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www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA Direito Penal – Aula 14 Rogério Sanches 1 CLASSIFICAÇÃO DO CRIME QUANTO AO CON- CURSO DE PESSOAS: b) Plurissubjetivo - Crime de concurso necessário: o concurso de agentes é elementar do tipo. - Exceção no CP. b.1) De condutas paralelas (ex.: art. 288 CP) b.2) De condutas convergentes (ex.: art. 235 CP) b.3) De condutas contrapostas (ex.: art. 137 CP) A teoria geral do concurso de pessoas só interessa para os crimes MONOSSUBJETIVOS (nos crimes plurissubjetivos o concurso de pessoas é elementar do tipo). CONCEITO: Reunião de vários agentes concorren- do, de forma relevante, para a realização do mesmo evento, agindo todos com identidade de propósitos. Atenção: Ex.: “A” e “B” combinam um furto. Durante a execução, “C” propõe ajudar os furtadores. De- pois de subtraída a coisa, “D” admite ocultar o bem em benefício dos agentes. CONCURSO DE PESSOAS: REQUISITOS 1- PLURALIDADE DE AGENTES E DE CONDUTA 2- RELEVÂNCIA CAUSAL DAS CONDUTAS 3- LIAME SUBJETIVO ENTRE OS AGENTES Obs: Atenção: Faltando liame subjetivo, desaparece o concurso de pessoas, podendo configurar AUTORIA COLATERAL ou INCERTA. Cuidado: liame subjetivo não significa acordo prévio Ex.: Empregada percebe que ladrão vai subtrair a casa do patrão e deixa a janela aberta. 4- IDENTIDADE DE INFRAÇÃO PENAL: todos os concorrentes devem contribuir para o mesmo even- to. Obs: # Todos os concorrentes respondem pela mes- ma infração penal? Temos 3 teorias: 1- Teoria monista (unitária ou igualitária) 2- Teoria pluralista 3- Teoria dualista O CP adotou como regra a TEORIA MONISTA: “Art. 29 C.P. - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.” Excepcionalmente, no que tange à infração penal, o CP adotou ora o DUALISMO, ora o PLURALISMO. Exemplo - dualismo: Exemplos - pluralismo: AUTORIA Para se compreender o assunto concurso de pes- soas é imprescindível definir “autoria”. O conceito de autor depende da teoria adotada. 1- TEORIA SUBJETIVA / UNITÁRIA: não existe distinção entre autor e partícipe. Conclusão: 2- TEORIA EXTENSIVA: não distingue autor do partícipe, mas permite o estabelecimento de graus diversos de autoria. Conclusão: 3- TEORIA OBJETIVA / DUALISTA: estabelece clara distinção entre autor e partícipe. Esta teoria divide-se em: Atenção: a doutrina moderna (STF – “mensalão”) trabalha com a teoria do domínio do fato. 4- TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO - Tem predicados finalistas. - Surgiu para diferenciar, com clareza, o autor do executor do crime, conciliando as teorias objetiva e subjetiva. www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA Direito Penal – Aula 14 Rogério Sanches 2 TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO # Autor: é quem controla finalisticamente o fato, ou seja, quem decide a sua forma de execução, seu início, cessação e demais condições. Ex.: # Partícipe: será aquele que, embora colabore dolo- samente para o alcance do resultado, não exerce domínio sobre a ação. Atenção - Podemos afirmar que tem o controle final do fato: a) Aquele que, por sua vontade, executa o núcleo do tipo b) Aquele que planeja o crime para ser executado por outras pessoas c) Aquele que se vale de um não culpável ou de pessoa que age sem dolo ou culpa para executar o tipo OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: a teoria do domínio do fato tem aplicação apenas nos crimes dolosos, única forma em que se admite o controle finalístico sobre o fato criminoso. AUTORIA MEDIATA (aprofundando) CONCEITO: sujeito que, sem realizar diretamente a conduta típica comete o crime por ato de interposta pessoa, utilizada como seu instrumento. AUTORIA MEDIATA (aprofundando) AUTORIA MEDIATA (aprofundando) AUTORIA MEDIATA (aprofundando) O CP, sem definir AUTORIA MEDIATA, anuncia as HIPÓTESES em que o instituto é aplicável: 1- Inimputabilidade penal (art. 62, III, CP) “Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;” 2- Coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte, CP) “Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistí- vel ou em estrita obediência a ordem, não manifes- tamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.” 3- Obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte, CP) “Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistí- vel ou em estrita obediência a ordem, não manifes- tamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.” 4- Erro de tipo escusável provocado por terceiro (art. 20, § 2º, CP) “Art. 20, § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.” 5- Erro de proibição escusável provocado por tercei- ro (art. 21 CP) “Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.” # É possível autoria mediata nos crimes culposos? Fernando Galvão admite AUTORIA MEDIATA nos crimes culposos sob os seguintes argumentos: "O entendimento que sustenta a impossibilidade da autoria mediata em crime culposo não é correto. Não se pode entender a autoria mediata em crime culposo segundo a lógica da autoria mediata em crime doloso. O domínio do fato no crime culposo não se verifica em relação ao resultado material- mente produzido, já que, na conduta descuidada, não se pretende produzir qualquer resultado lesivo. Em relação ao resultado, nunca haverá domínio do fato, quando se tratar de crime culposo. Se o resul- tado fosse dominado, no contexto de um fato culpo- so, evidentemente teria sido evitado pelo autor da conduta. No crime culposo, o domínio do fato refere- se apenas a conduta que, não sendo orientada para