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Artigos
Revista
ISSN 0104-3579
Neurociências
ISSN 0104-3579
Revista
Volume 15 Número 2 2007
Velocidade de marcha, força muscular e atividade mioelétrica em
portadores de Esclerose Múltipla
Os efeitos do treino de equilíbrio em crianças com paralisia cerebral 
diparética espástica
Perfil do atendimento fisioterapêutico na Síndrome da Down em
algumas instituições do município do Rio de Janeiro
Avaliação funcional da marcha do rato após estimulação elétrica do
músculo gastrocnêmio desnervado
Hidroterapia na aquisição da funcionalidade de crianças com Paralisia 
Cerebral
Os efeitos da hidroterapia na hipertensão arterial e freqüência cardíaca 
em pacientes com AVC
Epilepsia em remissão: estudo da prevalência e do perfil clínico-
epidemiológico
Doença de Parkinson e exercício físico
Acupuntura na Doença de Parkinson: revisão de estudos experimentais 
e clínicos
Principais instrumentos para a análise da marcha de pacientes com 
distrofia muscular de Duchenne
Abordagem fisioterapêutica na minimização dos efeitos da ataxia em 
indivíduos com esclerose múltipla
Efeitos da fisioterapia em paciente portador de Mucopolissacaridose
www.revistaneurociencias.com.br
REVISTA NEUROCIÊNCIAS
Editor Chefe / Editor in chief
Gilmar Fernandes do Prado, MD, PhD
Unifesp, SP.
Editora Executiva / Executive Editor
Luciane Bizari Coin de Carvalho, PhD
Unifesp, SP
Editor Administrativo / Managing Editor
Marco Antonio Cardoso Machado, PhD
Unifesp, SP
Co-editor / Co-editor
José Osmar Cardeal, MD, PhD
Unifesp, SP
Editores Associados / Associated Editors
Alberto Alain Gabbai, MD, PhD, Unifesp, SP
Esper Abrão Cavalheiro, MD, PhD, Unifesp, SP
Sergio Cavalheiro, MD, PhD, Unifesp, SP
 
Indexações / Indexations
1.	 Latindex	–	Sistema	Regional	de	Información	en	Línea	para	Revistas	Científicas	de	américa	Latina,	el	
Caribe, España y Portugal, www.latindex.org, desde 2006.
2. Psicodoc, desde 2007.
96Rev Neurocienc 2007;15/2
Data de efetiva circulação deste número / Actual date of circulation of the present number
Junho de 2007
Publicações da Revista Neurociências
1993, 1: 1 e 2 
1994, 2: 1, 2 e 3 
1995, 3: 1, 2 e 3
1996, 4: 1, 2 e 3
1997, 5: 1, 2 e 3
1998, 6: 1, 2 e 3
1999, 7: 1, 2 e 3
2000, 8: 1, 2 e 3
2001, 9: 1, 2 e 3
2002, 10: 1, 2 e 3
2003, 11: 1
2004, 12: 1, 2 , 3 e 4
2005, 13: 1, 2, 3, 4 e suplemento (versão eletrônica exclusiva)
2006, 14: 1, 2, 3, 4 e suplemento (versão eletrônica exclusiva)
2007, 15: 1, 2 -
97 Rev Neurocienc 2007;15/2
Revista Neurociências — vol 15, n.2 (2007) — São Paulo: Grámmata Publicações e Edições 
Ltda, 2004–
Quadrimestral até 2003. Trimestral a partir de 2004.
ISSN 0104–3579
1. Neurociências;
Editores Fundadores / Founder Editors
 
José Geraldo de Carmargo Lima, MD, PhD, Unifesp, SP.
Editores	Científicos	/	Scientific	Editores
1993-1995: José Geraldo de Camargo Lima, MD, PhD, Unifesp, SP. 
1996-1997: Luiz Augusto Franco de Andrade, MD, PhD, Unifesp, SP 
e Dr. Eliova Zukerman, MD, PhD, Unifesp, SP
1998-2003: José Osmar Cardeal, MD, PhD, Unifesp, SP
2004- : Gilmar Fernandes do Prado, MD, PhD, Unifesp, SP
Assinaturas / Subscription
Revista trimestral, assinatura anual. Preços e informações disponíveis em http://www.revistaneurociencias.com.br
Fone/fax: 11 34879532
Versão online dos artigos completos / Version of the complete articles
http://www.revistaneurociencias.com.br
Correspondências / Letters
Todas as correspondências devem ser encaminhadas ao Editor Chefe da Revista Neurociências A/C Gilmar Fernandes do 
Prado – Rua Claudio Rossi, 394 – Jd. Da Glória, São Paulo-SP, CEP 01547-000. Fone/fax 11 34879532
E-mail: revistaneurociencias@yahoo.com
http://www.revistaneurociencias.com.br
Tiragem / Circulção
3000 exemplares.
Editoração, Publicação / Editorial, Publication
Grámmata Publicações e Edições Ltda.
grammata@grammata.com.br
http://www.grammata.com.br
Jornalista Responsável / Journalist in Charge
Fausto Piedade, Mtb 12.375
Entidade Mantenedora / Financial Support
Associação Neuro-Sono
Revisão técnica / Technical review
Revista Neurociências – Corpo Editorial
Apoio / Sponsorship
Associação Neuro-Sono, UNIFESP 
A Revista Neurociências (ISSN 0104-3579) é um periódico com volumes anuais e números trimestrais, publicados em 
março,	junho,	setembro	e	dezembro.	É	o	Jornal	Oficial	do	Departamento	de	Neurologia	e	Neurocirurgia	da	UNIFESP	e	
foi fundada em 1993 pelo Prof. Dr. José Geraldo de Camargo Lima; tem como Editor Chefe o Prof. Dr. Gilmar Fernandes 
do	Prado,	desde	2004,	e	é	administrada	pela	Associação	Neuro-Sono.	Publica	artigos	de	interesse	científico	e	tecnológico,	
voltada	à	Neurologia	e	às	ciências	afins,	realizados	por	profissionais	dessas	áreas,	resultantes	de	estudos	clínicos	ou	com	
ênfase	em	temas	de	cunho	prático,	específicos	ou	interdisciplinares.	Todos	os	artigos	são	revisados	por	pares	(peer	review)	
e pelo Corpo Editorial. Os artigos aprovados são publicados na versão impressa em papel e na versão eletrônica. A linha 
editorial da revista publica preferencialmente artigos de pesquisas originais (inclusive Revisões Sistemáticas), mas também 
são aceitos para publicação artigos de Revisão de Literatura, Atualização, Relato de Caso, Resenha, Ensaio, Texto de 
Opinião e Carta ao Editor, desde que aprovado pelo Corpo Editorial. Trabalhos apresentados em Congressos ou Reuniões 
Científicas	de	áreas	afins	poderão	constituir-se	de	anais	em	números	ou	suplementos	especiais	da	Revista	Neurociências.
98Rev Neurocienc 2007;15/2
Editor Chefe / Editor in Chief
Gilmar F Prado, MD, PhD, Unifesp, SP
Editora Executiva / Executive Editor
Luciane BC Carvalho, PhD, Unifesp, SP
Editor Administrativo / Manager Editor
Marco AC Machado, SSD, PhD, Unifesp, SP
Co-Editor / Co-Editor
José O Cardeal, MD, PhD, Unifesp, SP
Editores Associados / Associate Editors
Alberto A Gabbai, MD, PhD,
Unifesp, SP
Esper A Cavalheiro, MD, PhD,
Unifesp, SP
Sergio Cavalheiro, MD, PhD,
Unifesp, SP
 
Corpo Editorial / Editorial Board
Desordens do Movimento / Movement 
Disorders
Henrique B Ferraz, MD, PhD, 
Unifesp, SP 
Francisco Cardoso, MD, PhD, 
UFMG, MG
Sônia MCA Silva, MD, PhD, HSPE, SP 
Egberto R Barbosa, MD, PhD, 
FMUSP, SP
Maria SG Rocha, MD, PhD, CSSM, SP
Vanderci Borges, MD, PhD, 
Unifesp, SP
Roberto CP Prado, MD, PhD, 
UFC-CE/ UFS-SE
Epilepsia / Epilepsy
Elza MT Yacubian, MD, PhD, 
Unifesp, SP
Américo C Sakamoto, MD, PhD, Unifesp, SP 
Carlos JR Campos, MD, PhD, 
Unifesp, SP
Luiz OSF Caboclo, MD, PhD, 
Unifesp, SP
Alexandre V Silva, MD, PhD, 
Unifesp, SP
Margareth R Priel, MD, PhD, CUSC, Unifesp, SP
Henrique Carrete Jr, MD, PhD, 
IAMSP, SP
Neurofisilogia/Neurophysiology
João AM Nóbrega, MD, PhD, 
Unifesp, SP
Nádia IO Braga, MD, PhD, Unifesp, SP
José F Leopoldino, MD, UFS, SE
José MG Yacozzill, MD, 
USP Ribeirão Preto, SP
Francisco JC Luccas, MD, HSC, SP
Gilberto M Manzano, MD, PhD, Unifesp, SP
Carmelinda C Campos, MD, PhD, Unifesp, SP
Reabilitação / Rehabilitation
Sissy V Fontes, PhD, UMESP, SP
Jefferson R Cardoso, PhD, UFPR, PR
Márcia CB Cunha, PhD, UNIB, SP
Ana LML Chiappetta, PhD, Unifesp, SP
Carla G Matas, PhD, USP, SP
Fátima A Shelton, MD, PhD, UOCH, USA
Luci F Teixeira-Salmela, PhD, UFMG, MG
Fátima VRP Goulart, PhD, UFMG, MG
Patricia Driusso, PhD, UFSCar, SP
Distúrbios do Sono / Sleep Disorders
Lucila BF Prado, MD, PhD, Unifesp, SP
Maria Ligia Juliano, SSD, Unifesp, SP
Flávio Aloe, MD, USP, SP
Stela Tavares, MD, HIAE, SP
Dalva Poyares MD, PhD, Unifesp, SP
Ademir B Silva, MD, PhD, Unifesp, SP
Alice H Masuko, MD, Unifesp, SP
Maria Carmen Viana, MD, PhD, EMESCAM, ES
Virna G Teixeira, MD, PhD, FMUSP, SP
Geraldo Rizzo, MD, HMV, RS
Rosana C Alves, MD, PhD, USP, SP
Robert Skomro, MD, FRPC, Canadá
Sílvio Francisco, MD, Unifesp, SP
Doenças Cerebrovasculares/Cerebrovascular Disease
Ayrton Massaro, MD, PhD, Unifesp, SP
Aroldo Bacelar, MD, PhD, UFBA, BA
Alexandre Longo, MD, PhD, 
UNIVILLE, SC
Carla HC Moro, MD, PhD, UNIVILLE, SC
Cesar	Raffin,	MD,	PhD,	UNESP,	SP
Charles Andre, MD, PhD, UFRJ, RJ
Gabriel Freitas, MD, PhD, UFRJ, RJ
Jamary Oliveira Filho, MD, PhD, 
UFBA, BA
Jefferson G Fernandes, MD, PhD, RS
Jorge AK Noujain, MD, PhD, RJ
Márcia M Fukujima, MD, PhD, Unifesp, SP
Mauricio Friedrish, MD, PhD, RS
Rubens J Gagliardi, MD, PhD, SP
Soraia RC Fabio, MD, PhD, 
USP Ribeirão Preto, SP
Viviane HF Zétola, MD, PhD, UFPR, PR
