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Globalização e as Transformações nos anos 90 –

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – Faculdade de Direito
Economia Política– Profª Dora Nogueira Porto – DIR/NA1
Globalização e Transformações nos Anos 90 – Seminário VI: Daniel Silva, Elvis Bezerra Viana, Emerson Albert, Matheus Augusto
Globalização e as Transformações nos anos 90 – Capítulo 7
Livro: “Traduzindo o Economês” de Paulo Sandroni
São Paulo, outubro de 2013
Introdução
O início da globalização é um tema que divide acadêmicos, diversas vertentes sugerem épocas e contextos diferentes para o início desse processo. Apesar de ser um termo que ficou muito popular nos anos 90, autores defendem que a globalização é um processo que teve início por volta de 1500, na época das grandes navegações, onde navegar era preciso: preciso no sentido de necessidade, pois a Europa necessitava de novas rotas e mercados, e preciso no sentido técnico, pois os avanços tecnológicos permitiam que os europeus se aventurassem pelos sete mares com mais recursos tecnológicos, precisão técnica e segurança. Porém, o foco do nosso trabalho é a crise de 1997 e o processo de globalização após a queda da União Soviética, nos anos 90, que também foi acompanhado de inovações tecnológicas que tornaram o mundo uma grande aldeia global, ou um grande e unificado mercado. 
Conhecida como a primeira grande crise dos mercados globalizados, a crise do sudeste asiático de 1997 teve início com os “novos tigres asiáticos” e se expandiu por todo mundo. Abordaremos o desenrolar dessa crise, mas antes apresentaremos um pouco da história e economia dos principais países envolvidos.
1. Globalização
Hoje, com a disseminação das comunicações e o seu barateamento, o mundo todo está conectado e é fácil perceber isso, a importância que tem para o funcionamento dos mercados financeiros. A concorrência tende a se ampliar e os custos de comercialização se reduzem dramaticamente. O mundo num amplo e unificado mercado e os movimentos dos investimentos financeiros se tornaram muito mais rápidos, maciços e baratos.
 
Além dessa revolução nas comunicações e nos transportes, que entre outras coisas transformou o turismo numa maior e mais lucrativas atividades econômicas do mundo, a globalização é o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista. É caracterizada pelo avanço da ciência que aprimora as técnicas disseminadas pelo espaço e evoluídas através da informática.
 
Esse avanço fez surgir uma separação ou segregação do mundo entre norte rico e sul pobre. E o processo de globalização trouxe contrastes distintos no plano da realidade social do mundo.
 
 Nesse contexto a globalização transformou o mundo num cenário cada vez mais dinâmico e multipolar. A globalização para a maior parte do lado sul pobre está se impondo como fábrica de perversidades, segundo Milton Santos. O desemprego crescente torna-se crônico, a pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar, a mortalidade infantil prevalece, e a distância de uma educação de qualidade está cada vez mais longínqua, enfatiza Milton. Todas as mazelas são diretamente ou indiretamente imputáveis ao presente processo de globalização. A globalização, como foi dito, trata-se de um fenômeno de contrastes e de bilateralidades. Isto é, trouxe extrema nitidez das mazelas, entretanto “diminuiu” o distanciamento que havia nos processos econômicos, sociais e políticos. Dessa forma transformando as relações humanas, tornando-as mais flexíveis. Migrando o mundo a uma nova ordem mundial, onde não havia mais espaço bipolar, mas sim cada vez mais multipolar. 
Graças aos progressos fulminantes da informação, o mundo fica mais perto de cada um, não importa onde esteja. O outro, isto é, o resto da humanidade, parece estar próximo. Criam-se, para todos, a certeza e, logo depois, a consciência de ser mundo e de estar no mundo, mesmo se ainda não o alcançamos em plenitude material ou intelectual. O próprio mundo se instala nos lugares, sobretudo as grandes cidades, pela presença maciça de uma humanidade misturada, vinda de todos os quadrantes e trazendo consigo interpretações variadas e múltiplas, que ao mesmo tempo se chocam e colaboram na produção renovada do entendimento e da crítica da existência. Assim, o cotidiano de cada um se enriquece, pela experiência própria e pela do vizinho, tanto pelas realizações atuais como pelas perspectivas de futuro. As dialéticas da vida nos lugares, agora mais enriquecidas, são paralelamente o caldo de cultura necessário à proposição e ao exercício de uma nova política.
 
