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PETIÇÃO INICIAL

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CAPÍT U LO 1 5 
Formação do processo 
e petição inicial 
Sumário • 1 . Formação do processo - 2. Petição inicial e demanda - 3. Requisitos da petição inic ia l : 3 . 1 . Forma; 
3.2. Assinatura de quem possua capacidade postulatória; 3.3. 1nd icação do juízo a que é dirigida a demanda; 3.4. 
Qual ificação das partes; 3 .5 . Causa de pedir: o fato e o fundamento jurídico do pedido; 3.6. O pedido; 3.7. Atribui­
ção de valor à causa; 3.8. A indicação dos meios de prova com que o autor pretende demonstrar a verdade dos 
fatos alegados; 3.9. Opção pela realização ou não da audiência de conci l iação ou mediação; 3 . 1 0. Documentos 
ind ispensáveis à propositura da demanda - 4. Emenda da petição inicial - 5 . 1ndeferimento da petição inicial : 
5 . 1 . Considerações gerais; 5.2. H ipóteses de indeferimento: 5.2. 1 . 1népcia; 5.2.2. 1 1egitimidade da parte; 5.2.3. 
Falta de interesse processual; 5 .2.4. Não atendimento ao disposto nos arts. 1 06 e 321 - 6. Pedido: 6.1 . Conceito 
e divisão; 6.2. Requisitos; 6.3. Cumulação de pedidos: 6.3. 1 . Cumulação própria: simples ou sucessiva; 6.3.2. 
Cumulação imprópria: subsidiária ou alternativa; 6.3.3. Cumulação inicial e cumulação ulterior; 6.3.4. Requisitos 
para a cumulação: 6.3.4. 1 . Compatibi l idade dos pedidos; 6.3.4.2. Competência; 6.3.4.3. 1dentidade do proce­
dimento ou conversibil idade para o procedimento comum. Cláusula geral de adaptabi l idade do procedimento 
comum; 6.4. Ampliação da demanda; 6.5. Redução da demanda; 6.6. Alteração objetiva da demanda; 6.7. Es­
pécies de pedido: 6.7 . 1 . Pedido genérico; 6.7.2. Pedido alternativo; 6.7.3. Pedido relativo a obrigação indivisível; 
6.8. 1nterpretação do pedido e pedido impl ícito: 6.8. 1 . 1nterpretação da petição inicial . Regras gerais sobre a 
interpretação dos atos postulatórios; 6.8.2. Pedido implícito. 
1 . FORMAÇÃO DO PROCESSO 
O p rocesso nasce com a propos i tu ra da demanda . 
A data do p rotoco lo da pet ição i n ic ia l é a data de i n íc io do p rocesso . A part i r daí, 
o p rocesso, já existente, se desenvolve, com a p rática de novos atos (despacho da 
peti ção i n ic ia l , c itação, resposta do réu , saneamento do p rocesso, p rod ução de p ro ­
vas, decisão, recu rsos etc . ) e com o s u rg imento de re lações j u ríd icas p rocessua is . É 
esse desenvo lvi mento do p rocesso q ue o t ran sfo rma em uma sér ie de atos e em u m 
feixe de re lações j u ríd i cas, tal como exp l i cado n o capítu l o i ntrodutór io deste Curso. 
A demanda cons idera-se p roposta na data e m q ue a peti ção i n i c ia l foi p roto­
colada (art . 3 1 2, CPC). 
A part i r desta data, s u rge a litispendência (a pendênc ia da causa) : o p rocesso 
existe e, para o autor, todos os efe itos daí deco rrentes se p roduzem. Isso q ue r d izer 
q ue, para o autor, por exem p lo , a co isa o u o d i reito d i scut ido é l i t ig ioso - se, porven ­
tu ra, o autor a l i enar o d i reito l i t ig ioso, passa a i n c i d i r o regramento do art. 1 09, CPC' . 
Para o réu , no entanto, a litispendência somente p roduz efeitos a part i r da sua 
c i tação (art. 240, c/c art. 3 1 2, fine, CPC) . 
1 . OL IVE IRA, Carlos A lberto Alvaro. A lienação da coisa litigiosa. 2• ed . Rio d e jane i ro : Forense, 1 986, p . 1 02 . 
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F R E D I E D t O I E R J R . 
2 . PETIÇÃO I N ICIAL E DEMANDA 
A re lação entre peti ção i n ic ia l e demanda é a mesma q ue se estabe lece ent re 
a fo rma e o seu conteúdo . Do mesmo modo q ue o i n stru m ento de u m contrato não 
é o contrato, a peti çãoi n ic ia l não é a demanda. A demanda é u m ato j u ríd ico q u e 
req ue r forma espec ia l . A peti ção i n ic ia l é a forma d a demanda, o s e u i n st rumento;2 
a demanda é o conteúdo da peti ção i n ic ia l . 
Forma é o me io pe lo q ual a vontade se expressa, se exter ioriza. Ao tem­
po em que serve para exterio rizar a vontade, a forma serve de p rova 
para o ato j u rídico. Para maior segu rança, a lei às vezes i m põe que de­
term i nados atos j u rídicos se revistam de determ i nada forma. A deman­
da é um de les . O estudo dos req u isitos da petição i n ic ia l , logo abaixo, 
não passa de estudo dos req u isitos formais do ato j u rídico demanda. 
Como a demanda tem a f unção de b ito lar a ativ idade j u ri sd i c iona l , q ue não 
pode ext rapo lar os seus l i m ites (dec id i ndo a lém, aq uém o u fo ra do q u e foi ped ido), 
costuma-se dizer q ue a peti ção i n i c ia l é um p rojeto de sentença: contém aq u i l o q ue 
o demandante a lmeja se r o conteúdo da dec i são q ue v ier a aco l he r o seu ped ido . 
3. REQUIS ITOS DA PETIÇÃO I N ICIAL 
Vejamos u m a um os req u i s itos fo rmais da peti ção i n i c ia l . 
3.1 . Forma 
A postu l ação i n ic ia l , com o regra, deve ser escrita, datada e ass i n ada. Adm i ­
te-se postu l ação o ra l nos j u izados Espec ia is Cíve i s (art. 1 4 da Lei n . 9 .099/ 1 999), 
ped ido de concessão de m ed idas p rotetivas de u rgênc ia em favo r da m u l he r q ue 
se afi rma vít i ma de vio l ênc ia doméstica ou fam i l iar (art . 1 2, Lei 1 1 . 340/2006) e no 
p roced i me nto espec ia l da ação de a l imentos (art . 3 ° , § 1 °, Lei n . 5 .478/ 1 968). Mesmo 
assi m , a postu l ação o ra l sem p re acaba por red uzi r-se a termo escrito . 
3.2. Assinatura de quem possua capacidade postulatória 
A peti ção i n i c ia l deve vi r ass i nada por q ue m ten h a capacidade postu lató ria, 
n o rma lmente o advogado regu la rmente i n scrito na O rdem dos Advogados do B ras i l , 
o defenso r p úb l i co e o mem bro do M i n istér io P úb l i co . 
H á, no entanto, algu mas h i póteses em que o le igo tem capacidade postu latór ia: 
ação de a l im entos (art . 2o, da Lei n. 5 -478/ 1 968); habeas corpus; j u izados Especiais 
2 . MORE IRA, J o s é Car los Barbosa. o novo processo civil brasileiro, p . 1 0; CÂMARA, Alexand re F reitas. Lições de 
Direito Processual Civil. 8• ed . Rio de jane i ro : Lúmen j u ris , 2002, v. I, p. 3 1 4 . 
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F O R M A Ç Ã O DO P R O C E S S O E P E T I Ç Ã O I N I C I A l 
Cíveis, na p rime i ra i nstânc ia, em causas cujo valo r não exceda a vinte salár ios-mín i ­
mos3; ped ido de concessão de medidas p rotetivas de u rgênc ia em favor da m u l he r 
que se afi rma vít ima de vio l ência doméstica ou fam i l ia r (art . 2 7 , Lei 1 1 . 340/2006) . 
A petição deve conter a i nd i cação do endereço, e let rô n ico e não -e let rô n i co, do 
advogado e deve v i r acom pan hada da p rocu ração (art. 287 , CPC) . 
3.3. 1ndicação do juízo a que é dirigida a demanda 
o autor tem de i n d icar o j uízo (s ingu lar ou co legiado) perante o q ua l formu la a 
sua p retensão, o bservando as regras sob re com petênc ia (art . 3 1 9, I , CPC) . 
O endereçamento far-se-á no cabeçalho da petição i n ic ia l . Devem ser observadas 
as designações corretas : a) comarca é u n idade territorial da j ust iça dos Estados; Seção 
jud iciária, da justiça Federal; b) ju iz federal qual ifica o magistrado da j ustiça Federal, e 
j u iz de d i reito, o da justiça Estadual etc. Segue um exem plo de endereçamento: "Exmo . 
Sr. j u iz de D i reito da Vara de Famíl ia da Comarca de Salvador, Estado Federado da Bahia". 
3.4. Qual ificação das partes 
O demandante apresentará a q ua l if i cação das partes (de le p róp rio e do réu) . 
Hão de con star, n a peti ção i n i c ia l , os nomes, p renomes, estado civi l , a existên ­
c i a de u n ião estáve l, p rof issão, n ú mero n o cadast ro de pessoas fís icas ou n o cadas­
t ro nac iona l de pessoas j u ríd i cas, o ende reço e l et rô n i co, o dom i cí l io e a res idênc ia 
do autor e do réu (art . 3 1 9, 11, CPC) . 
O que se p retende, com tal req u i s ito, é evitar o p rocessamento de pessoas 
i n ce rtas, bem como ver if icar a i n cidênc ia de a lgu mas no rmas que têm por supo r­
te fát ico a lgu m desses q ua l if i cativos (p . ex. : l i t isconsórc io n ecessár io de pessoas 
casadas, art. 7 3, § 1 °, do CPC; dom icí l i o necessár io de fu nc i onár ios p ú b l i cos, a rt . 
76 do Cód igo C iv i l ; exigênc ia de caução às custas para os autores estrange i ros ou 
naci onais não res identes n o país, a rt . 8 3 do CPC etc . ) . A aná l i se sobre a con cessão 
dos benefíc ios da j ust iça gratu ita (arts . 98 e segs . , CPC) pauta-se, m u ita vez, nos 
dados q u e q ua l if icam o l it igante, como a sua p rof issão ou a ativ idade desenvo lvida, 
q uando se t ratar de pessoa j u ríd ica (as en tidades f i lant róp i cas, p . ex . , têm receb ido 
u m t ratamento j u ri sp rudencia l ma is condescendente em re lação à poss i b i l i dade de 
ser i sentada do adiantamento das custas p rocessua is) . 
Quando se t rata de pessoa j u ríd i ca, é fundamental que a pet ição i n i c ia l ven h a 
acom panhada do estatuto soc ia l e da documentação que com p rove a regu lar idade 
3 . No 1 1 1 Encontro Nac ional dos Coordenado res dos j u izados Espec ia is , dec id iu -se que : "A assistênc ia obrigatór ia 
p revista na LJ E 9• tem l ugar a part i r da fase i n strutória, não se ap l icando para a fo rmu lação do ped ido e a 
sessão de conc i l iação ." 
