Buscar

Fenomenologia, psicoterapia e psicologia humanista

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EstudosdePsicologia
1997,Vo114,n°2,33 -46 I
Fenomenologia,psicoterapiaepsicologiahumanista
*
AdrianoHolanda
PontifíciaUniversidadeCatólicadeCampinas
o textointroduzasidéiasbásicasdaFenomenologiacomofundamentofilosóficoeepistemológico
paraapráticadapsicoterapiae, maisespecificamente,dapsicologiahumanista.Partedagênese
históricadasidéiasfenomenológicasemBrentano,passandoàelaboraçãodaFenomenologiano
pensamentodeHusserl,apresentandoseusprincipaisconceitos.Nestecontexto,estabeleceum
paraleloentreo métodofenomenológicoe suasaplicaçõesnocampodapsicoterapia.Porfim,
elaboraumquadrogeraldainfluênciadaFenomenologiaedoExistencialismonachamada"Psi-
cologiaHumanista",destacandoosprincipaisexpoentesdestemovimento.
Palavras-Chave:Fenomenologia,PsicologiaHumanista,Psicoterapia,Consciência,Intencionalidade.
Abstract
Fenomenology,PsychoterapyandHumanistPsychology
ThetextmakesanintroductiontothebasicideasofthePhenomenologylikeaphilosophicaland
epistemologicalfoundationtothepracticeofpsychotherapyandmostspecifficaly,ofthehumanis-
ticpsychology.ItbeginsbythehistoricalgenesisofthephenomenologicalideasinBrentano,and
continuesbytheelaborationofPhenomenologyinthethinkingofHusserl,presentingitsmains
concepts.lnthisway,itstablishesaparallelbetweenthephenomenologicalmethodanditsapplica-
tiontopsychotherapy.Finally,itmakesagenericpictureoftheinfluenceofPhenomenologyand
Existentialismtothe"HumanisticPsychology",detachingtheprincipaisnamesofthismovement.
Keywords:Phenomenology,HumanisticPsychology,Psychotherapy,Conscience,Intentionality.
A Fenomenologiarepresentaum marco
nahistóriadaFilosofia,podendosercomparada
aautênticas"revoluçõesparadigmáticas"como
asocrática,acartesianaeakantiana.Suapene-
traçãonoâmbitodaPsicologiaédefundamen-
tal importânciaparaseentenderatotalidadeda
relaçãopsicoterapêuticaedapsicopatologia.
A importânciadaFenomenologiaseca-
racterizapeloresgatedasubjetividadenaFilo-
sofia e nas demais ciências humanas. O
compromissodeHusserlcomopensamentode
DescartestornaaFenomenologiaumacorrente
*Psicólogo,PsicoterapeutacomFormaçãoemFacilitador
naAbordagemCentradanaPessoae Gestalt-Terapiade
Grupos,MestreemPsicologiaClínicapelaUniversidade
de Brasília (UnB), Doutorandoem Psicologiapela
PontifíciaUniversidadeCatólicade Campinas(Puc-
Campinas).
Endereçoparacorrespondência:SQN309.blocóB, apto
214, CEP 70755-020,Brasília, DF, FONE: (061)
983.4126.
I. Figueiredo,1991.
depensamentoimprescindívelparaa própria
compreensãodaculturaedaevoluçãodonosso
século.
Husserleraumprofundoadmiradorda
filosofiade Descartes.Todavia,considerava
queDescartesnãohaviaaprofundadosuficien-
tementesuainvestigaçãoepistemológica.1Seu
"compromisso"comDescartesconsisteno
seuprojetodetornaraFilosofiauma"ciência
rigorosa",semelhanteà idéiacartesiana.Em
complementoa isto,podemoscitaro próprio
Husserl,quandoescreveque:
"Comefeito,nenhumfilósofo
do passadoteveumainfluênciatão
decisivasobreo sentidodafenome-
nologiacomoo maiorpensadorda
França,RenéDescartes.É a eleque
eladevevenerarcomoseuverdadei-
ro patriarca.Foi de ummodomuito
direto,diga-seexpressamente,queo
AdrianoHolanda
estudodasmeditaçõescartesianasin-
terveiona novaconfiguraçãodafe-
nomenologianascentee lhe deu a
formadesentidoqueagoratemeque
quaselhepermitechamar-seumnovo
cartesianismo,umcartesianismodo
, I XX,,2secuo .
n
I
Pararealizarseuprojeto,HusserJpartede
Descartesparacriticá-Ionoestabelecimentode
um subjetivismosOlipsista3caracterizadopor
umaconsciênciadefinidora,masqueesquece
osobjetoseasrelaçõesqueestaconsciênciaes-
tabelececomo mundo.
O projetodeHusserJédetornaraFiloso-
fiao fundamentobásicodetodoconhecimento,
ou mais especificamente,fazer da Filosofia
uma"ciênciade rigor", tomandopor baseas
matemáticas."[A] Fenomenologiasepreocupa
essencialmentecom o rigor epistemológico,
promovendoa radicalizaçãodoprojetodeaná-
lisecríticadosfundamentosedascondiçõesde
possibilidadedoconhecimento".4
Alémdisso,aFenomenologia,comomé-
todo,possibilitouo adventodeumafortecor-
rente de pensamentoeuropéia,cujo legado
aindaestáparaseravaliado:oExistencialismo,5
com todassuasconotaçõese diversificações.
Estaabordagemdepensamentoémuitobemre-
presentadaemnossoséculopor figurascomo
Martin Heidegger,Jean-PaulSartre,Karl Jas-
34
pers,GabrielMareei,MartinBubere Emma-
nuelLévinas,apenasparacitaralguns.
Fenomenologia:
gênesee evoluçãohistórica
O queentendemoshojecomoFenome-
nologiadiz respeitoaumacorrentedepensa-
mento cujas raízes estão calcadas na
preocupação:preocupaçãocomosrumosda
ciênciaecomacolocaçãodoserhumanonesta
situação.
Fenomenologiaéumafilosofia,seaen-
tendemosdemaneiraoriginal.Todavia,antes
desecaracterizarcomoummodoespecíficode
pensamento,antesdeseconstituirnumaforma
sistemáticadeseacessararealidade,aFenome-
nologiaéummétodo,umametodologiadepes-
quisadessamesmarealidade,e comotal
implicaumaespecíficavisãodemundo.
Originalmente,diríamosqueaFenome-
nologiaéumretorno,um"recomeçoradical",
umaretomadadosentidoexatodovocábulo
gregophainómenon,quesignifica"aquiloque
vemàluz",que"semostra",éamanifestação
daquiloqueseesconde.Historicamente,ophai-
nómenoneraparaosastrônomosgregos,arefe-
rênciaaoseventoscelestes.
A expressão"Fenomenologia"àqualnos
referimosnãoé aquelautilizadapor Hegel
quandoescrevesuaobraA Fenomenologiado
2. Husserl,1992:9.
3.HusserlassinalanassuasConferênciasdeParis (1992)queo egocartesianorealiza"umfilosofarseriamentesolipsista".