Oncologia / Oncology
Suzana MF Mallheiros, MD, PhD, 
Unifesp, SP
Carlos Carlotti Jr, MD, PhD, FMUSP, SP
Fernando AP Ferraz, MD, PhD, Unifesp, SP
Guilherme C Ribas, MD, PhD, Unicamp, SP
João N Stavale, MD, PhD, Unifesp, SP
Doenças Neuromusculares / Neuromus-
cular disease
Acary SB Oliveira, MD, PhD, Unifesp, SP
Edimar Zanoteli, MD, PhD, Unifesp, SP
Helga CA Silva, MD, PhD, Unifesp, SP
Leandro C Calia, MD, PhD, Unifesp, SP
Luciana S Moura, MD, PhD, Unifesp, SP
Laboratório e Neurociência Básica / 
Laboratory and Basic Neuroscience
Maria GN Mazzacoratti, PhD, Unifesp, SP
Beatriz H Kyomoto, MD, PhD, Unifesp, SP
Célia H Tengan, MD, PhD, Unifesp, SP
Maria JS Fernandes, PhD, Unifesp, SP
Mariz Vainzof, PhD, USP, SP
Iscia L Cendes, PhD, Unicamp, SP
Débora A Scerni, PhD, Unifesp, SP
João P Leite, MD, PhD,
USP Ribeirão Preto, SP
Luiz EAM Mello, MD, PhD, Unifesp, SP
Líquidos Cerebroespinhal / Cerebros-
pinal Fluid
João B Reis Filho, MD, PhD, FMUSP, SP
Leopoldo A Pires, MD, PhD, UFJF, MG
Sandro LA Matas, MD, PhD, UNIBAN, SP
José EP Silva, PhD, UF Santa Maria, RS
Ana Maria Souza, PhD, 
USP Ribeirão Preto, SP
Neurologia do Comportamento / Beha-
vioral Neurology
Paulo HF Bertolucci, MD, PhD, Unifesp, SP
Ivan Okamoto, MD, PhD, Unifesp, SP
Thais Minetti, MD, PhD, Unifesp, SP
Rodrigo Schultz, MD, PhD, UNISA, SP
Sônia D Brucki, MD, PhD, FMUSP, SP
Neurocirurgia / Neurosurgery
Mirto N Prandini, MD, PhD, Unifesp, SP
Antonio PF Bonatelli, MD, PhD, Unifesp, SP
Oswaldo I Tella Júnior, MD, PhD, 
Unifesp, SP
Orestes P Lanzoni, MD, Unifesp, SP
Ítalo C Suriano, MD, Unifesp, SP
Samuel T Zymberg, MD, Unifesp, SP
Neuroimunologia / Neuroimmunology
Enedina M Lobato, MD, PhD, Unifesp, SP
Nilton A Souza, MD, Unifesp, SP
Dor, Cefaléia e Funções Autonômicas / 
Pain, Headache and Autonomic Function
Deusvenir S Carvalho, MD, PhD, Unifesp, SP
Angelo AV Paola, MD, PhD, Unifesp, SP
Fátima D Cintra, MD, Unifesp, SP
Paulo H Monzillo, MD, HSCM, SP
José C Marino, MD, Unifesp, SP
Marcelo K Hisatugo, MD, Unifesp, SP
Interdisciplinaridade e história da 
Neurociência / Interdisciplinarity and 
History of Neuroscience
Afonso C Neves, MD, PhD, Unifesp, SP
João EC Carvalho, PhD, UNIP, SP
Flávio RB Marques, MD, INCOR, SP
Vinícius F Blum, MD, Unifesp, SP
Rubens Baptista Jr, MD, UNICAMP, SP
Márcia RB Silva, PhD, Unifesp, SP
Eleida P Camargo, FOC, SP
Dante MC Gallian, PhD, Unifesp, SP
Neuropediatria / Neuropediatrics
Luiz CP Vilanova, MD, PhD, Unifesp, SP
Marcelo Gomes, SP
99 Rev Neurocienc 2007;15/2
Os pontos de vista, as visões e as opiniões políticas aqui emitidas, tanto pelos autores, quanto pelos anunciantes, são de responsabilidade única e exclusiva de seus proponentes.
100Rev Neurocienc 2007;15/2
índice
Revista Neurociências 2007
volume 15, número 2
editorial
Epilepsia em remissão: estudo da prevalência e do perfil clínico-epidemiológico 101
Epilepsy in remission: study of prevalence and clinicoepidemiological profile
Maria Durce Costa Gomes
originais
Velocidade de marcha, força muscular e atividade mioelétrica em portadores de Esclerose Múltipla 102
Gait speed, muscle strength, and myoelectric activity in individuals with Multiple Sclerosis
Amanda Del Cistia, Ana Carolina Souza Moura da Silva, Camila Torriani, Fabio Navarro Cyrillo, Susi Fernandes, Isabella Costa Nova
Os efeitos do treino de equilíbrio em crianças com paralisia cerebral diparética espástica 108
The effects of balance training in children with spastic diparetic cerebral palsy
Kátia Maria Gonçalves Allegretti, Mirna Sayuri Kanashiro, Vanessa Costa Monteiro, Heloise Casangi Borges, Sissy Veloso Fontes
Perfil do atendimento fisioterapêutico na Síndrome da Down em algumas instituições do município do Rio de Janeiro 114
Physical therapy profile in Down Syndrome at some institutions of the City of Rio de Janeiro
Carla Trevisan M Ribeiro, Márcia G Ribeiro, Alexandra PQC Araújo, Maysa N Torres, Marco Antonio O Neves
Avaliação funcional da marcha do rato após estimulação elétrica do músculo gastrocnêmio desnervado 120
Functional evaluation from rat’s ambulation after electrical stimulation of the gastrocnemius muscle denervated
Tiago Souza dos Santos, Édison Sanfelice André
Hidroterapia na aquisição da funcionalidade de crianças com Paralisia Cerebral 125
Hydrotherapy in the acquisition of the functionality of children with Cerebral Palsy
Lívia Maria Marques Bonomo, Vanessa Chamma Castro, Denise Maciel Ferreira, Samira Tatiyama Miyamoto
Os efeitos da hidroterapia na hipertensão arterial e freqüência cardíaca em pacientes com AVC 131
The effect of hydrotherapy in high blood pressure and heart rate in patients with stroke
Maryana Therumy Kabuki, Tatiana Sacchelli de Sá
Epilepsia em remissão: estudo da prevalência e do perfil clínico-epidemiológico 135
Epilepsy in remission: study of prevalence and clinicoepidemiological profile
Michel Ferreira Machado, Ozéas Galeno da Rocha Neto, Jaime Roberto Seráfico de Assis Carvalho
revisão
Doença de Parkinson e exercício físico 141
Parkinson’s Disease and physical exercise
Vanessa de Araújo Rubert, Diogo Cunha dos Reis, Audrey Cristine Esteves
Acupuntura na Doença de Parkinson: revisão de estudos experimentais e clínicos 147
Acupuncture in Parkinson Disease: experimental and clinical trials review
Fernando Cesar Iwamoto Marcucci
Principais instrumentos para a análise da marcha de pacientes com distrofia muscular de Duchenne 153
Main instruments for the gait analysis used in patients with muscular dystrophy of Duchenne
Melina Suemi Tanaka, Andréa Luppi, Edgard Morya, Francis Meire Fávero, Sissy Veloso Fontes, Acary Souza Bulle Oliveira
Abordagem fisioterapêutica na minimização dos efeitos da ataxia em indivíduos com esclerose múltipla 160
Physiotherapy approaches for reduction of ataxic effects in multiple sclerosis
Marco Antonio O Neves, Mariana P de Mello, Carlos Henrique Dumard, Reny de Souza Antonioli, Jhon P Botelho,
Osvaldo JM Nascimento, Marcos RG de Freitas
estudo de caso
Efeitos da fisioterapia em paciente portador de Mucopolissacaridose 166
Effects of physical therapy in Mucopolysaccharidoses patients
Caio Imaizumi, Isabella Costa Nova, Andréia de O Joaquim
Epilepsia em remissão: estudo da
prevalência e do perfil clínico-epidemiológico
A	abordagem	do	indivíduo	com	epilepsia	é	sempre	um	desafio	mesmo	ao	especialista	mais	experiente.	Frente	a	um	paciente	
com	crises	epilépticas,	o	médico-assistente	inevitavelmente	depara-se	com	questões	essenciais	quanto	ao	diagnóstico	e	classificação,	bem	
como	ao	tratamento	indicado	e,	finalmente,	quanto	à	evolução.	Estas	questões	nem	sempre	são	respondidas	no	primeiro	momento.	Fa-
tores individuais e sociais interferem na evolução e prognóstico e o conhecimento de alguns destes fatores tem contribuído para a “pos-
sível	previsibilidade”	da	evolução	de	muitos	casos.	Entretanto,	ainda	nos	perguntamos:	É	a	epilepsia	curável?	Qual	indivíduo	ficará	livre	
das crises? E por que? Tais questionamentos são ainda maiores quando aplicados ao paciente recém-diagnosticado. Algumas respostas 
podem	hoje	ser	afirmadas	e	utilizadas	na	prática	clínica.	O	tempo	de	epilepsia	ativa	interfere	negativamente	no	prognóstico,	provavel-
mente em decorrência dos fenômenos de epileptogênese secundária que contribuem para aumentar a chance de recorrência decrises, 
além dos efeitos desfavoráveis sobre as funções cognitivas e comportamentais. A gravidade da epilepsia no momento da apresentação 
ou precocemente, representada pelo número de crises e tipo(s) desta(s), associa-se a um pior prognóstico em virtude da persistência de 
atividade epileptiforme contínua ou frequente e por estar relacionada a etiologias potencialmente menos tratáveis. As anormalidades 
eletrográficas,	também	relacionadas	aos	aspectos	anteriormente	citados,	têm-se	mostrado	preditivas	com	relação	à	evolução.	Os	padrões	
de comportamento da epilepsia em termos temporais também são prognósticos, observando-se melhores evoluções nas epilepsias que 
apresentam remissão precoce (no primeiro ano após a primeira crise), e graves naqueles casos de não remissão precoce, ou em outros 
que estabelecem uma padrão de remissão-recidiva ao longo do tempo; muitos podem evoluir para a refratariedade. A tendência atual 
tem	sido	identificar	fatores	genéticos	envolvidos	na	farmaco-resistência	e	refratariedade.