549 
F R E D I E D I D I E R J R . 
da rep resentação - n otadamente para q ue se ave r igue se q uem outorgou a p rocu ­
ração ao advogado, em nome da pessoa j u ríd ica, poderia fazê- l o . 
Se o auto r fo r u m nasc itu ro, deve rá se r i dent if icado como "nasc it u ro de fu lana 
de ta l " (nome da mãe). 
Quando ignorada uma destas c i rcunstân c ias, deve o autor dec l i na r esse fato na 
peti ção i n i c ia l . É possível demanda contra pessoa i n certa, q uando se deve p roceder 
a um esboço de identif i cação, bem como será req uerida a c itação ed i ta l íc ia (art. 
256, I , do CPC) . 
Há casos em q ue se torna i nviável o cum p rimento estrito da exigênc ia formal 
de q ual if i cação i ntegral dos l it igantes. A demanda possessór ia relacionada a uma 
ocu pação de terra é u m bom exe m p lo . Dada a existênc ia de um núme ro i n determ i ­
nado, mas determ i nável , de pessoas no po lo passivo, caracte rizado está o chamado 
" l it isconsórc io passivo m u lt itud i nário" . j u stamente porq u e exi ste este n ú m ero i nde­
term i nado de pessoas n o po lo pass ivo, é tarefa d i fíc i l , senão im possíve l , exigi r do 
demandante a perfeita i dentifi cação e q ual if i cação de cada u m dos réus , bem ass im 
o conheci mento dos locais onde têm res idência ou dom icí l i o . 
joe l D ias F igue i ra j r. man ifestou-se sobre o p rob lema: 
"A i n d icação dos suje itos i n tegrantes do po lo pass ivo da demanda, 
q u e, no caso, são os esbu l hadores, deverá reca i r sobre todas aq ue­
las pessoas suscetíve is de recon hec i mento pe lo me i r i n h o q uando do 
c u m pr imento do ato citató r io, podendo ser através do nome, p re­
nome ou alc u n ha, ass i m como, se con h ec ido o l íde r do movi m ento, 
esse deve ser ident if icado . ( . . . ) Nesses casos, resta ao possu ido r es­
b u l hado i n d icar na peça i n augu ral apenas a q ual if i cação fundada em 
e l ementos que v iab i l i zem a com u n i cação do ato citatór io aos l íde res 
do m ovi m ento (quando viáve l tal i dent if icação, bem como ressaltara existênc ia de um n ú mero i n dete rm i n ado de pessoas ocu pantes da 
área de terra i nvadida, a f im de que o me i ri n ho possa c i tar tam bém 
esses réus i n ce rtos e desco n h ec idos q ue, no momento da efetivação 
da ordem j u d ic ia l , possam ser ident if icados e efetivamente citados)" . 4 
Por esta razão, f ica m it igado o req u i s ito exig ido pe lo Código de P rocesso Civi l 
para a regu lar idade da peti ção i n ic ia l (art . 3 1 9, 11, do CPC) . 5 
o l egi s lador, atento a essa c i r cun stân c ia, trouxe os temperamentos dos §§ do 
art. 3 1 9 : 
4 . F I GUE I RA j r. , j oe l D ias. Liminares nas ações possessórias. 2 • e d . São Pau lo : RT, 1 999, p . 252 . 
5 . "Portanto, o pr ime i ro obstácu lo a t ranspor d iz respeito aos termos da i n i cia l . Nesses casos de l i t isconsórcio pas­
sivo m u ltitud inário, a c i rcunstância de a peça i naugu ral não trazer em seu bojo a ind i cação de todas as pessoas 
q ue devem figu rar no pa la passivo da demanda não pode obstar a necessária aptidão para encetar o prossegu i ­
mento do feito" ( F I GUE I RA J r., joe l Dias. Liminares nas ações possessórias. 2• ed. São Pau lo : RT, 1 999, p . 2 5 1 -252) . 
550 
F O R M A Ç Ã O DO P R O C E S S O E P E T I Ç Ã O I N I C I A L 
"§ 1 ° Caso não d i sponha das i n formações p revi stas no i n c iso 1 1 , pode­
rá o autor, na petição i n ic ia l , req ue rer ao j u iz d i l igências n ecessárias 
a sua o btenção. 
§ 2° A pet ição i n ic ia l não será i ndefe r ida se, a despeito da fa lta de 
i n fo rmações a que se refere o i n c iso 11, for possíve l a c itação do réu . 
§ 3 ° A petição i n ic ia l não será i ndefer ida pe lo não atend i mento ao 
d i s posto no i n c iso 11 deste artigo se a obtenção de tais i n formações 
tornar i m possível o u excessivamente one roso o acesso à j u sti ça" . 
A Reso l u ção n . 46 do Conse lho Nac iona l de j ust iça dete rm i n a q u e "o 
cadastramento de partes nos p rocessos deve rá ser real izado, pr io ­
r itariamente, pe lo nome ou razão socia l con stante do cadastro de 
pessoas fís i cas ou j u ríd i cas perante a Secretaria da Rece ita Fede ral 
do Bras i l , med iante a l imentação automát ica, observados os convê­
n ios e cond ições tecno lóg icas d i spon íve is" (art. 6o) . A lém d i sso, " na 
i m poss ib i l i dade de c um pr i mento da p revisão do caput, deverão ser 
cadastrados o nome ou razão soc ia l i n fo rmada na pet ição i n ic ia l , 
vedado o uso de ab reviatu ras, e outros dados necessár ios à p rec isa 
i dentif i cação das partes (RG, tít u l o de e le i tor, nome da mãe etc), sem 
p rej uízo de poste r ior adeq uação à deno m i n ação constante do cadas­
t ro de pessoas fís icas ou j u ríd i cas perante a Secretaria da Receita 
Federal do Bras i l (CPF/CN PJ )" (art. 6°, par. ú n .) . 
O art . 1 5 da Le i n . 1 1 .4 1 9/2006, q ue regu lamenta o p rocesso e letrô­
n i co, d i spõe q ue : "Salvo i m poss i b i l idade que com p rometa o acesso 
à j u st i ça, a parte deverá i nformar, ao d i st ri b u i r a petição i n ic ia l de 
q ua lque r ação j u d ic ia l , o n ú me ro no cadastro de pessoas fís icas ou 
j u rídicas, confo rme o caso, perante a Secretaria da Receita Fede ra l" . 
3.5. Causa de pedir: o fato e o fundamento juríd ico do pedido 
Como i n st ru mento da demanda, a petição i n i c ia l d eve reve lá - la i n tegra l men ­
t e . A l ém do ped i do e dos su j e i tos, deve a pet i ção i n i c ia l conter a expos i ção do s 
fatos e dos f undamentos j u ríd icos do ped ido , q u e fo rmam a d e n o m i n ada causa 
de ped i r (art . 3 1 9, 1 1 1 , CPC) . 
"Com põem a causa petendi o fato (causa remota) e o fundamento j u rídico (cau­
sa p róx ima)" . 6 A causa de ped i r é o fato ou conj u nto de fatos j u ríd icos (fato(s) da 
vida j u rid i c izado(s) pela i n cidência da h i pótese normativa) e a re lação j u ríd ica, efeito 
daq ue le fato j u rídi co, traz idos pelo demandante como fundamento do seu ped ido . 
6 . TUCCI , J o s é Rogério Cruz e . A causa petendi no processo civil. 2 • ed . São Pau lo : RT, 200 1 , p . 1 54. E p rossegue o 
mesmo autor: " l nferida, da exposição da causa de pedi r remota, a relação fático-j u rídica existente entre as par· 
tes, a causa petendi proxima (ou geral) se consubstancia, por sua vez, no enq uadramento da s ituação concreta, 
narrada in statu assertionis, à p revisão abstrata, cont ida no o rdenamento de d i reito pos itivo, e do q ual decorre a 
j u r id ic idade daquela, e, em imed iata sequência, a material ização, no pedido, da consequência j u rídica alvitrada 
pelo autor" (ob. cit . , p . 1 55) . 
551 
F R E D I E 0 1 D I E R J R . 
"Cada regra de d i reito e nun cia algo sobre fatos (pos itivos ou n egat i ­
vos) . Se os fatos, de que trata, se produzem, sobre e les i nc ide a regra 
j u rídica e i rrad ia-se deles (feitos, com a i n c idência, j u ríd icos) a eficácia 
j u rídica. J á aq u i estão n it idamente d i sti ngu idos, apesar da confusão 
rei nante na c iênc ia eu ropeia : a eficácia da regra j u rídica, que é a de 
i nc id i r, eficácia ' legal' (da lei), efi các ia nomo lógica (= da regra j u rídica); 
e a eficácia j u rídica, mera i rrad iação de efeitos dos fatos j u ríd icos. 
Ser ia e rro d izer-se q u e é a regra j u ríd ica q u e p roduz a eficác ia j u ríd i ­
ca; a eficácia j u ríd ica p rovém da j u rid i c ização dos fatos (= i n c i dência 
da regra j u ríd ica sobre os fatos, to rnando-os fatos j u ríd icos)" . 7 
Tem, ass im , o autor de, e m sua peti ção i n i c ia l , expor todo o q uad ro fát ico ne ­
cessár io à obtenção do efeito j u ríd ico persegu ido , bem como demonstrar com o os 
fatos narrados autor izam a p rod ução desse mesmo efeito (deverá o autor demons ­
t ra r a i n c idênc ia da h i p ótese no rmativa no supo rte fát ico conc reto). 
Adotou o nosso CPC a chamada teoria da su bstanc ia l i zação da causa de pe­
d i r, segu ndo a q ual se exige do demandante i nd i car, na peti ção i n i c ia l , q ual o fato 
j u ríd ico e q ua l a relação j u ríd ica de le decorrente . Não basta a i nd i cação da re lação 
j u ríd i ca, efe ito do fato j u ríd i co, sem q u e se i n d i q ue q ual o fato j u ríd ico q ue l h e deu 
causa - q ue é o q ue p rega a teor ia da i nd ivid ua l ização. 8 
Com isso, a p l u ra l idade de fatos j u ríd i cos i m p l i cará a p l u ral idade de demandas ­
h i pótese m u ito com u m em ação rescisó ria, q uando o demandante pede a rescisão do 
j u lgado com fundamento em mais de u ma das h i póteses p revistas no art . 966 do CP(.9 
Por vezes, a causa de ped i r é com posta. D iz -se com posta a causa de ped i r " na 
h i pótese em q ue co rresponde a u m a p l u ra l i dade de fatos i n d ivi duado res de u m a 
ú n i ca p reten são" . ' 0 S e u m d o s e l ementos do supo rte fát ico não estive r p resente n a 
nar rativa do autor (in statu assertionis) a causa de ped i r não se com p leta e , po r­
tanto, a peti ção não pode ser adm it ida . 