"Solipsismo"advémdesolus-ipse,e designaumaconsciênciaquesefechasobresi mesma.
4. Figueiredo,1991:172.
5. IstopodeserilustradoporumepisódioocorridocomSartre.ContaSimonedeBeauvoirqueemcertaocasião,
estavam,juntamentecomRaymondAron numbareesteteriasedirigidoaSartredizendo:"'Comovê,meucaro,sevocêé11m
fenomenologista,écapazdefalardestecoquetelefazerfilosofia dele'.Narra deBeauvoirqueSartreempalideceudeemoção
diantedoqueouviu.Era issooqueeleprocuravaháváriosanos: 'descreverosobjetoscomoosviaetocava'edisso 'extrair'
filosofia" (Penha,1996:20).
Fenomenologia,psicoterapiaepsicologiahumanista
Espirito;masrefere-seàmetodologiaidealiza-
dapelofilósofoalemãoEdmundHusserl.6
A figuradeHusserlécentraldentrodesta
consideração,podendoser consideradoum
marconafilosofiadoséculoXX. Suasidéiasfo-
ramdeterminantesdiretasdospensamentosde
filósofos como Sartre,Heidegger,Merleau-
Pontyeoutros.
A históriadeHusserlé marcadapor si-
tuaçõesdeconsiderávelrelevância.De origem
judaica,foi proibidodepublicarduranteo pe-
ríododegovernodo III Reich;suasobrasso-
menteforampublicadasintegralmenteem1950
nacidadede Haia, naHolandae, segundoal-
gunsautores,graçasaosesforçosdealunosseus
que conseguiram,clandestinamente,evitar a
queimadeseusmanuscritosenviando-ospara
foradaAlemanha.
A gênesedaFenomenologia,contudo,se
dáatravésdafiguradeFranzBrentano,alemão
nascidoemMarienberg.Em 1874,publicasua
obracapital:PsicologiadoPontode VistaEm-
pirico, fatoesteimportantedevidoà posterior
influênciaqueterásobreHusserlo pensamento
35
destefilósofo.Brentano"foi representantede
uma psicologiadescritivaa qual chamoude
'psicologiadosatos',queconsideraoessencial
dasmanifestaçõesanímicas(atos)emsuarela-
çãocomoobjetivoaoqualestãoencaminhadas
(intencionalidade)".7Foi sacerdotecatólico,
tendoseordenadoem1864,mesmoanodeseu
doutoramentoem Filosofia. Entrou em con-
frontocoma Igrejapornãoaceitaro dogmada
infalibilidadepapal,tendoporistoseretiradode
suacátedraem1873eseconvertidoaoprotestan-
tismoem1879.Dentreseusdiscípulosdestacam-
seChristianvon Ehrenfels,8EdmundHusserle
OswaldKülpe,sendoqueFreudtomoualgumas
liçõescomele(maisespecificamenteduranteos
anosde1874-1876).9O fundamentaldapsicolo-
giabrentanianaéqueaexperiênciasebaseiana
percepçãointerior,ao contráriodo quepropu-
nhamossistemaspsicológicosprimevosaoapon-
tarparaaintrospecção(observaçãointerior).Comistoreagecontraaanálisedosconteúdosdaconsci-
ênciaconformeapsicologiaexperimentaldeWi-
lhelmWundte contraa orientaçãonaturalista
tomadadeempréstimoàfisicaeàfisiologia.
6. O termo"Fenomenologia"refere-se"à descriçãodoqueapareceouà ciênciaquetemcomotarefaouprojetoesta
descrição"(Abbagnano.1992:531).O termoéantigo.tendosidousadoporLambertnoseuNovoÓrganum(1764),quea
consideravao estudodasfontesdoerro.Já Kantadotao termoparadesignar"apartedateoriadomovimentoqueconsiderao
movimentoou o repousoda matériasomenteem relaçãocom as modalidadesem que aparecemao sentidoexterno"
(Abbagnano,1992:531-532).Hegeltambémutilizao termocomotítulodeumadesuasobrascapitais,A Fenomenologiado
Espírito.Nestesentido,apalavraPhaenomenologieéusadaporHegelparadesignar"a totalidadedosfenômenosdamentena
consciência.nahistóriae nopensamento.(...)"Husserlempregoua palavra,deinício,parareferir-seà "psicologiadescritiva"dos
fenômenosdaconsciência(...).Paranós,afenomenologiaéumprocedimentoempírico.quesósemantémpelofatoda"comunicaçãoda
partedospacientes"(Jaspers.1987:71).Oub'osautoresfizeramusodotermo,comoporexemploHamiltonquea entendeucomo
psicologiadescritiva;ouE.vonHartmannqueaassociouà"FenomenologiadaConsciênciaMoral".Todavia.anoçãoquepermanece
maisvivaéjustamenteautilizadaporHusserlbaseadaemsuasInvestigaçõesLógicas.
7.Bonin. 1991:68.
8. Importantepersonalidadeda Psicologia. Foi precursorda chamadaGestalt-Theorieou a Psicologia da Gestalt,
int1uenciandodiretamenteasfigurasdeKõhler,Koftka e Wertheimer.
9.A propósito,existeumasériedesemelhançasentreHusserleFreud:ambosnasceramnaMorávia,Freudem1856eHusserl
em 1859;estudaramemViena,namesmaépoca,emboranãoexistaminformaçõesdequetenhamseencontrado,Freudse
doutorouem1881eHusserlem1882.Ambospublicaramsuasobrascapitaisnoanode1900(FreudcomA Interpretaçãodos
Sonhose Husserl com suas InvestigaçõesLógicas). Ainda sobrea correlaçãoentreFreud e Husserl.assinalaBucher
(1983:34):"...curiosamente,ambosospensadoresiniciamassuaspesquisascomumainovaçãometodológicapelaqualse
destacamde todasas escolase autoresprecedentes.e quemereceserchamadade corteepistemológico,com todasas
implicaçõesquetemessanoção,derevolução,senãode'subversão'dasidéiasvigentesatéaÍ..".
AdrianoHolanda
HusserlnasceunacidadedeProstnitz,na
Morávia,em1859;entreosanosde1876a1878
freqüentaesegraduaemMatemáticapelaUni-
versidadedeLeipzig.BaseadonaobradeBren-
tano,Husserldesenvolvegrandepartedesuas
idéias.Em 1882,Husserlobtémseudoutora-
mentonaUniversidadedeVienacoma tese
"Sobreo CálculodasVariações".No anose-
guinte,emBerlim,toma-seassistentedeumex-
professorseu,Weirtrass.Em1884,Husserlre-
tomaa Vienae se filia ao pensamentode
Brentano.Dois anosdepoisrenunciaà sua
ascendênciajudaica,convertendo-seaoLutera-
nis01o,casandonoanoseguintecomMalvine
Steinschneider.Posteriormentetoma-selivre-
docentepelaUniversidadedeHalle.Começaai
suavidaintelectualrealmenteprodutiva.