Então essas transformações levaram a humanidade a um estágio extremamente rico e ao mesmo tempo pobre. De um lado as inovações tecnológicas surgiram a todo vapor, e de outro as mazelas sociais e econômicas se disseminavam profundamente. A globalização criou um mundo de possibilidades e de mais interação social, entretanto as possibilidades não foram distribuídas equitativamente, reforçando os contrastes do mundo, agora globalizado.
2. Contextualização Econômica 
2.1 Tigres Asiáticos
Os Tigres Asiáticos são quatro países ( Hong Kong, Coreia do Sul, Cingapura e Taiwan) que na década de 1970 apresentaram um acelerado processo de industrialização. Eles ficaram conhecidos mundialmente por esse apelido graças à agressividade administrativa (relativo à suas políticas públicas) e à sua localização.
O modelo industrial desses países é caracterizado como IOE (Industrialização Orientada para a Exportação), ou seja, as indústrias transnacionais que se estabeleceram nesses países e as empresas locais implantaram um parque industrial destinado principalmente ao mercado exterior. Portanto, a economia desses países é muito dependente da saúde econômica do mercado internacional. 
Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan utilizaram métodos diferentes para o desenvolvimento econômico, no entanto, essas nações apresentaram aspectos comuns, como forte apoio do governo, proporcionando infraestrutura necessária (transporte, comunicações e energia), financiamento das instalações industriais e altos investimentos em educação e em qualificação profissional. Como os "Tigres" eram relativamente pobres durante a década de 1960, tinham abundância de mão-de-obra barata. Juntamente com a reforma educacional eles conseguiram aproveitar essa vantagem, criando uma força de trabalho de baixo custo, mas muito produtiva.
Além disso, esses países, com exceção da Coreia do Sul, adotaram uma política de incentivos para atrair as indústrias transnacionais. Foram criadas Zonas de Processamento de Exportações (ZPE), com doações de terrenos e isenção de impostos pelo Estado.
Diferentemente dos outros Tigres Asiáticos, a Coreia do Sul demonstrou resistência a instalações de empresas transnacionais em seu território. O desenvolvimento industrial do país baseou-se nos chaebols, que se caracteriza por conglomerados de empresas com fortes laços familiares. Quatro grandes chaebols controlam a economia coreana e têm forte atuação no mercado internacional: Hyunday, Samsung e LG.
Os Novos Tigres Asiáticos
Com o tempo, o termo Tigre tornou-se sinônimo de nação que alcançou o crescimento com um modelo econômico voltado para exportação. Recentemente, nações do Sudeste asiático, como Indonésia, Malásia, Filipinas e Tailândia também passaram a serem consideradas Tigres formando assim os Tigres Asiáticos de Segunda Geração.
Nesses novos Tigres foram instaladas indústrias tradicionais, como têxteis, calçados, alimentos, brinquedos e produtos eletrônicos. Nesses países há mão de obra menos qualificada que a encontrada nos quatro Tigres originais, porém, muito mais barata. Milhares de pequenas empresas produzem mercadorias sob encomenda, criadas e planejadas em outros países do mundo.
2.2 Japão
A expansão japonesa
O Japão expandiu-se mais rapidamente que todas as economias industrializadas desde os anos 50, fez uma revolução tecnológicaque lhe permitiu acumular superávits comerciais crescentes, sobretudo com os Estados Unidos e tornou-se provedor de financiamentos de longo prazo possibilitando ao governo americano ampliar sem susto seu endividamento interno e externo.
Pós-guerra e milagre econômico (anos 50 e 60)
Impulsionado pela assistência e pelo credito americano (pois os EUS não queriam perder espaço político para a URSS e China na região e temiam um possível avanço ideológico do socialismo no Japão), e consolidado pelo forte intervencionismo do governo japonês, o Japão em poucos anos superou a crise pela perda de suas colônias e consequentemente do acesso a alimentos e matérias primas baratas e viu sua indústria e sua economia que se encontravam devastadas e exauridas pelo esforço de guerra, se recuperarem com tal rapidez nunca antes vista no mundo (um verdadeiro paradigma de resposta nacional).
Entre 1960 e 1970 seu crescimento anual médio foi o mais elevado do mundo. Nos anos 70 o Japão tornou-se a terceira maior potencia econômica mundial. Os seus produtos invadiram todos os mercados internacionais a preços competitivos.
