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UNID 1 - SUSPENSÕES

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FARMÁCIA – FARMACOTÉCNICA II 
RONDINELLI LADEIRA 
 1
UNIDADE I – SUSPENSÕES 
1. INTRODUÇÃO 
No campo farmacêutico as suspensões têm sido objeto de estudo e revisões, pelo 
fato de constituírem um dos grupos mais importantes no que se refere a dispersões líquidas 
orais. 
Para SAKUDA a forma farmacêutica suspensão é um sistema complexo, sendo que 
vários fatores físico-químicos influem na sua estabilidade. O mesmo autor reconhece que na 
fórmula básica de uma suspensão medicamentosa deve obrigatoriamente conter um agente 
molhante, um agente suspensor, um edulcorante e um conservante. 
 
2. CONCEITOS 
A Farmacopéia Brasileira 4ª ed. define suspensões como preparações farmacêuticas 
obtidas pela dispersão de uma fase sólida insolúvel ou praticamente insolúvel em uma fase 
líquida. 
HELOU menciona que o nome de suspensão é dado à dispersão de um sólido em 
um líquido no qual não seja solúvel. Considera um sistema bifásico: a fase dispersa é 
partícula sólida; a fase dispersante é o líquido. 
Segundo PRISTA “suspensões são sistemas heterogêneos em que a fase externa ou 
contínua é líquida ou semi-sólida e a fase interna ou dispersa é constituída por partículas 
sólidas insolúveis no meio utilizado”. 
MORENO apresenta um conceito mais detalhado, como: dispersões heterogêneas 
grosseiras de partículas sólidas insolúveis em um meio líquido, sistemas estes 
termodinamicamente instáveis já que as partículas integrantes da fase interna tendem a 
sedimentar, pelo que hão de voltar a suspender por agitação antes de sua administração. 
3. CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DISPERSOS 
Tabela 1: Características dos sistemas dispersos 
TIPO TAMANHO DA 
PARTÍCULA 
CARACTERÍSTICAS 
Dispersão grosseira > 5 x 10-5 cm Partícula que não atravessa o papel de 
filtro; não difunde; não passa através 
da membrana dialisadora, é visível ao 
microscópio. 
Dispersão coloidal 5 x 10-5 cm a 1 x 
10-7 cm 
Partícula atravessa o papel de filtro, 
mas não o ultrafiltro; difunde e passa 
através de membrana dialisadora 
muito lentamente; não reconhecível ao 
microscópio, porém ao 
ultramicroscópio. 
Dispersão molecular < 1 x 10-7 cm Partícula atravessa o papel de filtro e o 
ultrafiltro; difunde e passa através de 
membrana dialisadora muito 
rapidamente; não visível ao 
microscópio ou ao ultramicroscópio. 
FARMÁCIA – FARMACOTÉCNICA II 
RONDINELLI LADEIRA 
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4. PRINCIPAIS ELEMENTOS BÁSICOS 
 Substância medicamentosa 
 Veículo 
 Agente suspensor 
 
Tabela 2: Fatores a considerar quanto à fase sólida e à fase líquida 
Quanto à partícula: Quanto ao líquido 
Tamanho das partículas Densidade 
Densidade Viscosidade 
Proporção em relação ao líquido Polaridade 
Carga elétrica Proporção em relação à fase dispersa 
 
 As suspensões ainda podem conter: 
 Aromatizantes: essência de baunilha, limão, laranja, banana, groselhas, etc. 
 Conservantes: nipagin, nipasol, thimerosal, benzoato de sódio e outros. 
 Edulcorantes: xaropes, sacarose, glicose, sacarina, ciclamatos, aspartame, stevia e 
outros. 
 Corantes: os mesmos permitidos para fins alimentares, na Convenção de Ascona. 
 
5. CLASSIFICAÇÃO QUANTO ÀS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
5.1. SUSPENSÕES DE USO ORAL 
 São indicadas para pediatria e geriatria uma vez que os indivíduos dentro desta faixa 
etária têm dificuldade para deglutir formas farmacêuticas sólidas (comprimidos, drágeas e 
cápsulas). Além disso, uma leve agitação deverá suspender as partículas sólidas e manter a 
uniformidade do fármaco em suspensão, de forma que as doses administradas contenham 
sempre a mesma quantidade de fármaco para um dado volume. Permite também 
individualizar as doses uma vez que estas dependem do volume a ser administrado. 
 
