Buscar

157994030316 CARREJURI DIRPENAL AULA06

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

www.cers.com.br 
 
CARREIRA JURÍDICA 
Direito Penal – Aula 06 
Rogério Sanches 
1 
Imunidades parlamentares 
 
As imunidades parlamentares encontram previsão 
na Constituição Federal. Tal e qual as diplomáticas, 
as imunidades parlamentares não configuram “privi-
légios”, mas “prerrogativas” necessárias ao desem-
penho independente da atividade parlamentar e à 
efetividade do Estado Democrático de Direito, mar-
cado pela representatividade dos cidadãos-
eleitores. 
 
Obs: 
Imunidade parlamentar relativa 
Encontra previsão no artigo 53, §1º ao §8º, da 
CF/88. 
Relativa ao foro 
Nos termos do artigo 53, §1º da CF/88, “Os Deputa-
dos e Senadores, desde a expedição do diploma, 
serão submetidos a julgamento perante o Supremo 
Tribunal Federal”. 
 
Obs: 
Da simples leitura do parágrafo, percebe-se que o 
foro especial se estende da diplomação (e não da 
posse) até o fim do mandato. 
 
Imaginemos um parlamentar (Deputado Federal ou 
Senador) que, percebendo que seu processo-crime 
foi colocado em pauta para final julgamento no STF, 
buscando procrastinar a decisão final, renuncia na 
véspera para que o feito seja remetido para o juiz de 
1º grau: 
Essa escoteira opção retira do STF a competência 
para julgá-lo? 
 
Relativa à prisão 
A imunidade relativa à prisão, também denominada 
pelo Supremo Tribunal Federal de “incoercibilidade 
pessoal dos congressistas (freedom from arrest)”, 
está prevista no art. 53, § 2º, da CF/88, que anun-
cia: 
“Desde a expedição do diploma, os membros do 
Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo 
em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os 
autos serão remetidos dentro de vinte e quatro ho-
ras à Casa respectiva, para que, pelo voto da maio-
ria de seus membros, resolva sobre a prisão”. 
 
A garantia, portanto, presente desde a diplomação 
(e não da posse), recai sobre prisão provisória, ex-
cepcionada apenas a prisão em flagrante decorren-
te de prática de crime inafiançável (ex: racismo). 
Realizada a prisão em flagrante por crime inafiançá-
vel, os autos serão remetidos no prazo de 24 (vinte 
e quatro) horas para a Casa respectiva, que delibe-
rará, por maioria de votos, sobre a prisão. A delibe-
ração sobre a prisão terá caráter eminentemente 
político (conveniência e oportunidade) e não técni-
co. 
 
O STF, no entanto, de forma excepcional, no final 
de 2015, decretou prisão preventiva de Senador 
(Delcídio do Amaral), a exemplo do que, num pas-
sado recente, fez em relação a um deputado esta-
dual, igualmente imune. Em resumo, o Senador, 
buscando embaraçar investigação em curso na 
Operação Lava Jato, evitando futura delação, pro-
põe a um filho de preso um verdadeiro plano de 
fuga para seu pai, bem como anuncia exercer inde-
vida influência em Ministros da Corte Suprema, o 
que garantiria a tão almejada liberdade do conde-
nado. Oferece, ainda, uma ajuda de custo (R$ 
50.000,00) para o condenado manter-se no país de 
destino. 
 
O afastamento da aplicação de regras válidas ante 
as circunstâncias específicas do caso concreto é 
conhecido como derrotabilidade (ou superabilidade). 
Em tais hipóteses, o intérprete confere ao princípio 
da justiça e aos princípios que justificam o afasta-
mento da regra um peso maior do que ao princípio 
da segurança jurídica e àqueles subjacentes à re-
gra. A ponderação, portanto, não é feita entre a 
regra e o princípio, mas entre princípios que forne-
cem razões favoráveis e contrárias à aplicação da 
regra naquele caso específico. Não há nisso, qual-
quer desobediência ao direito, pois a decisão é pau-
tada por normas estabelecidas pelo próprio orde-
namento jurídico. 
 
Cabe prisão civil contra o Congressista devedor 
de alimentos? 
Relativa ao processo. 
 
A imunidade parlamentar relativa ao processo está 
disciplinada no artigo 53, §§3º ao 5º da CF/88, al-
cançando os crimes praticados pelos congressistas 
após a diplomação. Nesses casos, permite-se à 
Casa Legislativa respectiva sustar, a pedido de par-
tido político com representação no Legislativo Fede-
ral, o andamento da ação penal pelo voto ostensivo 
e nominal da maioria absoluta de seus membros. A 
suspensão da ação penal deverá ser apreciada no 
prazo improrrogável de quarenta e cinco dias e, 
caso se entenda pela sustação, ela persistirá en-
quanto durar o mandato, acarretando, igualmente, a 
suspensão da prescrição. 
 