Dentro do contexto exposto, o que é possível dizer sobre epilepsia? Há chance de remissão? São conhecidos índices de remissão 
espontânea em populações e estudos de casos de 46% até 50% em pacientes epilépticos sem tratamento adequado, mas não há estudos 
populacionais	suficientemente	longos	e	abrangentes	para	avaliar	a	remissão	espontânea.	Os	números	de	remissão	com	tratamento,	en-
tretanto, podem ser maiores. Em indivíduos com epilepsia recém-diagnosticada o prognóstico tem-se mostrado favorável, com taxas de 
remissão de 66 até 86%, as maiores encontradas nos países com 
excelentes condições de saúde e informação. Estes achados permitem sugerir que a epilepsia é um distúrbio potencialmente 
curável.	Mas	quem	ficará	curado	e	por	que?	As	evidências	têm	sugerido	melhores	prognósticos	para	os	indivíduos	com	menor	número	
de	crises,	especialmente	nos	primeiros	6	meses	de	instalação	dos	sintomas;	epilepsias	idiopáticas;	padrões	eletrográficos	não	relacionados	
a etiologias desfavoráveis; funções cognitivas preservadas e menor recidivas de crises precoce ou tardiamente.
A análise da literatura revela uma lacuna importante pela falta de estudos sobre a remissão da epilepsia em países não-desen-
volvidos, incluindo o nosso. Autores envolvidos com o tema têm sugerido a importância destes países, uma vez que, problemas como o 
acesso à medicação e a adesão ao tratamento podem fornecer informações adicionais ao entendimento da história natural da epilepsia, 
pela análise da remissão espontânea, especialmente nas etiologias não estruturais.
Neste panorama, entra em cena o trabalho apresentado pelo grupo da Universidade do Pará, que propõe sua contribuição 
apresentando dados de importância clínica e epidemiológica. Os autores, utilizando uma metodologia simples, abordam indivíduos 
de uma unidade geral de neurologia, evitando o viés de referência inerente aos centros especializados no tratamento de epi-
lepsia, e, portanto, mais próximos da realidade cotidiana do neurologista clínico. Além disso, a metodologia empregada apresenta 
fácil	reprodutibilidade	e	confiabilidade.	Finalmente,	a	contribuição	para	o	conhecimento	de	quantos	e	quais	“dos	nossos”	pacientes	
possivelmente terão remissão é de valor apreciável. Os autores apresentam menores valores em relação aos da literatura e apontam 
algumas possíveis causas, o que instiga à execução de novos trabalhos dentro deste enfoque para analisar suas proposições. Obviamente, 
as etiologias sintomáticas estruturais apresentam maior expressão nos países subdesenvolvidos e isto pode afetar a taxa de remissão; 
achado	que	por	si,	tem	valor	clínico	e	científico	relevante.	O	estudo	de	Machado	e	colaboradores,	introduz	assim,	uma	importante	e	
necessária linha de pesquisa em nosso país, cooperando para o desenvolvimento da ciência no campo da epilepsia e para a saúde de 
nossos pacientes epilépticos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Shorvon S, Luciano AL. Prognosis of chronic and newly diag-
nosed epilepsy: revisiting temporal aspects. Curr Opin Neurol. 2007 
Apr;20(2):208-12.
Mohanraj R, Brodie MJ. Outcomes of newly diagnosed idiopathic 
generalized epilepsy syndromes in a non-pediatric setting. Acta Neurol 
Scand. 2007 Mar;115(3):204-8.
1.
2.
Dra. Maria Durce Costa Gomes
Neurologista Infantil do Hospital Universitário Oswaldo Cruz e 
Hospital da Restauração – Recife – PE
Neurologista	Infantil	e	Neurofisiologista	Clínica	do	Instituto	Materno-
Infantil de Pernambuco (IMIP)
Membro da Liga Brasileira de Epilepsia
editorial
Rev Neurocienc 2007;15/2:101101
Rev Neurocienc 2007;15/2:102–107 102
Velocidade de marcha, força muscular e 
atividade mioelétrica em portadores de
Esclerose Múltipla
Amanda Del Cistia1, Ana Carolina Souza Moura da Silva1, Camila Torriani2, 
Fabio Navarro Cyrillo3, Susi Fernandes4, Isabella Costa Nova5
RESUMO
Introdução. A Esclerose Múltipla (ME) é uma desordem neurológica 
progressiva degenerativa da bainha de mielina, que compromete a 
substância branca do Sistema Nervoso Central, afetando o controle 
motor, principalmente a marcha. O objetivo deste trabalho foi avaliar 
pacientes	portadores	de	EM	a	fim	de	estabelecer	a	correlação	entre	
o recrutamento muscular, força e a velocidade de marcha, compa-
rado a um grupo controle. Método. Para o grupo experimental fo-
ram selecionados 7 indivíduos portadores de EM, e o grupo controle 
formado de 7 indivíduos saudáveis. Foi utilizada uma plataforma de 
10m, mensurada a velocidade de marcha, além do recrutamento do 
músculo tibial anterior durante a mesma. Resultados. Observou-se 
redução importante na velocidade de marcha auto-selecionada e 
acelerada	(p=0,017	e	0,009)	e	aumento	significativo	no	recrutamento	
muscular durante a marcha auto-selecionada e acelerada (p<0,001) 
no grupo experimental, quando comparado a um grupo controle. 
Houve relação entre força muscular e velocidade de marcha. Con-
clusão.	Conclui-se	que	há	redução	significativa	da	velocidade	de	mar-
cha de pacientes portadores de EM quando comparada a um grupo 
controle, além de um recrutamento maior do músculo tibial anterior 
pelo grupo experimental. Baseado nos resultados sugere-se analisar 
demais parâmetros tais como, tônus muscular, goniometria eletrônica 
e momento de ação do músculo tibial anterior, bem como dos demais 
músculos sinergistas da marcha.
Unitermos: Esclerose Múltipla. Marcha. Eletromiografia.
Citação: Cistia DC, Silva ACSM, Torriani C, Cyrillo FN, Fernandes S, 
Nova IC. Velocidade de marcha, força muscular e atividade mioelétrica 
em portadores de Esclerose Múltipla.
SUMMARY
Introduction. The Multiple Sclerosis (MS) is a progressive de-
generative neurological disorder of the myelin, which compro-
mises the central nervous system, affecting the motor control 
especially ones walking ability. The purpose of this study is to 
evaluate MS patients, establishing the correlation between, mus-
cle recruitment, strength and gait speed compared with a control 
group. Method. For the experimental group 7 individuals with 
MS were selected, and the control group with 7 healthy indivi-
duals. A 10m platform was used with and the gait speed measu-
red, besides the recruitment of tibial anterior muscle during the 
gait. Result. An important reduction has been found in the gait 
speed	self-selected	and	fast	(p=0,017	e	0,009)	and	a	significative	
increase of the muscle recruitment in the experimental group 
during self-selected and fas gait (p<0,001), when compared to a 
control group. There was relation between strengh muscle and 
gait speed. Conclusion. It has been concluded that there has 
been an important reduction in the gait speed in patients with 
MS compared to a control group besides a bigger recruitment 
of the tibial anterior muscle in the experimental group. Based 
on the results it has been suggested to analyze other parameters 
such as muscle tonus, electronicgoniometer and the moment of 
the tibial anterior muscle action, as well as other gait synergetic 
muscles.
Keywords: Multiple Sclerosis. Gait. Electromyography.
Citation: Cistia DC, Silva ACSM, Torriani C, Cyrillo FN, Fernandes S, 
Nova IC. Gait speed, muscle strength, and myoelectric activity in indivi-
duals with multiple sclerosis.
Trabalho realizado na UniFMU
1. Fisioterapeutas Graduadas pelo UniFMU.
2. Especialista em Fisioterapia Neurológica, Mestranda em biodinâmi-
ca do movimento humano-USP, docente e supervisora de estágio em 
neurologia adulto do UniFMU.
3.	Especialista	em	fisioterapia	ortopédica,	docente	e	supervisor	de	
estágio em ortopedia do UniFMU.
4.	Especialista	em	fisioterapia	aquática,	Mestranda	em	Fisiopatologia	
experimental-USP, Docente e supervisora de estágio em Fisioterapia 
aquática do UniFMU.
5.	Especialista	em	fisioterapia	neurológica,		Mestre	em	Neurologia-
UNIFESP, Docente na disciplina de Fisioterapia neurológica no 
UniFMU.
