizavam ferramentas de tecnologias de colheita e plantação de cana, 
mostrando assim as mudanças que espaços ditos como rurais passaram. 
 
7 USOS E ABUSOS DO ESPAÇO PÚBLICO E A SOCIABIILIDADE URBANA NA 
CIDADE 
 
O uso do espaço público é uma questão bastante discutida na academia atualmente, 
pois, estes espaços são palco dos mais diversos movimentos que existem na sociedade, onde a 
população pode utiliza-los para manifestarem suas artes, onde podem suprir suas necessidades 
através do trabalho, onde podem apenas usufruir, se encontar, enfim, tudo pode acontecer 
num mesmo espaço, e ao mesmo tempo, isto o torna público. Cerqueira (2013) contribui com 
este pensamento, afirmando que: 
16 
 
“[...] o nosso espaço público permite a coletividade, é de uso comum, 
portanto deve permitir a heterogeneidade e a co-presença. São espaços 
que devem abrigar a convivência, estimulando esse contado sempre 
que possível. Na sua materialidade é importante para a construção 
urbana...” (CERQUEIRA, 2013, p.25) 
 Mas, quando se fala em “abuso do espaço público” entendemos que se trata da 
ocupação irregular deste espaço, onde o sentido de coletividade passa a ser inibido ou 
restringido por uns, por uma minoria. Um terreno público onde passa a ser fechado para 
estacionamentos, ou uma calçada onde o dono da loja diz que é de uso exclusivo dos clientes, 
ou uma rua que fecham para que circulem apenas os moradores, são exemplos de privatização 
do espaço público considerados abusivos e que impossibilita a sociabilidade urbana na cidade, 
pois, um espaço é “público” à medida que permite o acesso de homens e mulheres sem que 
precisem ser previamente selecionados (BAUMAN, 2009, p. 69). 
 A sociabilidade urbana, por sua vez, enaltece as interações que ocorre na cidade, a 
ocupação de praças e ruas com benefícios públicos, como acontece no centro do Recife aos 
domingos, com vias livres para passeios de bicicletas e outras atividades que possam ser feitas 
pela população em geral, promovidos pela Prefeitura. Todos acabam por utilizar o mesmo 
espaço, com um mesmo fim, respeitando uns aos outros, na medida do possível, pois, é como 
afirma Cerqueira (2013): 
“...a sociabilidade não se esvazia de significado,ao contrário, passa a 
representar uma “forma pura” de interação. É apenas na sociabilidade que o 
indivíduo é caracterizado e definido por ele mesmo e não apenas pelas 
características comuns que levariam a socialização. [...] Dentro dos limites da 
sociabilidade o indivíduo é regulado por ele mesmo e pelo respeito à 
individualidade do outro.” (CERQUEIRA, 20013, p. 57) 
Nesta aula de campo foi possível analisar as relações entre os usos e abusos do espaço 
público e a sociabilidade urbana na cidade de João Pessoa e Natal, não somente pelas 
observações, mas também através dos questionários e entrevistas. 
Em João Pessoa, as entrevistas e questionários foram realizados na Praça de Cém Réis, 
ou Praça Vidal de Negreiros, uma praça ampla, com poucos aparatos ou elementos de 
convivência, um uso diversificado do espaço e também abusos do uso do espaço, pois, uma 
empresa achou por bem apropriar-se do centro da praça para vendas de produtos imobiliários 
e, devido a sua centralidade e aproximação com o comércio, era bastante movimentada. Nesta 
17 
 
praça observamos frequentadores de diversas classes populares, muitos trabalhadores, 
comerciantes, poucos grupos de jovens, nenhuma criança, e grupos de idosos a passar o 
tempo. 
Dos entrevistados por questionário, 50% eram homens e 50% eram mulheres, como 
podemos observar no Gráfico 1, o que pode nos render observações equilibradas por termoso 
mesmo quantitativo de opniões de ambos os sexos: 
 
 
Destes, o maior quantitativo em faixa etária foi os de idade entre 18 a 25 anos (37%) , 
pois, a maioria dos entrevistados estavam passando a trabalho, descansando na praça, fazendo 
comércio alternativo e até procurando emprego. Os demais quantitativos podem ser 
observados no gráfico a seguir: 
 