Anos 70 e a crise do petróleo
Em meio à crise da alta do petróleo dos anos 70, o Japão protagonizou uma grande revolução tecnológica que inspirou mudanças em todas as grandes empresas ao redor do mundo.
Mudanças iniciadas pela Toyota fizeram com que toda a cadeia produtiva fosse reavaliada. A Toyota implementou o sistema “ Just in time”(JIT) que consistia em “puxar” a produção a partir da demanda, produzindo somente os itens necessários, nas quantidades necessárias, e no momento necessário. Mais que uma técnica de administração da produção esse sistema consistia numa filosofia, que incluía aspectos de administração de materiais, gestão de qualidades, arranjo físico, projeto de produto, organização do trabalho, eliminação de estoques, eliminação de desperdícios, manufatura de fluxo continuo e esforço continuo na resolução dos problemas.
Anos 80 a 90 – Acordos do Plaza
O Japão expandiu-se mais rapidamente que todas as economias industrializadas desde os anos 50, fez uma revolução tecnológica que lhe permitiu acumular superávits comerciais crescentes, sobretudo com os EUA. 
A acumulação desses mega-superavits fez com que o Japão se tornasse já em 1985 o principal credor liquido do mundo, posição tradicionalmente ocupada pelos Estados Unidos.
Diante desse quadro de desequilíbrio na balança comercial, os EUA passaram a pressionar o Japão para que esse flexibilizasse os limites as importações de bens e serviços estrangeiros e liberasse sei mercado financeiro. A pressão pela liberalização veio acompanhada pela iniciativa do governo americano, apoiada pelas principais economias capitalistas desenvolvidas(G5), de promover uma desvalorização gradual da moeda norte americana.
Através dos acordos do Plaza de 1985 a expectativa era de que o Iene deveria valorizar-se de 240 unidades por dólar para 170-160 unidades. Na realidade a partir de 1987, o Iene ficou em torno de 130, oscilando até menos de 100 por dólar. Essa sobrevalorização brutal reduziu consideravelmente a taxa de crescimento da economia japonesa e as margens de lucro dos setores exportadores. Para compensar essas perdas, o governo japonês decidiu ampliar a demanda interna, adotando uma política monetária expansionista, que reduziu a taxa de juros de 5% para 2,5% ao ano. A queda dos juros mal conseguiu aquecer a economia, mas permitiu que as empresas japonesas obtivesses grandes lucros migrando seus investimentos para os fundos federais norte americanos que tiveram um taxa de juros que flutuou entre 5,5% e 7,5% ao ano e para os Tigres Asiáticos(Cingapura, Hong-kong, Coreia do Sul e Taiwan) que aparentavam ter uma economia saudável e precisavam de capital para financiar seus déficits.
A Especulação 
As empresas produtivas japonesas lançaram-se com grande apetite em operações especulativas numa busca desenfreada por lucros não operacionais. Essa fome especulativa, acompanhada da liberalização do mercado financeiro, permitiu que as companhias nipônicas fizessem da gerencia financeira uma atividade mais lucrativa do que os investimentos em bens reais.
Essa foi a gênese da bolha especulativa que jogou a economia japonesa numa profunda crise nos anos 90.
A crise japonesa não tem , porem, apenas uma financeira. Sua face real e igualmente importante . Para consolidar suas conquistas nos mercados externos e aplicar seus excedentes de caixa, as empresas japonesas passaram um movimento de internacionalização crescente a partir dos anos 80. Bancos, “Tradings Companies” e empresas industriais se tornaram globalizados e isso acabou levando a uma deterioração dos laços de solidariedade vertical e horizontal que caracterizavam a sociedade nipônica, tornando mais difícil a coordenação de decisões empresariais e estratégicas e a distribuição equilibrada dos frutos do progresso técnico. Todo o esquema de contratos estáveis de longo prazo e de cooperação técnica que ligavam grandes e pequenas empresas ficou em cheque e, finalmente, a famosa estabilidade no emprego ficou sob ameaça. Assim começaram a serem erodidas as próprias bases internas de sustentação do paradigma do crescimento japonês.
2.3 Brasil