5.2. SUSPENSÕES DE USO TÓPICO 
 Quando uma suspensão se destina à aplicação cutânea ou nas mucosas é 
importante que a viscosidade permita que seja facilmente espalhada pela superfície afetada 
a cobrir, mas não ser tão móvel que não seja retida no local de aplicação. Uma forma deste 
tipo deverá secar rapidamente, promovendo a formação de uma película protetora na área 
coberta. 
 Também uma suspensão de uso dermatológico deverá apresentar partículas tão 
pequenas quanto possíveis, de modo que não provoque quaisquer irritações quando 
aplicada. Do mesmo modo, as suspensões destinadas à oftalmologia devem ser preparadas 
com partículas de dimensões extremamente reduzidas e cujos formatos não sejam 
laminares nem aciculares. 
FARMÁCIA – FARMACOTÉCNICA II 
RONDINELLI LADEIRA 
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6. JUSTIFICATIVA DO USO DE SUSPENSÕES 
 Insolubilidade dos fármacos nos veículos usados. Ex. acetato de cortisona, 
hidrocortisona e seus ésteres. 
 Pelo sabor e odor desagradáveis, que os compostos podem apresentar em 
solução e ou em pó. Ex. clorafenicol. 
 Prolonga a ação medicamentosa, retardando a absorção do fármaco por via 
injetável. Ex. penicilina G procaína. 
 Maior estabilidade química das substâncias ativas quando em suspensão. Ex. 
penicilina G livre sob a forma de sal sódico ou potássico é menos alterável em suspensão. 
 Menor resistência à ingestão em relação às formas farmacêuticas sólidas. 
 
7. TENSÃO SUPERFICIAL E GRAU DE MOLHABILIDADE 
O contato de um líquido com um sólido, nele insolúvel pode levar a uma das 3 
situações diferentes: 
 O líquido espalha-se sobre o sólido, deslocando os gases adsorvidos e 
molhando-o completamente; 
 O líquido não molha o sólido, mas permanece sobre ele tomando o aspecto de 
gotas. 
 O líquido espalha-se parcialmente formando um ângulo de contato definido com 
o sólido. 
A molhabilidade é tanto maior quanto menor for o ângulo de contato e se este 
ultrapassar 90° quando um sólido hidrofóbico é colocado em contato com a água diz-se 
haver hidrorrepelência, considerando insolúvel na água. 
Ângulos de contato podem variar de 0 a 180° e dependem da tensão superficial do 
líquido. 
Quando na preparação de uma suspensão as partículas sólidas não são 
suficientemente molhadas pela fase dispersante, observa-se que tendem a flutuar, 
aglomerando-se à superfície. Este fenômeno se deve ao elevado ângulo de contato sólido-
líquido, depende da tensão interfacial e das tensões superficiais do sólido e do líquido. 
Não é possível determinar a tensão superficial dos sólidos, a não ser quando 
fundidos. 
Cos = 
L
LSS

 /
 
S = tensão superficial do sólido 
S/L = tensão interfacial sólido/líquido 
L = tensão superficial do líquido 
Cos = cosseno teta (ângulo de contato) 
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 A ação principal dos agentes molhantes consiste em diminuir o ângulo de contato 
entre a superfície sólida e o líquido. 
Para que o agente molhante atue eficientemente é conveniente que confira ao 
sistema um EHL entre 6 e 9. Estas substâncias evitam o fenômeno da flutuação, sendo os 
mais usados: 
Tensoativos como o polissorbato, o lauril sulfato de sódio o dioctilssulfosuccinato de sódio e 
agentes emulsivos do tipo O/A. 
Monoestearato de alumínio, Spans, CMC, goma arábica, Aerosil, bentonita, hidróxido de 
alumínio e outros. 
 
8. SEDIMENTAÇÃO 
As partículas tendem a depositar pela ação da gravidade. Assim, quanto menor for o 
tamanho e a densidade das partículas e mais viscosa a fase dispersante mais lenta será a 
deposição. 
Embora a Lei de Stokes não seja rigorosamente adequada a reologia das 
suspensões, para efeitos práticos e com certa aproximação nos indica a velocidade de 
sedimentação que se aproxima de zero à medida que a diferença entre a densidade das 
partículas e do líquido dispersante tende a se anular. Para sistemas floculados a Lei de 
Stokes não se aplica. 
V = 
9
)(2 212 gddr  
V = velocidade de sedimentação daspartículas 
r = raio das partículas 
d1 = densidade da fase dispersa 
d2 = densidade da fase dispersante 
g = aceleração da gravidade 
 = viscosidade da fase dispersante 
 