 
 
Gráfico 2 – Porcentagem de faixa etária dos entrevistados por questionário 
Gráfico 1 – Porcentagem de sexo dos entrevistados por questionário 
18 
 
O nível de escolaridade em sua maioria (40%) é de ensino médio completo, seguido de 
superior incompleto (Gráfico 3), o que pode refletir nos tipos de ocupação profissional dos 
entrevistados, pois em sua maiora eram pessoas com empregos populares como vendedores, 
comerciantes, profissionais liberais, etc (Gráfico 4). 
 
 
 
A maior parte dos entrevistados estavam economicamente ativos no mercado de 
trabalho, com uma porcentagem de 47%, sendo sua maioria com renda mensal de menos que 
um salário mínimo, e outros 25% com renda maior que 3 e menor que 5 salários mínimo. 
Analisando estes dois gráficos seguintes (Gáficos 5 e 6) é perceptível que a maioria dos 
frequentadores da praça correspondia a uma população de baixa renda: 
 
 
 Os entrevistados geralmente visitavam a Praça de Cem Réis a pelo menos de 5 a 10 anos, 
moradores das redondezas que costumam frequentar a praça, além de ser para trabalho (a 
maior parte dos entrevistados), também para fazer compras, por se tratar de um dos centros 
econômicos da cidade. Outros motivos citados também foram realização de pagamentos, 
Gráficos 3 e 4 – Porcentagem de escolaridade e ocupação profissional dos 
entrevistados por questionário 
Gráficos 5 e 6 – Porcentagem de escolaridade e ocupação profissional dos 
entrevistados por questionário 
 
19 
 
passeio, descanso, variando a frequência de visita àquele espaço grupo entre todos os dias ou 
duas a três vezes por semana, geralmente no turno da tarde. 
 Embora a praça seja bastante frequentada, quase 100% dos entrevistados alegaram que a 
estrutura física estavam regular, mas a manutenção em boa condição. O problema maior, e 
mais comentado era a cerca dos equipamentos e áreas de uso, pois na praça nada tinha além 
de algus bancos aos redores. Como selecionassem melhorias, muitos elegeram a falta de 
árvores, de segurança e de banheiros público como equipamentos necessários para a melhoria 
daquele espaço público. É perceptível a procupação com o espaço público e o desejo por 
melhorias no local. 
 Em entrevista dialogada uma jovem, atualmente desempregada, e que estava na praça a 
procura de emprego nos informou que frequenta a praça a bastante tempo, pois trabalhava 
próximo e ainda frequenta para encontrar os amigos. Ela enfatiza que a praça mudou bastante 
nos últimos anos, pois, havia uma fonte no centro da praça, havia um túneo que passava no 
meio da praça e o túneo não era coberto, o que oferecia um cerco perigo à população. Depois 
que fecharam a parte superior do túneo fizeram o grande calaçadão, como está a praça 
atualmente. Ela alega que isto melhorou bastante, pois, além de ficar mais espaçosa as pessoas 
podem transitar tranquilamente agora. 
 O que foi bastante questionado pela jovem foi a falta de incentivos, por parte do governo, 
para uma melhoria na praça, com estrutura, mas tamém com eventos. Atualmente a praça é 
mais frequentada por idosos que reunem-se todas as tardes e a noite para jogarem damas, 
dominó, cartas, mas não há nenhuma medida de incentivos ao uso daquele espaço público. 
Já em Natal, as entrevistas foram realizadas na Praça Gentil Ferreira no bairro do Alecrim; 
uma praça localizaaaada no centro comercial do bairro, onde seus usuários utilizam-na de 
diversas forma:para descanso, para comércio, para cultos, paradas de ônibusetc. A maioria 
dos entrevistados nesta praça foram do sexo masculino (56%) e a faixa etária dos 
entrevistados foram em maior quantitativo dos 18 aos 25 anos (28%), assim como na Praça de 
Cém Réis na Paraíba. Observe as porcentagens dos demais quantitativos nos gráficos a seguir: 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
 