Noanode1891publicaoprimeirovolume
dasuaFilosofia daAritmética,obraqueficou
inacabada.Entreosanosde1900-1901,publica
umadesuasobrascapitais:InvestigaçõesLógi-
cas. Crescesua consideração,tantoque,em
1906,énomeadoprofessordaUniversidadede
Gõttingen.Seuscursossempreforamfontede
questionamentoe dedesenvolvimentodesuas
idéias.No anode1907,duranteseucursosobre
"A Idéiada Fenomenologia",surge-lhea pri-
meiraidéiaexplícitasobrearedução.
Seguem-sesuaspublicaçõesmaisfunda-
mentais:em 1910,A Filosofia comoCiência
Rigorosa;trêsanosmaistardeéavezdeIdéias
para umaFenomenologiaPura epara umaFi-
losofiaFenomenológica,emquepropõeuma
investigaçãodaconsciênciae deseusobjetos.
No ano de 1914,in'ompea PrimeiraGrande
Guerrae,noanoseguinte,seuantigodiscípulo,
Heidegger,ocupaacadeiradelivre-docentena
36
UniversidadedeFreiburg.No anode1929publi-
caLógicaFormal e Transcendental;em 1931,
reunidassuasconferênciassobreafilosofiacar-
tesiana,épublicada,naFrança,asMeditations
Cartésiennes;eem1936éavezdeA Crisedas
CiênciasEuropéiaseaFenomenologiaTrans-
cendental.Após muitasdificuldades,Husserl
vemafalecerem1938,deixandomuitainfluên-
ciasobretudonospensamentosdeMartinHei-
degger, Max Scheler, lean-Paul Sartre e
MauriceMerleau-Ponty.
Fenomenologia:tentativadedefinição
DefinirclaramenteoquevemaseraFe-
nomenologiatalvezsejatarefademasiadoár-
dua.Na realidade,o próprioconceitode
definiçãocarregaumaconotaçãode algo
estáticoqueignoraaprópriaessênciadotermo.
O problemada Fenomenologiaé um
problemadefundamentaçãoda ciência.
Husserlestabeleceuparasiatarefaderepensar
osfundamentos.EugenFink,umeminenteconhe-
cedordopensamentohusserliano,apontaafe-
nomenologiacomoum "recomeçoradical",
umaretomadadabuscadasraizes.Constitui-se
numatentativadesuperaçãodadicotomiasu-
jeit%bjeto,atravésdaapreensãodasrelações
dohomemcomo mundo.10
A Fenomenologiasurgecomoumacríti-
ca,nosentidooriginaldotermo,11comouma
tentativadepôremcriseoconhecimentovigen-
te.Assim,surgecomocríticaàpsicologiaposi-
tivista,objetiva,experimentalque,comoas
demaisciências,buscavaoconhecimentoabso-
lutoignorandoasubjetividade.
IO.Relaçõesdohomemcomo Umwelt(mundoambiente),Mitwelt(mundohumano)e o Eigenwelt(mundopróprio).
11.Sobrea questãoda"crítica"umacitaçãoservedeesclarecimento:"O termo'crítica' (..) foi aquiencaradonosentido
origináriode umainterrogaçãosobreas condiçõesde possibilidadee os limitesde algo(..). Nessesentido,a críticase
caracteriza,nãopelameraobjeçãopessoaloupelaapreciaçãoquedestacaasqualidadeseosdefeitosdeumaobraoudeuma
posição,masporumabuscadejimdamentos,istoé,porcertomododereflexãoque.ultrapassandoa experiênciaimediata.
rumaparao ser,encontrandoaí a origemdaprimeira"(Frayze-Pereira.1984:I. Grifos nossos).
Fenomenologia,psicoterapiaepsicologiahumanista
Ao proporisto,a ciênciaconstróiuma
imagemdehomemquenãocondizcomsuarea-
lidade.O homemnãoéumacoisaentreascoi-
sas,ecomotalnãopodeassimserconsiderado.
O mundoéumobjetointencionalcomreferên-
ciaaumsujeitopensante,oqueinvalidaaobje-
tividadeabsoluta.
A Fenomenologiaseopõetambémaona-
turalismo,queassinalaocomportamentocomo
umamerarelaçãocausaeefeito;eaoidealis-
mo de Kant e Hegel,quepropunhao homem
comoumconjuntoconceptualorganizado.
No prefáciode seulivro Phénoménolo-
giedeIaPerception,o filósofofrancêsMaurice
Merleau-Ponty- principalpersonagemdaFeno-
menologiapós-husserliana- propõeaquestão:
"O queéafenomenologia?(.)
É o estudodasessências...Mas afe-
nomenologiaé tambémumafilosofia
querecolocaasessênciasnaexistên-
ciaenãopensaquesejapossívelcom-
preenderohomemeomundodeoutra
forma quenão seja a partir de sua
facticidade.É umafilosofia transcen-
dental,quepõe em suspensopara
compreenderasafirmaçõesdaatitu-
denatural.maséaindaumafilosofia
para a qualo mundoestásempreaí.
antesdareflexão.como umapresen-
. I . , I ,,/2çamalenave...
A Fenomenologiaéumesforço,umaten-
tativade clarificaçãoda realidadehumana.É
umaaberturaàexperiência,àvivênciaintegral
domundo.É abuscadofenômeno,daquiloque
37
1
surgeporsi só,daquiloqueaparece,quesere-
vela. Fenomenologiaé ir às coisas mesmas,
descobri-Iastaisquaisseapresentamaosmeus
sentidos,taisquaiseuaspercebo.Mas éumir
em buscaaliadoà minhaprópriaexperiência
subjetivaconcreta.É umolharever,nãoapenas
umacolocaçãodiantedealgo.É participação,
envolvimento.
Assimsendo,a Fenomenologiatoma-se
ummododeexistir,desecolocarnomundo,de
fazerpartedestemundo.Nestecontexto,temos
o serhumanotambémcomoum fenômeno.O
maiscomplexo(talvez),maso maiscompleto
também.
A Fenomenologiaresta,pois,ummétodo
deevidenciação,umaformaderenovaçãodos
problemasfilosóficos,maso quetemoscomo
primordialnaFenomenologiaéoseucaráterde
contínuareflexãocrítica,dere-pensaromundo
earealidade,poisafinal,o sersomentesecom-
pletanoseudevir,noseucrescer.13
Elementospara umaFenomenologia
Um dosaspectoscentraisdaFenomeno-
logiaéaprópriaabordagemdoquesejao fenô-
meno.O fenômeno,ou melhor,aquiloqueserevela,queaparece,nãopodee nãodeveser
consideradoindependentementedasexperiên-
ciasconcretasdecadaindivíduo.
Na realidade,o esforçodaFenomenolo-
giaresidenatarefadeir àscoisasmesmas("zur
Sacheselbst"),ouseja,apreenderomundotalqual
esteseapresentaparanósenquantofenômeno.
O objetonestaconcepçãoé sempreum
objeto-para-uma-consciência,emquenãose
12.Merleau-Ponty.1976:1.
