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CARREIRA JURÍDICA - MÓDULOS I E II 
Direito Penal - Aula 02 
Rogério Sanches 
1 
RELEMBRANDO AS ESPÉCIES DE INTERPRE-
TAÇÃO 
 
 
 
3- Interpretação quanto ao RESULTADO 
 
a) Declarativa / Declaratória 
b) Restritiva 
c) Extensiva (+ cai no concurso) 
 
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA: 
 
Aprofundando 
# Admite-se interpretação extensiva contra o réu? 
 
1ª Corrente (Nucci e Luiz Regis Prado): É indiferen-
te se a interpretação extensiva beneficia ou prejudi-
ca o réu (a tarefa do intérprete é evitar injustiças). 
 
2ª Corrente (Luiz Flávio Gomes / Defensoria Públi-
ca): Socorrendo-se do Princípio do “in dubio pro 
reo”, não admite interpretação extensiva contra o 
réu (na dúvida, o juiz de interpretar em seu benefí-
cio) 
 
3ª Corrente (Zaffaroni): Em regra, não cabe interpre-
tação extensiva contra o réu, salvo quando interpre-
tação diversa resultar num escândalo por sua notó-
ria irracionalidade. 
 
CUIDADO! Não podemos confundir INTERPRETA-
ÇÃO EXTENSIVA com INTERPRETAÇÃO ANA-
LÓGICA 
 
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA (INTRALEGEM) 
 
O Código, atento ao Princípio da Legalidade, deta-
lha todas as situações que quer regular e, posteri-
ormente, permite que aquilo que a elas seja seme-
lhante, passe também a ser abrangido no dispositi-
vo. 
 
Exemplo 1: Art. 121, § 2º, I, III e IV C.P. 
 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou 
por outro motivo torpe; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimu-
lação ou outro recurso que dificulte ou torne impos-
sível a defesa do ofendido; 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.” 
 
ATENÇÃO! A INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA não 
se confunde com ANALOGIA 
 
ANALOGIA 
Não é forma de interpretação, mas de integração. 
Obs: 
 
ANALOGIA: parte-se do pressuposto de que não 
existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, mo-
tivo pelo qual é preciso socorrer-se de previsão 
legal empregada à outra situação similar. 
 
PRESSUPOSTOS DA ANALOGIA NO DIREITO 
PENAL 
 
a) 
b) 
 
Exemplo 1: Art. 181, I C.P. – (o legislador não lem-
brou da união estável – possível analogia “in bonam 
partem”). 
 
ART. 181, I C.P. 
 
 “Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer 
dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide 
Lei nº 10.741, de 2003) 
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
 
Exemplo2: Art. 155 § 2º C.P. – Furto Privilegiado 
(não é aplicável ao roubo, uma vez que a intenção 
do legislador é não privilegiar esse tipo de crime). 
 
ART. 155 § 2º C.P. 
Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa 
alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno 
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena 
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a 
dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Penal - Aula 02 
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PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
 
Podemos estudar os Princípios do Direito Penal 
formando 4 grupos: 
 
1º Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDA-
MENTAL DO DIREITO PENAL 
2º Princípios relacionados com o FATO DO AGEN-
TE 
3º Princípios relacionados com o AGENTE DO FA-
TO 
4º Princípios relacionados com a PENA 
 
 
 
1º Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDA-
MENTAL DO DIREITO PENAL 
1.1- Princípio da EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS 
BENS JURÍDICOS 
 
CONCEITO DE BEM JURÍDICO: 
É um ente material ou imaterial, haurido do contexto 
social, de titularidade individual ou metaindividual, 
reputado como essencial para a coexistência e o 
desenvolvimento do homem em sociedade. 
 
CONCLUSÃO: a criação de tipos penais deve ser 
pautada pela proibição de comportamentos que de 
alguma forma exponham a perigo ou lesionem valo-
res concretos essenciais para o ser humano, esta-
belecidos na figura do bem jurídico. 
 
 
 
1º Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDA-
MENTAL DO DIREITO PENAL 
 
1.2- Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA 
 
Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA 
 O Direito Penal só deve ser aplicado quando estri-
tamente necessário, de modo que sua intervenção 
fica condicionada ao fracasso das demais esferas 
de controle (caráter subsidiário), observando so-
mente os casos de relevante lesão ou perigo de 
lesão ao bem jurídico tutelado (caráter fragmentá-
rio). 
 
IMPORTANTE! O princípio da insignificância é des-
dobramento lógico de qual característica da inter-
venção mínima? 
 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 
EM RESUMO: o princípio da insignificância pode 
ser entendido como um instrumento de interpreta-
ção restritiva do tipo penal. Sendo formalmente típi-
ca a conduta e relevante a lesão, aplica-se a norma 
penal, ao passo que, havendo somente a subsun-
ção legal, desacompanhada da tipicidade material, 
deve ela ser afastada, pois que estará o fato atingi-
do pela atipicidade. 
 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA DE ACORDO 
COM OS TRIBUNAIS SUPERIORES (STF / STJ): 
 
- Requisitos: 
1- Ausência de periculosidade social da ação 
2- Reduzido grau de reprovabilidade do comporta-
mento. 
3- Mínima ofensividade da conduta do agente 
4- Inexpressividade da lesão jurídica causada. 
 
