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RESISTÊNCIA DO ORGANISMO AS INFECCÇÕES E INFLAMAÇÃO AGUDA 1 INTRODUÇÃO * RESISTÊNCIA DO ORGANISMO A INFECÇÃO: variável de pessoa a pessoa; * INFECÇÕES: Penetração, desenvolvimento e multiplicação de um agente agressor no organismo. Pode ser provocada por vários microrganismos: bactérias, vírus, parasitos e fungos. * AGENTES INFECTANTES: atingem o organismo e se proliferam para sobrevivência; * VIAS DE PENETRAÇÃO DO MICRORGANISMO: - oral; - aérea; - sanguínea; - sexual; - ocular; - cutânea; 2 BARREIRAS DO HOSPEDEIRO CONTRA A INFECÇÃO E MECANISMOS DE ESCAPE DOS MICRORGANISMOS • Pele, mucosas hígidas e seus produtos de secreção. • Glândulas lacrimais secretam lisozimas as quais degradam os pepitideoglicanos das paredes celulares bacterianas e protege os olhos de infecções. • Suco gástrico ácido é letal par alguns patógenos entéricos. 3 COMO OS MICRORGANISMOS CAUSAM DOENÇA •Os agentes infecciosos estabelecem infecção e lesão tecidual de três formas: •Podem estabelecer contato ou penetrar na célula hospedeira causando diretamente morte celular; •Podem liberar endotoxinas que matam as células à distância, enzimas que degradam componentes teciduais ou lesam vasos sanguíneos e causam necrose isquêmica; •Induzem respostas celulares do hospedeiro que, embora dirigidas contra o invasor, podem provocar lesão tecidual adicional, incluindo supuração, cicatriz ou hipersensibilidade. 4 RESISTÊNCIA DO ORGANISMO A INFECÇÃO •A) Aparelho Respiratório: Os habitantes de cidade inalam aproximadamente 10.000 microrganismos por dia incluindo vírus, bactérias e fungos. A maior parte é aprisionada na rede mucociliar do aparelho respiratório superior. Os que alcançam a traquéia são expelidos pela tosse ou empurrados para trás em direção à boca pela ação ciliar e, depois, deglutidos e eliminados. Alguns fatores podem alterar a ação mucociliar e proporcionar a instalação de infecções (vírus e bactérias que paralisam os cílios; fumo, alergias e traumas). 5 RESISTÊNCIA DO ORGANISMO A INFECÇÃO B) Aparelho Gastrintestinal: -A maioria dos patógenos gastrintestinais são transmitidos por ingestão de alimentos e água contaminados por material fecal. -- Defesas normais contra os patógenos ingeridos incluem: (1) suco gástrico, (2) camada de sucos viscosos que recobre o trato gastrintestinal, (3) enzimas pancreáticas líticas e detergentes biliares, e (4) anticorpos IgA secretores. - As defesas podem ser enfraquecidas pela baixa acidez do suco gástrico, pela paralisação do peristaltismo e por drogas que desequilibram a flora bacteriana intestinal. 6 RESISTÊNCIA DO ORGANISMO A INFECÇÃO C) Pele: -A pele é habitada por inúmeros microrganismos, incluindo alguns oportunistas potenciais. -Esta flora rica mantém-se em equilíbrio metabólico inibindo o crescimento de qualquer espécie residente ou de novo patógeno virulento. -Vários patógenos penetram na pele após traumas, incisões, picadas de insetos ou queimaduras que expõe a derme e possibilita sua penetração. 7 INFLAMAÇÃO A inflamação ou flogose está sempre presente nos locais que sofreram alguma forma de agressão. O processo inflamatório visa compensar essas alterações de forma e de função por intermédio de reações teciduais, principalmente vasculares, que buscam destruir o agente agressor. A inflamação é uma reação de defesa local. Todo esse processo de restituição da normalidade tecidual é concluído pela reparação, fenômeno inseparável da inflamação. A inflamação-reparação caminham juntos, mas, para efeito didático, serão abordados sepadaradamente. 