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www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – MÓDULOS I E II Direito Penal – Aula 12 Rogério Sanches 1 LEGÍTIMA DEFESA (arts. 23, II e 25 do CP) “Exclusão de ilicitude Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (...) II - em legítima defesa; (...) “Legítima defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.” FUNDAMENTOS DA LEGÍTIMA DEFESA: a) No prisma jurídico-individual: b) No prisma jurídico-social: REQUISITOS: A legítima defesa depende de requisitos objetivos e um subjetivo. REQUISITOS OBJETIVOS: 1- AGRESSÃO INJUSTA Conduta humana contrária ao direito que ataca ou coloca em perigo bens jurídicos de alguém. # A agressão injusta é dolosa ou culposa? 1ªC 2ªC Cuidado: Agressão injusta, não significa necessari- amente fato típico. Ex.: Atenção: Uma vez constatada a injusta agressão, o agredido pode rebatê-la, não se lhe exigindo a fuga do local FUGA DO LOCAL = “commodus discessus” Para Roxin, não se deve conceder a ninguém um direito ilimitado de legítima defesa face à agressão de um inimputável, de modo que a excludente não se aplica a todas as situações, mas apenas naque- las em que a reação, o combate mostra-se inevitá- vel. Conclusão: Quanto à EXISTÊNCIA DA AGRESSÃO, a legítima defesa classifica-se em: a) Legítima defesa real: b) Legítima defesa putativa: #Defender-se de ataque de animal é estado de ne- cessidade ou legítima defesa? 2- AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE Atual: está ocorrendo Iminente: prestes a ocorrer 3- USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS “Meio necessário”: meio menos lesivo à disposição do agredido no momento da agressão, porém, ca- paz de repelir o ataque com eficiência. Encontrado o meio necessário, deve ser utilizado de forma moderada. 4- SALVAR DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO Direito próprio: legítima defesa própria Direito alheio: legítima defesa de terceiro REQUISITO SUBJETIVO: ATENÇÃO! LEGÍTIMA DEFESA x ERRO NA EXECUÇÃO www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – MÓDULOS I E II Direito Penal – Aula 12 Rogério Sanches 2 Artigo de apoio “Erro na execução Art. 73 C.P. - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atin- gir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atin- gida a pessoa que o agente pretendia ofender, apli- ca-se a regra do art. 70 deste Código.” ATENÇÃO! Legítima defesa simultânea: pressupondo agressão injusta, não é possível duas pessoas, simultanea- mente, uma contra a outra, agindo em legítima de- fesa. Legítima defesa sucessiva: nada impede legítima defesa sucessiva, que é a reação contra o excesso do agredido. Legítima defesa x legítima defesa putativa (ato in- justo): é possível Legítima defesa putativa (ato injusto) x legítima de- fesa putativa (ato injusto): nenhum dos dois pode alegar excludente de ilicitude. ATENÇÃO! LEGÍTIMA DEFESA X ESTADO DE NECESSIDADE? CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL (art. 23, III, 1ª parte, C.P.) “Exclusão de ilicitude Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (...) III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. CONCEITO: O agente público, no desempenho de suas ativida- des, não raras vezes é obrigado, por lei (em sentido amplo), a violar um bem jurídico. Essa intervenção lesiva, dentro de limites aceitáveis, é justificada pelo estrito cumprimento de um dever legal. EXEMPLOS: Ex.1: Policial que emprega violência necessária para executar prisão em flagrante de perigoso ban- dido. Ex.2: Juiz, na sentença, emite conceito desfavorável quando se reporta ao sentenciado. Artigos de apoio “Art. 301 C.P.P. - Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão pren- der quem quer que seja encontrado em flagrante delito.” “Exclusão do crime Art. 142 C.P. - Não constituem injúria ou difamação punível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da cau- sa, pela parte ou por seu procurador; II - a opinião desfavorável da crítica literária, artísti- ca ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Trata-se de DESCRIMINANTE PENAL EM BRAN- CO, pois o conteúdo da norma permissiva (dever atribuído ao agente) precisa ser complementado por outra norma jurídica. Ex.: Policial que prendeu em flagrante – precisou do art. 301, C.P.P. # O particular pode alegar estrito cumprimento de dever legal? 