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www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – MÓDULOS I E II Direito Penal – Aula 09 Rogério Sanches 1 ERRO DE TIPO CONCEITO: falsa percepção da realidade. Cuida-se de ignorância ou erro que recai sobre as elementares, circunstâncias ou qualquer dado agre- gado ao tipo penal. Ex.: Fulano se apodera de material na rua, imagi- nando tratar-se de coisa abandonada. Na verdade, o material era de Beltrano, que reformava a sua casa. Importante! Fulano não sabia que subtraía coisa alheia. ATENÇÃO! Não podemos confundir erro de tipo com erro de proibição. ERRO DE TIPO: ESPÉCIES ERRO DE TIPO ESSENCIAL O erro recai sobre os dados principais do tipo. Se avisado do erro, o agente para de agir crimino- samente. PREVISÃO LEGAL: art. 20 “caput” C.P. ERRO DE TIPO ESSENCIAL (ART. 20 “CAPUT” C.P.) “Erro sobre elementos do tipo Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.” ERRO DE TIPO ESSENCIAL CONCEITO: o agente ignora ou erra sobre elemen- to constitutivo do tipo legal. EXEMPLO: Caçador que atira contra um arbusto pensando que lá se esconde um veado. Ao se apro- ximar, percebe que matou alguém. CONSEQUÊNCIAS: ERRO DE TIPO ACIDENTAL Recai sobre dados secundários do tipo. Quando avisado do erro, o agente corrige os cami- nhos ou sentido da conduta para continuar a agir de forma ilícita. 1- ERRO SOBRE O OBJETO PREVISÃO LEGAL? CONCEITO: o agente se confunde quanto ao objeto material (coisa) por ele visado, atingindo objeto di- verso. EXEMPLO: Fulano, querendo subtrair um relógio de ouro, por erro, acaba furtando um relógio dourado. ATENÇÃO! Somente haverá esta espécie de erro se a confusão de objetos materiais não interferir na essência do crime. Caso contrário, deve ser tratado como erro de tipo essencial. Ex.: Senhora que cultiva pé de maconha no quintal de sua casa, imaginando ser planta ornamental – o objeto material “droga” é a essência do tipo. (≠ do relógio de ouro ou dourado, que não é a essência do furto, mas sim a subtração de coisa alheia móvel, podendo ser qualquer objeto). CONSEQUÊNCIAS: OBSERVAÇÃO: www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – MÓDULOS I E II Direito Penal – Aula 09 Rogério Sanches 2 ERRO DE TIPO ACIDENTAL 2- ERRO SOBRE A PESSOA PREVISÃO LEGAL: art. 20, § 3º, C.P. ERRO SOBRE A PESSOA (ART. 20, § 3º, C.P.) “Erro sobre a pessoa § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.” CONCEITO: equivocada representação do objeto material (pessoa visada) pelo agente. Em decorrên- cia do erro, o agente acaba atingindo pessoa diver- sa. OBS.1: OBS.2: OBS.3: Exemplo: Fulano quer matar seu pai (vítima virtual), porém, representando equivocadamente a pessoa que entra na casa, acaba matando o seu tio (vítima real). Atenção: CONSEQUÊNCIAS: ERRO DE TIPO ACIDENTAL 3- ERRO NA EXECUÇÃO (“aberratio ictus”) PREVISÃO LEGAL: art. 73, C.P. ERRO NA EXECUÇÃO -“ABERRATIO ICTUS” (ART. 73, C.P.) “Erro na execução Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diver- sa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atin- gida a pessoa que o agente pretendia ofender, apli- ca-se a regra do art. 70 deste Código.” CONCEITO: Por acidente ou por erro no uso dos meios da execução, o agente acaba atingindo pes- soa diversa da pretendida. EXEMPLO: Fulano mira seu pai, mas por falta de habilidade no manuseio da arma, acaba atingindo um vizinho que passava do outro lado da rua. CONSEQUÊNCIAS: a) “Aberratio ictus” com resultado único: b) “Aberratio ictus” com resultado duplo (ou unidade complexa): # PROBLEMA: Fulano, querendo matar seu pai, atira, mas por erro, acaba também atingindo um vizinho. OBS.1: OBS.2: OBS.3: ATENÇÃO! A DOUTRINA DIVIDE ESSA ESPÉCIE DE ERRO EM DUAS MODALIDADES: a) b) ERRO DE TIPO ACIDENTAL 4- RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (“aberratio criminis “/ “delicti”) PREVISÃO LEGAL: art. 74 C.P. RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO - “ABERRATIO CRIMINIS “/ “DELICTI” ( art. 74 C.P. ) “Resultado diverso do pretendido www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – MÓDULOS I E II Direito Penal – Aula 09 Rogério Sanches 3 Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobre- vém resultado diverso do pretendido, o agente res- ponde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.” OBS.: CONCEITO: Por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente atinge bem jurídico distinto daquele que pretendia atingir. EXEMPLO: Fulano quer danificar o carro de Beltra- no. Atira uma pedra contra o veículo, mas acaba atingindo o motorista, que vem a falecer. - Fulano responde por homicídio culposo. CONSEQUÊNCIA: CUIDADO! A regra do art. 74 C.P. deve ser afasta- da quando o resultado pretendido é mais grave que o resultado produzido – hipótese em que o agente responde