8 CONCEITO • A inflamação constitui um mecanismo de defesa local, exclusivo de tecidos mesenquimais lesados (os tecidos mesenquimais compreendem o tecido conjuntivo, o tecido ósseo e cartilaginoso, os vasos sangüíneos e linfáticos e o tecido muscular). Pode ser definida como sendo uma... "... resposta local do tecido vascularizado agredido, caracterizada por alterações do sistema vascular, dos componentes líquidos e celulares, bem como por adaptações do tecido conjuntivo vizinho" 9 ESTÍMULOS PARA A INFLAMAÇÃO AGUDA • Infecções (bacteriana, viral, fúngica e parasítica) • Necrose tecidual (isquemia, trauma e injúria física e química). •Corpos estranhos (lascas de madeira, sujeira, suturas). •Reações imunes (doenças autoimunes;reações excessivas contra substâncias ou micróbios do meio ambiente) 10 • Transformação morfológica e funcional do tecido, característica dos processos inflamatórios, visa destruir, diluir ou isolar o agente lesivo, sendo, portanto, uma reação de defesa e de reparação do dano tecidual. •O tempo de duração e a intensidade do agente inflamatório determinam diferentes graus de transformação nos tecidos: inflamação aguda ou crônica. 11 MOMENTOS OU FASES DA INFLAMAÇÃO AGUDA Esses momentos ou fases caracterizam a inflamação do tipo aguda, a qual sempre antecede a inflamação do tipo crônica. • Divisão didática: 12 Todos eles acontecem como um processo único e concomitante, o que caracteriza a inflamação como um processo dinâmico. FASES DA INFLAMAÇÃO: 1)Fase irritativa: alterações morfo-funcionais dos tecidos agredidos, mediadores químicos 2)Fase vascular: alterações hemodinâmicas/ permeabilidade vascular 3)Fase exsudativa: exsudato celular e plasmático 4)Fase degenerativa-necrótica: alterações degenerativas reversíveis ou não 5)Fase produtiva-reparativa: hipermetria 13 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA INFLAMAÇÂO AGUDA A manifestação clínica dessas fases se dá por intermédio de cinco sinais, intitulados SINAIS CARDINAIS, que caracterizam a agudização do processo inflamatório. Tumor Calor Rubor Dor Perda da função 14 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O tumor é causado principalmente pela fase exsudativa e produtiva-reparativa, representadas pelo aumento de líquido (edema inflamatório) e de células. O calor é oriundo da fase vascular (hiperemia arterial). O rubor ou vermelhidão também é decorrente desse mesmo fenômeno. A dor é originada de mecanismos mais complexos que incluem compressão das fibras nervosas locais devido ao acúmulo de líquidos e de células, agressão direta às fibras nervosas e ação farmacológicas sobre as terminações nervosas; (irritativa, vascular e exsudativa). A perda de função é decorrente do tumor (principalmente em articulações, impedindo a movimentação) e da própria dor, dificultando as atividades locais. 15 Essa foto mostra a origem grega do termo "flogose", que quer dizer "queimar". Esse verbo indica um sinal cardinal, o calor; aqui ainda distinguimos os outros sinais, ou seja, rubor, tumor (ou aumento de volume), provavelmente dor e perda de função, em que o paciente tem dificuldade de abrir a boca devido ao aumento de volume e à dor. Esse quadro é característico de processos agudos (no caso, é de abscesso agudo em mandíbula) envolvendo praticamente todas as fases da inflamação. 16 FENÔMENOS IRRITATIVOS •Esta fase tem, como característica fundamental, a mediação química, ou seja, fenômeno em que ocorre a produção e/ou liberação de substâncias químicas diante da ação do agente inflamatório. •Essas substâncias atuam principalmentena microcirculação do local inflamado, provocando, dentre outras modificações, o aumento da permeabilidade vascular. 