Endereço para correspondência:
Amanda Del Cistia
Estrada Velha da Penha, 88/37 bl 06 
São Paulo-SP, CEP 03090-020
E-mail: amandadc@terra.com.br / camilatorriani@uol.com.br
Recebido em: 14/06/06
Revisão: 15/06/06 a 08/03/07
Aceito em: 09/03/07
Conflito	de	interesses:	não
Gait speed, muscle strength, and myoelectric activity in individuals with Multiple Sclerosis
original
INTRODUÇÃO
Esclerose Múltipla (EM) é uma desordem neu-
rológica progressiva, caracterizada por exacerbação 
e remissões, podendo afetar o movimento, sensibi-
lidade, cognição e percepção. Devido à desmielini-
zação há a formação de placas escleróticas nos he-
misférios cerebrais, medula espinal e cerebelo. A EM 
é	uma	doença	inflamatória	caracterizada	por	lesões	
discretas desmielinizantes em placas distribuídas no 
Sistema Nervoso Central (SNC)1. É a forma de de-
sordem neurológica mais freqüente entre os adultos 
jovens, a hipótese etiológica mais descrita é de uma 
alteração auto-imune que causa a destruição da bai-
nha de mielina, oligodendrócitos e axônios2-5.
Em conseqüência de tal desmielinização de-
sordens no movimento e distúrbio de marcha são co-
muns em indivíduos com EM . A maioria dos porta-
dores	de	EM	apresenta	dificuldade	de	marcha,	cuja	
causa pode ser a fraqueza, espasticidade, alteração 
sensorial ou ataxia, bem como a combinação desses 
fatores. 
A falta de funcionalidade em indivíduos com 
EM	tais	como	dificuldade	de	marcha,	alteração	de	
equilíbrio, fraqueza muscular e fadiga, tipicamente 
resultam de degeneração axonal e bloqueio de con-
dução. Esses e outros sintomas reduzem a habilidade 
individual para performance das atividades de vida 
diária (AVDs)3,4.
O músculo tibial anterior tem uma grande 
participação nas reações posturais o qual tem sido 
mostrado	danificado	em	pacientes	com	EM.	O	pa-
drão de movimento articular no plano sagital indica 
diferenças	significantes	nos	pacientes	com	EM	com-
parados com um grupo controle para o movimento 
de quadril, joelho, e tornozelo5. O padrão de marcha 
entre os sujeitos com EM foi caracterizado pelo au-
mento	da	flexão	de	quadril,	flexão	de	joelho	e	plan-
tiflexão	do	tornozelo	no	apoio	de	calcâneo	seguido	
pela redução da extensão do quadril e joelho na fase 
de retirada dos dedos comparado com o grupo con-
trole. Durante a fase de balanço há uma redução da 
plantiflexão	e	aumento	da	flexão	de	quadril.	Como	
conseqüência, a escala geral de movimento no plano 
sagital foi aumentada pelo quadril, enquanto na ar-
ticulação do tornozelo foi encontrada uma redução 
consistente nos sujeitos com EM comparado com o 
grupo controle6.
Desta forma, é importante estabelecer corre-
lação	entre	os	fatores	que	influenciam	os	distúrbios	
de marcha de tais pacientes, inclusive considerando 
a	velocidade.	A	fim	de	determinar	quais	alterações	
são e estão diretamente relacionadas aos distúrbios 
da marcha no paciente com EM.
O objetivo desse estudo foi avaliar pacientes 
portadores	de	EM	a	fim	de	estabelecer	a	correlação	
entre o recrutamento muscular, força muscular e a 
velocidade de marcha, comparado a um grupo con-
trole. 
MÉTODO
Local
 O estudo foi desenvolvido no Centro Uni-
versitário das Faculdades Metropolitanas Unidas — 
FMU,	no	laboratório	de	Eletromiografia	de	superfí-
cie (EMG’s) e Biofeedback. O estudo foi aprovado 
por Comitê Ético interno da Instituição, sendo que 
foram respeitados os aspectos éticos concernentes a 
Resolução de nº 196 de 10 de outubro de 1996, que 
delimitam diretrizes e normas regulamentadoras de 
pesquisas envolvendo seres humanos. A coleta de 
dados iniciou-se após assinatura de termo de Con-
sentimento Livre e esclarecido contendo explicações 
detalhadas	sobre	o	estudo	e	sua	finalidade.
Tipo de Estudo
Foi realizado um estudo transversal.
Sujeitos
Foram selecionadas 7 sujeitos do sexo femi-
nino, com diagnóstico de EM da forma clínica re-
mitente-recorrente (RR), com idade média de 35±8 
anos, portadores de EM com tempo médio de diag-
nóstico de 8±13 anos, segundo os seguintes critérios 
de inclusão: marcha independente, sem restrição de 
uso de órtese e que aceitaram participar do estudo 
mediante assinatura de termo de consentimento li-
vre e esclarecido. Foram estabelecidos como critério 
de exclusão: portadores de EM sem deambulação ou 
que apresentassem alteração cognitiva. Para o grupo 
controle foram selecionados 7 indivíduos saudáveis 
do sexo feminino sem alterações de marcha em fun-
ção de comprometimento ortopédico ou reumatoló-
gico, com idade média de 35±5 anos.
Equipamentos
Para avaliação do recrutamento muscular foi 
utilizado um eletromiógrafo de superfície da marca 
Miotec® com quatro canais, eletrodos pré-geldados, 
circulares, de cloreto de prata da marca Medtrace®, 
com distância de 2,5 cm entre eles. 
A estrutura física do eletromiógrafo possui 
largura de 140mm, comprimento de 136mm, altura 
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de 49mm, peso de 800g. O modelo utilizado foi o 
Miotool400 USB, com 14 bits de resolução, ruído < 
2 LSB, possui quatro canais analógicos de entrada, 
a taxa de aquisição por canal é de 2000 amostras/
segundo, todos os canais possuem ganho ajustáveis 
individualmente por software. Rejeição de modo co-
mum de 110db. Isolamento 3000 volts, o software 
permite	aplicação	de	filtros	digitais	passa	baixa,	pas-
sa alta, passa banda e notch com 4 pólos. O sensor 
EMG	ativo	permite	ganho	fixo	de	100x.	Filtro:	But-
terworth passa alta 1 pólo de 0,1 Hz + Butterworth 
passa baixa 2 pólos de 500 Hz. A Impedância de 
Entrada	é	de	10¹ºΩ||2pF	e	o	espaçamento	entre	os	
eletrodos é de 30mm.
Procedimento
A medida de tempo-distância da performance 
da marcha, tais como velocidade e comprimento do 
passo têm sido úteis para obtenção de informações 
quantitativas da performance da marcha. Na avalia-
ção de marcha a mensuração por tempo e distância é 
clinicamente viável, apresentando muitas vantagens, 
pois trata-se de um sistema acessível, fácil de apren-
der e demora pouco tempo para executá-lo, motivo 
pelo qual será utilizado nesse estudo7,8.
São relatados valores normativos para velo-
cidades de andar auto-selecionada (confortável) e 
acelerada (rápida), baseado nos dados de 230 indi-
víduos	saudáveis.	Os	valores	específicos	do	gênero	e	
da idade (por décadas) incluem a velocidade real do 
andar (cm/s) e a velocidade do andar normalizada 
de acordo com a altura (velocidade real do andar 
|cm/s|	dividida	pela	altura	|cm|).	As	normas	reti-
radas deste estudo (convertidas para m/min) estão 
apresentadas na Tabela 1. Além disso, o método 
comum calcula a velocidade medida em 10m, em 
ambientes fechados8.
Tabela 1. Valores de referência para velocidade do andar. Velocidade 
de marcha confortável versus acelerada por década, idade e sexo.
Confortável (m/mim.) Acelerada(m/min.)
Sexo Homens Mulheres Homens Mulheres
Década
20 anos 83,6 84,4 151,9 148,0
30 anos 87,5 84,9 147,4 140,5
40 anos 88,1 83,5 147,7 127,4
50 anos 83,6 83,7 124,1 120,6
60 anos 81,5 77,8 115,9 106,4
70 anos 79,8 76,3 124,7 104,9
A colocação dos eletrodos foi feita no músculo 
tibial anterior, de acordo com Cram9, na região de 
maior proeminência do ventre muscular, baseando-
se nas normas e procedimentos do SENIAM. Antes 
da	 avaliação	 eletromiográfica,	 foi	 realizado	 o	 teste	
de força manual no músculo tibial anterior bilateral-
mente de acordo com o Medical Research Council 
(MRC)10. Em seguida, foi feita a avaliação eletromio-
gráfica	durante	a	Contração	Isométrica	Máxima	Vo-
luntária (CIMV), de acordo com o posicionamento 
do teste de força muscular normatizado por Kendal10, 
com o sujeito em posição sentada, em 3 séries de 5 
segundos, com intervalo de 5 segundos entre elas. A 
resistência fornecida para mensuração da CIMV foi 
feita	por	meio	de	uma	faixa	inelástica	fixada	a	fim	de	
fornecer a resistência de maneira uniforme durante 
a contração. Depois, o recrutamento muscular do ti-
bial anterior foi avaliado durante a marcha, por 10 
metros, realizada em velocidade confortável, seguida 
de marcha acelerada, sendo também cronometrado 
o	tempo	de	execução	da	marcha,	a	fim	de	obter-se	a	
velocidade média.
Análise Estatística
Neste trabalho foi feito o uso do teste não pa-
ramétrico de Wilcoxon e para complementar a aná-
lise descritiva, utilizou-se também a técnica de Inter-
valo	de	Confiança.	Por	fim,	realizou-se	uma	análise	
por meio do teste de Correlação de Pearson. 
Definiu-se	 para	 um	nível	 de	 significância	 de	
0,05	(5%)	e	todos	os	intervalos	de	confiança	constru-
ídos ao longo do trabalho foram de 95%.
RESULTADOS 
Iniciou-se os resultados mostrando a compa-
ração do Músculo Tibial anterior direito versus o 
Esquerdo em cada uma das posições. 
Em nenhuma das análises, existe diferença 
média entre Músculo Tibial anterior direito e es-
querdo que possa ser considerada estatisticamente 
significante,	portanto	os	dois	membros	foram	consi-
derados juntos nas análises subseqüentes.