Com a progressão da crise asiática e a interligação entre as diversas economias de mercado, não tardaria para a crise aportar no Brasil. Em 1998 o déficit de transações correntes chegou a 4,4% do Produto Interno Bruto, ou seja, arrecadamos menos do que gastamos no comércio, nos serviços e nas transferências unilaterais. Esses três elementos fundamentais das transações correntes agregados ao movimento de capitais são os componentes principais da Balança de Pagamentos. Se houver um déficit em algum desses elementos componentes das transações correntes significa que os gastos foram maiores que a receita.
No período entre 1995 e 1997, os produtos estrangeiros ficaram mais baratos que os produtos nacionais. O Brasil estava vendendo menos do que comprando no mercado internacional, ocasionando um déficit na conta de comércio. O motivo principal desse déficit estava relacionada a taxa de câmbio. Inicialmente, a intenção governamental era manter a paridade entre o real e o dólar, na proporção de R$ 1,00 = US$ 1,00.
Entretanto, devido a confiança internacional de que o governo brasileiro honraria seus compromissos com os credores da dívida externa e as altas taxas de juros praticadas na economia brasileira, proporcionaram ao mercado brasileiro ampla receptividade dos investidores, fazendo com que uma grande quantidade de dólares ingressasse no país. Em razão da elevada quantidade de dólares que eram injetados na economia brasileira, houve uma superoferta da moeda norte-americano em face ao real, o que ocasionou na valorização da moeda brasileira. O efeito imediato da valorização do real frente ao dólar foi sentido no crescente aumento das importações, afinal, o real estava fortalecido. Já os rendimentos obtidos através das exportações diminuíram, uma vez que se recebia uma quantidade menor de reais para cada dólar que se obtinha. O resultado disto é um deficit na balança comercial.
Uma outra consequência na economia proveniente do fortalecimento do real foi sentida no que tange os serviços vendidos pelos estrangeiros que tornaram-se mais acessíveis.No período compreendido entre 1994 a 1997, houve um deficit muito grande na área de serviços da Balança de Pagamentos. Os brasileiros que faziam turismo no exterior gastavam muito mais do que os turistas estrangeiros no Brasil.
Além da relação entre valores gastos por brasileiros no exterior e o que foi gasto aqui por estrangeiros, o item de serviços abrange também as despesas com o pagamento de juros da dívida externa e as remessas de lucros e dividendos do capital estrangeiro aqui investido, notadamente das empresas transnacionais instaladas em território brasileiro. Os valores que são enviados para o exterior não dependem tanto da taxa de câmbio. No caso dos juros, os valores dependerão dastaxas incidentes sobre a divida externa e o valor dela. Já em relação as remessas de lucros de dividendos, a quantia enviada dependerá do desempenho das empresas multinacionais.
Enquanto as áreas de comercio e serviços apresentavam déficits, o item de transferências unilaterais apresentou consideráveis superávits para a Balança de Pagamentos.
As transferências unilaterais compreendem um conjunto diverso de atividades que tem como característica não exigirem nenhuma contrapartida. Por exemplo, as despesas de manutenção despedidas numa embaixada.Dentro desta conta, o volume de recursos mais significativos corresponde as somas de dinheiro enviadas ao país pelos brasileiros que imigraram em busca de melhores salários para outros países e que periodicamente realizam remessas de dinheiro para suas famílias no Brasil.O que contribuiu para afugentar esses brasileiros do país foram os períodos recessivos durante os anos de 80 e 90.
2.4 Rússia
A economia, política e sociedade russa passaram por grandes convulsões após a queda da União Soviética. Eram tempos difíceis. A Rússia viu a queda de sua influencia política chegar ao ápice com os movimentos de independência em seus países satélites, marcada pela queda do muro de Berlin que simbolizou o início da reintegração dos blocos ocidental e oriental. Até então, 1/3 da população mundial vivia sob o modelo comunista soviético e chinês, eram mercados que tinham pouco contato com o capitalismo ocidental, que agora entraria com força nas novas repúblicas que brotaram na Ásia e Europa oriental.