17 Mediadores de ação rápida: Liberados imediatamente a ação do estímulo Atuam sobre a parede vascular Não exercem quiomiotaxia sobre leucócitos Histamina (basófilos, plaquetas e mastócitos) e serotonina (plaquetas, mucosa intestinal e SNC) Mediadores de ação prolongada Liberados mais tardiamente Atuam sobre a parede vascular Quimiotaxia celular Plasminogênio/Plasmina, Bradicinina (dor), Complemento, Prostaglandinas 18 • Transformações ocorridas na microcirculação do local inflamado. • Isso ocorre após alguns minutos do início da ação do agente flogístico, intervalo em que se processa a liberação dos mediadores químicos. 1) Isquemia transitória 2) Hiperemia 3) Edema • Essa tríplice resposta de Lewis é desencadeada por reflexos nervosos locais provocados pelo agente inflamatório. FENÔMENOS VASCULARES 19 TRÍPLICE RESPOSTA DE LEWIS 1) Isquemia transitória: devido à constrição arteriolar oriunda de um reflexo local provocado pelo estímulo agressor; há parada do fluxo sangüíneo e, conseqüentemente, o local fica esbranquiçado. 2) Hiperemia: após a contração e a parada de circulação sangüínea, o fluxo é restabelecido, sendo os capilares totalmente preenchidos por sangue; essa reação na microcirculação leva ao aparecimento do eritema (zona avermelhada); 3) Edema: devido ao aumento da pressão hidrostática e da permeabilidade venular, provocando perda de água e eletrólitos e diminuição da velocidade sanguínea. 20 Mudanças no fluxo e calibre vascular • Vasodilatação: fluxo sanguíneo aumentado (calor e vermelhidão). Mediadores: histamina e óxido nítrico no músculo liso vascular. • A vasodilatação é seguida pela permeabilidade aumentada da microvasculatura com extravasamento de fluido rico em proteínas. • A perda de fluido e o diâmetro aumentado do vaso levam à lentificação do fluxo sanguíneo, concentração de hemácias em pequenos vasos e viscosidade aumentada do sangue, que resultam em dilatação dos pequenos vasos que estão cheios com hemácias se movimentando lentamente (estase) que é vista como uma congestão vascular. 21 • Referem-se à migração, para o foco inflamatório, de líquidos e células, provenham eles de vasos ou dos tecidos vizinhos. • Tipos de exsudação : Exsudação Plasmática: saída de plasma para fora da luz vascular, com quantidades diversas de água, eletrólitos e proteínas Exsudação Celular: passagem de células pela parede vascular em direção ao interstício, ao local do agente inflamatório. FENÔMENOS EXSUDATIVOS 22 Vênula exibindo infiltrado inflamatório (composto de líquidos e células) bem próximo à sua parede. Observe como esta é fina e delicada, sendo formada por somente uma camada de células bem espaçadas. Esse detalhe anatômico confere à vênula maior permeabilidade do que a arteríola. 1. EXSUDAÇÃO PLASMÁTICA 23 Edema inflamatório oriundo de trauma (batida). Veja que, além do aumento de volume oriundo do acúmulo de líquido, notam-se outros sinais cardinais, como rubor (eritema) e perda de função. 24 2. EXSUDAÇÃO CELULAR Momento de exsudação plasmática (L) e celular. Veja que há formação de poros (P) entre as células endoteliais (setas), o que permite a passagem de hemácIas e leucócitos. Observe em destaque (círculo cinza) um neutrófilo passando pela parede e outro próximo ao poro. Esses momentos flagrados nesse corte histológico são decorrentes de mecanismos de marginação leucocitária, diapedese e pavimentação (adesividade dessas células aos endoteliócitos) (HE, 1000X). 25 FENÔMENOS CELULARES • Os fenômenos celulares da inflamação envolvem o acionamento das capacidades celulares de movimentação, de adesão e de englobamento de partículas. • O principal fenômeno é a saída de leucócitos da luz vascular e sua migração para o local agredido. • Esse fenômeno segue algumas fases: 26 FENÔMENOS CELULARES • Na luz: marginação, rolamento e adesão ao endotélio. • Migração através do endotélio e parede do vaso. •Migração nos tecidos em direção aos estímulos quimiotáticos. •***Quiomiotaxia: locomoção originadaq ao longo de um gradiente químico. Agentes quimiotáticos: citocinas (IL-8), Componentes do sistema complemento (C5a) e metabólitos do ácido araquidônico (leucotrieno B4) 27 1) Pavimentação Os leucócitos posicionam-se adjacentes aos endoteliócitos. Assim, é necessário que ocorra a marginação leucocitária, ou seja, os leucócitos saem da porção central do fluxo sangüíneo (local onde são comumente encontrados) e vão para a periferia do fluxo. Leucócitos adjacentes às células endoteliais (setas). Esse fenômeno é denominado de pavimentação, oriundo da marginação leucocitária (HE, 1000X). 