Um exemp l o pode ser i n teressante para o correto en te n d i mento do 
tema. A causa de ped i r na ação de responsab i l i dade civi l s u bjet iva 
é com posta. O substrato fát ico q u e auto riza a i n c i dênc ia do art. 1 86 
do Cód igo Civi l com põe-se de quatro e l ementos : " con duta, c u l pa, 
n exo de causal i dade e dano . Só terá d i re i to à i n d e n ização ( respon -
7 . M I RAN DA, F ranc i sco Cavalcanti Pontes de . Tratado de direito privado. 4 ' ed . São Pau lo : RT, 1 983, t . I , p . 1 7 . 
8 . "A causa de ped i r se comp leta, segu ndo a teor ia em ap reço, somente pe la i dentifi cação, na i n ic ia l , da re lação 
j u ríd ica daque o autor extrai certa consequênc ia j u ríd ica". (ASS IS, Araken de. Cumulação de ações, p . 1 36). 
9 . MORE I RA, josé Car los Barbosa . "Cons ide rações sob re a causa de ped i r na ação resc isór ia" . Temas de direito 
processua l - quarta série. São Pau lo : Saraiva, 1 989, p . 205- 206. 
1 0 . TUCC I , José Rogé rio Cruz e . A causa petendi no processo civil. 2 ed. São Pau lo : RT, 200 1 , p . 1 56 . 
, . " . . . e m geral , o s u porte fáctico é const ituído por vários fatos . . . Esses fatos, q u e são t ransportados para o m u n ­
do j u ríd ico por fo rça da i n cidência, const i tuem o fato j u ríd ico" (MELLO, Marcos Bernardes de . Teoria d o fato 
jurídico. 10 ed. São Pau lo : Saraiva, 2000, p . 54-55) . 
552 
F O R M A Ç Ã O DO P R O C E S S O E P E T I Ç Ã O I N I C I A L 
sab i l i dade c iv i l ; efeito j u ríd ico) aq ue le q u e consegu i r demonst rar a 
existê nc ia destes q uatro req u is i tos (fato j u ríd ico com posto) . A falta 
de um deles i m p l i ca a i m poss i b i l idade de obter-se o efeito j u ríd ico 
p reten d ido, pe la i n s u bs istênc ia do fato t ido po r j u ríd i co ." Não i n c i d i ­
r á a n o rma pe la falta de u m dos e lementos do supo rte fát ico . 
Não se deve confu n d i r f undamento j u ríd ico , com fundamentação l egal , essa 
i n c l u s ive d i s pensáve l ' 3 • 
O magi strado está l i m itado, na sua decisão, aos fatos j u ríd i cos a legados e ao 
ped ido form u lado - não o está, po rém, ao d i s pos it ivo legal i nvocado pe lo deman ­
dante, po i s é sua a tarefa de ver if icar se houve a subsunção do fato à no rma (ou 
seja, ver if icar se h ouve i n c i dênc ia) . ' 4 O j u i z pode deci d i r com base em no rm a d i st i n ­
ta, p reservados o d i re ito afi rmado e o ped ido form u lado - para tanto, po rém , deverá 
observar o d i sposto no a rt . 1 0, q u e l h e i m põe o deve r de consu ltar as partes ' 5 • 
" I m po rtantes são os fatos que o j u i z deve con hecer como narrados 
pe lo autor, c u m p ri n do - l he p roceder, med iante a atividade p robató r ia 
p rocessua lmente adm i ssíve l , à verif i cação dos mesmos, para tê- los 
o u não como veríd icos . I m po rtante é o ped ido, que o j u iz deve aco­
l h e r ou rejeitar como foi ele fo rmu lado pelo autor, sem q ue se l h e 
perm ita i r a l ém , f icar aq uém ou fora do mesmo, ai nda q uando l h e 
seja permit ido apenas deferi - l o parcial mente . A t i p if i cação dos fatos 
pelo autor é i rre levante, pois se e le categor izou mal , do ponto de 
vista do d i reito, os fatos q u e na rrou , pouco i m po rta, pois o j u iz co­
n h ece o d i re ito e deve categorizá- los com acerto. E se os fatos, i n co r­
retamente catego rizados, auto rizam o ped ido q u e foi feito, nen h u m 
p rej u ízo pode deco rre r para o autor do des l ize técn i co de seu advo­
gado . I n versamente, se categorizou bem e ped iu mal, em nada l h e 
ap roveita t e r s i d o exato na categorização d o s fatos, p o i s que o j u iz 
está adstrito ao ped ido fo rm u lado, sem poder corr ig i - l o de ofíc io" . ' 6 
) osé Roberto dos Santos Bedaq ue aponta a d if i c u l dad e p rática de se 
d i st i n g u i r fu n damento legal de f undamento j u ríd i co ' 7 • 
Há q ue m d iv ida a causa de ped i r e m ativa e passiva, sendo aque la o fato cons ­
t itut ivo do d i re ito e essa o fato que i m p u ls i ona o i nteresse de agi r. "Se o autor re­
c lama a rest i tu ição de q uant ia emp restada, a causa petendi abrange o e m p rést imo, 
1 2 . " . . . o fato j u ríd ico há de ser cons ide rado conceptua lmente como u n i dade, e m bora possa se r constituído por 
vários fatos" (MELLO, Marcos Bernardes de . Teoria do fato jurídico. 1 0• ed . São Pau l o : Saraiva, 2000, p . 55) . 
1 3 . Ass im, e n u nc iado n . 281 do Fórum Permanente de Processua l i stas Civi s : "O enq uadramento normativo dos 
fatos não é req u is i to da petição i n ic ia l e , uma vez existente, não v incu la o órgão j u lgador" . 
1 4 . PASSOS, José Joaq u i m Calmon de . Comentários ao Código de Processo Civil. p . 1 59 . 
1 5 . Assim, enunciado n . 282 do Fórum Permanente de Processual istas Civis: "Para j u lgar com base em enquadramento 
normativo d iverso daquele i nvocado pelas partes, ao j u iz cabe obseNar o dever de consulta previsto no art. 1 0" . 
1 6 . PASSOS, José Joaq u i m Calmon de . Comentários ao Código de Processo Civil, p . 1 59- 1 60. 
1 7 - Causa de pedir e pedido no processo civil (questões polêmicas). José Roberto dos Santos Bedaq ue e José Ro­
gér io Cruz e Tucc i (coo rd . ) . São Pau l o : RT, 2002, p . 3 2 . 
553 
F R E D I E D I D I E R J R . 
fato co nstitut ivo do d i reito alegado (aspecto at ivo), e o não pagamento da dív ida 
no venci m ento, fato les ivo do d i re ito a legado (aspecto pass ivo)" . ' 8 O bserve-se q u e 
tanto a causa ativa c o m o a causa pass iva são eng lobadas pe la chamada causa d e 
ped i r remota: o fato j u ríd ico, q u e se d iv ide em duas d imensões, ativa e passiva . ' 9 
Por f i m , uma obse rvação . Se a demanda i n t rod uz a afi rmação da existênc ia 
de (ao m en os) uma re lação j u ríd ica su bstanc ia l , é abso l utamente f undamental 
q u e estejam p resentes na pet i ção i n i c ia l os e l em entos q u e co m põem a re l ação 
j u ríd ica : o fato j u ríd ico , o obj eto e os su je i tos . Não é o ut ra a razão pe la q ua l os 
e l em entos da demanda são a causa de ped i r (fato j u ríd i co), o ped ido (obj eto) e as 
partes (su je i tos) . A causa de ped i r deco rre, po rtanto, do d i re ito m ater ia ! >0 - a l i ás , 
co mo oco rre com os o utros e l ementos da demanda . 
E i s o esq uema-m ín i mo" q ue s i n tet iza o fe n ô m e n o j u ríd ico e q u e deve co ns ­
ta r da pet i ção i n i c ia l ( n o rma lm ente , a s i tuação j u ríd ica ativa co rres ponde à pos i ­
ção do autor, a pass iva, à do réu ) : 
Situação j u rídica 
H ipótese ativa (di reitos 
normativa subjetivos, i nteres-
ses j u rid icamente 
l n c idê 
"''''' j mid i " I tutelados, d i reitos potestativos etc.) 
Fato j u ríd ico Ped ido s u bstanc ia l 
nc ia (causa de ped i r 1- deduz ida (efeito j u rídico 
remota) (causa de ped i r 
\ 
p retend ido) 
próxima) 
"'"'''' i""' '" I 
paSSIVa 
Fato (dever j u rídico 
ou conjunto legal, obrigação, estado de fatos de sujeição etc.) 
1 8 . MORE I RA, José Carlos Barbosa. O novo processo civil brasileiro, p . 1 5 . 
1 9 . TUCC I , José Rogério Cruz e . A causa petendi no processo civil. 2• e d . São Pau lo : RT, 20o 1 , p . 1 54 . 
20. "De qua lquer forma, a causa de ped i r, que r para os adeptos da teor ia da i ndividuação, que r para os defensores 
da su bstanciação, revela o nexo existente entre o d i reito material e o p rocesso. (. . . ) O que parece i m po rtante 
ressaltar é a im possi b i l idade absol uta de se ignorar o nexo entre d i reito e processo, na dete rm inação da causa de 
pedi r e do objeto do p rocesso. A causa de ped i r constitui o me io pelo qual o demandante i ntroduz o seu d i reito 
subjetivo (substancial) no p rocesso". (BEDAQUE, José Roberto dos Santos . "Os e lementos objetivos da demanda 
examinados à l uz do contraditór io". Causa de pedir e pedido no processo civil (questões polêmicas). José Roberto 
dos Santos Bedaque e José Rogério Cruz e Tucci (coord.) São Pau lo : RT, 2002, p . 30). 
2 1 . Fala-se de esquema mín imo, pois não se desconhece q ue, na ap l i cação do d i reito, há out ras ci rcun stâncias 
que exercem i nf luênc ia bastante s ign i fi cativa, tais como os aspectos po lít icos e axio lógicos, que não podem 
ser o lv idados.554 
f O RMA Ç Ã O 00 P R O C E S S O E P E T I Ç Ã O I N I C I A L 
3.6. O pedido 
Toda peti ção i n i c ia l deve conter ao menos um ped ido, com suas especi f i cações 
(art. 3 1 9, IV, CPC). Trata-se de req u is i to e l ementar do i n st rumento da demanda, po i s 
não se pode fa lar, no p lano l ógico, de petição sem ped ido . Peti ção sem ped ido é 
peti ção i n e pta, a ensejar o seu i n defer i mento. O exame do ped ido será feito, com o 
cu i dado q u e este req u is i to req ue r, em item próp r io, l i n h as abaixo. 
3.7. Atribuição de valor à causa 
Em toda peti ção i n i c ia l deve constar o valo r da causa, cu ja fixação segu i rá o 
q u e d i spõem os arts . 29 1 -293 do CPC (art. 3 1 9, V, CPC) . 