A transição da economia planificada soviética para uma economia de mercado já vinha sendo ensaiada nos anos 80 com as reformas político-econômicas de Gorbachev, mas mesmo assim ocorreu de forma muito rápida e obscura quando enfim a União Soviética caiu. Denúncias de corrupção nos processos de privatização e envolvimento da máfia russa com membros do governo e ex-agentes da KGB são alguns dos fenômenos que ilustram a esse período conturbado. Mas a economia russa já não andava muito bem há décadas, a grande potência tecnológica que fora a URSS no passado amargou com a condição de exportador de commodities no fim de sua existência, condição presente na Rússia até hoje. 
A diminuição no ritmo da economia soviética dos anos 60 até o seu fim era palpável: a taxa de crescimento de quase tudo que nela contava, e podia ser contado, caiu constantemente de um período de cinco anos para outro após 1970: produto interno bruto, produção industrial e agrícola, investimento de capital, produtividade de trabalho, renda real per capita. Se não estava de fato em regressão, a economia avançava no passo de um boi cada vez mais cansado. Além disso, muito longe de se tornar um gigante do comércio mundial, a URSS parecia estar regredindo internacionalmente. Em 1960, suas grandes exportações eram maquinaria, equipamentos, meios de transporte e metais ou artigos de metal, mas em 1985 dependia basicamente para suas exportações (53%) de energia (isto é, petróleo e gás). Por outro lado, quase 60% de suas importações consistiam em máquinas, metais etc. e artigos de consumo industriais. Tornara-se algo assim como uma colônia produtora de energia para economias industriais mais avançadas, na prática para seus próprios satélites ocidentais, notadamente a Tchecoslováquia e RDA.
Atualmente a Rússia está aos poucos recuperando sua antiga importância no cenário internacional, ganhando capacidade para se contrapor a decisões de outros jogadores importantes como União Europeia e EUA nos acordos internacionais e ganhando cada vez mais autonomia em seus assuntos internos . A Rússia é o segundo maior produtor mundial de petróleo com uma produção diária de 9.5 milhões de barris; o Mar Cáspio tem potencial de aumento de produção de 5 milhões de barris de petróleo até o ano de 2010. O uso de forma política de seu privilégio energético é fontes de duras criticas ao Kremlin, já que ele não hesita em cortar o fornecimento de gás e petróleo para nações que contrariem seus interesses, particularmente as ex-repúblicas soviéticas, que os russos ainda consideram como partes de sua esfera de poder e de cujos regimes atuais temem mudança para outros mais favoráveis à União Europeia.
3. Crise financeira asiática de 1997
A crise que abateu a região asiática na década de 90 teve como cerne de sua evolução a debandada de uma grande quantidade de investidores em curto espaço de tempo em direção a mercados de risco quase inexistente. O resultado disso é uma crise cambial no país que viu suas reservas se esvaírem e a desvalorização de sua taxa de câmbio.
Quando os índices de rentabilidade mudam e o risco aumenta, muitos investidores podem não estar propensos a assumir esses riscos e retiram seus investimentos deste mercado migrando para títulos de remuneração mais seguros.
Para efeito de comparação, a Tailândia, as Filipinas, a Malásia e em menor grau a Indonésia, entre 1992 e 1995 eram considerados lugares mais seguros e rentáveis do que países como Argentina e Brasil.
 Estes países do Sudeste Asiático estavam tornando-se muito dependentes dos financiamentos externos, pois vinham apresentando déficits em transações correntes.
 
A partir do momento que os credores externos passaram a entender que os riscos de aplicar nesses países era demasiadamente alto para que assumissem , pararam de financiar o deficit, gerando a crise cambial nesses quatro países e os obrigando a desvalorizar fortemente suas moedas.
 
A crise no Sudeste Asiático foi se espalhando e atingindo as economias da Coreia, Taiwan, Hong Kong até chegar à Rússia. O país foi afetado pela queda na demanda de petróleo dos países em crise.
 
O Brasil foi afetado em duas frentes, além da fuga de capitais enfraquecendo suas reservas, houve diminuição de exportações. A crise interna provocou uma baixa em nossas exportações para toda a Ásia, e as desvalorizações cambiais executadas pelos países asiáticos em crise deram a eles melhores condições para competir no mercado internacional e também no nosso mercado interno.

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