Relativa à condição de testemunha. 
A regra é que os parlamentares são obrigados a 
testemunhar, prestando compromisso, salvo nas 
duas hipóteses previstas no artigo 53, §6º da CF/88: 
(A) sobre informações recebidas ou prestadas em 
razão do exercício do mandato; e 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
CARREIRA JURÍDICA 
Direito Penal – Aula 06 
Rogério Sanches 
2 
(B) sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles 
receberam informações. 
 
Embora a testemunha tenha o dever de comparecer 
quando intimados pelo juízo para prestar seu de-
poimento, o artigo 221 do Código de Processo Pe-
nal estabelece que os deputados e senadores terão 
a prerrogativa de ajustar dia, horário e local com 
essa finalidade. 
 
Imunidades parlamentares e o estado de sítio 
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores 
subsistirão durante o estado de sítio, só podendo 
ser suspensas mediante o voto de dois terços dos 
membros da Casa respectiva, nos casos de atos 
praticados fora do recinto do Congresso Nacional, 
que sejam incompatíveis com a execução da me-
dida. 
 
CONCLUSÃO: 
As imunidades subsistem, ainda que durante o es-
tado de sítio. Nos termos do artigo 53, §8º da CF/88, 
as imunidades de deputados e senadores somente 
serão suspensas se houver votação da Casa res-
pectiva, com votação de dois terços pela suspen-
são. 
 
Imunidades do parlamentar licenciado 
Caso o parlamentar se licencie do cargo para o qual 
foi eleito com o objetivo de exercer outro, por exem-
plo, Ministro de Estado, não manterá sua imunidade 
(que não é pessoal, mas da função), salvo no que 
toca ao foro especial 
A 1ª Turma concedeu habeas corpus para cassar 
decreto de prisão expedido por juiz de direito contra 
deputado estadual. Entendeu-se que, ante a prerro-
gativa de foro, a vara criminal seria incompetente 
para determinar a constrição do paciente, ainda que 
afastado do exercício parlamentar”. (STF – Info nº 
628 – HC 9548 – Rel. Min. Marco Aurélio – DJe 
24/05/2011) 
 
Imunidades dos deputados estaduais 
As imunidades estudadas, por força do mandamen-
to insculpido no artigo 27, §1º, CF/88, também de-
vem ser aplicadas aos deputados estaduais. 
Obs: 
 
 
 
Imunidades dos vereadores 
Os vereadores, por força do art. 29, VIII, da CF/88, 
desfrutam somente de imunidade absoluta, desde 
que as suas opiniões, palavras e votos sejam profe-
ridos no exercício do mandato (nexo material) e na 
circunscrição do Município (critério territorial). 
 
Foro por prerrogativa de função x Tribunal do Júri 
O foro por prerrogativa de função, previsto na 
CF/88, prevalece sobre a competência constitucio-
nal do Tribunal do Júri (é a Carta Maior excepcio-
nando-se a si mesma). Dentro desse espírito, caso 
pratique crime doloso contra a vida, o congressista 
será julgado perante o STF, enquanto que o parla-
mentar estadual, pelo Tribunal de Justiça (ou Tribu-
nal Regional Federal, se o caso). 
 
Súmula Vinculante nº 45: 
 
 “A competência constitucional do tribunal do 
júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de fun-
ção estabelecido exclusivamente pela constituição 
estadual”. 
 
INFRAÇÃO PENAL(CRIME/CONTRAVENÇÃO 
PENAL) 
O conceito de infração penal varia conforme o enfo-
que. 
Sob o enfoque formal, infração penal é aquilo que 
assim está rotulado em uma norma penal incrimina-
dora, sob ameaça de pena. 
Num conceito material, infração penal é comporta-
mento humano causador de relevante e intolerável 
lesão ou perigo de lesão ao bemjurídico tutelado, 
passível de sanção penal. 
O conceito analítico leva em consideração os ele-
mentos estruturais que compõem infração penal, 
prevalecendo fato típico, ilícito e culpável. 
 
Infração penal é gênero, podendo ser dividida em 
crime (ou delito) e contravenção penal. 
Obs1: 
Obs2: 
Obs3: 
 
Diferenças entre crime e contravenção penal 
 
Apesar de ontologicamente idênticos (aplicando-se 
às contravenções as regras gerais do CP), crime e 
contravenção possuem algumas diferenças trazidas 
pela própria lei: 
 
Quanto à pena privativa de liberdade imposta 
Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal: 
“Considera-se crime a infração penal que a lei co-
mina pena de reclusão ou de detenção, quer isola-
damente, quer alternativa ou cumulativamente com 
a pena de multa; contravenção, a infração penal a 
que a lei comina, isoladamente, pena de prisão sim-
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
CARREIRA JURÍDICA 
Direito Penal – Aula 06 
Rogério Sanches 
3 
ples ou de multa, ou ambas alternativa ou cumulati-
vamente”. 
 
Porte de droga para uso próprio é crime ou con-
travenção penal? 
 