 Foi observada correlação de CIMV com 
marcha confortável e rápida no grupo experimental 
(p<0,001), porém na marcha rápida não houve cor-
relação (Tabela 2). 
Houve correlação positiva entre força muscu-
lar e Vm confortável e rápida, no grupo experimen-
tal (p=0,027 e p=0,022 respectivamente), sugerindo 
que quanto maior a força muscular, maior a veloci-
dade de marcha.
Comparando o recrutamento muscular du-
rante a marcha confortável e rápida, o grupo ex-
perimental apresentou menor velocidade da mar-
cha, bem como maior o recrutamento muscular 
(p<0,001). 
Em relação aos parâmetros de Vm confor-
tável e rápida, o grupo experimental apresentou 
pior desempenho da velocidade de marcha tanto 
rápida quanto confortável comparado ao controle 
(p<0,001).
Quanto à idade confrontada com a Vm con-
fortável e rápida no grupo experimental observou-se 
que quanto menor a idade maior a Vm (p=0,004 e 
p=0,008, respectivamente).
A comparação dos grupos (Figura 1) quanto 
à força muscular de cada indivíduo mostrou que o 
grupo experimental apresentou 4,57±0,65 na escala 
Kendal; grupo controle, 5,0±0,0 na escala Kendal; 
p=0,016. Observou-se correlação do recrutamento 
muscular do grupo controle com o grupo experi-
mental (p<0,001). O comparativo do recrutamen-
to muscular analisado durante a marcha confor-
tável e rápida (Figura 2), foi maior para o grupo 
experimental (marcha confortável: média de 772,57 
±388,01; marcha rápida: média de 988,84 ±649,52; 
p<0,001).
 
4,57 
5,00 
0 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
Força Muscular 
Comparaç ão da Força Muscular entre os grupos 
Experiment al Controle 
Figura 1. Grau de força muscular do grupo controle e grupo experi-
mental (p=0,016).
A comparação entre os grupos na velocidade 
de marcha confortável e rápida (Figura 3) foi para 
o grupo controle 1,13±0,9; 1,79±0,28; respecti-
vamente, e para o grupo experimental 0,71±0,33; 
1,11±0,44 (p=0,017 e p= 0,009, respectivamente).
DISCUSSÃO
A hipótese estabelecida para o estudo era de 
que, os sujeitos que teriam menor CIMV conse-
qüentemente teriam menos força muscular e menor 
velocidade de marcha, porém estatisticamente o re-
sultado foi inversamente proporcional, mostrando 
que, quanto maior a CIMV, menor a velocidade de 
marcha, ou seja, o sujeito demanda de maior ativi-
Tabela 2. Correlação do grupo experimental entre força muscular, CIMV, recrutamento muscular na marcha confortável, recrutamento muscular na 
marcha rápida, Vm (Velocidade Média) confortável, Vm rápida, idade.
Correlação
Grupo experimental
Idade Força Muscular CIMV
Recrutamento 
muscular Marcha 
Confortável
Recrutamento 
muscular Marcha 
Rápida
Vm Confortável
Força Muscular 0,123
CIMV 0,442 0,311
Recrutamento muscular 
Marcha confortável
0,540 0,190 <0,001*
Recrutamento muscular 
Marcha Rápida
0,214 0,530 <0,001* <0,001*
Vm Confortável 0,004* 0,027* 0,608 0,423 0,873
Vm acelerada 0,008* 0,022* 0,780 0,593 0,601 <0,001*
 
772,57 
61,19 
988,84 
99,96 
0 
300 
600 
900 
1.200 
Marcha Lenta Marcha Rápida 
Comparação da atividade muscular na March a 
Experimental Controle 
Figura 2.	Gráfico	comparativo	do	recrutamento	muscular	durante	a	
marcha confortável e rápida em µV (p<0,001).
 
0,71 
1,13 1,11 
1,79 
0,0 
0,5 
1,0 
1,5 
2,0 
2,5 
Vm LENTA Vm RÁPIDA 
Comparação da velocidade entre os grupos 
 Experimental Controle 
Figura 3.	Gráfico	comparativo	da	velocidade	de	marcha	confortável	e	
rápida em m/s (p = 0,017 e 0,009 respectivamente).
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dade mioelétrica para se manter na velocidade de 
marcha confortável e rápida.
Ressalta-se que antes da análise dos resulta-
dos, como a doença apresenta várias formas de ma-
nifestações e os sinais e sintomas produzem quadros 
motores	diferentes	em	cada	paciente,	a	topografia	da	
lesão, tempo e idade dos pacientes, podem ter sido 
variáveis que interferiram nos resultados obtidos. 
Notou-se que quanto maior a idade ou o tempo de 
lesão,	maior	as	dificuldades	motoras	do	paciente,	al-
terando a Vm confortável e rápida.
Os dados mostram que os valores de tempo e 
distância indicados para sujeitos com EM são clara-
mente diferente dos indicados para os sujeitos sau-
dáveis, até mesmo em sujeitos que atingiram a inde-
pendência funcional.
No presente estudo, a velocidade na marcha 
livre (auto-selecionada) foi diminuída comparada ao 
grupo controle. Estes dados podem ser comparados 
ao	 estudo	 que	 visou	 verificar	 as	 anormalidades	 da	
marcha em pacientes com a mínima alteração da 
EM, comparando 10 sujeitos no grupo controle e 7 
sujeitos no grupo de EM. Concluiu-se que há redu-
ções no comprimento do passo e na cadência (pas-
sos por minuto), o que resulta em menor velocidade, 
corroborando com os achados de nosso estudo. Além 
disso, o ciclo da marcha foi mais longo e a relação da 
fase de balanço e apoio foi aumentada com a fase 
de apoio duplo prolongada. Em muitos dos casos, a 
marcha arrítmica foi evidente entre o grupo de EM 
bem como a duração da fase de apoio direita foi sig-
nificativamente	diferente	da	fase	de	apoio	esquerda.	
Corroborando novamente os resultados obtidos em 
nosso estudo10.
A maioria dos pacientes tem um ou mais 
achados que indicam alteração no recrutamento 
muscular mensurado pelos sinais da EMG. As ca-
racterísticas mais consistentes foram sustentadas pela 
atividade do músculo tibial anterior durante a pri-
meira parte da fase de apoio e um início mais adian-
tado da atividadeelétrica do músculo gastrocnêmio 
medial durante a fase de apoio. Além disso, a fase de 
recrutamento do tibial anterior tende a ocorrer mais 
cedo na transição da fase de apoio para a fase de ba-
lanço, sendo ativo durante o atraso na fase de duplo 
apoio na maioria dos pacientes. Aparentemente, o 
não recrutamento do tibial anterior tende a ocorrer 
mais tarde na transição da fase de balanço para a 
fase de apoio o que resulta nos sujeitos com EM a 
entrada na fase de apoio de um único membro com 
um padrão geralmente não observado nos sujeitos 
do grupo controle durante uma velocidade de mar-
cha relativamente baixa. Além disso, observaram na 
EMG anormalidades que sugerem ativação dos pa-
drões	específicos	relacionando-se	à	alteração	da	bio-
mecânica da marcha. Sendo que tais anormalidades 
não	parecem	estar	correlacionadas	com	a	classifica-
ção clínica da severidade da disfunção. Desta forma, 
sugerimos continuidade do estudo analisando a ati-
vidade mioelétrica em relação à análise cinemática 
da marcha10-12.
Deve-se levar em consideração a manifesta-
ção	de	flutuação	da	doença	em	cada	paciente	indivi-
dualmente que pode variar em relação aos sintomas 
de	EM,	influenciando	na	avaliação.	Na	descrição	do	
estudo foi notado que um aumento na EDSS (Ex-
panded Disability Status Scale) de pelo menos um 
ponto, pode ser considerado como uma deterioração 
significante	da	função.	Sendo	assim,	sendo	este	um	
fator decisivo na indicação de um tratamento mais 
extensivo medicamentoso, visando padronizar as co-
letas. É discutido também sobre a variabilidade na 
distância	máxima	individual	e	a	dificuldade	andando	
no tempo máximo para o indivíduo com EM, visto 
que a média de velocidade de marcha representa um 
parâmetro relativo constante e alto desvio padrão. 
Sugere-se, portanto, que para novos estudos sejam 
analisados também o horário da coleta, a tempera-
tura ambiente e a fadiga11,13,14.
A	fim	de	complementar	e	confrontar	os	dados	
obtidos neste estudo sugere-se analisar outros parâme-
tros tais como, tônus muscular, goniometria eletrônica 
e momento de ação do músculo tibial anterior, bem 
como dos demais músculos sinergistas da marcha.
Conclui-se	que	há	redução	significativa	da	ve-
locidade de marcha de pacientes portadores de EM 
quando comparada a um grupo controle.
A principal diferença notada entre os grupos 
controle e experimental foi na comparação da ati-
vidade muscular durante a marcha e a velocidade 
média na marcha auto-selecionada e acelerada. Os 
valores	 estatisticamente	 significantes	 sugerem	 que	
a atividade muscular na marcha dos pacientes com 
EM encontra-se aumentada (indicando alto esforço 
muscular e energético), ao passo que a velocidade 
auto-selecionada e acelerada encontra-se bastante 
diminuída em relação ao grupo controle. 
Há a necessidade de aumentar a amostra para 
confirmar	os	dados	obtidos,	porém	sugere-se	que	a	
atividade muscular de tibial anterior é um fator que 
possa interferir na velocidade de marcha de pacien-
tes portadores de EM.
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Rev Neurocienc 2007;15/2:102–107107
original
ABRASPI
Associação Brasileira da Síndrome das Pernas Inquietas
A Associação Brasileira da Síndrome das Pernas Inquietas – ABRASPI, é uma 
associação	sem	fins	 lucrativos	criada	para	dar	suporte	a	pacientes	e	promover	
pesquisa e treinamento sobre a Síndrome das Pernas Inquietas (SPI). Criada 
desde 2005, a ABRASPI tem recebido correspondências de pacientes, familiares 
e médicos do Brasil todo e de Portugal, que procuram tirar dúvidas sobre a do-
ença, tratamento e indicações de médicos.