OBSERVAÇÕES SOBRE O PRINCÍPIO DA IN-
SIGNIFICÂNCIA 
 
1- STF e STJ: para aplicação do princípio da insigni-
ficância, considera-se a capacidade econômica da 
vítima (STF - RHC 96813; STJ-Resp. 1.224.795). 
 
 “A verificação da lesividade mínima da conduta 
apta a torná-la atípica, deve levar em consideração 
a importância do objeto material subtraído, a condi-
ção econômica do sujeito passivo, assim como as 
circunstâncias e o resultado do crime, a fim de se 
determinar, subjetivamente, se houve ou não rele-
vante lesão ao bem jurídico tutelado.” (REsp 
1224795, Quinta Turma). 
 
2- Prevalece no STF e STJ ser incabível o princípio 
da insignificância para o reincidente, portador de 
maus antecedentes, ou o criminoso habitual (STF-
HC 115707, Segunda Turma; STJ-AgRg no AREsp 
334272, Quinta Turma). 
 
3- Tem-se admitido o princípio nos crimes contra o 
patrimônio, praticados sem violência ou grave ame-
aça à pessoa. O delito de furto é o exemplo clássi-
co. 
 
CUIDADO: Quando qualificado, porém, tem julgado 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Penal - Aula 02 
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não aplicando a insignificância, considerando au-
sente o reduzido grau de reprovabilidade do com-
portamento do agente. 
 
4 - Percebemos a tendência de parcela da doutrina 
em não admitir a aplicação do princípio da insignifi-
cância quando o bem tutelado é difuso ou coletivo. 
 Os tribunais superiores, ora adotam essa tese, ora 
a ignoram. 
ex1: O STF e STJ negam o princípio nos crimes de 
estelionato previdenciário, moeda falsa, posse de 
drogas para uso próprio, tráfico de drogas e tráfico 
de armas. 
ex2: o STF, no entanto, admite o princípio da insig-
nificância nos crimes contra a Administração Pública 
praticados por funcionário público. STJ não admite. 
ex3: o STF e o STJ admitem o princípio da insigni-
ficância nos crimes contra a Administração Pública 
praticados por particulares (ex: descaminho) 
ex4: o STF e o STJ têm decisões admitindo o prin-
cípio da insignificância nos crimes ambientais (há 
importante divergência sobre o assunto). 
ex5: apesar de existir acórdão em sentido diverso, o 
STF tem decisões aplicando o princípio da insignifi-
cância em se tratando do crime de apropriação in-
débita previdenciária nos casos em que o valor su-
primido não ultrapasse R$ 20.000,00 (vinte mil re-
ais), valor insignificante para o fim de ajuizamento 
da execução fiscal (Portaria 75MF/2012).Cuidado: o STJ tem decisões aplicando o mesmo 
princípio, mas considerando, para tanto, o valor 
limite de R$ 10.000,00 (conforme Lei). 
 
5 - No caso de atos infracionais, o Estado está obri-
gado a aplicar as medidas previstas no ECA ao 
menor infrator, considerando seu caráter educativo, 
preventivo e protetivo. 
 Excepcionalmente, porém, diante de peculiarida-
des do caso concreto, é possível incidir o princípio 
da insignificância, desde que verificados os requisi-
tos necessários para a configuração do delito de 
bagatela. 
 ATENÇÃO: o STJ firmou posição nesse sentido, 
reconhecendo possível o princípio da insignificância 
nas condutas regidas pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente (HC 225607/RS) 
 
 O princípio da intervenção mínima tem sido invo-
cado no debate sobre o alcance das disposições 
relativas à lavagem de dinheiro, especialmente após 
a alteração da Lei nº 9.613/98. Sabe-se que, em 
sua redação original, o art. 1º da referida Lei trazia 
um rol de crimes, em geral graves, que poderiam 
ser considerados antecedentes à lavagem. Uma vez 
em vigor a Lei nº 12.683/12, aboliu-se o rol antece-
dente, razão por que qualquer infração penal da 
qual resultem bens, direitos ou valores passíveis de 
ocultação ou de dissimulação pode caracterizar a 
conduta pressuposta. É nesta circunstância que a 
intervenção mínima ganha destaque, pois há apon-
tamentos no sentido de que deve ser observada a 
carga de gravidade da infração penal anterior para 
que eventualmente se legitime a punição do bran-
queamento de recursos dela advindos. 
 
IMPORTANTE DIFERENCIAR! 
 