1ªC 2ªC CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO (art. 23, III, 2ª parte, C.P. ) “Exclusão de ilicitude Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (...) III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Excesso punível Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipó- teses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.” www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – MÓDULOS I E II Direito Penal – Aula 12 Rogério Sanches 3 CONCEITO: Compreende condutas do cidadão comum autorizadas pela existência de um direito definido em lei e condicionadas à regularidade do exercício desse direito. DICA: EXEMPLOS : Ex.1: Qualquer do povo prendendo perigoso assal- tante em flagrante delito (exercício regular de direito – previsto no art. 301, C.P.P.) Atenção: Temos nesse exemplo, caso típico de exercício regular de direito “pro magistratu”: Artigos de apoio “Art. 301 C.P.P. - Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão pren- der quem quer que seja encontrado em flagrante delito.” Ex.2: Luta de boxe A violência empregada nesse esporte também ca- racteriza exercício regular de direito. Ex.3: Possuidor de boa-fé que retém coisa alheia para ressarcir-se das benfeitorias necessárias e úteis não pagas. Artigos de apoio “Art. 1.219 C.C - O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimen- to da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.” OFENDÍCULOS CONCEITO: Aparato preordenado para a defesa do patrimônio. Ex.: Cerca elétrica. # Animal? NATUREZA JURÍDICA DO OFENDÍCULO: 1ªC: Legítima defesa. 2ªC: Exercício regular de direito (Código Civil). 3ªC (Prevalece): - Enquanto não acionado: exercício regular de direi- to. - Quando acionado: Legítima defesa (preordenada). 4ªC: OBS.: independentemente da corrente que se ado- ta, o OFENDÍCULO traduz direito do cidadão defen- der seu patrimônio, devendo ser utilizado com pru- dência e consciência, evitando excessos. CONSENTIMENTO DO OFENDIDO PREVISÃO LEGAL: REQUISITOS: 1- O dissentimento (não consentimento) não pode integrar o tipo penal - Não pode ser elementar do tipo. Atenção: 2- Ofendido capaz de consentir CONSENTIMENTO DO OFENDIDO REQUISITOS: 3- Consentimento válido 4- Bem disponível REQUISITOS: 5- Bem Próprio 6- Consentimento prévio ou simultâneo à lesão ao bem jurídico REQUISITOS: 7- Consentimento expressowww.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA – MÓDULOS I E II Direito Penal – Aula 12 Rogério Sanches 4 8- Ciência da situação de fato que autoriza a justifi- cante # A integridade física é bem disponível? CUIDADO: Existem duas formas de fantasiar uma descriminante: 1- O agente supõe agir sob o manto de uma justifi- cante em razão de erro quanto à sua existência ou seus limites. Apesar de conhecer a situação de fato, ignora a ilicitude do comportamento. Ex.: Fulano, depois de ser agredido com um tapa no rosto, acredita estar autorizado a revidar com um disparo de arma de fogo. Atenção: Conclusão: 2- O agente engana-se quanto aos pressupostos fáticos do evento Supõe estar diante de uma situação de fato que, na realidade, não existe. Prevista no art. 20, § 1º, CP – o agente erra sobre a situação de fato. Ex.: Fulano, acreditando que seu inimigo Beltrano vai agredi-lo, adianta-se e atira contra o desafeto, percebendo, depois, que Beltrano jamais queria atacá-lo. - Fulano equivocou-se quanto aos pressupostos fáticos da legítima defesa, imaginando uma injusta agressão que nunca existiu. DESCRIMINANTE PUTATIVA (art. 20, § 1º, C.P.) “Descriminantes putativas § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.” # O ERRO sobre os PRESSUPOSTOS FÁTICOS deve ser tratado como erro de tipo ou de proibição? LEMBRANDO: 1ª TEORIA: LIMITADA DA CULPABILIDADE 2ª TEORIA: EXTREMADA DA CULPABILIDADE Temos corrente lecionando que o Brasil adotou a TEORIA EXTREMADA “SUI GENERIS” DA CUL- PABILIDADE
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