Não há causa sem valo r, ass i m como não há causa de valor i nest i mável ou 
mín i mo, exp ressões, tão f req uentes q u an to eq u ivocadas, e n cont radas na p raxe fo­
rense . O valo r da causa deve ser certo e f ixado em moeda co rrente nac io na l . 
Nesse sent ido, cabe t raze r o e n u n ciado n . 26 1 da s ú m u l a do TFR : "No 
l i t i sconsó rc io ativo vo l u ntár io, determ i na-se o valo r da causa, para 
efeito de alçada rec u rsa l , d ivi d i ndo-se o valo r g loba l pe lo n ú mero de 
l it isconso rtes" . 
3.8. A indicação dos meios de prova com que o autor pretende demonstrar a 
verdade dos fatos alegados 
O autor i n d i cará q ua is os m e ios de p rova de q ue se i rá valer para com provar 
as s uas a legações (art. 3 1 9, VI, CPC) . Tem pouca eficácia p rát ica o d i spos i t ivo : a) o 
ó rgão j u l gador pode dete rm i nar ex officio a p rodução de p rovas (art. 370 do CPC); b) 
no momento p ró p rio - fase de saneamento do p rocesso - as partes são i nt imadas 
para i nd i car de q uais m eios de p rova se servi rão . 
3.9. Opção pela realização ou não da audiência de conci l iação ou mediação 
O auto r tem de man ifestar a sua opção pe la real i zação ou não de aud iênc ia 
p re l im i na r de conc i l i ação o u med iação (art . 3 1 9, VIl, CPC) . 
Essa aud i ência p re l im i na r oco rrerá antes de o réu ap resentar a sua resposta. 
Se autor e réu man ifestarem exp ressamente a von tade de não reso lve rem o l i tígi o 
po r autocom pos ição, a aud i ência não oco rre rá (art. 3 34, §4o, I, CPC) . A man i festação 
do autor n esse sent ido tem de se r feita na pet i ção i n i c ia l . 
Se o auto r não observar esse req u i s ito, a pet i ção não deve ser indeferida por 
isso, nem há necessidade de o juiz mandar emendá-la. Deve o j u iz cons ide rar o s i ­
l ênc i o do au to r como i n d i cativo da vontade de que haja a aud iênc ia de conc i l i ação 
555 
FR E D I E D I D I E R J R . 
ou med iação . Ass im c omo o réu (art . 334, §so ) , tam bém o autor t em de dizer ex­
pressamente q uando não q ue r a aud iênc ia; o s i l ê nc io pode ser i n terpretado como 
não-opos ição à rea l i zação do ato . 
3.1 O. Documentos indispensáveis à propositura da demanda 
A pet i ção i n ic ia l deve vi r acom pan hada dos docu mentos i n d i spensáve is à p ro­
pos i tura da causa (art . 3 20, CPC)22• 
Como regra, deve-se p roduzi r a p rova documental no momento da postu l ação 
(art . 434 do CPC) . 
Cons ide ram-se indispensáveis tanto os docu mentos que a le i expressamente 
exige para q ue a demanda seja p roposta (tít u l o executivo, na execução; p rova es­
c rita, na ação mon itór ia etc. ; p rocu ração, em q ua l que r caso) - documen tos subs­
tanciais, na c lass ifi cação de Amaral Santos -, como tam bém aque les q u e se tornam 
i nd i spensávei s porq ue o autor a e les se refe ri u na peti ção i n i c ia l , com o fundamento 
do seu ped ido - documentos fundamen tais, na c lass if i cação de Amara l Santos .23 
C ump re, ai nda, observar: 
a) é possíve l a p rodução ulte ri o r de p rova docu mental (como, p . ex. , nas h i pó­
teses do art . 435 do CPC); 
b) é possível o autor requerer a ap l i cação ana lógica do § 1 o do a rt . 3 1 9 do CPC, 
para q u e o j u iz tome d i l i gências necessár ias à o btenção do documento; 
c) pode o autor, n a p róp ria peti ção i n ic ia l , so l ic i tar a exi bi ção de docu mento 
que, não obstante ten h a s ido alvo de sua refe rênc ia na pet i ção i n i c ia l , po rven tu ra 
esteja em poder do réu ou de tercei ro (art. 397 e segs . do CPC)24• O momento da 
p rodução da p rova docu mental será estudado no vo l ume 2 deste Curso, em capítu l o 
específ ico . 
4. EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL 
Se a pet i ção i n ic ia l estive r i rregu lar, po r l h e faltar a lgu m dos seus req u i s itos, 
deve o magist rado i nt imar o autor para corr igi - la, emendando-a ou com p l etando-a . 
É o que p rescreve o art . 322 do CPC, q ue auto riza o magistrado a determ ina r a 
22 . Exemp lo de documento i nd i spensáve l à p ropos i tura de demanda é traz ido pe lo enu nc iado 1 1 do Fórum Na­
cional dos j u izados Espec ia is Federai s - FONAJ E F, evento datado de 21 de Outubro de 2005 . E n u nciado 1 1 : "No 
aj u izamento de ações no J E F, a m ic roe m p resa e a emp resa de peq ueno porte deverão com p rovar essa cond ição 
med iante documentação hábi l " . 
2 3 . SANTOS, Moacyr Amaral . Primeiras linhas de Direito Processual Civil . 20• ed . São Pau lo : Saraiva, 1 999, v. 2, p . 1 38 . 
24. Nesse sent ido , o enu nc iado n . 283 do Fórum Permanente de P rocessua l i stas C iv i s : "Ap l i cam-se os arts . 3 1 9, § 
1°, 396 a 404 também q uando o autor não d ispuser de documentos i n d ispensáveis à propos it u ra da ação" . 
556 
FORMA Ç Ã O DO P R O C E S S O E P E T I Ç Ã O I N I C I A L 
emenda da peti ção i n i c ia l , n o p razo de q u i nze d i as, i n t imando-se o autor. o juiz 
i n d i cará com precisão o que deve ser corri&ido ou completado. 
Há posic ionamento do STJ no sent ido de se r esse prazo pro rrogáve l , 
a c ritério do j u iz . N esse sent ido , com refe rênc ias a d iversos ju lgados, 
cf. : STL 2• S., REsp n. 1 . 1 33.689/PE, Re i . M i n . Massam i Uyeda, j. em 
28 .03. 20 1 2, pu b l i cado no D]e de 1 8 .05. 20 1 2 . 
Esse posic ionamento, fi rmado ao tempo do CPC- 1 973, é forta lec ido 
pe lo d isposto n o art . 1 39, VI, CPC, que perm ite a d i l ação do prazo 
pe lo j u iz . 
Confo rme se d isse aci ma, se o autor de ixar de man ifestar-se sob re a aud iên ­
c ia p re l im i na r de conc i l i ação ou med iação, o ju i z não deve i ndefer i r nem mandar 
emendar a petição i n i c ia l . O j u iz s im p lesmente cons iderará o s i l ê nci o do au to r como 
não-opos ição à rea l ização da aud iênc ia . 
Não cu m p ri ndo o autor a d i l i gênc ia que l h e fo ra ordenada, a peti ção i n i c ia l 
será i ndefe ri da (art. 3 2 1 , parágrafo ú n i co, CPC) . 
Perm ite-se, contudo, uma nova determ i nação de emenda, se a p rime i ra cor­
reção não fo i sati sfatór ia . Mesmo que efetuada a emenda após o p razo conced ido, 
a inda ass im não se j u st if ica o i ndefe r iment025• Sem p re que o defeito fo r sanável 
deve o magist rado dete rm i nar a emenda; não l h e é permi t ido i ndeferi r a i n ic ia l sem 
que conceda ao auto r a poss i b i l idade de correção . 
Não é sanável , p . ex . , a falta de i nteresse de agi r. É sanáve l , po r exem p lo, a 
ausênc ia de juntada da t rad ução de um documento em l íngua estrange i ra, mesmo 
que o art. 1 92 do CPC a exija exp ressam ente'6 • 
É possíve l , a i nda, a emenda da i n i cia l mesmo após a contestação, desde que 
não enseje mod ifi cação do pedido ou da causa de ped i r sem o consent i mento do 
réu, quando então não se ria emenda, mas a l teração ou ad i tamento da peti ção i n i ­
c ia l ; se não fo r emendadaa pet ição, i m põe-se a ext i n ção do p rocesso s em reso lução 
do mérito (STL 4• T., AgRg no REsp n. 7 5 2 . 335/MG, Re i . M i n . João Otávio de N o ro n ha, 
j . em 02 .03 . 20 1 0, pub l i cado no D]e de 1 5 .03 . 20 1 0; STL 2• T., REsp n . 1 . 291 . 2 25/MG, 
Re i . M i n . Mau ro Cam pbe l l , j . em 07 .02 . 20 1 2, p ub l i cado no D]e de 1 4 .02 . 20 1 2; ST] , 4• 
T., AgRg no AREsp n . 2 5 5 .008/DF, Re i . M i n . Anton i o Car los Fe r re i ra, j . em 1 9.02 . 20 1 3 , 
p ub l i cado no D]e de 04.03 . 20 1 3; ST] , 3• T., REsp n . 1 . 305 .878/SP, Re i . M i n . Nancy An­
d ri gh i , j . em os . 1 1 . 2o 1 3 , p u b l i cado no D]e de 1 1 . 1 1 . 201 3 . Trata-se de ap l i cação das 
regras do ap roveitamento dos atos p rocessuai s e da i n stru menta l idade das fo rmas 
(arts . 276-283 do CPC) . 
2 5 . STJ. 6 • T., R e sp 38.8 1 2-o- BA, rei. M i n . Pedro Acio l i , D )U 1 0. 1 0.94, p . 27.1 9 1 . 
26. STJ. 3' T., REsp n. 1 .23 1 . 1 52 Re i . M i n. Nancy And righ i , notíc ia veicu lada em 26 de setembro de 20 1 3 : http://www. 
stj .j us. br I portal_stj/ p u bl icacao/ engi ne. wsp ?tm p.area= 398tttm p. texto= 1 1 1 44 7ttutm_sou rce=agenc iattutm_me­
d i u m=emai lttutm_campaign=pushsco, acesso às o8 horas do dia 28 de setembro de 201 3. 
557 
FR E O I E D I D I E R J R . 
Na verdade, a s regras deco rrentes do art. 3 2 1 consagram o p ri n cíp io da co­
ope ração (art . 6°, CPC) . O Código garante um direito à emenda27: não se perm ite 
ao j u iz i n defe ri r a peti ção i n ic ia l sem q ue, antes, dete rm i n e a co rreção do defeito, 
com especif i cação c la ra do que p rec isa ser co rrigido ou com p letado . O p ri n cíp io da 
cooperação se reve la em do is momen tos : dever de prevenção do juiz, que deve dar 
oportunidade de correção de defeito processual, e dever de esclarecimen to, pois 
cabe ao juiz dizer precisamente qual foi o defeito que vislumbrou. 