 
A porcentagem maior de pessoas entrevistadas eram as que possuiam renda mensal 
maior que um e menor que três salários mínimos (67% - Gráfico 9) com o nível de 
escolaridade que não ultrapassava o ensino médio completo (39% - Gráfico 10), a que 
podemos atribuir também um caracterização da maiorioria dos frequentadores da Praça 
Gentol Ferreira como uma população de classe baixa à classe média alta. O comércio aos 
redores são de lojas populares, algumas nacionais e em sua maioria, pequenas lojas e 
comércio ambulantes distribuídos irregularmente ao longo das ruas próximas e até mesmo no 
meio da praça, sendo ela apropriada irregularmente por alguns comerciantes. 
 
 
Por fim, caracterizamos a maioria dos entrevistados como pertencente a religião 
católica (56%), seguida de evangélicos (33%), como é possível visualizar no Gráfico 11. 
Gráficos 7 e 8 – Porcentagem do quantitativo de sexo e de faixa etária dos 
entrevistados por questionário 
 
Gráficos 9 e 10 – Porcentagem do quantitativo da renda familiar e da 
escolaridade dos entrevistados por questionário 
 
21 
 
Inclusive, no momento da abordagem aos frequentadores da praça estava acontecendo um 
culto evangélico ao ar livre, mostrando as multiplicidades o uso daquele espaço público. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Grande parte dos entrevistados e dos frequentadores da Praça são trabalhadores da 
redondeza, ou pessoas que vão realizar compras, que geralmente fazem uso daquele espaço 
todos os dias ou de 2 a 3 vezes por semana, usualmente no turno da tarde. A Praça Gentil 
Ferreira é uma praça aparentemente abandonada pelo poder público, pois, os cuidados com a 
praça já não são mais evidentes. Os ocupadores deste espaço público indicam que a praça 
compete a uma estrutura bastante regular, pois ainda necessita de equipamentos adequados 
que possam atender á população, como banheiros público, iluminação e segurança, como 
mencionou os próprios entrevistados. 
Em ambos os espaços públicos visitados, onde realizamos os questionários e 
entrevistasfoi percebido que apesar das diferentes localidades espaciais, em diferentes 
Estados, com pessoas dessemelhantes, as maneiras de uso do espaço público se repetem, 
assim como as suas problemáticas. O crescente uso do espaço pela mercantilização são 
expressões bem características da praças visitadas, sendo a principal motivação da maioria 
dos frequentadores alí estarem. O sentido de pertencimento ao local, pela vivência e afeto ao 
espaço público estão sendo cada vez mais suprimidos na cidade, o que gera uma negação a 
esses espaços, devido à crescente falta de segurança, como afirma Cerqueira (2013): 
 
“Se a mercantilização muda intensamente a dinâmica de 
produção dos espaços públicos, conseuentemente interferindo na 
vivência dos mesmos, o outro ponto a ser abordado aumenta a 
negação desses espaços – mercantilizados ou não. A sensação de 
insegurança compartilhada pelos citadinos vem esvaziando esses 
Gráfico 11 – Porcentagem do quantitativo de tipos de religião dos 
entrevistados por questionário 
 
22 
 
espaços. Seus lugar depende da criação de um vínculo, de um laço 
afetivo, entre a pessoa e o ambiente. Para tanto, o espaço precisa ser 
vivenciado, experimentado.” (CERQUEIRA, 20113, p. 85) 
 
A partir das entrevistas e conversas informais com alguns usuários, foi possível 
identificar as diferentes formas de apropriação do espaço, em seus mais variados 
comportamentos espaciais. Concordando com Harvey (2013), é sabido que a cidade sempre 
foi um lugar de encontro, de diferença e de interação criativa, um lugar onde a desordem tem 
seus usos e visões, formas culturais e desejos individuais concorrentes que se chocam. Em 
ambas as praças, mesmo que em cidades diferente, e comparando-as também a nossas praças 
do centro da cidade do Recife, como a Praça do Diário, estes fenômenos e maneiras de uso do 
espaço público, usos e abusos e sociabilidades urbanas, acabam por se repetir. É a cidade 
múltipla e una. 
 