28 2) Migração Os leucócitos migram pelas fendas entre os endoteliócitos, graças a movimentos amebóides que realizam (diapedese). *** Quimiotaxia: fenômeno atrativo, que favorece o movimento dos leucócitos para área afetada. Fenômenos celulares. Marginação leucocitária (M), pavimentação (P), migração para o interstício (MI) e as células fora da luz vascular. Esses fenômenos são guiados por propriedades inerentes às células sangüíneas (como adesividade aos endoteliócitos) e por fatores quimiotáticos (HE, 400X). 29 Evolução da Inflamação aguda Resolução completa: estímulo ou injúria neutralizada com restauração completa do local afetado; Cicatrização com substituição por tecido conjuntivo fibroso, através da granulação (proliferação de fibroblastos, formação de colágeno e vasos sanguíneos); Formação de abcessos; Progressão da resposta tissular para inflamação crônica. 30 1) Inflamação aguda È de curta duração ou evolução rápida, podendo durar muitas horas ou poucos dias. A principal caracteristíca é a exsudação de fluídos e proteínas plasmáticas, bem como de leucócitos, geralmente, mas não obrigatoriamente, neutrófilos. Por isso, são geralmente denominadas de processos inflamatórios exsudativos. 2) Inflamação crônica Têm duração mais longa (semanas ou meses) com inflamação ativa e participação de linfócitos, macrofágos e plasmócitos, além de destruição tecidual com proliferação de vasos sanguíneos e tecido conjuntivo (reação de granulação) Por isso são geralmente denominados de processos inflamatórios proliferativos. 31 INFLAMAÇÕES AGUDAS "Resposta inflamatória imediata e inespecífica do organismo diante da agressão". •A inflamação aguda é dita imediata por se desenvolver no instante da ação do agente lesivo, e inespecífica por ser sempre qualitativamente a mesma, independentemente da causa que a provoque. 32 INFLAMAÇÕES AGUDAS • Presença das manifestações clínicas locais (sinais cardinais); • Presença das alterações hemodinâmicas: a)Alteração do calibre vascular – aumento do fluxo sanguíneo; b)Alteração estrutural da microvasculatura que permite a exsudação; c)Emigração de leucócitos da microcirculação e acúmulo no foco da injúria. 33 CLASSIFICAÇÃO DAS INFLAMAÇÕES AGUDAS 1. Serosa: predomina a exsudação de líquido amarelo- citrino. Exemplos: pleurite, rinite serosa, bolha devido a queimadura etc. 2. Fibrinosa: predomíniode exsudato fibrinoso que origina, aliado à presença de tecido necrótico, placas esbranquiçadas. Exemplos: pericardite fibrinosa, inflamação diftérica etc. 34 CLASSIFICAÇÃO DAS INFLAMAÇÕES AGUDAS 3. Hemorrágica: Predomínio do componente hemorrágico no tecido inflamado. Exemplo: glomerulonefrite aguda hemorrágica. 4. Necrotizante ou ulcerativa: Indicativa da irreversibilidade das lesões nos tecidos, apresentando exsudatos serosos, fibrinosos ou purulentos. A ulceração se dá quando a necrose é superficial, levando à perda do revestimento epitelial. 5. Purulenta: também denominada de supurativa, esse tipo de inflamação é composto pelo pus ( soro, exsudato e células mortas).Ex: Apendicite aguda;Meningite bacteriana 35 Drenagem da coleção purulenta de um abscesso em mandíbula. A retirada desse conteúdo, aliada a outras medidas terapêuticas, promove a resolução desse foco inflamatório. 36
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