Fone: (11) 5081–6629.
E-mail: sindromedaspernasinquietas@gmail.com
www.sindromedaspernasinquietas.com.br
Rev Neurocienc 2007;15/2:108–113 108
original
Os efeitos do treino de equilíbrio em 
crianças com paralisia cerebral
diparética espástica
Kátia Maria Gonçalves Allegretti1, Mirna Sayuri Kanashiro2, Vanessa Costa 
Monteiro1, Heloise Casangi Borges3, Sissy Veloso Fontes4
RESUMO
Objetivo.	Verificar	os	efeitos	do	treino	de	equilíbrio,	como	con-
duta	fisioterapêutica,	no	ajuste	postural	e	nas	atividades	 funcio-
nais de crianças com PC diparética espástica, utilizando o teste de 
equilíbrio de Berg e da Gross Motor Function Measure (GMFM). 
Método. Participaram do estudo 4 crianças, 1 menina e 3 meni-
nos, com idade entre 7 e 8 anos. Foi utilizado um programa de 
treino de equilíbrio, contendo 7 atividades em diferentes super-
fícies (estáveis e instáveis) e a utilização de diferentes demandas 
sensoriais (olhos abertos e fechados). O tratamento foi realizado 
por um período de 3 meses consecutivos, 1 vez por semana, em 
sessões com duração de 60 minutos cada. Resultados. Os resulta-
dos sugerem que há possibilidade de melhora do equilíbrio fun-
cional em crianças com PC diparética espástica com idade entre 
7 e 8 anos, devido à variabilidade da prática, utilizando nas tera-
pias diferentes atividades funcionais e promovendo a estimulação 
do sistema sensorial multimodal em diversos ambientes. Todas as 
crianças mostraram melhora no ajuste postural funcional pelo 
teste de equilíbrio de Berg e pelo GMFM.
Unitermos: Paralisia Cerebral. Diplegia Espástica. Equilíbrio.
Citação: Allegretti KMG, Kanashiro MS, Monteiro VC, Borges HC, 
Fontes SV. Os efeitos do treino de equilíbrio em crianças com paralisia 
cerebral diparética espástica.
SUMMARY
Objective. The objective of this study was toverify the effects 
of balance training and functional orthostatic activities in chil-
dren with spastic diparetic cerebral palsy, using the balance 
tests of Berg and GMFM. Method. Four children participated 
in this study, 1 girl and 3 boys, aging 7 to 8 years. A protocol 
for balance training consisting of 7 activities based on training 
on different types of surfaces (stable and unstable) and using 
different sensorial demands (eyes open and eyes closed). The 
treatment was performed during a period of 3 months, once 
a week, with sessions lasting 60 minutes each. Results. The re-
sults suggest that improvements in functional balance in chil-
dren aging 7 and 8 with cerebral palsy can occur because of 
the various forms of applying the treatment, using functional 
activities and promoting stimulation of the multimodal senso-
rial system in a number of environments during the different 
therapies. All the children showed improvements in the adjust-
ment of functional balance after performing the Berg balance 
test and the GMFM.
Keywords: Cerebral Palsy. Balance.
Citation: Allegretti KMG, Kanashiro MS, Monteiro VC, Borges HC, 
Fontes SV. The effects of balance training in children with spastic dipa-
retic cerebral palsy.
Trabalho realizado no Centro de Reabilitação Lar Escola São 
Francisco (LESF)
1. Fisioterapeuta do LESF e Preceptora do Módulo de Neuro-infantil 
do Curso de Especialização em Fisioterapia Hospitalar e Ambulatorial 
aplicada à Neurologia – UNIFESP. Especialista em Fisioterapia Motora 
Hospitalar e Ambulatorial aplicada à Neurologia – UNIFESP.
2. Fisioterapeuta do LESF. Especialista em Fisioterapia Motora Hospi-
talar e Ambulatorial aplicada à Neurologia – UNIFESP.
3. Fisioterapeuta do LESF e Preceptora do Módulo de Neuro-adulto 
do Curso de Especialização em Fisioterapia Hospitalar e Ambulatorial 
aplicada à Neurologia – UNIFESP. Especialista em Fisioterapia Motora 
Hospitalar e Ambulatorial aplicada à Neurologia – UNIFESP.
4. Fisioterapeuta, Doutora em Ciências da Saúde pela UNIFESP.
Endereço para correspondência:
Kátia Maria Gonçalves Allegretti
Rua José Bonifácio de Andrade e Silva,150/41
São Roque-SP, CEP: 18130-003
e-mail: katiaallegretti@hotmail.com
Recebido em: 08/08/06
Revisão: 09/08/06 a 27/03/07
Aceito em: 28/03/07
Conflito	de	interesses:	não
The effects of balance training in children with spastic diparetic cerebral palsy
INTRODUÇÃO
A paralisia cerebral (PC) ou encefalopatia 
crônica não progressiva é um grupo não progressi-
vo, mas freqüentemente mutável de distúrbio motor 
(tônus e postura), secundário a lesão do cérebro em 
desenvolvimento. O evento lesivo pode ocorrer no 
período pré, peri ou pós-natal1.
A incidência da PC no Brasil é de 2 a 3 por 
1000 nascidos vivos, e a forma espástica é de maior 
prevalência2. Em média surgem 17.000 novos casos 
de PC ao ano e isso se deve também aos avanços 
tecnológicos e cuidados neonatais a partir dos anos 
80, acarretando em aumento da sobrevivência de 
prematuros de muito baixo peso ao nascer, com au-
mento da prevalência de PC3,4.
Uma imensa variedade de problemas pode 
contribuir para a falta de controle postural do pa-
ciente com PC diparética espástica. O comprome-
timento do controle motor, incluindo alterações dos 
mecanismos antecipatórios (feedforward), de retroali-
mentação (feedback) e, algumas disfunções músculo-
esqueléticas afetam as reações de equilíbrio da crian-
ça diparética espástica5,6.
O treino de equilíbrio, baseado na desestabi-
lização do paciente para que este recorra ao ajuste 
postural permite a utilização de estratégias de movi-
mento postural, que são usadas, como feedback e fe-
edforward,	a	fim	de	manter	o	equilíbrio	em	diversas	
circunstâncias6-8. Essas estratégias de movimento são 
impostas tanto no plano sagital (ântero-posterior), 
como no plano frontal (médio lateral). As estraté-
gias utilizadas no plano sagital são: estratégias de 
tornozelo, quadril e passo e estas são ativadas pelo 
recrutamento de determinados músculos, ocorrendo 
a sinergia destes de acordo com a tarefa a ser realiza-
da. Já, no plano frontal as estratégias ocorrem prin-
cipalmente no quadril, tronco e, no tornozelo ocorre 
apenas se a superfície é estreita9-11.
O treino de equilíbrio proporciona ao pacien-
te com PC, o aumento do recrutamento muscular 
para a manutenção da postura em pé, promovendo, 
assim melhor ajuste postural10,12,13. A seleção dessas 
estratégias dependerá da superfície em que o pacien-
te se encontra, da velocidade de desestabilização e 
também das aferências periféricas disponíveis. Por-
tanto, o treino de equilíbrio em várias tarefas e situ-
ações permitirá a utilização das informações soma-
tossensoriais, visuais e vestibulares, como também a 
utilização de diferentes estratégias motoras13. 
Estudos realizados por diversos pesquisado-
res7,14-17 observaram que crianças com PC diparética 
espástica	apresentam	déficits	na	adaptação	sensorial	
e também apresentam uma maior dependência do 
retorno visual para a manutenção da postura corre-
ta. Por isso, a importância de se trabalhar o equilí-
brio em diferentes ambientes sensoriais.
Desafios	 adicionais	 que	 encorajam	 o	 uso	 da	
informação vestibular remanescente podem ser in-
troduzidos pela disponibilização gradual da infor-
mação visual mais acurada, como uma referência de 
orientação. Isto pode ser adquirido pela utilização 
de superfícies diferentes. Primeiro uma superfície 
firme	que	encoraje	o	paciente	a	utilizar	mais	as	in-
formações somatossensoriais. Depois uma superfície 
de espuma, que é menos acurada e a criança utiliza 
a informação visual e vestibular. Já, se a informa-
ção visual for retirada o paciente terá que utilizar a 
informação vestibular para o restabelecimento do 
equilíbrio16-18.
Os efeitos da experiência em relação ao treino 
de equilíbrio com respostas automáticas da postura 
observou-se que o treinamento repetitivo do equi-
líbrio	 pode	modificar	 os	 ajustes	 posturais	 devido	 a	
maturação e experiência motora, sugerindo que os 
ajustes posturais podem ser aprendidos19.
Por isso, os treinamentos de equilíbrio que 
exigem	 repetição	 e	 modificação	 do	 ambiente	 são	
importantes para a prática e promovem melhora no 
desempenho do controle postural de crianças com 
PC13,20.
A prática e a experiência levam a mudanças 
relativamente permanentes na capacidade de pro-
duzir uma ação hábil. Além disso, a aprendizagem 
motora envolve a aquisição de novas estratégias para 
movimentar como também a busca de solução para 
uma tarefa que surge da interação entre o indivíduo, 
a tarefa e o ambiente13,21,22.
Essa aprendizagem motora e a habilidade em 
recuperar a estabilidade após perturbações podem 
também causar implicações clínicas importantes 
em crianças com idade de 7-12 anos de idade. Pois 
sabe-se que as crianças com desenvolvimento nor-
mal devem ter atingido os padrões de um adulto no 
equilíbrio e na estabilidade por volta dos 7 aos 10 
anos de idade e, as crianças com PC são atrasadas 
neste aspecto21.
Em estudos realizados com crianças com PC, 
mesmo com idade acima de 7 anos, observa-se que 
são	 hábeis	 para	 fazerem	 modificações	 nos	 ajustes	
posturais21. Por isso, a idade das crianças foi um cri-
tério importante, assim como também a escassez de 
estudos de treino de equilíbrio em crianças com PC.