13.EstaconcepçãoficamaisclaracomHeidegger.quandoesteassinalaque.fundamentalmente.o sujeitoeo mundonãosão
entidadesseparadasouestáticas.sendoqueo sujeitosomentesedeixaapreenderporsuainserçãono mundo.o quelevaà
concepçãodeque"...0 indivíduo...sempreseencontraemtransição.emevolução:é umseremergentenuncafixado,nunca
estabelecido.masmodeladordomundoatravésdeinteraçàesconstantes:sempreemdevir.o seudesenvolvimentoémarcado
pelatramahistóricadasuatemporalidade.atravésdaqualeletemqueelaboraro sentidopessoaldasuaexistência"(Bucher.
1989:30).
AdrianoHolanda
podedesvincularaconsciênciadoobjetoevice-
versa.A análisefenomenológicanoscolocadi-
antedabuscadosdadosqueprecedemarefle-
xão científica,caracterizadabasicamentepela
concepçãoapriorísticadarealidade.Essabusca
é assinaladapelatarefaprimeirade"ir àscoisas
mesmas"e,assim,desvinculadodepreconceitos,
atingiro pontomaisessencialdoobjeto.
Valeapenarefletirsobreumaspectoque
nosatingesobremaneiracomopessoashuma-
nas,e maisparticularmente,queé sumamente
importanteparao trabalhodepsicoterapeutas:
trata-sedaextremadificuldadedepermanecer
diantedascoisas,semo risco de misturar-se
comelas;posturadeobservadornão-interven-
cionista,quesecolocaàdistânciaeassimcapta
commaisprecisãoa realidade.14
A estaposturadá-seo nomederedução
fenomenológica,queéumaproposiçãodeHus-
serlparaquesefaçaumareduçãoentre"a exis-
tênciadetodavivênciaeaprópriasubjetividade
do euvivenciar'.15É istoquepermitepôrem
evidênciao ser-no-mundo.O fenômenoé um
dadoabsoluto,edeveservistocomotal,como
umaexpressãode umaessênciaquesubjaza
ele.Parasecompreendero fenômenoépreci-
sorenunciaratudooqueéparticulardosujei-
to,demodoquelhesejapermitidoumamaior
liberdadenacompreensãodarealidadedeste
fenômeno.
A "reduçãofenomenológica"implica
umaabstraçãodasidéiaspré-estabelecidasem
prol de um contatodiretocomo observadoe
com o vivido. Destamaneira,semelementos
perturbadores,a apreensãodo mundosurge
maisclarae límpida.
38
SegundoHusserl,é precisorealizara
épochéfenomenológica,ouseja,pôro mundo
entreparênteses,suspendertodoequalquerjui-
zodarealidade.Nãoafirmaroumesmonegar
algo,16masantes,deixar-seabandonaràcom-
preensãodestarealidade,queassimestaríamos
voltandoàscoisasmesmas.
"Quandoprocedoassim,(..),
eunãonegoeste"mundo", comose
fosse umsofista;eunão colocosua
existênciaemdúvida,comosefosse
um cético;maseu opero a époché
"jenomenológica"quemeimpedede
todojulgamentosobre a existência
espácio-temporal.Em consequência.
todasas ciênciasquese reportama
estemundo natural - (..)- eu aspo-
nhofora decircuito.nãofaço absolu-
tamentenenhumusodesuavalidade;
nãofaço minhasnenhumadassuas
proposições,fossemmesmode uma
evidênciaperfeita; não acolho ne-
nhuma.nenhumamedáfundamen-
t " 17os....
A reduçãofenomenológicaevidenciaa
colocaçãodoser-no-mundo,o posicionamento
doseremsituação,emfunçãodaqualestesujei-
tonãoépurosujeito,nemomundopuroobjeto.
Ambos se correlacionam,permanecendoum
emfunçãodooutro.
Reduçãoé uma buscado significado,
umaprocurapelosubjacente,emdetrimentodo
simplesaparente.A conseqüênciadaépochééa
intuiçãodasessências("Wessensschau").Afi-
14.Ribeiro.1985.
15.Ribeiro, 1985:46.
16.Husserlpartedoegosolipsista(umeu-pensante.fechadoemsuaracionalidade,emsuaconsciênciaindividualdefinidora.
umego-cogito)deDescartesparadeterminarurnanovarelaçãodoegoenquantoumego-cogito-cogitatum.quedesignaque.
atravésdaconsciênciaintencional.seestabeleceumaligaçãointrinsecaentreo sujeitoe o objeto.Destafeita.a relação
sujeito-objetosedefineemsi própria,e nãomaisemseuselementos.Istopermite.paraa Psicologia.urnaretomadado ser
humanonumaperspectivadeumdevirheraclítico(Holanda.1993).
17.Husserl,1985:102-103.
Fenomenologia,psicoterapiaepsicologiahumanista
nal,Fenomenologianãoéapenasdescriçãodo
fenômeno,doaparente.Istoseriarealizarum
simplesfenomenismo.Masantes,fazerfeno-
menologiaérealmenteseembrenharpordentro
darealidade,paradesvendaroqueestáporde-
trásdestarealidade.
ParaMerleau-Ponty,aPsicologiafeno-
menológicaé a pesquisadasessênciasoudo
sentido,equequandolevadaaosseuslimites,a
psicologiaeidéticasetornaanalítico-existen-
cial.Umapsicologiaeidéticadevesituarosujei-
tocomopresençanomundo.A reduçãoéama-
neiradeseacessarofenômenotalqualeleé.
"Areduçãonãoéumaabstração
relativamenteao mundoeaosujeito,
masumamudançade atitude- da
naturalparaafenomenológica- que
nospermitevisualizá-loscomofenô-
meno,ou comoconstituintesde uma
totalidade,noseiodaqualo mundoeo
sujeitorevelam-se,reciprocamente,
.
ifi
- .. 18
comoslgmlcaçoes .
A Fenomenologiavisapoisbuscara es-
sênciamesmadascoisas,e paraa efetivação
destatarefa,procuradescreveraexperiênciatal
qualelasurgeetalqualelaseprocessa.A redu-
çãopõeemevidênciao ser-no-mundo,19o ser
quesecolocaemsituação,emfunçãodoqualo
sujeitonãoépuramentesujeito,nemo objetoé
puroobjeto,poisháumaintrínsecacorrelação
entreambos,vistoaconsciênciafenomenológi-
caserumaconsciênciaintencional.
A intencionalidadedaconsciênciaéuma
dastesesemprestadasporHusserlaBrentano,e
significaquetodaconsciênciaé nãosomente
consciência,mastambémconsciênciadealgu-
macoisa,assinalandoassimumarelaçãocomo
18.Forghieri,1993:15.
19.Ribeiro,1985.
20.Levinas,1989.
21.Bucher,1983:34.
