Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Natureza Jurídica da Falência O direito falimentar é extremamente complexo, razão pela qual se estabeleceu, há muito tempo, intrigante polêmica acerca da natureza jurídica da falência, seria ela instituto de direito material ou de direito processual? A despeito de a falência se desenvolver, conforme já ressaltamos, como uma execução concursal do devedor empresário insolvente, o que lhe confere natureza nitidamente processual, a legislação falimentar também regula, por exemplo, os efeitos da decretação da quebra em relação aos bens, às pessoa, aos contratos e aos atos do falido, situação em que estabelece preceitos de ordem claramente material. Não há como deixar de reconhecer, pois, o caráter hibrido ou complexo da falência, diante da confluência de normas processuais e materiais no arcabouço jurídico-falimentar. Princípios da falência Segundo o artigo 75 da LRE, temos que: O objetivo primordial do processo falimentar, segundo o dispositivo ora em analise, é “promover o afastamento do devedor de suas atividades” visando a “preservar o otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis da empresa”. Aqui se destacam dois importantes princípios do Direito Falimentar moderno: I) O Princípio da preservação da empresa II) O Princípio da maximização dos ativos De fato, sabendo-se que a empresa é uma atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens ou serviços (art. 966 CC), nota-se que a decretação da falência do devedor (empresário individual ou sociedade empresaria) não acarreta, necessariamente, o fim da atividade (empresa) que ele exercia. Essa atividade (empresa) pode continuar sob a responsabilidade de outro empresário (empresário individual ou sociedade empresaria), caso ocorra, por exemplo, a venda do estabelecimento empresarial do devedor, nos termos do artigo 140, I da LRE. Portanto, é por isso que a lei, no artigo em comento, fala em preservar e otimizar a utilização produtiva dos ativos, mesmo após o afastamento do devedor. Mantendo-se a empresa em funcionamento, evita-se que seus ativos – sobretudo ativos intangíveis, como uma marca – se desvalorizem ou se deteriorem, por exemplo. Isso contribui para que, no curso do processo falimentar, quando for realizada a venda dos bens, consigam-se interessados em adquirir o estabelecimento empresarial do devedor, dando continuidade à atividade que ele desenvolvia (princípio da preservação da empresa). Ademais, evitando-se a desvalorização e deteriorização, consegue-se fazer com que no momento da venda esta seja feita por um preço justo, o que em ultima analise interessa aos credores da massa, visto que o dinheiro arrecadado será usado para o pagamento de seus créditos (principio da maximização dos ativos). Por fim, registra-se também que o artigo 75, em analise, em seu parágrafo único, ainda prevê que “O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual”. Com efeito, quanto mais rápido o processo falimentar se desenvolver, melhor será para todos, haja vista que o tempo, nesse caso, só contribui para a desvalorização e deteriorização dos ativos do devedor e para o atraso no pagamento dos credores. Conforme a Lei de Recuperação das Empresas (LRE), estabelece em seu artigo: Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada a seguinte ordem de preferência: I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco; II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladamente; Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual. III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor; IV – alienação dos bens individualmente considerados. § 1o Se convier à realização do ativo, ou em razão de oportunidade, podem ser adotadas mais de uma forma de alienação. § 2o A realização do ativo terá início independentemente da formação do quadro-geral de credores. § 3o A alienação da empresa terá por objeto o conjunto de determinados bens necessários à operação rentável da unidade de produção, que poderá compreender a transferência de contratos específicos. § 4o Nas transmissões de bens alienados na forma deste artigo que dependam de registro público, a este servirá como título aquisitivo suficiente o mandado judicial respectivo.
Compartilhar