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O	objetivo	deste	estudo	foi	verificar	os	efeito	
do	 treino	de	 equilíbrio	 como	conduta	fisioterapêu-
tica, no ajuste postural e nas atividades funcionais 
em ortostatismo de crianças com PC diparética es-
pástica.
MÉTODO
Neste estudo de casos participaram 4 pacien-
tes, sendo considerados critérios de inclusão: diagnós-
tico clínico de PC diparética espástica, em interven-
çãofisioterapêutica	no	Centro	de	Reabilitação	Lar	
Escola São Francisco (LESF); idade entre 7-12 anos; 
espasticidade leve a moderada (grau 1-2) em MMII, 
de	 acordo	 com	a	Escala	Modificada	de	Ashworth;	
realizar marcha independente com ou sem um dis-
positivo de auxílio; ortostatismo independente por 
pelo menos 30 segundos; concordância e assinatu-
ra do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
dos pais ou responsáveis das crianças envolvidas na 
pesquisa. Os critérios de exclusão foram: presença 
de deformidades osteo-articulares estruturadas em 
quadril, joelho e tornozelos; realização de cirurgia 
ou bloqueio químico neuromuscular há menos de 6 
meses; pacientes com alterações nas funções cogni-
tivas que impedissem a colaboração e compreensão 
nas atividades propostas.
No período pré e pós intervenção, foram rea-
lizadas	as	avaliações	iniciais	e	finais	respectivamen-
te, sendo compostas pela avaliação do equilíbrio 
funcional com o teste de Equilíbrio de Berg, e pela 
avaliação da função motora através do Gross Motor 
Function Measure (GMFM), contendo as dimensões 
D (em pé) e E (andar, correr, pular).
O teste de equilíbrio de Berg avalia o desem-
penho do equilíbrio funcional em 14 itens comuns 
à vida diária. A pontuação máxima é de 56 e cada 
item possui uma escala ordinal de cinco alternativas 
que variam de 0 a 4 pontos. Os pontos são baseados 
no tempo em que uma posição pode ser mantida, 
na distância em que o membro superior é capaz de 
alcançar à frente do corpo e no tempo para com-
pletar uma tarefa. Este teste leva aproximadamente 
15 minutos para ser executado23-26.A escala atende a 
várias propostas: descrição quantitativa da habilida-
de, acompanhamento do progresso dos pacientes e 
avaliação da efetividade das intervenções na prática 
clínica e em pesquisas23. 
Neste trabalho foram avaliados os 14 itens do 
teste de equilíbrio de Berg.
Após a avaliação da escala de equilíbrio de 
Berg avaliou-se a função motora grossa através do 
GMFM que é um instrumento de observação padro-
nizado,	criado	e	aprovado	para	quantificar	e	mensu-
rar a função motora grossa que ocorre com o passar 
do tempo nas crianças com paralisia cerebral.
O teste de GMFM inclui 88 itens que avaliam 
a função motora em cinco dimensões: (A) deitar e 
rolar;	(B)	sentar;	(C)	engatinhar	e	ajoelhar;	(D)	ficar	
em pé; e (E) andar, correr e pular27,28.
Os itens são agrupados de acordo com a seqü-
ência	do	desenvolvimento	motor	normal.	Para	fins	
de pontuação, os itens são agregados para represen-
tar cinco áreas separadas da função motora.
Neste estudo foram aplicadas as dimensões D 
e E do GMFM que compreendem as atividade de 
ficar	 em	pé,	 de	 andar,	 correr	 e	 pular.	O	 item	D	 é	
composto de 13 itens numerados de 52 a 64. O item 
E é composto por 24 itens numerados de 65 a 88. 
Cada item pode ser pontuado de 0 a 3, que corres-
pondem respectivamente a: 0 não consegue realizar 
a atividade; 1 inicia a atividade (< 10%da tarefa); 2 
completa parcialmente (10 a <100%) e 3 completa a 
tarefa (100%).
Para a pontuação dos domínios D e E foi re-
alizada a soma dos itens obtendo assim a pontuação 
total de cada domínio. Desse modo, uma pontuação 
percentual é calculada para cada dimensão (pontua-
ção da criança/ pontuação máxima X 100%). Uma 
pontuação total, ou seja, o escore total é obtida pela 
adição da pontuação percentual para cada dimensão 
dividida por 2, devido ao uso dos itens D e E. Nesta 
escala, qualquer mudança na pontuação total será 
considerado melhora ou não melhora, dependendo 
assim da variação da pontuação na avaliação inicial 
e	final27,28.
O	 tratamento	 fisioterapêutico	 foi	 baseado	
em uma proposta de intervenção com 7 ativida-
des que visavam o treino de equilíbrio em postura 
ortostática com diferentes bases de apoio e utili-
zação de estratégias sensoriais e motoras. Foram 
realizadas doze sessões de treino de equilíbrio por 
um período de três meses consecutivos, com uma 
freqüência de uma vez por semana e duração de 
uma hora cada.
Intervenção
1- Paciente em pé com apoio bipodal em uma 
superfície estável e o terapeuta realiza a desestabili-
zação unidirecional e bidirecional com intensidade 
leve no início e depois evoluindo com uma intensi-
dade maior. Primeiramente realiza-se com os olhos 
abertos e em seguida com os olhos fechados.
2- Paciente em pé em uma superfície estável 
com uma base estreita e o terapeuta realiza a deses-
tabilização unidirecional e bidirecional com inten-
sidade leve no início e depois evoluindo com uma 
intensidade maior. Primeiramente realiza-se com os 
olhos abertos e em seguida com os olhos fechados.
3- Paciente em pé em uma superfície estável 
são realizadas tarefas funcionais com MMSS de 
acordo com a capacidade funcional de cada criança. 
Por exemplo, jogar bola.
4- Paciente em pé sobre uma superfície de es-
puma de densidade média, com os pés paralelos e li-
geiramente afastados. O terapeuta realiza movimen-
tos no sentido ântero-posterior e latero-lateral, com 
os olhos abertos e fechados para promover o ajuste 
postural. A desestabilização é iniciada com leve in-
tensidade e aumentada progressivamente.
5- Paciente em pé no mini-tramp são realiza-
das atividades com MMSS, como, por exemplo, jo-
gar bola, exigindo o ajuste postural da criança.
6- Paciente em pé na plataforma de equilí-
brio, com os pés paralelos e ligeiramente afastados, 
com um espelho à frente. O terapeuta realiza movi-
mentos no sentido ântero-posterior para promover 
o ajuste postural. A desestabilização é iniciada com 
leve intensidade e aumentada progressivamente. 
7- Paciente em pé na plataforma de equilíbrio, 
com os pés paralelos e ligeiramente afastados, com 
um espelho à frente. O terapeuta realiza movimen-
tos no sentido látero-lateral para promover o ajuste 
postural. A desestabilização é iniciada com leve in-
tensidade e aumentada progressivamente. 
RESULTADOS
De acordo com a pontuação no teste de equi-
líbrio	 de	 Berg,	 verificou-se	 a	 melhora	 de	 todos	 os		
pacientes, sendo a variação da pontuação de 4 a 7 
pontos (Tabela 1).
Na mensuração do GMFM, todos os pacien-
tes apresentaram melhora, sendo a variação de por-
centagem de 3.5% a 10% (Tabela 2).
Tabela 1.	Variação	da	pontuação	inicial	e	final	no	Teste	de	Equilíbrio	
de Berg.
Pacientes
Avaliação 
Inicial
Avaliação 
Final
Variação da pontuação 
da escala de Berg entre a 
avaliação	inicial	e	final
Paciente 1 46 pontos 53 pontos 7 pontos
Paciente 2 44 pontos 51 pontos 7 pontos
Paciente 3 44 pontos 49 pontos 5 pontos
Paciente 4 49 pontos 53 pontos 4 pontos
Tabela 2. Variação da porcentagem do escore meta da mensuração 
da	avaliação	inicial	e	final	do	GMFM.
Pacientes Avaliação Inicial Avaliação Final
Variação da 
porcentagem 
Paciente 1 86,5% 92% 5,5%
Paciente 2 73,5% 79,5% 6%
Paciente 3 73% 83% 10%
Paciente 4 80,5% 84% 3,5%
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos neste estudo são compa-
tíveis com os dados de trabalhos semelhantes a este 
realizados em crianças com PC diparética espásti-
ca18,21.
Na variação da pontuação do Teste de Equilí-
brio de Berg, observou-se uma variação mínima de 4 
pontos e a máxima de 7 pontos. E na pontuação do 
GMFM foi observada uma mudança que variou de 
3.5%	a	10%	da	avaliação	inicial	e	final.	Nestas	duas	
escalas foram considerados que qualquer variação 
na	pontuação	da	avaliação	inicial	e	final	é	indicati-
vo de melhora. Sendo assim, sugere-se a melhora do 
equilíbrio e atividades funcionais em ortostatismo de 
crianças com PC diparética espástica participantes 
deste estudo.
Como a proposta do estudo foi mensurar o 
ajuste postural em ortostatismo, foi realizada apenas 
as avaliações das dimensões D e E do GMFM , en-
contradas também em outros estudos21.
Neste estudo, observou-se que o treino de 
equilíbrio promoveu a melhora doajuste postural 
em ortostatismo, como também a melhora funcional 
do equilíbrio. Assim, pode-se sugerir que é possível 
observar	modificações	nas	crianças	com	faixa	etária	
mais avançada. Portanto, a continuidade da prática 
é relevante na recuperação do equilíbrio e da esta-
bilidade.
Com base nos dados já observados, alguns 
autores sugerem implicações clínicas importantes na 
habilidade em recuperar a estabilidade após pertur-
bações,	 sendo	modificáveis	 em	 crianças	 com	 faixa	
etária entre 7-12 anos21,29.
Estudo realizado por Shumway-Cook et al21 
obteve melhora na pontuação do GMFM, através do 
treino intenso na plataforma de força. Os achados 
destes estudos concordam com estudos de Russel et 
al28, Trahan et al30	que	também	verificaram	uma	me-
lhora na porcentagem da pontuação do GMFM, em 
crianças com PC.