39
objeto.Em suma,a intencionalidadeapresenta-
secomoaprópriaessênciadaconsciência.20
A consciênciaéconsciênciaativa;cabea
eladarsentidoàscoisas,ouseja,éaconsciência
queatribuisignificadosno mundo.Perceba-se
aquiquenãoestamosdiscutindoo caráterda
existênciadascoisas(comocolocadoanterior-
menteporHusserl),mastãosomenteo sentido
queestascoisasassumemparao eusubjetivo
pensante.Estatalvezsejaacaracterísticapráti-
camaisfundamentaldafenomenologiahusser-
liana.Ao mesmotempoquea consciênciaé
ativa,elanãoocorrenovazio;portanto,écons-
ciênciaintencional.Além disso,sóéconsciên-
cia quandovoltada-para-um-objeto;e este
somentetemsentidodeobjeto,quandoéobje-
to-para-uma-consciência.
O projetodeHusserlparaafilosofiacon-
sisteem:
"..fundar- efundamentar-,
pelaanáliseintencional,assignifica-
çõesvividasdaspessoas,bemcomo
osconceitosconstituídos.Para reali-
zaresteprojeto,a razãoespeculativa
deveriaseguirdois caminhos,com-
plementares:por umaanáliseregres-
siva, voltar-separa si mesmapara
refazeragênesedesuasintencionali-
dades,a partir de sua arqueologia
pré-teóricaepré-objetiva;por uma
redução constitutiva,ascenderao
mundoda consciênciapura e das
suasunidadestranscendentais.Po-
rém,nosdoiscaminhosoobjetivoé
o mesmo:apreender,possuir e ex-
plicar intelectualmenteossentidos
d ,I: .. 21queo muno nosoJerece.
AdrianoHolanda
Um derradeiroconceito,queé capital
paraaPsicologia,éodecampofenomenológi-
co.Umacitaçãotalvezesclareçaesteconceito:
"...todo comportamento,sem
exceção,estáinteiramenteemfunção
docampofenomenológico,ondeoor-
ganismoatua.O campofenomenoló-
gico consiste na totalidade de
experiênciasdas quais apessoa toma
consciênciano momentoda ação.
Essatomadadeconsciênciapodeva-
riar deumnívelmaisbaixoaummais
elevado,emborasepresumaquenun-
capossachegarasercompletamente
. ." 22inconsciente.
Estemodelodepensamentoacarretaim-
portantesconseqüênciasparaa nossacompre-
ensãodaPsicologiacomoumtodo.Umadelasé
queconvémassinalarumasignificativadistin-
çãoentreo "pré-conceito"e o "conceito".O
"pré-conceito"é produtodeumaantecipação,
daante-visãodeumapossibilidade,ouseja,é
umapriori.Já oconceitoéfrutodarelaçãodosujeitocomsuarealidadevivencial,éumpro-
dutoaposteriori.
Comrelaçãoà reduçãofenomenológi-
ca,podemosobservarque,alémdadificulda-
denaturaldenosmantermosnumapostura
distanciadadenossosvalores,háaindaapos-
sibilidadedeumoutroerro,atotalabstenção
departicipação,ouseja,odistanciamentoin-
discriminadodarelaçãocomomundoeareali-
dade.Ouseja,reduçãonãosignificaabstenção
derelaçãoouanulaçãodevaloresou idéias,
mastãosomentesuspensãotemporáriadestes
valoresouidéiasnointuitodeaproximarosu-
jeitopensantedaefetivarealidadedoobjeto,e
40
nãodaconcepçãosupostadeste.Estaéareal
tarefadafenomenologia.
Atitude FenomenológicaePsicoterapia
"À fenomenologia compete
apresentardemaneiraviva,analisar
emsuasrelaçõesdeparentesco,deli-
mitar,distinguirdaformamaispreci-
sa possívele designarcom termos
fixos osestadospsíquicosqueospa-
cientesrealmentevivenciam.Visto
quenãosepodeperceberdiretamen-
teumfenômenopsíquicode outrem,
assimcomosepercebeumfenômeno
fisico, só sepoderátratarde repre-
sentação,empatiae compreensão,a
quepoderemoschegar,segundoo
caso,pelo meiode levantamentode
umasériede caracterese símbolos
sensivelmenteperceptíveis,por uma. . d . - ." 23especle eexposlçaosugestiva.
Estacolocaçãode Jaspersserve-nosde
introduçãoàquestãodaaplicaçãodaFenome-
nologiaà situaçãoespecíficada psicoterapia.
Umaanálisefenomenológicanosposiciona,na
qualidadedepsicoterapeutas,diantedapessoa
doclientequevematénósembuscadeauxílio,
deesclarecimento.
SegundoBucher,24a Fenomenologia
auxilianacompreensãodosprocessosde inte-
raçãopsicoterapêuticapelaanálisedaintersub-
jetividadeedacolocaçãodo ser-no-mundo.
A Fenomenologia,aplicadaàPsicologia,
podeserentendidacomoumapostura,umaati-
tudequenosabretodoumlequedepossibilida-
desparaplenificaroencontrocomofenômeno.
22.Snygg& Combs.apudRibeiro.1985:51.
23.Jaspers.1987:71.
24.Bucher.1989.Numaperspectivadafenomenologiaheideggeriana.
- --
Fenomenologia,psicoterapiaepsicologiahumanista
Umareflexãosucintasobrenossadificuldade
emnospostarsemmisturas,semamálgamas,
diantedascoisas,numaposiçãodeobservador
queparticipa,masnãointerfere,éumaproposi-
çãodaFenomenologiaparaaPsicoterapia.
Na específicasituaçãodepsicoterapia,
temosumasituaçãonaqualonossocampofe-
nomenológicointeragecomo campofenome-
nológicodeoutrem,partilhamosexperiências
semelhantesesentimentosmútuos,masnãopo-
demostrocarsimplesmentedeposiçãoumcom
o outro.Nãosendopossívelestatroca,então
nãopodemosafirmarnadaparaesteoutro,pois
istoseriatãosomenteumaprojeçãominhano
campofenomenaldooutro.
Mas,senospostarmosnumaatitudede
escutaativa,deespera,deobservaçãoatenta,no
sentidodepermitiroacessodofenômenoànos-
saconsciência,eisqueestesurge,poiso fenô-
meno aparece, reveIa-se. Uma atitude
interpretativa,umaconsciênciaapriorística,
somenteserviriamparacriarobstáculosànossa
consciência.
Essatarefarealiza-sepormeiodaredu-
çãofenomenológica,nosentidodemeencon-
trarcomoclientenele,comeleeatravésdele,25
comofenômeno.Significa abrir-mepara
perceber-lheaessência,descobrir-lheatota-
lidade.
Umaatitudefenomenológicadiferera-
dicalmentedeumaatitudefenomenista.Fazer
fenomenologiaé embrenhar-senumquestio-
namentocontínuo,ininterrupto.Fazerfenome-
nismoéficarnocampodassimplesdescrições
dasaparências.Encarara emoçãodo cliente
comoumameraexpressãosintomáticaécolo-
car-senoplanodosimplesfenomenismo;inse-
ri-Iadentrodatotalidadedesuaexistênciaé
')
41
assumirumaposturacríticafenomenológica.