"Ofende o art. 284 do CPC o acó rdão que dec lara ext into o p rocesso, 
por defic i ênc ia da petição i n ic ia l , sem dar ao autor opo rt un i dade para 
su p r i r a fa l h a" . (STJ , 1 •. T., Resp 1 1 4 .092 -SP, re i . M i n . H u m berto Gomes 
de Barros, DJ U 04.05. 1 998). Nesse sent ido, tam bém : STJ , ,. T., REsp n . 
8 1 2 .323/MG, Re i . M i n . Lu iz Fux, j . em 1 6 .09. 2008, p u b l i cado n o D j e d e 
02 . 1 0 . 2008 . As referênc ias são a o art. 284 do CPC- 1 973, q u e correspon ­
de ao art. 32 1 do CPC atua l . 
S. INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL 
5. 1 . Considerações gerais 
O i ndefer i mento da pet ição i n ic ia l é dec isão j ud ic ia l q u e obsta l im i n armente o 
p rossegu imento da causa, po is não se ad m ite o p rocessamento da demanda. 
O i n defer i mento da petição i n ic ia l somente ocorre no i n íc io do p rocesso : só 
há i n deferi mento l im i na r antes da o uvida do réu .28 Após a c i tação, o j u i z não ma is 
poderá i n defe ri r a peti ção i n i c ia l , de resto já ad m it ida, devendo, se v ie r a aco l he r 
a lguma a legação do réu , ext i ngu i r o feito por out ro motivo .29 A i n épc ia, po r exemp lo, 
pode ser recon hec ida a q ua lq ue r tem po, mesmo após a contestação, mas, nesse 
caso, não i m p l i cará i n defer i mento da petição, e, s im, ext i n ção do p rocesso sem 
aná l i se do mé rito (art. 485, IV, CPC) . 30 
Essa é a caracte ríst ica q u e d i st i ngue o i ndefer i mento da petição i n i c ia l das 
out ras fo rmas de exti n ção do p rocesso. É o i n deferi mento uma h i pótese espec ia l 
de ext i n ção do p rocesso por fa l ta de um " p ressu posto p rocessua l" . A peti ção i n i ­
c ia l vá l i da é u m req u i s i to p rocessua l de val idade, q ue, se não p reench ido , i m p l i ca 
27 . N E RY j r. , Ne l son e NERY, Rosa Maria. Códi30 de Processo Civil Comentado. p. 64 1 . 
28. Não é por outra razão q u e Barbosa More i ra se refe re ao i ndefe r imento d a i n ic ia l como sendo caso d e despacho 
l im i na r negativo (em bora, o bv iamente, estejamos diante de uma dec isão) . (MORE IRA, José Car los Barbosa . O 
novo processo civil brasileiro, p. 23 - ) 
29. N E RY J r. , Ne l son e NERY, Rosa Mar ia. Códi3o de Processo Civil comentado e le3islação processual civil em vi3or, 
p. 647. Tam bém neste sent ido, F I GUE I RA j r. , joe l Dias. Comentários ao Códi3o de Processo Civil. São Pau lo : RT, 
200 1 , v. IV, t . 11, p . 1 62 - 1 63 . 
30 . Admi t i ndo a poss ib i l i dade de reconhec imento da i népc ia após a contestação : STF, RT 636/1 88; STJ , 3 ' , T., Resp 
39 .927 -o-ES, re i . M i n . Eduardo R ibe i ro, DJU 17 . 1 0 . 1 994, p. 27 .892 . 
558 
FORMA Ç Ã O DO P R O C E S S O E P E T I Ç Ã O I N I C I A L 
exti n ção do p rocesso sem exame do mé rito . Se o defeito se reve lar macroscop i ca­
mente, é caso de i ndefe ri mento; se o magistrado tiver ouv ido o réu para aco l h e r a 
a legação de i nva l i dade, não é ma is o caso de i n defe r imento, mas s im de exti n ção 
com base no art . 485, IV, CPC . A d i st i n ção é i m po rtante, po is o regramento do art. 
3 3 1 do CPC somente se ap l i ca à dec isão que i n defi ra a pet i ção i n i c ia l , bem como, 
sendo l im i na r a sentença, não se condenará o autor ao pagamento de hono rár ios 
advocatíc ios em favor do réu a inda não c i tado . 
Não se ad m ite, contudo, o i ndefe r imento i nd i sc ri m i nado . A peti ção i n ic ia l so ­
men te deve ser i n defe r ida se não houver poss i b i l i dade de co rreção do víc io ou , se 
houver, t ive r s ido conferi da opo rt u n idade para que o autor a emende e este não 
ten ha atend ido sati sfatoriamente à dete rm i nação3' . 
O i n deferimento da pet i ção i n ic ia l é u m dos casos de i nval idade, má-fo rma­
ção, i n épc ia, defeito da pet i ção i n i c ia l ; por isso, essa dec i são j ud ic ia l n ão reso lve 
o mé rito da causa, l imitando-se a recon h ecer a i m poss i b i l i dade de sua ap reciação 
(art. 485, I, CPC) . 
"A petição inic ia l , a to processua l típico, pode, consequentemente, ser 
defeituosa. E se o defeito q ue apresenta é relevante, isto é, capaz 
de obstar o fim específ ico a q ue o ato se propõe ou de d i ficu ltar o u 
imped i r o a lcance dos fi n s de j ustiça a q ue o p rópr io p rocesso, c omo 
fenômeno g loba l , s e l ança, deve o defeito da petição inicial acarretar 
o seu i ndeferi mento, vale dizer, a sanção de inval idade do ato, c ha­
mada de i ndeferi mento, por seu caráter o bstativo"Y 
O i ndefe rimento da pet i ção i n ic ia l pode oco rre r tanto em j uízo s i ngu la r (o ma is 
cor ri q ue i ro) como em t ri b u na l . Na segunda h i pótese, o i n defe rimento tanto pode 
se r decisão do re lato r (o que n o rma lmente acon tece em causas de com petê n cia 
o rigi nár ia de t ri b u na l) como pode ser u m acó rdão . 
O i ndefe rimento pode ser total o u parc ia l . Se rá parc ia l q uando o j u i z apenas 
reje itar parte da demanda (p . ex. : havendo c u m u lação de ped idos, o j u iz ve rif ica a 
i n é pc ia de u m de les) . I sso é m u ito freq uente nas h i póteses em q ue o objeto l i t ig ioso 
do p rocesso é decom pon íve l (sob re o tema ver capítu l o sob re a teor ia da cogn i ção) . 
H i pótese tam bém freq uente de indeferi mento parcial da petição i nicial 
se dá q uando, h avendo c umu lação de ped idos, o j uízo é incom pe­
tente para con hecer e j u l gar um deles . Nesse caso, o j u iz i ndeferirá a 
c umu lação, mas j u l gará o pedido de sua com petência (art. 45, §§1 o e 
3 1 . Correia de A lme ida Wam b ie r e Talam in i defendem m u ito bem a tese de q u e o i ndeferi mento da petição i n ic ia l 
deve ser algoexcepc ional , somente existi ndo q uando a tute la j u ri sd ic iona l realmente f icar i nv iab i l izada (Curso 
Avançado de Processo Civil, v. I , p . 300). 
32. PASSOS, J osé Joaq u i m Cal mon de. Comentários ao Código de Processo Civil, p. 2 1 3 . Em out ro trabal ho, po rém, 
Calmon de Passos d ist ingue n u l idade e i nadmiss ib i l idade (Esboço de uma teoria das nulidades aplicada às 
nulidades processuais. Rio de jane i ro : Forense, 2002, p. 1 58) . 
559 
FR E D I E DID I E R J R . 
2°, CPC)Y Nesse sentido, o en un ciado 1 70 d a s úmu la d a j u risprudência 
p redominante do STJ , comentado no estudo da cumu l ação de pedidos . 
Cabe indeferimento parcia l , como bem aponta Barbosa Moreira, 
q uando a c u m u lação de pedidos foi em si mesma inviável, q uando 
aos dois o u mais pedidos corresponder o utros tantos p rocedimentos 
diversos, mas o autor o u não os reduz ao p rocedimento com u m ou 
essa red ução é im possíve l . 34 Deve o j uiz determinar ao autor q ue 
corrija a inicia l : adotando o p rocedimento correto, se for possível , o u 
optando por u m do s pedidos c umu lados . 
Não se pode d izer q ue toda dec isão q ue i ndefere a peti ção i n ic ia l é uma sen ­
tença e , po rtanto, s u bmet ida ao recu rso de ape lação35, 
Se o i ndeferi mento fo r parc ia l , n ão have rá exti n ção do p rocesso, n ão se po­
dendo fa la r, po i s, de sentença; se ocorreu em j uízo s i ngu la r, será uma decisão i n ­
ter locutó ria; se oco rreu em tri b u na l , será uma deci são u n i pessoal , s e p rofe ri da por 
re lator, o u u m acórdão, se deci são co legiada. 
O i n defe ri mento total da peti ção i n i c ia l poderá ocorrer em t ri b u na l (p. ex. : 
i ndeferi mento da i n ic ia l de uma ação resc isória); ass im , ou será uma dec isão de 
re lator ou um acórdão, jamais uma sentença. 
Em resumo : o i n defer i mento pode ser uma dec isão i nte r locutó ria, uma deci são 
de re lator, um acórdão e, tam bém, uma senten ça, só se configu rando como tal se 
se t ratar de i n defe ri mento total da peti ção i n ic ia l feito por j uízo s i ngu la r. 
Com base n isso, pode-se estabe lecer o s i stema recu rsal da dec i são q ue i n de­
fere a peti ção i n i c ia l : 
a) se se t ratar de u m i ndeferi mento parc ia l feito po r j u ízo s i ngu la r (dec isão 
i n ter locutória), o rec u rso cabível é o agravo de i n st rumento (art. 354, par. ú n . , CPC); 
b) se se t ratar de i ndeferi mento total feito por j uízo s i ngu la r, será ape lação;36 
c) cont ra i ndefe ri mento total ou parc ia l feito por dec i são do re lato r, caberá 
agravo i n te rno ; 
d) cont ra i n defe ri mento total o u parc ia l feito por acó rdão, cabe rão, confo rme 
o caso, rec u rso o rd i n ár io const ituc iona l , recu rso espec ia l ou recu rso ext rao rd i n ár io . 
O art . 331 do CPC afi rma q ue, havendo ape lação cont ra a senten ça q ue i n de­
fere a peti ção i n ic ia l , poderá o j u iz, no p razo de c i n co d ias, rever a sua deci são e 
33. MORE I RA, J osé Carlos Barbosa. O novo processo civil brasileiro, p. 25 . 
34· MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo processo civil brasileiro, p. 25. 
35 . FABRÍC IO, Adroaldo Fu rtado . "Ext inção 'i m p róp ria' do p rocesso e recu rso cabíve l " . Ensaios de direito processu­
al. Rio de janeiro: Forense, 2003, p . 238 . 
36 . E m caso de execução fiscal, nas h i póteses do art . 34 da Lei n . 6 .830/1 980, contra a sentença q u e i ndefere a 
peti ção i n ic ia l caberão os embargos i nfri ngentes de alçada, típicos destes p rocessos fiscais. 