9. REOLOGIA DOS AGENTES SUSPENSORES 
Reologia é o estudo do fluxo da matéria. É uma grandeza física proposta por 
BINGHAM E CROWFORD para descrever o fluxo dos movimentos dos líquidos e a 
deformação dos sólidos sob influencia de forças externas. A viscosidade é uma expressão 
da resistência dos líquidos ao escoamento e constitui uma das propriedades mais 
importantes dos líquidos. 
No que se refere às características de escoamento dos líquidos, em alguns trabalhos 
encontramos uma divisão em: 
 Escoamento newtoniano 
 Escoamento não-newtoniano 
 São considerados líquidos newtonianos os de composição simples e viscosidade 
relativamente baixa, como água, glicerina e que quando submetidas a uma força aumentam 
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a sua resistência proporcionalmente. Obedecem à Lei de Newton, sendo representada pela 
equação: 
A
F
= n
dr
dv
 
F/A = força por unidade de área, requerida para produzir fluxo; 
n = coeficiente de viscosidade; 
dv/dr = gradiente de velocidade ou velocidade do fluxo 
 
 A maioria das preparações farmacêuticas como emulsões, suspensões e semi-
sólidos não seguem a Lei de Newton. Por isso, são empregados viscosímetros rotacionais 
para determinação dessa característica. 
 Para as substâncias que apresentam escoamento não newtoniano, existe uma 
subdivisão em: escoamento plástico, pseudoplástico, dilatante e tixotrópico. 
 
9.1. Escoamento plástico 
 Apresentam uma certa resistência inicial ao fluir ou deformar-se. Precisam ter uma 
pressão mínima, denominada valor de cedência necessária para iniciar o escoamento. 
Quando a força aplicada é inferior àquele valor, eles se comportam como matéria elástica. 
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9.2. Escoamento pseudoplástico 
 Diversas substâncias hidrofílicas empregadas para aumentar a viscosidade como: 
gelatina, CMC, gomas e mucilagens apresentam características deste tipo. Estas 
substâncias são constituídas por moléculas de cadeia longa ou estruturas complexas que se 
encontram desordenadas em forma de rede, quando em repouso, mas à medida que se 
aplica sobre elas uma força vão se alinhando em direção a esta e apresentam menos 
resistência ao escoamento. Os corpos desta natureza diminuem sua viscosidade com a 
agitação. Nesses sistemas a velocidade de escoamento não aumenta linearmente com a 
força, assim, a viscosidade não permanece constante quando o material se submete à 
agitação. 
 
9.3. Escoamento dilatante 
 É um fenômeno inverso ao escoamento pseudoplástico. Os corpos que o 
apresentam aumentam sua viscosidade quando sob agitação, retornando a um estado de 
maior fluidez quando se deixam em repouso. Por isso, diz-se que estes corpos “engrossam” 
com a agitação. Esse comportamento surge quando as suspensões contêm elevada 
concentração de partículas muito finas no estado floculado. O comportamento pode ser 
justificado quando em repouso, as partículas dispõem-se de forma a ocupar um volume 
mínimo, sendo também reduzido o volume dos espaços interparticulares e a quantidade de 
veículo suficiente para os encher. Quando se agita, o sedimento se expande ocupando um 
maior volume, aumentando o tamanho dos interstícios entre as partículas e o líquido é 
insuficiente para enchê-los; desta maneira, produz-se como conseqüência uma elevação da 
resistência ao fluir, pois todas partículas já não estão rodeadas de um meio líquido. 
 
9.4. Escoamento Tixotrópico 
 ARANCIBIA descreve que a tixotropia não corresponde a um tipo de fluxo, mas a 
uma característica adicional que pode ser apresentada por qualquer tipo de escoamento, 
seja plástico, pseudoplástico ou dilatante, que se traduz por uma ruptura e rearranjo 
subseqüente da estrutura. O reograma das substâncias com este comportamento, 
caracteriza-se graficamente pela curva ascendente para valores crescentes da força de 
fluxo e reduzindo-se esta força, obtém-se uma curva descendente que não coincide com a 
primeira. O espaço formado entre as curvas é denominado de “anel de histeresis” podendo 
ser utilizado como medida do grau da ruptura tixotrópica. Certas substâncias apresentam 
tixotropia, como: bentonita, hidróxido de alumínio, Veegun, Aerosil, CMC, Carbopol. 
 