Eisumexemplo:
"Estoupensando,especifica-
mente,emcertostrabalhosdecorpo
oucomo corpo,emqueogestaltista
podereduzir-seaumsimplesfenome-
nista,istoé,lidarcomoqueacontece,
comas aparênciasde umaemoção,
por exemplo,semcolocarestefenô-
menodentrode um ser maior,sem
perceberosentidoexistencialdaque-
la emoçãocomorestantedatotalida-
de do cliente.Trata-sede umaação
sobrea aparênciada aparência.As-
simcomoafenomenologia,aaçãopsi-
coterapêutica não pode ser uma
simplesdescriçãodo quese vê,mas
umainterrogaçãodotodoqueapare-
" 26ce....
Emsuma,seprestarmosatençãoaocli-
ente,estesenosrevela,nãoapenasempartes,
masnasuatotalidade.Aspartessãoobjetodas
ciências.O terapeutaqueassumeumapostura
fenomenológicatoma-seumverdadeirofacili-
tadordaemergênciadoserdeseucliente,um
facilitadordofenômeno-cliente,poissabeque
ninguémmelhordoqueelemesmoparainter-
pretarasuaprópriarealidade)7A Fenomeno-
logiaéavalorizaçãodoencontro,dopresente,
domomentoemqueesteocorre,doaqui-e-agora.
O primordialdeumaatitudefenomeno-
lógicaénãoencararo clientecomoumobjeto
("odoente"quevemaser"tratado"),masuma
pessoa,nomesmonívelexistencialdoterapeu-
ta.Estavalorizaçãodoencontro,do"estarjun-
to"nopresente,éo quedeterminaadiferença
entrearelaçãomédica(unidirecional,caracteri-
25.Ribeiro.1985.
26.Ribeiro,1985:45.
27.EstaéumaposiçãoexplicitamentedefendidaporCarlRogersepelospsicólogoshumanistasemgeral.bemcomopela
vertenteexistencialdepsicoterapia.
AdrianoHo1anda
zadapelousodeagentesintermediários,fisicos
oubioquímicos,quesão"aplicados"aum"pa-
ciente"quesesubmeteaotratamento)earela-
ção psicoterápica(quese caracterizapela
relaçãodireta,cujomeioéopróprio"ambiente
humano",nacondiçãododiálogo,dia-Iogos,
humano).28
A InfluênciadaFenomenologiasobrea
PsicologiaHumanista
Talvezumaboamaneiradeseentendera
importânciadaFenomenologiaparaaPsicolo-
giaemgeral,eparaaPsicologiaHumanistaem
particular, seja com base no estudos que
Keen29elabora.Parao autor,a PsicologiaFe-
nomenológicapodeserencaradasobquatroas-
pectos:I) Comoumafontedehipóteses;2)um
veículopara o humanismo;3) um novopara-
digmae,4) umarespostaà crise.
Como"fontedehipóteses",aFenomeno-
logiasurgecomoumametodologiaalternativaà
ciêncianatural,principalmenteno quetangea
questõestaiscomointuições,sensaçõesouou-
trosprocessosquenãosãocomumenteincluí-
dosnalistadequestionamentoscientíficos,mas
quesão"fenomenológicosnumsentidoinfor-
maleassistemático".
Em umnívelmaisespecífico,aFenome-
nologia- cujapreocupaçãobásicaéaexperiên-
cia- surgecomoumametodologiaimportante,
dadoque:
"As reduçõesfenomenológi-
cas, variaçõesimagináriase inter-
pretaçõestêmsido sempreo capital
degirodecientistas,masestesnãoas
42
explicitaram de forma detalhada
comoprocedimentosmetodológicos.
No nívelmaissimplesde contribui-
ção,afen'omenologiapodefornecer
umadescriçãoclara e algumrigor
metodológicoaesteestágiocrucial,e
tãonegligenciado,doprocessocien-
tifi
" 30
llCO .
Podemosobservarumcrescentedesen-
volvimentodaspesquisasqualitativasemPsi-
cologia,envolvendodiversasmetodologias,
nasquaisincluem-seapesquisafenomenológi-
ca31e a análisefenomenológica.Estecresci-
mentoé louvável por apresentar-sena
"perspectivadeumrefinamentometodológico
e naconseqÜenteoportunidadedeconsiderar
manifestaçõesouexpressõeshumanasesociais
antesinacessíveisparaestudosistemático",32
Visaaobtençãodeumcritério"empírico,ope-
racional,rigorosoehumanodeciência".O ob-
jetivocentraldeumapesquisanestadireçãoé
dedarcontadedimensõesdovividohumano
nãomensuráveispelametodologiaquantitativa
tradicional.
As formasde investigaçãodohumano
são,essencialmente,modosdeserhumanos,
comoacultura,apoesia,oteatroetc,33Parase
realizarumapesquisanestesentido,faz-semis-
terautilizaçãodeummétododedescriçãoede
análisedeprocessosquesejacompatívelcoma
tradiçãodaPsicologiaHumanista,afimdevalori-
zaraspectosdaintersubjetividadehumana.
A investigaçãodohumanotemdedar
contadaoriginalidadedestehumano:O queé
própriodohumanonãosedeixacaptarpelos
métodosdaciência.34As investigaçõesdas
28.Bucher.1989.
29.Keen. 1979.
30.Keen. 1979:98.
31.Amatuzzi, 1992,1994.1995,1996;Chaves,Macedo& Mendonça,1996.
32.Gomes.1989.
33.Amatuzzi. 1994.
34.Amatuzzi. 1994.
Fenomeno1ogia.psicoterapiae psicologiahumanista
ciênciashumanassãodotiposujeito-sujeito,ou
subjetividade-subjetividade,oumelhordizen-
do,relacionais,comoassinalaBubercomseu
EueTu.É abuscadesignificados.Ao contrário
daciênciatradicional,emvezde fatos,temos
fenômenos.Fatossomentesãoobtidosporabs-
tração.Fenômenossãovividos.
Nestesentido,faz-senecessárioumapsi-
cologiafenomenológica,cujo fundamentoé a
valorizaçãodasubjetividadeconscienteesuas
inter-relações.A psicologiafenomenológica,
tendocomopreocupaçãoaexperiênciaconsci-
ente,diferedo métodointrospectivopelofato
desteúltimoestarinteressadonoselementos
mentais,ou seja,por tratar-sedeummétodo
reducionista,não se atendo,pois, à relação
entreo objetodo estímuloeo significadoda
experiência.35
A psicologiafenomenológicaconstitui-
senumconjuntodeprocedimentosparaa ex-
ploraçãodaconsciênciaimediataedaexperiên-
cia."Husserlreconhecea necessidadedeuma
psicologia.masqueépossívelsomenteatravés
dedescriçãodaexperiênciaimediataenquanto
manifestana consciênciaemsuapureza.Por
pureza,Husserlrefere-seà suspensãodequal-
querpressuposiçãoteórica ou experimental
comopontoinicialdeanálise".36Assim,apsi-
cologiafenomenológicaédescritiva,eidéticae
empírica,alémdeintencionaletranscendental:
"É eidética,porqueé umare-
flexão emqueas generalidadese as
tipicalidades do dado psicológico
(experiência)aparecemsema inter-
ferência dospensamentose valores
momentâneos.É empírica.porqueiden-
tifica essênciaspré-existentes.Éin-
35.Gomes.1985.