560 
F O RMA Ç Ã O DO P R O C E S S O E P E T I Ç Ã O I N I C I A L 
modif i cá- la, em j uízo de ret ratação . Se não houver retratação, o j u iz determinará 
a c i tação do réu para res ponder o recu rso (art. 3 3 1 , § 1 °, CPC) 3 7 • Se a ape lação fo r 
p rovida, o p razo para contestação começará a correr da intimação do reto rno dos 
autos (art. 3 3 1 , § 2o) . Não inte rposta a ape lação, o réu será intimado do t râns ito em 
j u lgado da sentença (art . 3 3 1 , §3o) . 
Trata-se de regra espec ia l , po i s confere ao magistrado a poss i b i l i dade de mu­
dar a sua dec isão após ter ence rrado o seu ofíc io j u ri sd i c ional com a p ro lação da 
sentença (excepc iona-se, ass im, o ar t . 494 do CPC) . 
Perceba q ue essa poss i b i l i dade de ret ratação só é perm it ida à ape­
lação e se h ouver apelação, não podendo ser ap l i cada ex officio.38 O 
j u i z somente pode alterar a s ua decisão ex officio se constatar erro de 
cálcu lo ou e rro m ater ial (art. 494, I , CPC). 
O agravo i nterno e o agravo de i nstru mento (cabíveis em certas h i ­
póteses de i ndeferi mento) perm item, tam bém, o j u ízo de retratação . 
Do mesmo modo, é de observar-se q ue esse artigo somente i n c ide 
q uando houver verdadei ro i ndefer imento da petição inic ia l , q ue, con ­
fo rme visto, deve ser l im i nar; nos demais casos, afi rmam Ne lson Nery 
)r. e Rosa Nery, "é vedado ao j u iz p roferi r j u ízo de retratação, somente 
podendo alterar a sentença para corri g i r erros mater ia is o u por meio 
de embargos de dec laração" . 39 
O j u iz não tem competênc ia para p roceder ao j uízo de admiss i b i l idade da 
ape lação - função exc l u s iva do t ri b unal . Mas o j u iz não pode ret ratar-se, caso a 
ape lação seja intempestiva - estaria, neste caso, revendo uma dec isão t rans itada 
em j u lgado40 • 
D iante de ape lação intempest iva, o j u i z deve l imitar-se a não ret ratar-se (a 
intempestivi dade da ape lação pode ser o único fundamento da dec isão de não 
retratação) e remete r a ape lação ao t ri b unal , a q u em compete dec id i r pe lo não 
conhecimento do recu rso, se for o caso . O j u iz não tem competência para inadmit i r 
a ape lação, f r ise-se . 
A despeito da retratação, poderá o réu a legar em sua defesa o motivo q u e 
l evara o j u i z à p rimei ra dec i são obstativa, não se podendo fa lar, aí, de p rec l usão. 
37 - O CPC atual aco l heu a crít ica de Calmon de Passos ao CPC- 1 973 , que d ispensava a citação nesse caso (PASSOS, 
j osé Joaq u i m Cal mon de . Comentários ao Códi30 de Processo Civil, cit . , p . 239- 242). 
38. SOUZA, Bernardo P i mente l . In trodução aos recursos cíveis. 2• ed. Belo Ho rizonte: Mazza Edições, 200 1 , p . 2 3 3 . 
39 . Códi30 de Processo Civil Comentado, p . 650. 
40. Nesse sent ido, e n u nciado n . 294 do Fórum Permanente de P rocessual istas Civ is : "Se considerar i n tempestiva 
a apelação contra sentença q u e i ndefere a petição i n ic ia l ou j u lga l im i narmente i m p rocedente o ped ido, não 
pode o j u ízo a quo retratar-se" . 
561 
F R E D I E D I D I E R J R . 
5.2. H ipóteses de indeferimento 
5.2. 1. Inépcia 
A i n é pc ia (ou i napt idão) da pet i ção i n ic ia l gi ra em torno de defeitos vi n cu lados 
à causa de ped i r e ao ped ido; são defe itos que não apenas d i f i cu ltam, mas i m pe­
dem o j u lgamento do mé rito da causa.4 ' 
Confo rme visto, a peti ção i n ic ia l é o veícu l o da demanda, que se com põe do 
ped ido, da causa de ped i r (e l ementos objet ivos) e dos s uje i tos (e l emento s u bje­
t ivo) . A i n é pc ia d iz respeito a víc ios na ident i f icação/fo rm u lação dos e l ementos 
o bj et ivos da demanda . 
Cost uma-se alc u n har de i n e pta toda peti ção i n ic ia l que é i ndefer ida, como se 
a i n é pc ia fosse a ú n i ca h i pótese de i n deferi mento . Está e rrado . Há i n defe rimento 
q u e não oco rre em razão da i n épc ia, como nos casos do i n deferi mento em razão 
da falta de i nteresse de agi r. A i n é pc ia l eva ao i ndefer i men to da petição i n i c ia l , mas 
n em todo i ndefer imento a tem por fu ndamento . 
O § 1 o do art . 330 do CPC t raz a lgu mas h i póteses de i n é pc ia . 
I) Ausência de pedido ou de causa de pedir. 
Sem ped ido ou causa de ped i r, se rá i m possíve l ao ó rgão j u ri sd i c iona l saber os 
l im ites da demanda e, po r conseq uência, os l im ites da sua atuação. A afi rmação i n ­
com p leta da causa de ped i r eq u ivale à ausênc ia - po r exem p lo , n ão h á a afi rmação 
da causa de ped i r remota ativa. 
Pedido ou causa de pedir obscuro. A fo rmu lação obscu ra ( i n i ntel i ­
gível) da causa de ped i r ou do ped ido tam bém i m p l i ca i népc ia e se 
s u bsome à h i pótese do i n c i so I do § 1 o do art. 330 do CPCY A c lareza 
na expos ição é u m a exigênc ia da boa-fé, da cooperação e do contra­
d itór io (é m u ito d ifíc i l o bjetar o q ue não se com p reende) . 
11) Pedido indeterminado. 
O ped ido tem de ser dete rm i nado (art. 324, CPC), salvo em a lgu mas s i tuações 
excepci o na is ( i n cisos I a 1 1 1 do art . 324) . Se for i n determ i nado fo ra dessas h i póteses, 
o caso é de i n épc ia . Sob re a dete rm i nação do ped ido , ver i tem mais à f re nte. 
4 1 . PASSOS, ] osé Joaq u im Cal mon de . Comentários ao Códi!JO de Processo Civil. 8• ed . R io de jane i ro : Forense, 1 998, 
V. 3, p . 2 1 3 . 
42 . PASSOS, ] osé Joaq u im Ca lmon de . Comentários ao Códi!Jo de Processo Civil. 8• ed . R io de Jane i ro : Forense, 1 998, 
v. 3, p. 2 1 4; TUCC I , José Rogério Cruz e. A causa petendi no processo civil. 2• ed . São Pau l o : RT, 200 1 , p. 1 60 . 
Conferi r, a propósito, o ar t . 1 93, 2, "a" , do Cód igo de Processo Civi l de Portuga l : 2 . Diz-se i n epta a petição: a) 
Quando falte ou seja i n i nte l igíve l a i nd i cação do ped ido ou da causa de ped i r. 
562 
FORMA Ç Ã O 00 P R O C E S S O E P ET I Ç Ã O I N I C I A L 
11/) Quando da narração dos fa tos não decorrer lo3icamente o pedido. 
A pet i ção tem de ser coeren te. Se o ped ido não resu lta log icamente da causa 
de ped i r, h á cont rad i ção, h i pótese de i n épc ia . Um bom exe m p lo : o auto r pede a 
i nva l idação do n egóc io em razão do i n ad imp l emento; i n ad i m p lemento não é causa 
de i nva l idade, mas de reso l u ção. 
IV) A cumulação de pedidos incompatíveis en tre si. 
Tam bém é h i pótese de i n épc ia - t rata-se de uma " petição su i c ida", po is u m 
ped ido an i q u i l a o out ro . A com pati b i l i dade dos ped idos é req u i s ito para q u e s e os 
possa c umu lar (v. i tem abaixo sob re os req u i s itos da cu m u lação de ped idos) . 
Deparando-se com uma peti ção i n ic ia l n essa s i tuação, deve o ó rgão j u lgado r 
dete rm ina r q ue o auto r a cor rija, esco l h endo u m dos ped idos o u trocando u m de l e s 
por out ro, desta feita com patíve l . Não pode j u i z i ndefe r i r a peti ção i n ic ia l sem dar 
e n sejo à cor reção pe lo autor.43 
O §2o do a rt . 330 CPC t raz out ro caso de i n é pc ia : "§ 2° Nas ações q u e tenham 
po r objeto a revisão de obrigação deco rrente d e emp rést imo, de fi nanciamento o u 
de a l i enação de bens , o autor terá d e , s o b p e na de i n épc ia, d i sc ri m i na r na peti ção 
i n ic ia l , den t re as ob rigações contratua is , aq ue las q ue p retende cont rove rter, a lém 
de q uant i f icar o valo r i n con t rove rso do déb i to" . 
Ass im , p ro posta demanda que ten h a po r obj eto a d i scussão de dív ida o ri u nda 
de emp rést i mo, fi nanc iamento ou a l i enação de bens, cabe ao autor ident i f i car, p re­
c i samente, q ua l o valo r q ue p retende controve rte r e q ual é a parce la i n con t rove rsa. 
Ou seja: não basta o ped ido de revisão de dív ida, é p rec iso espec if icar o q u e se 
d i scute . Não d i sc rim i n ado este valo r, cabe ao j u i z dete rm i n ar a i nt i mação do autor 
para q ue emende a peti ção i n ic ia l ; n ão retif icado o defeito, a petição h á de ser i n ­
defer ida, p o r i n é pcia. 
O §3o do art . 330 t raz regra de d i reito mate r ia l : cabe ao auto r-devedo r cont i n ua r 
pagando o valo r i n con t roverso - o q ual , a l iás, n em é objeto do p rocesso. Não há 
regra q u e d isc i p l i n e como i s s o será feito: depós ito j ud ic ia l , podendo o réu - c redor le ­
vantar o valo r; bo leto em it ido pe lo réu -c redor, com o val o r i n co nt roverso; cons igna­
ção em pagamento etc. De todo m odo, isso não i m pede q u e a regra p roduza os efe i ­
tos mater ia is que l h e são p róp rios : i nad im p l i da a parce la i n cont rove rsa, há mo ra . 
A pe rgu nta cuja resposta não se encont ra no texto no rmativo é a segu i nte : 
n ão adi m p l i da a parce la con troversa, h á mo ra? Se n ão h ouve r dec isão j u d ic ia l p ro ­
v isór ia em sent ido cont rár io (t ute la antec i pada), h á mo ra. A s im p les propos it u ra da 
demanda para a d i scussão de um n egócio j u ríd ico não tem o efe ito de suspende r 
a ef icácia desse negóc io . 