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Neste presente relatório retratamos a cerca da aula de campo realizada com os alunos 
do 6º período do curso de Licenciatura do IFPE, Campus Recife, onde os estudantes tiveram a 
oportunidade de vivenciar, na prática as ideologias da Geografia Urbana, em contribuição da 
disciplina de Métodos e Tecnicas da Pesquisa em Geografia para a elaboração e aquisição de 
dados referentes a pesquisa realizada em campo. 
Observamos, então, vários aspectos da Geografia urbana sob análise teórica que foram 
discutidas ao longo do relatório, como a discussão sobre a produção do espaço urbano que 
envolve a questão da autosegregação e da segragação socioespacial como algo ainda passível 
de discussões na sociedade atual, fazendo um diagnóstico sobre a cidade como negócio, que 
emprega à cidade a valoração do capital como valorização do espaço, negando o sentido de 
pertencimento à cidade pelo simples fato de vivencia-la e ter direito a ela. Neste aspecto, 
também foi discutido a questão das centralidades e reestruturalização socioespacial que 
engloba a cidade como um todo, desce as áreas centrais cobertas de investimentos do poder 
público, àquelas marginalizadas do centro da cidade e esquecidas pelos investimentos do 
poder público e, concluímos trabalhando a cerca dos usos e abusos do espaço público e a 
sociabilidade urbana na cidade, retratando sobre os diversos usos, exagerados ou não, do 
espaço público relacionando a sociabilidade como fonte de interação na cidade urbana. 
23 
 
Estas contribuição e reflexões da Geografia Urbana aprendidas em campo, competem 
a uma imprescindível formação dos licenciandos enquanto futuros profissionais da educação 
geográfica, de modo que estes passam a ter uma visão “panorâmica” sobre as urbanidades que 
ocorrem na cidade, de modo que, seja estabelecido a relação entre o que foi aprendido na 
disciplina e as vivências dos graduandos tanto na aula de campo, quanto na cidade do Recife. 
Podemos citar como ponto positivo da aula de campo, a abrangência do conhecimento 
da geografia urbana diante de tantas “faces” da cidade que poderam ser visualizadas até 
mesmo em apenas três dias, sendo possível fazer comparações das diferenciações exageradas 
da paisagem e com sentidos diferenciados. Já como ponto negativo, podemos citar apenas o 
exagero de informações repetitivas em pouco espaço de tempo e, para o aprimoramento 
contínuo dessa atividade didática, podemos sugerir que, antes da aula de campo, seja feito 
uma análise sobre o espaço, ou destino do campo, para que os alunos possam já “conhecer” o 
espaço e que quando estiverem em campo, possam tirar a “prova dos nove” de que suas 
impressões estavam corretas ou não; deste modeo será até possível que os estudantes tenham 
uma maior participação nos diálogos em campo. 
 
 
9 REFERENCIAL 
CARLOS, Ana Fani A. A Cidade. 8° ed. São Paulo: Contexto, 2009. 
CERQUEIRA, Yasminie Midlej Silv’a Farias. Espaço público e sociabilidade urbana: 
apropriações e significados dos espaços públicos na cidade contemporânea. – Dissertação 
(Mestrado), UFRN, Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura. – Natal, RN, 2013. 
CORRÊA, Roberto Lobato. Sobre Agentes Sociais, Escala e produção do Espaço: Um 
Texto Para Discursão. 
PADUA, Rafael Faleiros de. Produção Estratégica do Espaço e os “Novos Produtos 
Imobiliários”. 
ZYGMUNT, Bauman.Confiança e Medo na Cidade. Rio de Janeiro Jorge Zahar, ed. 2009. 
MINO, Oscar Alfredo Sobarzo. A segregação socioespacial urbana. Dissertação de 
Mestrado em Geografia da UNESP, [19??]. 
RAFAEL,Renata de Araújo, et al.Caracterização da evolução urbana do município de 
João Pessoa/ PB entre os anos de 1990 e 2006, com base em imagens orbitais de média 
resolução.Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 
abril 2009, INPE, p. 819-826. 
24 
 
SCHASBERG, Benny. Tendências e problemas da urbanização contemporânea no brasil. 
2003.

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