36.Gomes.1985:137.
37.Gomes.1985:137.
38.Keen. 1979:101.
11
43
tencional,porquerevelaa consciên-
cia, queconstituia organizaçãoda
.. ." 37
experlenClQ .
Comoum"veículoparaohumanismo",a
Fenomenologiacolocaemseucentrodeaten-
çãoaconsciência.Ao focalizaraexperiênciado
indivíduo,aPsicologiaatuafenomenológicae
humanisticamente.É relevante,contudo,o fato
dequeohumanismocarecedemétodo,deuma
teoriacoerenteedeumaestritafundamentação
dedados.Alémdisso,afinalidadedohumanis-
mo (compreensão)diferedos fins científicos
(previsãoe controle).A Fenomenologiapode
serumexcelenteveículodecomunicaçãoentre
oHumanismoeaCiênciatradicional,aopossi-
bilitarrevelar,deformaorganizadaemetódica,
o mundoprivadodo indíviduo.
"fA Psicologia Fenomenoló-
gicaJ emseusmomentosmaisambi-
ciosos,aspiraa estabelecerumnovo
paradigmapara a psicologia. Este
novoparadigmaenvolveráumamo-
dificaçãoquantoa quaisfatose teo-
rias são importantes:queperguntas
formular, quais respostasconside-
rar comotais e,emgeral, quais osob-
.. d .. ." 38jetlvos a ClenClQ .
Por fim,apropostahusserlianaeaFeno-
menologiaprocuramresponderàcrisedevalo-
reserigidanopensamentomoderno- herdeiro
edevedordametafísicadicotômica.A antigase-
paraçãosujeit%bjeto,oumesmoaherançamani-
queísta,sãoexemplosdestacriseatual.
Umapsicologiafenomenológicaprocura
revelaroserhumanoparasi próprio,fazendo-o
AdrianoHolanda
observar-see aosdemais,refletirsobresi pró-
prioesobresuasobservações."Mais explicita-
mente,oobjetivodapsicologiafenomenológica
érevelarànossacompreensãoexplícitaaquilo
quejá compreendíamosimplicitamente(..)
nossacompreensãodiária, vivida,denósmes-
mos,nãoéabordadapor nossasteoriaspsico-
lógicas".39
Diantedistotudo,percebe-sequeas in-
tuiçõesdeHusserlpossuemramificaçõespro-
fundas dentro do âmbito do pensamento
psicológico.Talvez a principal ramificação,
oriundadiretamentedafilosofia,sejaadiscipli-
nadesenvolvidaporseudiscípuloesucessorna
Alemanha,MartinHeidegger.
Heideggerprocurouestabelecerumaon-
tologiacombasenométodohusserliano,eter-
minapor criara Daseinanalytik,ou Analítica
Existencial,cujaobradereferênciacapitalé o
Sere Tempo,de 1927.
"As idéias de Heidegger
conheceramrapidamenteaplicações
emestudospsicopatológicosenapsi-
quiatria,nosquaisse tentourevelar
metamorfosesparticulares desta
estruturaontológicaedosseusdetermi-
nantes.Trabalhossobreespacialidade,
historicidade,disposição afetiva,per-
cepção do desenrolar temporal, so-
nhoseoutrasdimensõesdaexistência
e suas mutaçõesemestadospsicopa-
tológicosforam publicados emvários
44
países(Minkowskie Bachelardna
França; Binswanger,Strauss, Gebsat-
tele outrosnaAlemanha;Buytendijke
VandenBerg na Holanda... ".40
I
1
De todosessesnomes,talvezo demaior
expressãoepenetraçãonocampopsicoterápico
sejaodeLudwigBinswangerque,combaseno
prismaheideggeriano,propõeumaescolapró-
priadepensamentopsicoterápico,queseintitu-
IaDaseinanalyseouAnáliseExistencial.É uma
novamaneiradeabordarapsicoterapia,emque
adoençaimportamenosdoqueo indivíduoem
questão.Trata-sedeummovimentoexistencial
e de um esboçodo mundo,umatentativade
compreendera maneirade ser do cliente.41
Binswangerdelimitauma"fenomenologiaan-
tropológica"quesepreocupacomatotalidade
doserhumano,nasuanormalidadeeanormali-
dade,naqualidadedeumserqueseexperiencia
emrelaçãocomo mundo.42
Estaescolaconhecegrandedesenvolvi-
mentoapartirdostrabalhosdeMedardBosse
deRollo May (alémdeStorch,Bally eRoland
Khun,apenasparacitaralguns).Posteriormen-
tevemasermodificadaeramificadanoutraes-
cola psicoterápica,na figura do psiquiatra
vienenseViktor Frankl,queapontaparauma
evoluçãodaanáliseexistencialatéalcançara
chamadaLogoterapia.
Nesta linha maisexistencialista,temos
decitarobrilhantetrabalhodeKarl Jaspers,que
apontapara uma psicopatologiaexistencial.
39.Keen.1979:104.
40.Bucher,1989:29.
41.Estemovimentoexistencialempsiquiatriaepsicopatologiaéfrutodetodoumprocessodeinsatisfaçãoiniciadocomos
trabalhosdeReich,Rank,Fromme Horney,quedesembocaemsignificativasmudançasnapsicoterapia(May,1967).
SegundoBucher(1983:37),"apesardesuaaberturaparacomapsicanálise.Binswangerpermaneceufielàfenomenologia
transcendentaldeHusserl.(...)Graçasàconcepçãodo"Dasein"deHeidegger,o conceitodeconsciênciatranscendental
ligadaaumasubjetividadepura,postuladaàluzdaestruturadaintencionalidadeedo"Weltentwurf',do"projetodemundo"
destaconsciência,tornava-semaisconcreto,fornecendoassimaBinswangerabaseparaumafundamentaçãofilosóficada
psiquiatriaepermitindoasuaaplicaçãoàanálisedosmodosdeespacialidade.detemporalidadeeda"Selbstigung",da"auto-
realização"daconsciência,noseu"projetodemundo"genuinamentepróprio".
42.Gomes.1986.
. - -. -
Fenomenologia,psicoterapiaepsicologiahumanista
Propõeumarelaçãopessoalentremédicoepa-
ciente,assinalandoa responsabilidadedopsi-
quiatra,paraseucompromissopessoalnotrato
comseucliente.Jaspersfoiumdosprimeirosa
considerarodelíriocomoumaformadeser-no-
mundo,deperceberestemundoe dedar-lhe
sentido.
Poroutrolado,naFrança,asidéiasexis-
tencialistasde Jean-PaulSartreinfluenciam
profundamenteo movimentoantipsiquiátrico
preconizadoporfigurascomoDavidCoopere
RonaldLaing.