FARMÁCIA – FARMACOTÉCNICA II 
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10. REDISPERSIBILIDADE 
Uma suspensão que apresente alguma estabilidade possui a fase dispersa 
disseminada homogeneamente, não havendo aglomerados ou aglutinados. Este estado 
pode ser alterado se ocorrer: 
 Adsorção de grupos ionizáveis que conferem às partículas cargas positivas ou 
negativas. 
 Alteração da carga elétrica das partículas. 
 Redução ou aumento significativo do potencial Zeta. 
A formação de aglomerados não pode ser evitada por diminuição do tamanho das 
partículas ou por aumento da viscosidade, nem por menor granulometria do pó disperso. A 
reologia de alguns líquidos, em geral, agravam a formação de aglomerados não 
redispersíveis. Nestas circunstâncias, é quase sempre preferível preparar suspensões 
capazes de flocular, uma vez que nelas não se observam aglomerados que não se 
redispersam. 
 
10.1. INTERAÇÃO ENTRE PARTÍCULAS 
 Quando uma substância hidrófoba finamente dividida é dispersa em uma solução 
aquosa, adquire cargas de superfície, seja por ionização das moléculas externas das 
partículas, por adsorção de íons do meio líquido ou por diferença na constante dielétrica 
entre a partícula e o meio. Os íons formam em volta das partículas uma dupla camada 
eletrostática que consiste em uma camada fixa (estacionária ou de Stern) aderida à 
superfície da partícula. A outra é móvel, de espessura maior, que se difunde no resto do 
líquido, chamada de camada difusa ou de Goy. Na primeira camada, com a ausência de 
agitação térmica, esta carga seria neutralizada por íons de carga oposta (contra-íons). 
Estes, possuindo um movimento browniano tenderão a difundir-se em volta da partícula. 
Apenas uma parte destes íons de sinal contrário vai se fixar firmemente sobre a partícula 
para formar uma monocamada que se moverá com ela. Os íons de mesma carga do sólido 
são repelidos, mas a agitação tende a redistribuí-los. 
 
10.2. Potencial Zeta 
As partículas suspensas, juntas com sua camada fixa, movimentam-se sob a ação 
de um campo elétrico e a diferença do potencial elétrico entre a partícula que se move e o 
meio que a circunda, denomina-se POTENCIAL ZETA ou potencial eletrocinético. 
A diferença de potencial existente entre a superfície da partícula e o ponto de 
neutralidade, isto é, o ponto distante a partir do qual os efeitos da carga elétrica deixam de 
ser sentidos, representa a verdadeira carga da partícula. A diferença de potencial que pode 
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ser medida é a existente entre a camada monomolecular de contra-íons fixada à partícula e 
o ponto de neutralidade. 
As partículas eletricamente carregadas, imersas em um meio líquido, quando 
submetidas à ação de um campo elétrico são atraídas para o ânodo (+), se possuírem carga 
negativa; as de carga positiva vão para o cátodo (-). A atração da partícula aumenta com a 
intensidade da sua carga, de forma que resulta em velocidade de movimento, tanto maior, 
quanto o valor do potencial Zeta, podendo o fenômeno ser observado por microscopia. 
 =
ED
Vn
.
)10.9(..4 3 
Z = potencial zeta 
n = viscosidade do meio em poise 
V = velocidade de migração da partícula no campo da eletroforese em /s 
D = constante dielétrica do meio 
E = potencial existenteentre os dois eletrodos em volts/cm 
 
10.3. Avaliação do grau de redispersão 
 Na prática, emprega-se uma técnica simples que consiste em introduzir a suspensão 
em uma proveta e deixá-la depositar até altura constante. Mede-se essa altura (sólido + 
líquido) HL e também do sedimento HS. 
 A relação HS/HL indica o volume de sedimentação, e quanto maior a relação HS/HL 
tanto mais elevado é o grau de floculação. 
Tabela 3: Propriedades das partículas floculadas e desfloculadas numa suspensão 
DESFLOCULADAS FLOCULADAS 
As partículas existem como entidades 
separadas 
As partículas formam agregados 
A velocidade de sedimentação é lenta A velocidade de sedimentação é rápida 
Freqüentemente o sedimento não se 
redispersa com facilidade 
O sedimento é fácil de redispersar 
A suspensão mantém-se mais tempo com 
bom aspecto, o sobrenadante permanece 
sempre turvo 
A suspensão desfaz-se mais rapidamente e 
o sobrenadante é límpido 
O potencial eletrocinético é alto O potencial eletrocinético é baixo ou quase 
nulo 
 