pelo resultado pretendido na forma tenta- da. Ex.: Fulano quer matar Beltrano. Atira uma pedra contra a cabeça de Beltrano, mas acaba atingindo o veículo da vítima. Obs.1: Obs.2: ERRO DE TIPO ACIDENTAL 5- ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL PREVISÃO LEGAL: não tem (é criação da doutrina). CONCEITO: o agente produz o resultado desejado, mas com nexo causal diverso do pretendido. MODALIDADES: a doutrina divide esta espécie de erro em duas modalidades: 1- Erro sobre o nexo causal em sentido estrito Ocorre quando o agente, mediante 1 só ato, provo- ca o resultado visado, porém com outro nexo. Ex.: “A” empurra “B” de um penhasco para que mor- ra afogado (nexo visado). “B”, na queda, bate a cabeça numa rocha e morre em razão de trauma- tismo craniano (nexo real). 2- Dolo geral / erro sucessivo / “aberratio causae” O agente, mediante conduta desenvolvida em plura- lidade de atos, provoca o resultado pretendido, po- rém com outro nexo. Ex.: “A” dispara (nexo visado) contra “B” (1º ato). Imaginando que “B” está morto, joga seu corpo no mar (2º ato). “B” morre afogado (nexo real). CONSEQUÊNCIA: ERRO DE TIPO: QUESTÕES IMPORTANTES # Problema: Fulano quer matar um agente federal em serviço. Por acidente, acaba matando outra pessoa que passava pelo local. O crime de homicídio será processado e julgado por qual justiça, federal ou estadual? ERRO DE TIPO: QUESTÕES IMPORTANTES ERRO DE SUBSUNÇÃO PREVISÃO LEGAL: CONCEITO: CUIDADO! Não se confunde com erro de tipo ou erro de proibição a) Não se confunde com erro de tipo, pois não há falsa percepção da realidade (o agente sabe que falsifica cheque, p.ex.). b) Não se confunde com erro de proibição, pois o agente conhece a ilicitude do seu comportamento (sabe que falsificar cheque é comportamento ilícito, p.ex.). Exemplos: - Documento público por equiparação. - Conceito de funcionário público para fins penais. CONSEQUÊNCIAS: ERRO DE TIPO: QUESTÕES IMPORTANTES ERRO PROVOCADO POR 3º PREVISÃO LEGAL: art. 20, § 2º C.P. ERRO PROVOCADO POR 3º (art. 20, § 2º C.P.) “Errodeterminado por terceiro § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determi- na o erro.” CONCEITO:. No erro determinado por 3º, temos um erro induzido. (≠ erro de tipo, o agente erra por conta própria) Atenção! Ex.: www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – MÓDULOS I E II Direito Penal – Aula 09 Rogério Sanches 4 CONSEQUÊNCIA: responde pelo crime o terceiro que determina o erro (no nosso exemplo, o médico responde por homicídio doloso na condição de autor mediato) # E o agente provocado? CRIME COMISSIVO O Direito Penal protege determinados bens jurídicos proibindo condutas consideradas desvaliosas. Conclusão: CRIME OMISSIVO O Direito Penal também protege bens jurídicos proi- bindo a inação de condutas valiosas. Conclusão: Omissão que viola um tipo mandamental. A norma mandamental que determina a ação valio- sa pode decorrer: a) Do próprio tipo penal: o tipo incriminador descre- ve a omissão b) De cláusula geral: o dever de agir está descrito numa norma geral. CRIME OMISSIVO # E se o agente desconhece que tem o dever de agir? CRIME OMISSIVO CRIME OMISSIVO PRÓPRIO/ PURO A conduta omissiva está descrita no próprio tipo penal incriminador. - Para a sua caracterização basta a não realização da conduta valiosa descrita no tipo. Ex.: Omissão de socorro (art. 135 C.P.) CRIME OMISSIVO PRÓPRIO/ PURO OMISSÃO DE SOCORRO (ART. 135 C.P.) “Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança aban- donada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou feri- da, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.” CRIME OMISSIVO CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO/ IMPURO O dever de agir está acrescido no dever de evitar o resultado. Art. 13, § 2º CP: HIPÓTESES DE DEVER JURÍDI- CO a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO/ IMPURO O dever de agir está acrescido no dever de evitar o resultado. Art. 13, § 2º CP: HIPÓTESES DE DEVER JURÍDI- CO b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO/ IMPURO O dever de agir está acrescido no dever de evitar o resultado. Art. 13, § 2º CP: HIPÓTESES DE DEVER JURÍDI- CO c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. CRIME DE CONDUTA MISTA Tipo penal incriminador composto de ação seguida de omissão. Ex.: Apropriação de coisa achada (art. 169, parágra- fo único, II C.P.) “II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apro- pria (ação), total ou parcialmente, deixando de resti- tuí-la (omissão) ao dono ou legítimo possuidor ou de www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – MÓDULOS I E II Direito Penal – Aula 09 Rogério Sanches 5 entregá-la à autoridade competente, dentro no pra- zo de quinze dias.” FORÇA GALERA!!!
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