A Fenomenologia,propriamentedita,
atingefundamentalmentea conentedita"hu-
manista"depsicoterapia,quepreconizaacon-
sideraçãoda totalidadedo serdo cliente,o
posicionamentodoterapeutadeummodomais
ativonarelação,ouseja,o terapeutacomoum
existentequesecolocaemrelaçãocomo seu
cliente,emcontraposiçãoa umaposturamais
distanciada,maisanalíticae menosvivencial,
menosintersubjetiva,alémdeoutroselementos.
Diríamosque, fundamentalmente,a
AbordagemCentradanaPessoaeummodelo
deGestalt-Terapia43poderiamserconsidera-
doscomoabordagensdecunhofenomenológi-
co. Isto se deveao fato de haveraí uma
consideraçãodequea fontedetodoconheci-
mentoautênticoestánaexperiênciaimediatade
siedeoutrem;apontamparaumaatitudetera-
pêuticadesprovidadeidéiasapriorísticasefun-
damentamsuasrelaçõesnomomentodoaqui-
e-agora,nopresente,napresençadoterapeuta
comoumserexistenteabel10àrelação,ouseja,
o terapeuta,nestesentido,é muitomais"pes-
soa"(comoassinalaRogers)doquepropria-
menteumpapelaserdesempenhado.
45
Emboraaexpressão"aqui-e-agora"já te-
nhaconotaçõespopularesdiversas,considera-
mos aqui alguns aspectoscentraisa serem
observados.Umarelaçãocalcadano "aqui-e-
agora"envolve,antesdetudo,abertura,totali-dadee presença.Aberturaparaapossibilidade
doencontroedapresençaefetivadosernarela-
çãoemsuatotalidade.Combasenisto,estabele-
ce-se uma relação imediata,ou seja, uma
relaçãonaqualnãoseinterpõemmeiosentreo
terapeutae o cliente.Estasqualidadesjá são
apontadasporMartinBuber,44quandoestefala
dodiálogocomorealidadeexistencial.
Enfim,oqueassinalamosfoitãosomente
uma pequenapartedo desenvolvimentodas
idéiasfenomenológicasedesuasaplicaçõesno
campodapsicologia.A Fenomenologiasurge
como"a" filosofiadoséculoXX, comoumaau-
têntica"revoluçãocartesiana",comoo retorno
ao "pré-reflexivo",comoo resgatedasessên-
ciasdarealidadequesehaviaesquecidoante-
riormentepelasfilosofiaspragmáticaseobjeti-
vistas,cujapreocupaçãoresidiaapenasnopro-
gressodasidéiasvoltadasparao objeto,parao
"ter"materialistaenãoparaaessênciaeparaa
existência,parao "ser".
Referências
Abbagnano,N. (1992).DiccionáriodeIa Filosofia,
Mexico: FondodeCulturaEconómica.
Amatuzzi,M.M. (1992).O SilêncioeaPalavra,Es-
tudosdePsicologia,Campinas,9(3):77-96.
Amatuzzi,M.M. (1994).A InvestigaçãodoHuma-
no:Umdebate,EstudosdePsicologia,Campi-
nas,11(3):73-78.
43.A Gestalt-Terapiapossuiraizesfilosóficasasmaisvariadase,porvezes,conflitantes.Istonospermiteafirmarquenão
existeapenasuma,masdiversas"Gestalt-Terapias",cadaumacompreendidaapartirdeumenfoqueespeciticoedeuma
construçãoepistemológica.Já aAbordagemCentradanaPessoapossuiumabasemaisFundamentadanaFenomenologia,
mesmoqueimplicitamente.
44.Buber.1979.
'"
AdrianoHolanda
Amatuzzi,M.M. (1995).DescrevendoProcessos
Pessoais,EstudosdePsicologia,Campinas,12
(1):65-80.
Amatuzzi,M.M. (1996).ApontamentosAcercada
PesquisaFenomenológica,EstudosdePsicolo-
gia,13(1):5-10.
Bonin,W.F. (1991).Diccionariode los Grandes
Psicólogos,Mexico:FondodeCulturaEconó-
mica.
Boris,G.DJ.B. (1994).NoçõesBásicasdeFenome-
nologia,Insight-Psicoterapia,Nov.;pp.19-25.
Buber,M. (1979).EueTu,SãoPaulo:Moraes.
Bucher,R.E.(1983).FenomenologiaePsicanálise,
RevistaBrasiliensedePsiquiatria,3/1:33-43.
Bucher,R.E. (1989).PsicoterapiapelaFala,São
Paulo:EPU.
Chaves,A.P.;Macedo,S.& Mendonça,V. (1996).
PsicologiaExistencial-Fenomenológica:O sa-
berfilosóficoeaproduçãocientífica,Estudosde
Psicologia,Campinas,13(2):11-16.
Figueiredo,L.c. (1991).MatrizesdoPensamento
Psicológico,Petrópolis:Vozes.
Forghieri,Y.C. (1993).PsicologiaFenomenológi-
ca.Fundamentos.MétodoePesquisas,SãoPau-
lo:Pioneira.
Frayze-Pereira,J.A. (1984).Apontamentospara
umaCríticadaPsicologiaHumanista,Psicolo-
gia,10(3):I-10.
Giles,T.R.(1989).HistóriadoExistencialismoeda
Fenomenologia,SãoPaulo:E.P.U.
Gomes,W.B.(1986).InfluênciasdaFenomenologia
edaSemióticanaPsicoterapia,Psico,PortoAle-
gre,12(1):127-144.
Gomes,W.B. (1989).O CritérioMetodológicoda
FenomenologiaEstruturalnaAnálisedeDepoi-
mentos,Psicologia.Reflexãoe Crítica,Porto
Alegre,4(I/2):98-102.
Holanda,A.F. (1993).CarlRogerseMartinBuber.
AbordagemCentradanaPessoaeFilosofiaDia-
lógicaemQuestão,UniversidadedeBrasília,
DissertaçãodeMestrado.
46
Husserl,E. (1985).IdéesDirectricespourunePhé-
noménologieetunePhilosophiePhénoménolo-
giePures,Paris:Gallimard.
Husserl,E. (1992).ConferênciasdeParis,Lisboa:
Edições70.
Jaspers,K. (1987).PsicopatologiaGeral,SãoPau-
lo:LivrariaAtheneu.
Keen,E. (1979).IntroduçãoàPsicologiaFenome-
nológica,RiodeJaneiro:Interamericana.
Levinas,E. (1989).ThéoriedeI'IntuitiondansIa
Phénoménologiede Husserl,Paris:Librairie
Philosophique1.Vrin.
May,R. (1967).Orígenesy SignificadodeiMovi-
mientoExistencialenPsicología,In:RolloMay,
EmestAngel& HenriF.ElIenberger(Eds),Exis-
tencia,Madrid:EditorialGredosS.A.
Merleau-Ponty,M. (1976).Prefácio,In: M.Mer-
leau-Ponty,PhénoménologiedeIa Perception,
Paris:Gallimard.
Ribeiro,1.P.(1985).Gestalt-Terapia.Refazendoum
Caminho,SãoPaulo:Summus.
----

Outros materiais