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Falência Desde que o direito passou a consagrar a responsabilidade patrimonial do devedor, em substituição às antigas regras de responsabilidade pessoal, como visto acima, cabe ao credor, individualmente, buscar no patrimônio do devedor a satisfação do seu crédito. Ocorre que, quando o ativo do devedor é insuficiente para a satisfação do seu passivo – situação em que seu patrimônio, portanto, está negativo, caracterizando a sua insolvência ou insolvabilidade -, essa regra de execução individual se torna injusta, uma vez que com certeza alguns credores conseguirão o ressarcimento do seu crédito, enquanto outros não terão a mesma sorte. Para os devedores insolventes, portanto, estabelece o arcabouço normativo uma execução especial, na qual todos os credores deverão ser reunidos em um único processo, para a execução conjunta do devedor. Em vez de se submeter a uma execução individual, pois, o devedor insolvente deverá se submeter à uma execução concursal, em obediência ao princípio da par condicio creditorum, segundo o qual deve ser dado aos credores tratamento isonômico. Assim, diante da injustiça da regra da execução individual quanto ao devedor insolvente e em obediência ao principio da par condicio creditorum, o ordenamento jurídico estabelece um processo de execução concursal contra ele. Mas é preciso destacar que o regime jurídico aplicável a essa execução concursal do devedor insolvente varia de acordo com a qualidade do devedor, quer dizer, varia conforme o devedor seja ou não qualificado como empresário. Com efeito, se o devedor insolvente não é empresário – um simples trabalhador ou uma associação, por exemplo -, o procedimento aplicável à sua execução concursal é um estabelecido no Código de Processo Civil (artigos 711 a 713 do CPC, que cuidam do chamado concurso de credores). Se todavia, o devedor insolvente é empresário – seja ele empresário individual ou sociedade empresária, conforme disposto nos artigos 966 e 982 do Código Civil -, o procedimento é outro, regulado pela legislação falimentar (atualmente, como visto, a Lei 11.101/2005). O regime jurídico empresarial, portanto, traz procedimento de execução concursal especifico para o devedor empresário que se encontra insolvente, com algumas prerrogativas não constantes do regime jurídico aplicável aos devedores civis, prerrogativas estas previstas em homenagem à função social da empresa. A falência, pois, é um instituto típico do regime jurídico empresarial, aplicável tão somente aos devedores empresários. Ao devedor civil, o arcabouço jurídico-processual reserva o concurso de credores, não estando estes, por conseguintes submetidos à legislação falimentar. É por isso que a Lei 11.101/2005, em seu artigo 1º; dispões que “ Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor.” Feitas as considerações, podemos considerar a falência como a execução concursal do devedor empresário O Código de Processo Civil de 1973, prevê, em seus artigos: Art. 711. Concorrendo vários credores, o dinheiro ser-lhes-á distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas prelações; não havendo título legal à preferência, receberá em primeiro lugar o credor que promoveu a execução, cabendo aos demais concorrentes direito sobre a importância restante, observada a anterioridade de cada penhora. Art. 712. Os credores formularão as suas pretensões, requerendo as provas que irão produzir em audiência; mas a disputa entre eles versará unicamente sobre o direito de preferência e a anterioridade da penhora. Art. 713. Findo o debate, o juiz decidirá. Porém, como é de conhecimento de todos, o nosso Novo Código de Processo Civil, Lei 13.105/2015, entrar em vigor no próximo ano, e em suas disposições, os artigos acima, serão referidos pelos artigos 908 e 909, conforme abaixo: Art. 908. Havendo pluralidade de credores ou exeqüentes, o dinheiro lhes será distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas preferências. §2º. Não havendo título legal à preferência, o dinheiro será distribuído entre os concorrentes, observando-se a anterioridade de cada penhora. Art. 909. Os exeqüentes formularão as suas pretensões, que versarão unicamente sobre o direito de preferência e a anterioridade da penhora,e, apresentadas as razões, o juiz decidirá. Conforme dispõe o Código Civil, temos que: Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Art. 982 Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. Devedor Empresário Não Empresário Regime jurídico empresarial (falência) Regime jurídico civil (concurso de credores) Lei 11.101/2005 Código de Processo Civil
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