10.4. Crescimento de cristais 
 O crescimento de cristais em uma suspensão ocorre somente nos casos em que a 
atividade termodinâmica da substância, na fase líquida, é maior que a das partículas sólidas, 
isto é, torna-se necessário que a concentração da substância na solução seja maior que a 
solubilidade da substância cristalina em questão. Nesta condição o estado de 
supersaturação pode ser alcançado seja por dissolução da forma cristalina 
termodinamicamente mais energética do composto ou pelo esfriamento da solução 
saturada. 
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 A origem do crescimento de cristais em algumas substâncias, que por sua vez 
interfere negativamente na estabilidade física das suspensões, pode ser atribuída a vários 
fatores como: 
 Variações de temperatura; 
 Diferentes formas cristalinas ou amorfas; 
 Modificação da tensão superficial; 
 Variação do tamanho das partículas 
 pH, solvente e polimorfismo. 
Para evitar ou reduzir o crescimento de cristais em que a principal causa reside na 
existência de partículas em alto estado energético, recomenda-se que sejam tomadas 
medidas para atenuar a diferença de energia livre, com a finalidade de reduzir a tensão 
superficial e promover um aumento da estabilidade do sistema. Para o efeito é indicado o 
emprego de agente tensoativo adequado. 
 
10.5. Polimorfismo 
 O polimorfismo constitui a capacidade de um dado elemento ou composto para 
cristalizar em mais de uma espécie cristalina. Os diversos polimorfos de um determinado 
composto são tão diferentes na estrutura e propriedades como os cristais de compostos 
diferentes, isto é, são quimicamente idênticos, mas fisicamente distintos. Algumas 
características físico-químicas podem ser modificadas pelo polimorfismo, tais como 
solubilidade, ponto de fusão, densidade, dureza, configuração do cristal, propriedades 
ópticas e elétricas e a pressão de vapor. 
 Suspensões que apresentam fármacos polimórficos podem desenvolver o fenômeno 
de “caking” uma vez que as preparações perdem a propriedade de serem ressuspensas 
uniformemente por agitação. 
 
10.6. Tamanho das partículas 
 Numa suspensão para uso oral o tamanho das partículas dispersas pode condicionar a 
facilidade de absorção ou a predominância de uma ação local no intestino, mas o diâmetro 
das partículas influi também na rapidez do efeito de um medicamento injetado ou na ação 
terapêutica de um preparado dermatológico. Ex. sulfadiazina microcristalina é mais 
facilmente absorvida do que no estado mais grosseiro, o mesmo ocorre com o enxofre 
coloidal, palmitato de clorafenicol e griseofulvina. 
 
11. PROCESSOS DE PREPARAÇÃO (floculação controlada) 
Raramente as substâncias são susceptíveis de se dispersarem por mistura direta dos 
líquidos que constituem a fase externa, dispensando-se o uso de agentes molhantes e 
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suspensores. Na maioria dos casos, a preparação das suspensões pode-se fazer por 
dispersão dos seguintes sistemas: 
 Sólido + líquido 
 (sólido + suspensor) + líquido 
 (sólido + molhante) + (líquido + suspensor) 
 (sólido + molhante + suspensor) + líquido 
As partículas a suspender, caso apresentem carga positiva, torna-se aconselhável 
juntar um agente floculante negativo, como o íon de fosfato e a seguir adicionar o agente 
suspensor que retardará a floculação. Isto se justifica pelo fato de que muitos agentes 
suspensores são hidrocolóides carregados negativamente que, quando juntos diretamente 
ao sólido a dispensar, dotado de carga positiva, provocariam sua total deposição. 
Ex. sulfatiazol (-) + gelatina (+) + agente floculante aniônico (quantidade controlada) + 
agente suspensor hidrófilo (CMC, goma adraganta, bentonita, etc.) 
1°) envolvimento das partículas com substância carregada positivamente; 
2°) adição dos edulcorantes e aromatizantes julgados necessários à fórmula; 
3°) floculação parcial das partículas por ação de um composto carregado negativamente, se 
o potencial Zeta é propício à formulação de aglomerados não redispersíveis; 
4°) adição de um agente suspensor ou mistura destes, em quantidade tal, que não atinja o 
potencial Zeta correspondente à aglomeração irreversível ou “caking”. 
 