43. Corretamente, F I GU E I RA ] R. , ] o e l D ias . Comentários a o Códi30 d e Processo Civil. São Paulo : RT, 200 1 , v. 4 , t .2 , p . 1 85 . 
563 
FR E D I E D I D I E R J R . 
De todo m odo, n ão h á q ua l que r razão para q u e a regra n ão se ap l i q u e a out ros 
cont ratos : sem p re que o devedo r vi e r a j uízo cont rove rte r parce la de um negócio 
j u ríd i co, tem de, na i n i c ia l , d i sc rim i na r o q ue é e o que não é objeto da d i scussão 
j ud ic ia l 44 , sob pena de i n épc ia . 
A Lei n . 1 0 .931 /2004 possu i h i pótese de i n épc ia semel hante: "Art. so . 
Nas ações j u d ic ia is q ue ten ham por objeto o brigação deco rrente de 
emprést imo, f i nanciamento o u a l ienação imob i l iár ios, o autor deverá 
d i sc ri m i nar na peti ção i n ic ia l , dentre as ob rigações contratuais, aq ue­
las q ue p retende controverter, q uant if i cando o valo r i n controverso, 
sob pena de i n épc ia" . 
Não basta q ue o demandante, nestes casos, form u le o ped ido de re­
visão da dív ida, de forma gené ri ca: terá o ô n u s de d izer, já na pet ição 
i n ic ia l , qua l é o valo r q ue reputa co rreto e q ue deseja pagar. 
5.2.2.1/egitimidade da parte 
A i l egit i m idade da parte l eva ao i n deferi mento da peti ção i n ic ia l (art . 330, 1 1 , 
do CPC) . 
Sob re a l egi t im i dade ad causam, ver o capít u l o sob re os pressu postos p roces­
suais n este vo l u me do Curso - l á se verá q ue, para este Curso, apenas a i l egit i m ida­
de extrao rd i n ár ia leva ao i ndefer i m ento da peti ção i n ic ia l ; a i l egit i m idade o rd i nár ia 
é caso de i m p rocedência do ped ido . 
5.2.3. Falta de interesse processual 
A falta de i nteresse p rocessua l l eva ao i n defe ri m ento da petição i n ic ia l (art. 
330, 1 1 1 , do CPC) . 
Sob re o i n te resse p rocessua l , ver o capít u l o sob re os p ressu postos p rocessu ­
a i s , n este vo l u m e do Curso. 
5.2.4. Não atendimento ao disposto nos arts. 106 e 32 1 
Afi rma-se, por f i m , q ue a peti ção i n ic ia l se rá i ndefer ida q uando não cum pr idas 
as p rescr ições dos arts . 1 06, § 1 o, e 32 1 , am bos do CPC (art. 330, V, CPC) . 
O art . 1 06, I , CPC, determ i n a que se i n d i q ue, na peti ção i n ic ia l , o ende reço em 
que o advogado receberá as i nt i mações, o núme ro de i n scr i ção do advogado na 
4 4 - Nesse sent ido. BU ENO. Cassio Scarp ine l la . "Reflexões a part i r do novo art. 2 8 5 - B do CPC". Revista d e Processo. 
564 
São Pau lo : RT. 20 1 3, n. 223 , p. 83 . Ass im. também. o enu nc iado n. 290 do Fórum Permanente de Processua l istas 
Civis: "A enume ração das espéc ies decontrato p revistas no §2• do art. 330 é exem pl i fi cativa" . 
F O RMA Ç Ã O DO P R O C E S SO E P E T I Ç Ã O I N I C I A L 
O rdem dos Advogados do B ras i l e a soc i edade de advogados da q ua l part i c i pa; se 
não fo r s u p rida a om i ssão n o p razo de c i n co d i as, a pet i ção será i n defe r ida (art. 
1 06, § 1 °, CPC) . 
O art . 32 1 é regra gera l q ue auto r iza o j u iz a determ i nar a emenda da petição 
i n ic ia l , para a co rreção de víc ios sanáveis, n o p razo de q u i nze d ias, tam bém sob 
pena de i n defer i mento . 
6. PED IDO 
6.1 . Conceito e d ivisão 
O ped ido é o n úc leo da pet i ção i n i c ia l; a p rovidên c ia q u e se pede ao Poder 
j ud i c iár io ; a p reten são mater ia l deduz ida em j u ízo (e q ue, po rtanto, v i ra a p reten são 
p rocessual) ; 4s a conseq uência j u ríd ica (eficácia) q u e se p retende ve r rea l i zada pe la 
ativi dade j u ri sd i c i ona l . É , como d ito, o efe ito j u ríd i co do fato j u ríd ico posto como 
causa de ped i r. 
"O petitum é o q u e se pede, não o fundamento o u a razão de pedir, 
a causa petendi. É o obj eto i m ed iato e med iato da demanda. Aí está 
o motivo da d i scórdia, q u e o j u iz vai desfazer, dec larando quem está 
com a verdade" .46 
Com o u m dos e l ementos obj et ivos da demanda (j u nto com a causa de ped i r), 
o ped ido tem i m portânc ia fundamenta l na atividade p rocessua l . 
Em p ri me i ro l ugar, o ped ido b i to la a p restação j u ri sd i c i onal , que não poderá 
se r extra, u ltra ou infra/citra petita, confo rme p rescreve a regra da congruênc ia 
(arts . 14 1 e 492 do CPC) . Se rve o ped ido tam bém como e l emento de i den tif i cação 
da demanda, para fi m de ver if i cação da ocorrênc ia de conexão, l i t i s pendênc ia ou 
co isa j u lgada. O ped ido é, f i na lmente, o p r i nc i pa l parâmetro para a fixação do valo r 
da causa (art . 2 9 2 d o CPC)Y 
É possíve l d i st i n gu i r, n o ped ido , um objeto imedia to e um obj eto media to . 48 
Pedido imedia to é a p rovidênc ia j u ri sd i c iona l q u e se p retende : a condenação, a 
exped i ção de o rdem, a const i tu i ção de nova s i tuação j u ríd i ca, a tomada de p rovi ­
dên cias executivas, a dec laração etc. O pedido media to é o bem da v ida, o resu ltado 
p ráti co q u e o demandante espera con segu i r com a tomada daque la p rovidên c ia . 
Essa d i st i n ção tem algu m re levo. 
45 . ASSIS, Araken de . Cumulação de ações, p . 1 5 3 - 1 54. 
46. MI RAN DA, Franc isco Cavalcant i Pontes de. Comentários ao Códi30 de Processo Civil, t. 4, p . 34. 
47 . MORE IRA, José Carlos Barbosa, O novo processo civil brasileiro, p . 1 0- 1 1 . 
48. MORE I RA, ] osé Carlos Barbosa. O novo processo civil brasileiro, p . 1 0 . 
565 
F R E D I E DI D I E R J R . 
O ped ido imed iato será sem p re dete rm i n ado; já o m ed iato pode s e r re lativa­
men te i n dete rm i nado (ped ido gené ri co - a rt . 324 e i n c isos do CPC) . 
Em re lação ao pedido med iato, ap l i ca-se a regra da congruên cia, q u e, de resto, 
deco rre da garant ia const i tuc iona l do contraditór io ; o magistrado não pode alte rar o 
bem da v ida p retend ido pe lo demandante . Essa é a regra. 
A q uestão, entretanto, não é tão s imp les. À luz do art . 461 do CPC-
1 973 , correspondente ao art. 536 do CPC atua l , há q uem defenda 
q ue "o j u i z está auto rizado, desde q ue res peitados os l i m ites da 
ob ri gação or ig inár ia, a i m por o fazer o u o não fazer ma is adeq uado à 
s i tuação concreta q ue l he é apresentada para j u lgamento" .49 Sobre o 
tema, conferi r o v. 5 deste Curso50• 
6.2. Requisitos 
O ped ido há de ser certo (art. 3 22 , CPC), determinado (art. 3 24, CPC), claro (art. 
3 30, § 1 o, 1 1 , CPC) e coerente (art. 3 30, § 1 o, IV, CPC). 
Ped ido certo é ped ido exp resso .�' 
Com o será exam i nado ad iante, não se ad m ite, com o regra, o ped ido i m p líc ito. 
" Não se ad m ite, a teo r da me l ho r técn i ca, pedido obscu ro, dúbio e vago, su bst ituí­
do, parc ia l ou i n tegral m ente, at ravés de expressões e l ípt i cas, por exem p lo , conde­
na r o réu ' n o que coube r' ou , ai nda, ' n o q ue rep utar j u sto' , e out ras, i nfe l i zmente 
com u ns"Y Tanto o pedido mediato q uanto o pedido imedia to devem ser certos . 
Ped ido determinado é aq ue le de l im itado em re lação à q ua l idade e à q uant ida­
de . Ped ido dete rm i nado se cont rapõe ao ped ido gené ri co, logo abaixo exam i nado . 
O ped ido tem tam bém de ser claro, in teli3ível. Ped ido q ue ten h a s ido fo rmu ­
l ado de mane i ra pouco c lara i m p l i ca i népc ia da pet ição i n ic ia l , consoante já exam i ­
nado . 
O ped ido há, e nfi m , de se r coeren te, ou seja, deve ser conseq uênc ia j u ríd ica 
p revi sta para a causa de ped i r aduz ida . 5 3 Ped ido que não deco rre da causa de ped i r 
i m p l i ca i n é pc ia da peti ção i n ic ia l , tam bém como já exam i nado . 54 
49. MAR I NON I , Luiz Gu i l he rme . Tutela inibitória. São Pau lo : RT, 1 998, p . 1 20. 
50. MARI NON I , Lu iz Gu i lherme. Tutela inibitória. São Pau lo : RT, 1 998, p . 1 1 9- 1 2 1 ; D I NAMARCO, Cândido Range i . "Os 
gêneros do p rocesso e o objeto da causa". Revista de Direito Processual Civil. Cu rit iba: Gênesis, 1 996, v. 2, p. 327; 
WATANABE, Kazuo. "Tutela anteci pató ria e tutela específica das obr igações de fazer e não fazer (arts. 273 e 461 do 
CPC)" . Reforma do Códiso de Processo Civil. São Pau lo: Saraiva, 1 996, p . 43 . 
5 1 . M I RAN DA, Franc isco Cavalcanti Pontes de. Comentários ao Códiso de Processo Civil, t. 4, p. 35 . 
52 . Araken de Assis, Cumulação de ações, p . 234 . 
5 3 . M I RAN DA, Franc isco Cavalcant i Pontes de . Comen tários ao Códiso de Processo Civil, t . 4, p . 36 . 
54. ASS IS , Araken de . Cumulação de ações, p . 236; SANTOS, Moacyr Amaral . Primeiras linhas de direito processual 
civil, v . 2, p . 1 49. 