Quanto à espécie de ação penal 
Art. 17 da LCP: 
“A ação penal é pública, devendo a autoridade pro-
ceder de ofício”. 
 
Vias de fato é perseguida mediante ação penal 
pública incondicionada? 
 
Quanto à admissibilidade da tentativa 
Art. 4º. LCP: 
“Não é punível a tentativa de contravenção”. 
 
Quanto à extraterritorialidade da lei penal brasileira 
Art. 2º da LCP: 
“A lei brasileira só é aplicável à contravenção prati-
cada no território nacional”. 
 
Quanto à competência para processar e julgar 
Art. 109, CF/88: 
“ Aos juízes federais compete processar e julgar: 
IV - os crimes políticos e as infrações penais prati-
cadas em detrimento de bens, serviços ou interesse 
da União ou de suas entidades autárquicas ou em-
presas públicas, excluídas as contravenções e res-
salvada a competência da Justiça Militar e da Justi-
ça Eleitoral”. 
 
Quanto ao limite das penas 
Art. 10 da LCP: 
“A duração da pena de prisão simples não pode, em 
caso algum, ser superior a 5 anos (...)”. 
Sujeitos (ativo e passivo) do crime 
 
Sujeito ativo do crime: 
Pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo de 
crime? 
A CF/88, no art. 225, § 3º, anuncia: “As condutas e 
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, 
a sanções penais e administrativas, independente-
mente da obrigação de reparar os danos causados” 
(grifos aditados). 
Seguindo o mandado constitucional de criminaliza-
ção, nasceu a Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambien-
tais). Reza seu art. 3º, caput: “As pessoas jurídicas 
serão responsabilizadas administrativa, civil e pe-
nalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos 
em que a infração seja cometida por decisão de seu 
representante legal ou contratual, ou de seu órgão 
colegiado, no interesse ou benefício da sua entida-
de”. 
1ª corrente: a pessoa jurídica não pode praticar 
crimes, nem ser responsabilizada penalmente. A 
empresa é uma ficção jurídica, um ente virtual, des-
provido de consciência e vontade. A intenção do 
Constituinte não foi criar a responsabilidade penal 
da pessoa jurídica. O texto do § 3º do art. 225, da 
CF apenas reafirma que as pessoas naturais estão 
sujeitas a sanções de natureza penal, e que as pes-
soas jurídicas estão sujeitas a sanções de natureza 
administrativa. 
 
2ª corrente: apenas pessoa física pratica crime. 
Entretanto, nos crimes ambientais, havendo relação 
objetiva entre o autor do fato típico e ilícito e a em-
presa (infração cometida por decisão de seu repre-
sentante legal ou contratual, ou de seu órgão cole-
giado, no interesse ou benefício da entidade), admi-
te-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica. 
Conclusão: 
 
3ª corrente: a pessoa jurídica é um ente autônomo e 
distinto dos seus membros, dotado de vontade pró-
pria. Pode cometer crimes ambientais e sofrer pena. 
A CF/88 autorizou a responsabilidade penal do ente 
coletivo, objetiva ou não. Deve haver adaptação do 
juízo de culpabilidade para adequá-lo às caracterís-
ticas da pessoa jurídica criminosa. O fato de a teoria 
tradicional do delito não se amoldar à pessoa jurídi-
ca, não significa negar sua responsabilização penal, 
demandando novos critérios normativos. É certo, 
porém, que sua responsabilização está associada à 
atuação de uma pessoa física, que age com ele-
mento subjetivo próprio (dolo ou culpa). 
 
O STF vem decidindo que a responsabilização pe-
nal da pessoa jurídica independe da pessoa física. 
Argumentou-se que a obrigatoriedade de dupla im-
putação caracterizaria afronta ao art. 225, § 3º, da 
Constituição Federal, pois condicionaria a punição 
da pessoa jurídica à condenação simultânea da 
pessoa física: (RE 548.181, Primeira Turma, Rel. 
Min. Rosa Weber, DJe 19/06/2013). 
Pessoa jurídica de direito público pode ser respon-
sabilizada penalmente por delito ambiental? 
 
Classificação do crime quanto ao sujeito ativo: 
 
O sujeito passivo: 
 
O sujeito passivo classifica-se em: 
A) sujeito passivo constante (mediato, formal, geral 
ou genérico): 
B) sujeito passivo eventual (imediato, material, par-
ticular ou acidental): 
 
Classificação doutrinária quanto ao sujeito passivo: 
Crimes de dupla subjetividade passiva? 
Morto pode ser vítima de crime? 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
CARREIRA JURÍDICA 
Direito Penal – Aula 06 
Rogério Sanches 
4 
E os animais? 
Objetos (material e jurídico) do crime material 
Objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual 
recai a conduta criminosa. 
 
É possível crime sem objeto material? 
Objeto jurídico do delito revela o interesse tutelado 
pela norma, o bem jurídico protegido pelo tipo penal.

Outros materiais