12. SUBSTÂNCIAS MAIS EMPREGADAS NAS SUSPENSÕES 
 Uso oral: AAS, acetilsulfasoxazol, carbonato de cálcio, eritromicina, 
fenoximetilpenicilina, nistatina, palmitato de clorafenicol, hidróxido de alumínio, etc. 
 Uso tópico: sulfeto de selênio, acetato de cortisona, prednisolona e outros. 
 Uso parenteral: 
- Aquosas: esteróides, antiinflamatórios, preparados de insulina, penicilina G procaína e 
benzatina, hormônios sexuais, etc. 
- Oleosas: iodobismutato de quinina, hidróxido de bismuto, etc. 
 
13. INCOMPATIBILIDADES 
Na maioria deve-se à ação das cargas elétricas de sinal contrário entre excipientes e 
fármacos. Grande parte das suspensões farmacêuticas apresenta partículas 
eletronegativas, devendo-se empregar: 
 tensoativos aniônicos 
 tensoativos fortemente hidrofílicos 
Tensoativos aniônicos: gomas, CMC sódica, argilas (bentonita, Veegum), hidróxido de 
alumínio, Aerosil, Carbopol 934 e outros. 
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 As substâncias aniônicas podem originar precipitados quando adicionados a 
fármacos catiônicos como: alcalóides, estreptomicina, anestésicos locais, vitamina B1 e B6, 
sais de amônio quaternário, violeta genciana, gelatina catiônica e outros. 
 
14. CONSERVAÇÃO 
14.1. Estabilidade física 
 Uma suspensão deve-se manter homogênea por um período de tempo maior 
possível, sendo as partículas dispersíveis por agitação, assim sendo, é obrigatório rotular 
“AGITE ANTES DE USAR”. 
 
14.2. Estabilidade química 
 Com freqüência a estabilidade química e física das suspensões obriga à preparação 
extemporânea, bastante utilizada nos injetáveis e na obtenção de suspensões de uso oral 
como, palmitato de clorafenicol, amoxicilina, AAS e outras. 
 A estabilidade química de uma suspensão depende: 
 dos fármacos; 
 agentes suspensores; 
 molhantes; 
 luz, temperatura, pH e outros. 
 
14.3. Estabilidade microbiológica 
 VOIGT esclarece que um produto sujeito à contaminação pode desenvolver turbidez, 
odores e fermentações e apresenta o perigo de uma infecção direta por MO patogênico e 
metabólitos tóxicos. Além disso, os fungos são capazes de produzir alterações químicas nas 
substâncias medicamentosas e adjuvantes. A maioria dos conservantes atua em nível de 
membranas celulares aumentando a permeabilidade. 
 Agentes conservantes mais utilizados: ácido sórbico, nipagin, nipazol, benzoato desódio, ácido benzóico e outros. 
 
15. ENSAIOS DAS SUSPENSÕES 
 Dosagem dos princípios ativos 
 Determinação do tamanho das partículas 
  contador eletrônico Coulter 
  poder suspensor; balança de Oden 
  sedimentação: proveta de Andersen (Lei de Stokes) 
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 Viscosidade 
  viscosímetro de Hoeppler 
  viscosímetro rotativo Brookfield 
 Sedimentação 
  determinação do potencial Zeta 
  determinação de HS/HL 
 
16. FORMULAÇÃO 
Suspensão antialérgica e protetora Suspensão de hidróxido de alumínio 
(Uso externo) coloidal 
Calamina 8g Hidróxido de Al 6,195g 
Cloridrato de difenidramina 1 g Sorbitol 2,5mL 
Cânfora 0,1g Benzoato de sódio 0,525g 
Glicerina 2g Sacarina sódica 6,8mg 
Alginato de sódio 0,4g CMC-Na 1,0g 
Polissorbato 80 0,1g Água de hortelã q.s.p. 100mL 
Água destilada q.s.p. 100g 
 
17. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 PRISTA, L. N. Tecnologia Farmacêutcia. Vol. 1, 2 e 3. 6ª edição. Ed. Ernesto 
Reichmann Dist. Livros, 2003. 
 ANSEL, H.C. Farmacotécnica, Formas Farmacêuticas & Sistemas de Liberação 
de Fármacos. 6ª Edição, 2000. 
 LE HIR, A. Noções de Farmácia Galênica, 6ª edição, 1997. 
 FERREIRA, A. O. Guia Prático da Farmácia Magistral. 2ª edição. 2002. 
 FARMACOPÉIA brasileira, 4ª edição, parte 1. Atheneu, São Paulo, 1988.

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