566 
F O RMAÇÃO DO P R O C E S S O E P ETI ÇÃO I N I C I A L 
Na falta de u m desses req u i s itos, deve o m agistrado, an tes de i n defer i r a pe ­
t i ção i n ic ia l , determ i nar a sua correção (art. 3 2 1 ) 5 5 • 
Note q u e os req u is i tos do pedido (certeza, dete rm i n ação, c lareza e coerênc ia) 
são os mesmos req u i s itos da sentença (cf. v. 2 deste Curso) . Se o ped ido é u m 
p rojeto de sente n ça, nada mais razoável d o q u e exig i r dessa o s mesmos req u i s itos 
exig idos daq ue le . 
6.3. Cumulação de pedidos 
6.3. 1 . Cumulação própria: simples ou sucessiva 
Há cum u lação própria de ped idos q uando se fo rm u lam vários ped idos, p reten ­
dendo-se o aco l h i mento s i m u ltâneo de todos e les . Em u m mesmo p rocesso, vár ios 
ped idos são ve i cu lados, to rnando com posto o o bjeto desse p rocesso - o q ue, por 
tabe la, i m p l i cará que a dec isão j ud ic ia l ven ha a ser p rofer ida em capítu l os . 
O Código de Processo Civi l exp ressamente auto riza o c úmu lo de ped idos n o 
a rt . 3 2 7 . 
Duas são as espécies de cum u lação própria de pedidos : a ) simples; b) sucessiva. 
Oco rre a c umu lação simples q uando as p reten sões não têm ent re si re lação de 
p recedênc ia lóg ica (ped ido p rej ud ic ia l o u p re l i m i n ar), podendo ser ana l i sadas u m a 
i n dependentem ente da out ra . Não há necess idade de exame p révio de u m d o s ped i ­
dos, q ue são autônomos : podem ser aco l h idos, total ou parc ia l mente, o u rej eitados, 
sem q ue se perq u i ra o resu ltado do j u lgamento do outro . 
O po rt una a transc rição dos en u n ciados 3 7 e 387 da s ú m u la da j u ris­
p rudência do STJ : "São c u m uláveis as indenizações por dano material 
e dano mo ra l o riu ndos do mesmo fato"; "É l íc ita a c u m u lação das 
indenizações de dano estético e dano mo ra l " . 
Dá-se a cu m u lação sucessiva q uando os exames dos ped idos guardam ent re 
s i u m vín cu l o de p recedência l óg ica: o aco l h imento de u m ped ido p ressu põe o aco­
l h ime nto do anter ior. Veja q ue aq u i , d i ferentemente do q u e ocorre na cum u lação 
s u bs id iár ia, o segu ndo ped ido só será ap reciado se o p rime i ro for aco l h ido . 
Essa dependênc ia lóg ica pode oco rrer de duas fo rmas : a ) o p rime i ro ped ido 
é p rej ud ic ia l ao segu ndo : o não aco l h i mento do p rime i ro ped ido i m p l i cará a rej e i ­
ção (e, po rtanto, j u lgamento) do segundo; b) o p rime i ro pedido é p re l im i nar ao 
55- Também assim, e n u nciado n . 292 do Fó rum Permanente de P rocessua l istas C iv i s : "Antes de i ndeferi r a petição 
i n ic ia l , o juiz deve apl icar o d i sposto no art. 3 2 1 " . 
567 
F R E DIE D I D I E R J R . 
segu ndo: o não-aco l h i mento do p r ime i ro i m p l i cará a i m poss i b i l idade de exame do 
segu ndo (q ue não se rá j u lgado, po i s ) . O aco l h i me nto do p rime i ro ped ido , em q ua l ­
q ue r caso , não imp l i ca necessariamente o aco l h imento do segundo ped ido . 
Norma lmente, diz-se q ue a c umu lação s ucessiva é uma c umu l ação 
por p rej udicialidade,56 o q ue é um erro, pois se mist u ram os conceitos 
de q uestão p rej udicial e p reliminar (ver capítu l o sob re a teo ria da 
cognição) . 
São exem p los de c u m u lação s ucessiva por p rej udicia lidade: a) inves­
tigação de paternidade e al imentos; b) dec larató ria de inexistência de 
relação j u rídica e repetição de indébito etc. É exemp lo de c umu lação 
s ucessiva por pedido p rel iminar a fo rm u lada na ação rescisória: j u ízo 
de rescisão (iudicium rescindens) e o j u ízo de rej u l gamento (iudicium 
rescissorium)Y 
6.3.2. Cumulação imprópria: subsidiária ou alternativa 
Cogita-se tam bém a chamada c umu lação imprópria de ped idos . 
Cu i da-se de fo rmu lação de vár ios ped idos ao mesmo tem po, de modo q u e 
apenas u m de les seja atend i do : c hama-se, p o r i sso , de c u m u lação i m p róp ri a o 
fe n ômeno, exatamente po rq ue tem o auto r c i ên c ia de q u e apenas u m dos ped idos 
fo rmu lados poderá se r sat isfe i to : o aco l h i m en to de um i m p l i ca a i m poss i b i l i dade 
do aco l h i m ento do ou t ro . 58 A base n o rmativa para este t i po de postu l ação é o art . 
326 do CPC . 
o adjetivo " imp róp ria" j u st if ica-se porq ue, de fato, não se t rata r igo rosamente 
de u m a cum u lação de ped idos . 
A doutri n a d ivi de a c u m u lação i m p róp ria em eventua l e alte rnat iva, segu i n do 
denom i nação de Ch iove nda. A cu m u lação eventua l está regu lada no caput do a rt . 
3 26 e a alternativa, n o parágrafo ú n ico do mesmo art igo . 
Cu idemos p rime i ro da cu m u lação even tual (de um lado, a form u l ação de mais 
de um ped ido ; de out ro, o p restíg io da eventua l i dade), tam bém chamada de pedi ­
dos s u bs id iár ios , ped idos sucess ivos o u cumulação subsidiária, essa ú lt i ma deno ­
m i n ação ma is correta (po r i s so , se rá a adotada a part i r de ago ra) . 59 
56 . D I NAMARCO, Cândido Range i . Instituições de direito processual civil, v. 2, p. 1 68 . 
57 · "Apenas q uando a resci nd ib i l idade da sentença decorre da sua in j ustiça (v. g . , ar t . 485, no IX ) é q ue o iudicium 
rescindens func iona como prejud ic ial do iudicium rescissorium" (MOREIRA, José Carlos Barbosa. Comentários 
ao Código de Processo Civil, p. 205). 
58 . T JÃD ER, R i cardo . Cumulação eventual de pedidos. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1 998, p . 34-37. 
59 . Segu ndo l i ção de TUCC I , José Rogério Cruz e . " Reflexões sobre a c umu lação subsid iár ia de ped idos". Causa de 
pedir e pedido no processo civil. São Pau lo : RT, 2002. p . 282 . 
568 
FO RMAÇÃO DO P R O C E S S O E P ET I ÇÃO I N I C I A L 
Trata-se de ap l i cação da regra da eventua l idade,60 segundo a q ua l a form u l ação 
das p reten sões e exceções deve ser feita no momento específico da postu l ação .6 ' O 
demandante estabe lece u m a h i e ra rq u i a/p refe rênc ia e ntre os ped idos fo rm u lados : o 
segu ndo só será ana l i sado se o p rime i ro for rej e itado ou não pude r se r exam i nado 
(falta de u m p ressu posto de exame do mérito)6'; o tercei ro só será atend i do se o 
segu ndo e o p ri me i ro não pude re m sê- lo etc . O magistrado está cond i c i onado à 
ordem de ap resentação dos ped idos , não podendo passar ao exame do poster io r se 
não exam i nar e reje itar o anter ior. Nem mesmo se h o uve r recon heci m ento pe lo réu 
da p rocedência do pedido s u bs id iár io . 63 
A cu m u lação de ped idos i n co m patívei s en t re s i é caso de i n épc ia da peti ção 
i n ic ia l (art . 3 30, § 1 °, V, CPC) . 
Caso seja possível e i nteressante form u lá- los, a técn i ca correta é a dos pedi ­
dos s u bs id iár ios . É possíve l q ue o autor esteja em d úvida sob re o aco l h imento do 
ped ido p ri n ci pa l e, po r i s so , form u l e o o utro, para o caso de não vi n ga r o p rime i ro, 
sendo este aspecto frág i l da i n ic ia l um ponto q u e fata lmente não passará sem a c rí­
t ica do réu .64 Percebe-se, pois, que não se aplica à cumulação imprópria o requisito 
da compatibilidade dos pedidos formulados, os quais jamais poderão ser acolhidos 
simultaneamente (art . 327 , § 3o, CPC) . Os demais req u is itos gera is para a cum u lação 
de ped idos (com petênc ia e i dent idade de p roced i mento) ap l i cam-se, no part i cu la r, 
sem q ua lq ue r especia l i dade .6s 
I m po rtante observação de José Rogér io Cruz e Tucc i : "Seja como for, 
a i n co m pati bi l i dade não s ignif ica q ue possam ser c u m u lados, na es­
pécie aq u i exam inada, ped idos abso l utamente autônomos q uanto à 
sua gênese fático-j u ríd ica. Na verdade, deverá haver u m elo de p re­
j ud ic ia lidade entre os ped idos , uma vez q ue o p rovimento j u ri sd i c io ­
na l de p rocedênc ia do p rimário f u lm i na ( i m p licitamente) o interesse 
p rocessua l e, conseq uentemente, exau re a p retensão do autor em 
6o. Barbosa More i ra identif ica a c umu l ação subs id iár ia como exemp lo do d i reito pos itivo nac iona l em que se 
perm ite i m p r im i r caráter cond ic iona l a atos das partes. Lembra o autor que não há norma genérica que regu le 
a inserção de cond ição em ato p rocessual , sendo o art. 326 exemp lo que pode serv i r como fundamento para 
aqueles que entendam ser possíve l ato p rocessual sob cond ição (MORE IRA, José Car los Barbosa."Recu rso espe­
cial . Exam e de q uestão de i n const i tuc iona l idade de le i pe lo Su per ior Tribu na l de J u stiça. Recurso extrao rd i nár io 
i nte rposto sob cond ição". Direito Aplicado 11. Rio de jane i ro : Forense, 2000, p . 264·266). Sobre os atos p roces­
suais sob cond ição ou termo, D I D I E R Jr . , Fredie; N OGUEI RA, Ped ro H e n ri que Ped rosa. Teoria dos fatos jurídicos 
processuais. 2• ed . Salvador : Ed i tora J us Podivm, 201 2, p. 1 47 - 1 60 . 
6 1 . Sobre a relação entre a prec lusão e a c umu lação subsid iária, a m p lamente, TUCC I , J osé Rogér io Cruz e . " Refle­
xões sobre a cumu l ação subsid iár ia de ped idos", c it . , p . 283-284. 
62 . Ass im , também, enu nciado n . 287 do Fórum Permanente de Processual istas Civi s : "O pedido subsid iár io so­
mente pode ser ap reciado se o ju iz não puder exam inar ou expressamente rejeitar o pr inc i pal". 
63 . TUCC I ,

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