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Baseado nos resultados pode-se sugerir que 
a	especificidade	do	 treinamento	deste	estudo,	atra-
vés da vivência do equilíbrio estático e dinâmico em 
diversas superfícies, com diferentes estratégias sen-
soriais, ambientais, promove assim uma melhora do 
ajuste postural.
Na abordagem sistemática, a análise do desen-
volvimento motor considera a contribuição de todos 
os elementos dentro do sistema nervoso em harmo-
nia com a contribuição de outros subsistemas, como 
o sistema muscular e esquelético19,31. Esta abordagem 
também considera a informação do meio ambiente 
como sendo crítica na contribuição para o controle 
postural da criança.
Portanto, o tratamento baseado na promoção 
da resposta muscular, antecipação, adaptação mo-
tora e sensorial, a variabilidade do ambiente como 
também o aprendizado motor proporcionam a me-
lhora do ajuste postural e um melhor equilíbrio du-
rante atividades funcionais.
Achados	 bibliográficos	 observados	 nos	 estu-
dos práticos de Carr et al13	 revelam	que	a	flexibili-
dade de condições ambientais e temporais do am-
biente	 faz	com	que	ocorra,	 também	a	flexibilidade	
no desempenho motor e postural. Os exercícios que 
promovem deslocamentos de massa corporal, maior 
velocidade e maior complexidade (diferentes ativida-
des)	aumentarão	a	confiança,	a	eficiência	e	seguran-
ça durante atividades que exijam um controle postu-
ral	eficiente7,15,32,33. Portanto, neste estudo, os fatores 
ambientais que correspondem as diferentes superfí-
cies e estimulação sensorial multimodal podem ter 
influenciado	na	melhora	do	ajuste	postural.
Os dados observados nos estudos de Ayres17, 
Valade et al12, Horak et al18 revelam que o treino de 
equilíbrio fornece e controla a entrada de estímulos 
sensoriais, de tal forma que a criança espontanea-
mente forma as respostas adaptativas que integram 
todas as sensações. Estes estímulos sensoriais em to-
das as articulações, pele e músculos da criança, irão 
gerar respostas motoras e sensoriais para o restabele-
cimento do equilíbrio. Conforme as crianças gradu-
almente dominam estas sensações e respostas, o seu 
cérebro aprende a modular a atividade sensorial e 
forma uma percepção corporal mais precisa.
Portanto, o tratamento de equilíbrio utilizan-
do diferentes superfícies e materiais que estimulam 
as informações sensoriais irá promover melhora da 
resposta do ajuste postural em pé.
A prática é essencial para o aprendizado efe-
tivo de tarefas complexas e também para a melhora 
da função motora19,22. Esses dados concordam com 
os resultados obtidos neste estudo, pois observou-se 
na avaliação do GMFM a melhora da função moto-
ra grossa através do treinamento de equilíbrio reali-
zado durante três meses.
As crianças com PC diparética espástica ne-
cessitam da oportunidade de praticar o ajuste pos-
tural sob uma variedade de situações relevantes, 
fazendo com que ocorra o desenvolvimento da ha-
bilidade11,13.
Portanto,	é	importante	que	na	intervenção	fi-
sioterapêutica baseada na melhora do equilíbrio em 
ortostatismo de crianças com PC diparética espásti-
ca seja enfatizada a estimulação sensorial multimo-
dal, pelo treino em diferentes superfícies e estratégias 
sensoriais e pela variabilidade da prática.
CONCLUSÃO
A	fisioterapia	 com	ênfase	no	 treino	de	 equi-
líbrio melhorou o ajuste postural em ortostatismo e 
as atividades funcionais de pacientes com paralisia 
cerebral diparética espástica deste estudo.
Porém, algumas limitações foram encontradas 
no decorrer do estudo. Algumas em decorrência da 
falta	 de	 métodos	 fidedignos,	 devido	 ao	 alto	 custo,	
para a mensuração do equilíbrio, como por exemplo 
a	plataforma	de	força	e	a	eletromiografia,	utilizados	
em alguns estudos para avaliar a resposta motora e 
sensorial de crianças com PC para o restabelecimen-
to do equilíbrio.
Finalmente, devido ao número pequeno de 4 
pacientes neste estudo, coloca-se a necessidade de 
aumentar a amostra de sujeitos para averiguar va-
lores	mais	significativos	através	de	uma	análise	esta-
tística.
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Rev Neurocienc 2007;15/2:108–113113
original
Rev Neurocienc 2007;15/2:114–119 114
original
Perfil do atendimento fisioterapêutico 
na Síndrome da Down em algumas 
instituições do município do Rio de Janeiro
Carla Trevisan M Ribeiro1, Márcia G Ribeiro2, Alexandra PQC Araújo3, 
Maysa N Torres4, Marco Antonio O Neves5
RESUMO
Objetivo.	Verificar	o	conhecimento	referente	ao	tratamento	de	fi-
sioterapia motora (FM), como parte da estimulação precoce, para 
crianças portadoras de Síndrome de Down (SD) nas principais 
instituições do Município do Rio de Janeiro. Método. Estudo ob-
servacional transversal. Foi aplicado questionário estruturado a 
fisioterapeutas	de	4	das	11	instituições	mapeadas,	contendo	dados	
referentes	ao	atendimento	fisioterapêutico.	Resultados.	Em	rela-
ção a FM, 3 instituições utilizaram método de tratamento neuro-
evolutivo e uma utilizou Glenn Doman. Duas instituições deter-
minaram idade mínima de 3 meses para o início do tratamento 
e somente uma realizou trabalho de estimulação com voluntários 
treinados,	sem	presença	do	fisioterapeuta.	O	atendimento	em	gru-
po foi observazdo em 3 instituições, com média de tempo de FM 
de 15 min e 30 min na outra instituição. A instituição com aten-
dimento individual apresentou maior duração da sessão, 35 min. 
Em 3 instituições, a freqüência de atendimento foi 2 vezes por 
semana e na outra instituição foi 5 vezes por semana. Os respon-
sáveis pelos pacientes foram orientados em todas as instituições, 
porém somente duas delas permitiram participação nas sessões. 
Todas apresentaram como critério de alta a marcha independen-
te.. Três instituições encaminharam a criança para outros locais 
após alta. Conclusão. Freqüência, método e idade de atendimen-
to, além de orientação e encaminhamento pós-alta estão condi-
zentes à prática de FM para esta população.
Unitermos: Síndrome de Down. Estimulação Precoce. 
Fisioterapia.
Citação:	Ribeiro	CTM,	Ribeiro	MG,	Araújo	APQC,	Torres	MN.	Perfil	
do	atendimento	fisioterapêutico	na	Síndrome	de	Down	em	algumas	
instituições do município do Rio de Janeiro.
SUMMARY
Objective. The aim of this study is to verify the treatment 
with Motor Physical Therapy (MPT), as part of early stimu-
lation for children with Down Syndrome (SD) in the main ins-
titutions of the Rio de Janeiro City. Method. It is an observa-
tional and cross-sectional study with application of structural 
questionnaire to physical therapists. Results. Four institutions 
from eleven were visited. Three institutions used a Neuroe-
volutive Treatment Method and one used Glenn Doman fot 
MPT. Two institutions determined 3 months as minimum age 
for the beginning of treatment, and only one did stimulation 
work with trained volunteers without a Physical Therapist 
present. Group appointment was presented in three institu-
tions and had an average time of 15 minutes and in the other 
one, 30 minutes for MPT. The Institution with individual ap-
pointments had longer sessions, 35 minutes. In three institu-
tions the frequency of appointments was twice a week, and 
in	 the	other	one	was	five	 times	a	week.	The	 responsible	 for	
the children were well oriented in all institutions, although 
only two institutions allowed them to participate during the 
appointments. All Institutions had independent gait as dis-
missal criterion. Three institutions referred children to other 
facilities. Conclusion: Frequency, methods, and age as well as 
orientation and referral after dismissal were in agreement to 
MPT for this population.
Keywords: Down Syndrome. Early Intervention. Physical 
Therapy.
Citation: Ribeiro CTM, Ribeiro MG, Araújo APQC, Torres MN. Phy-
sical	therapy	profile	in	Down	Syndrome	at	some	institutions	of 	the	City	
of Rio de Janeiro.
Trabalho realizado na Universidade Federal do Rio de 
Janeiro, Departamento de Pediatria, Instituto de Pediatria 
Martagão Gesteira
1. Fisioterapeuta, Mestre em ciência – Área de saúde da Criança e 
Adolescente, UFRJ.
2. Geneticista, Doutora em Genética, Professora Adjunta da Faculdade 
de Medicina da UFRJ, Chefe do Serviço de Genética Clínica.
3. Neurologista, Doutora em Medicina (Neurologia), Professora Adjun-
ta da Faculdade de Medicina da UFRJ.
4.	Aluna	do	Programa	Iniciação	Científica	do	Curso	de	Fisioterapia	da	
Faculdade de Medicina da UFRJ.
5. Doutorando em neurociência – UFF (Serviço de Neurologia).
Endereço para correspondência:
Carla Trevisan M Ribeiro
R Valparaíso, 80/501
Rio de Janeiro-RJ, CEP: 20261-130
E-mail: carlatrevisan@ig.com.br
Recebido em: 18/10/06
Revisão: 19/10/06 a 13/04/07
Aceito em: 14/04/07
Conflito	de	interesses:	não
Physical therapy profile in Down Syndrome at some institutions of the City of Rio de Janeiro
INTRODUÇÃO
A síndrome de Down é uma anomalia cromos-
sômica mais freqüente, devido principalmente a tris-
somia do cromossomo 21 e tem como características 
essenciais	retardo	mental,	dismorfias	(braquicefalia,	
inclinação palpebral superior, epicanto, achatamen-
to de base nasal, protrusão da língua, prega única 
plamar, dentre outras), e hipotonia muscular, de in-
tensidade variável, que pode afetar de diversas ma-
neiras o desenvolvimento neuropsicomotor de seus 
portadores1,2. Indivíduos portadores desta síndrome 
podem, ainda, apresentar alterações neuromuscula-
res (diminuição de força e das reações posturais), e 
osteo-articulares (frouxidão ligamentar, hipermobili-
dade articular

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