 
 
 
 
2º Princípios relacionados com o FATO DO AGEN-
TE 
2.1- Princípio da EXTERIORIZAÇÃO ou MATERIA-
LIZAÇÃO DO FATO 
 
 
 
2º Princípios relacionados com o FATO DO AGEN-
TE 
 
2.1- Princípio da EXTERIORIZAÇÃO ou MATERIA-
LIZAÇÃO DO FATO 
 
 ATENÇÃO! Veda-se o Direito Penal do autor, isto 
é, punição do indivíduo baseada em seus pensa-
mentos, desejos e estilo de vida. 
Conclusão: 
 
Ex: “Art. 2º CP - Ninguém pode ser punido por fato 
que lei posterior deixa de considerar crime, cessan-
do em virtude dela a execução e os efeitos penais 
da sentença condenatória. ” 
 
O nosso ordenamento penal, de forma legítima, 
 
 
 
 
 
 
 
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adotou o Direito Penal do fato, mas que considera 
circunstâncias relacionadas ao autor, especifica-
mente quando da análise da pena. 
 
2º Princípios relacionados com o FATO DO AGEN-
TE 
2.2- Princípio da LEGALIDADE 
Analisaremos na próxima aula. 
 
2º Princípios relacionados com o FATO DO AGEN-
TE 
2.3- Princípio da OFENSIVIDADE / LESIVIDADE 
 
-CRIME DE DANO: 
-CRIME DE PERIGO: 
a) Perigo abstrato: 
b) Perigo concreto: 
 
- Temos doutrina entendendo que o crime de perigo 
abstrato é inconstitucional. Presumir prévia e abstra-
tamente o perigo significa, em última análise, que o 
perigo não existe. 
 - Essa tese, no entanto, hoje não prevalece no 
STF. No HC 104.410, o Supremo decidiu que a 
criação de crimes de perigo abstrato não represen-
ta, por si só, comportamento inconstitucional, mas 
proteção eficiente do Estado. 
 
3º Princípios relacionados com o AGENTE DO FA-
TO 
3.1- Princípio da RESPONSABILIDADE PESSOAL 
 
DESDOBRAMENTOS: 
 
a) Obrigatoriedade da individualização da acusação 
b) Obrigatoriedade da individualização da pena 
 
3º Princípios relacionados com o AGENTE DO FA-
TO 
3.2- Princípio da RESPONSABILIDADE SUBJETI-
VA 
Não basta que o fato seja materialmente causado 
pelo agente, ficando a sua responsabilidade condi-
cionada à existência da voluntariedade (dolo/culpa). 
 
ATENÇÃO: Concurso de delegado da polícia civil / 
DF – 2ª fase - Temos doutrina anunciando dois ca-
sos de responsabilidade penal objetiva (autorizadas 
por lei) : 
 1- Embriaguez voluntária 
Crítica: 
 
2- Rixa Qualificada 
Crítica: 
 
3º Princípios relacionados com o AGENTE DO FA-
TO 
3.3- Princípio da CULPABILIDADE 
3.4- Princípio da ISONOMIA 
 “Art. 5º, ‘caput’ CF: Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes:” 
Isonomia Substancial (e não formal) 
 
3º Princípios relacionados com o AGENTE DO FA-
TO 
 
3.5- Princípio da PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 
 Convenção Americana de Direitos Humanos - Arti-
go 8º .2: “Toda pessoa acusada de um delito tem 
direito a que se presuma sua inocência, enquanto 
não for legalmente comprovada sua culpa. Durante 
o processo, toda pessoa tem direito, em plena 
igualdade, às seguintes garantias mínimas:” 
 
Art. 5º, LVII C.F. – “ninguém será considerado cul-
pado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória;” 
- Adota o princípio da presunção de inocência ou de 
não culpa? 
 
Concurso da Defensoria Pública: não trabalha com 
o princípio da presunção de não culpa (só com o 
princípio da presunção de inocência). 
 Demais concursos: trabalham com os princípios 
como sinônimos (presunção de inocência ou não 
culpa). 
 
DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA PRE-
SUNÇÃO DE INOCÊNCIA 
a) 
 
“Art. 312 CPP: A prisão preventiva poderá ser de-
cretada como garantia da ordem pública, da ordem 
econômica, por conveniência (quando imprescindí-
vel para) da instrução criminal, ou para assegurar a 
aplicação da lei penal, quando houver prova da 
existência do crime e indício suficiente de auto-
ria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).” 
 
b) 
c) 
 
Ex: Súmula vinculante 11- “Só é lícito o uso de al-
gemas em caso de resistência e de fundado receio 
de fuga ou de perigo à integridade física própria ou 
alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada 
a excepcionalidade por escrito, sob pena de res-
ponsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou 
da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato 
processual a que se refere, sem prejuízo da respon-
sabilidade civil do Estado.” 
 
 
 
 
 
 
 
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5 
 
4º Princípios relacionados com a PENA 
4.1- Princípio da DIGNIDADE DA PESSOA HUMA-
NA 
4.2- Princípio da INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 
4.3- Princípio da PROPORCIONALIDADE 
4.4- Princípio da PESSOALIDADE 
4.5- Princípio da VEDAÇÃO DO “BIS IN IDEM”

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