www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA Direito Penal – Aula 14 Rogério Sanches 3 a produção do resultado ilícito, descuidadamente acaba por produzi-lo”. # É possível autoria mediata nos crimes próprios e de mão própria? CRIME PRÓPRIO: admite autoria mediata desde que o autor mediato reúna as condições exigidas no tipo. Ex.: Fulano, particular, hipnotiza um servidor públi- co, fazendo com que este pratique peculato (art. 312 CP – crime próprio – “funcionário público”). R.: CRIME DE MÃO PRÓPRIA: exigindo atuação pes- soal (direta), para a maioria, a autoria mediata não é possível. Ex.: Fulano, réu, hipnotiza a testemunha para men- tir em juízo (art. 342 CP – crime de mão própria). R.: # Como responsabilizar Fulano nos dois exemplos, já que os crimes praticados não admitem autoria mediata? Para Zaffaroni, Fulano é “AUTOR POR DETERMI- NAÇÃO”. Se, nos termos do art. 29 CP, pune-se quem, de qualquer modo concorre para o crime, não há razão para deixar impune o autor de determina- ção que, dotado de plena eficácia causal, é levado a efeito por quem atua, por exemplo, sem conduta (sob efeito de hipnose). O agente não é autor do crime, mas responde pela determinação para o cri- me por exercer, sobre o fato, domínio equiparado à autoria. Para facilitar: O autor por determinação é um “au- tor mediato” nos casos em que não se admite auto- ria mediata. # AUTOR DE ESCRITÓRIO? É o caso do agente que emite a ordem para que outro indivíduo, igualmente culpável, pratique o fato criminoso. Trata-se de espécie particular de autoria mediata, comumente identificada no âmbito de ORGANIZA- ÇÕES CRIMINOSAS, em que certoindivíduo, exer- cendo funções de comando, determina o cometi- mento de crimes por agentes que se encontram em posições subalternas. Os “subalternos” não podem ser considerados me- ros instrumentos nas mãos de quem exerce funções de comando (não há obediência hierárquica no ra- mo privado). AUTORIA COLATERAL Verifica-se quando dois ou mais agentes, sem liame subjetivo (um ignorando a contribuição do outro), concentram suas condutas para o cometimento da mesma infração penal. Ex.: Fulano e Beltrano, um ignorando a presença do outro, escondem-se esperando Sicrano para matá- lo. Surgindo a vítima, os dois disparam, atingindo Sicrano. Sicrano morre em razão do disparo de Fulano. Solução: # E se não é possível determinar quem é o res- ponsável pela morte? R.: AUTORIA INCERTA: dois ou mais agentes, sem liame subjetivo, concorrem para o mesmo resultado, porém não há como identificar o real causador. Solução: # Um tiro atingiu a vítima com vida. Outro tiro atingiu a vítima já sem vida. Não é possível saber de qual arma veio o tiro quando a vítima estava morta. Qual a solução? Solução: COAUTORIA É a própria autoria delineada por vários indivíduos. Atenção: também varia conforme a teoria. # Admite-se coautoria nos crimes próprios? # Admite-se coautoria nos crimes de mão própria? Regra: não admitem coautoria (crime de conduta infungível e atuação pessoal). Cuidado: PARTICIPAÇÃO O conceito varia conforme a teoria da autoria. FORMAS DE PARTICIPAÇÃO: www.cers.com.br CARREIRA JURÍDICA Direito Penal – Aula 14 Rogério Sanches 4 MORAL - Induzimento: o partícipe faz nascer a ideia crimi- nosa para o autor. - Instigação: o partícipe reforça a ideia criminosa que já existe na mente do autor. MATERIAL - Auxílio: assistência material (ex.: emprestar a ar- ma). OBS.1: OBS.2: PUNIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO Temos 4 teorias: 1ª – Teoria da acessoriedade MÍNIMA: para punir o partícipe, basta que o fato principal seja típico. Crítica: 2ª – Teoria da acessoriedade MÉDIA / LIMITADA (prevalece): para punir o partícipe, basta que o fato principal seja típico e ilícito. Ex.: Fulano participa de fato praticado por menor. ATENÇÃO: 3ª – Teoria da acessoriedade MÁXIMA: para punir o partícipe, basta que o fato principal seja típico, ilícito e culpável. Ex.: 4ª – Teoria da HIPERACESSORIEDADE: para punir o partícipe, o fato principal deve ser típico, ilícito, culpável e punível. PARTICIPAÇÃO EM CADEIA PARTICIPAÇÃO SUCESSIVA PARTICIPAÇÃO NEGATIVA (CONIVÊNCIA) O agente não tem qualquer vínculo com a conduta criminosa (não induziu, não instigou e não auxiliou), nem tampouco a obrigação de impedir o resultado. ATENÇÃO: CONCURSO DE PESSOAS NOS CRIMES CUL- POSOS De acordo com a maioria, admite coautoria, mas não participação. Fundamento: a inobservância do dever de cuidado é o substrato da coautoria (qualquer ato de que possa derivar o resultado involuntário é considerado ato de autor). CONCLUSÃO: PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA (art. 29, § 1º, CP) “§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.” OBS.: A minorante só tem aplicação para o PARTÍ- CIPE Participação de menor importância é aquela de pouca relevância causal. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA (art. 29, § 1º, CP) “§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.” # A redução da pena é faculdade do juiz ou direito subjetivo do réu? PARTICIPAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA (art. 29, § 2º, CP) “§ 2º - Se algum dos concorrentes (coautor e partí- cipe) quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.” ATENÇÃO: a) b) c) Ex.: Fulano e Beltrano combinam um roubo. Fulano fica do lado de fora enquanto Beltrano entra na ca- sa. Beltrano, durante o assalto, resolve estuprar a moradora. FORÇA GALERA!!! “Os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades.” (Epicuro)
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