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SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CARNES

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Maceió - AL, 14 a 17 de agosto de 2016 
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
 
 
SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CARNES 
 
SUSTAINABILITY IN THE BRAZILIAN INDUSTRY OF MEAT 
 
Autores: Ricardo Messias Rossi
1
; Marina Darahem Mafud
2
 
Filiação: 
1
Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da Universidade 
Federal de Goiás (FACE-UFG); 
2
Escola Associada de Goiânia (ESUP). 
E-mail: rossi.ufg@gmail.com; marinamafud@gmail.com 
 
Grupo de Pesquisa: 4 – Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais 
 
Resumo 
A cadeia produtiva de carne aparece frequentemente nas discussões acadêmicas e ideológicas 
sobre sustentabilidade. Discussões sobre emissão de gases de efeito estufa, pegada hídrica e 
bem-estar animal estão entre as maiores preocupações em termos socioambientais. O objetivo 
desta pesquisa é identificar práticas sustentáveis realizadas pela indústria de carnes no Brasil. 
Foi realizada uma análise documental dos relatórios de sustentabilidade de quatro grandes 
empresas do setor. As quatro empresas estudadas apresentaram práticas sustentáveis para as 
três dimensões da sustentabilidade. Temas como inventário de emissões de gases de efeito 
estufa, rastreabilidade, bem-estar animal, gestão da água e efluentes, gestão de resíduos, 
eficiência energética, gestão de riscos, saúde e segurança, segurança alimentar, equidade e 
respeitos às diferenças, relacionamento com fornecedores e monitoramento ambiental da 
cadeia produtiva, foram comuns entre as empresas estudadas. Apesar da existência de práticas 
internas e de coordenação da cadeia, parece existir oportunidade para a ação coletiva no 
sentido de promover e divulgar a sustentabilidade do sistema como um todo. 
Palavras-chave: Agronegócio. Sustentabilidade. Carne. 
 
Abstract 
The meat chain often appears in academic and ideological discussions about sustainability. 
Discussions on emissions of greenhouse gases, water footprint and animal welfare are among 
the biggest concerns in social and environmental terms. The objective of this research is to 
identify sustainable practices carried out by the meat industry in Brazil. Document analysis of 
sustainability reports of four major companies in the sector was held. The four companies 
studied had sustainable practices for the three dimensions of sustainability. Issues as the 
greenhouse gas emissions inventory, traceability, animal welfare, water and effluent 
management, waste management, energy efficiency, risk management, health and safety, food 
safety, equality and respect for differences, supplier relationship management and 
environmental monitoring in the supply chain, were common among the studied companies. 
Despite the existence of internal practices and chain coordination, there seems to be 
opportunities for collective action to promote and disseminate the sustainability of the system 
as a whole. 
Keywords: Agribusiness. Sustainability. Meat. 
 
 
 
Maceió - AL, 14 a 17 de agosto de 2016 
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
1. Introdução 
 
Em 2014, foi lançado para o público mundial um documentário intitulado Cowspiracy: 
The Sustainability Secret, em português traduzido para "Cowspiracy: o segredo da 
sustentabilidade". Dirigido por Kip Andersen e Keegan Kuhn, o filme sugere que a pecuária 
seja a atividade mais maléfica ao meio ambiente nos dias atuais, superando inclusive 
atividades como a produção de energia, por exemplo. Segundo o documentário, entre outros 
dados, a pecuária seria responsável por 18% das emissões mundiais de gases de efeito estufa, 
utilizaria mais de 20.000 litros de água para produzir um quilo de carne bovina e ocuparia um 
terço da terra livre de geleiras (COWSPIRACY, 2016). O documentário sugere que o 
consumo de proteína animal deve ser banido por completo para a sociedade recuperar um 
estado de equilíbrio ambiental. 
Com a produção de Leonado DiCaprio, o documentário ganhou uma versão atualizada 
em 2015 e ganhou popularidade no Netflix. Certamente, as provocativas informações citadas 
no filme levantariam discussões em fóruns profissionais e científicos ligados ao setor. Place 
(2015) critica a metodologia utilizada para levantar a emissão de gases de efeito pela 
atividade pecuária. Segundo a autora, a técnica de Life Cycle Assessment (LCA) considera a 
cadeia produtiva como um todo, sendo que no caso da pecuária americana existe uma 
superestimação da utilização do solo para criação de animais. Place (2015) conclui que 
existem relevantes lacunas de informações e incertezas relacionadas com a sustentabilidade da 
pecuária. 
No Brasil, Castanho Filho, Campos e Olivette (2015) também criticam as 
metodologias de “água virtual” e “pegada hídrica” ressaltando que tais métodos não levam 
suficientemente em conta o ciclo hidrológico e a renovação da água na agropecuária. Para 
esses autores, as lacunas de informações geram uma espécie de “neomalthusianismo hídrico” 
que “dão ensejo a propostas contra as tecnologias e atividades rurais atuais, especialmente a 
pecuária bovina” (CASTANHO FILHO et al., 2015, p. 3). 
Tanto o debate político-ideológico equilibrado entre as posições divergentes quanto o 
aprofundamento científico sobre o tema são importantes para o avanço dos mecanismos de 
avaliação da sustentabilidade em cadeias produtivas, especificamente no caso da produção de 
proteína animal. O fato é que as pressões sociais e institucionais já têm servido como 
mecanismos influenciadores no comportamento de agentes envolvidos com a pecuária. 
Kim Stackhouse-Lawson, diretora executiva de sustentabilidade global da National 
Cattlemen's Beef Association, coordenou um projeto para levantar e quantificar aspectos da 
sustentabilidade da indústria de carne bovina nos Estados Unidos. O projeto dividiu os 
aspectos seguindo o tripé da sustentabilidade (ambiental, social e econômica) proposto por 
Elkington (1997). O projeto mostra práticas realizadas pelo setor que permitiram avanços da 
sustentabilidade da cadeia produtiva da carne bovina nas três dimensões do tripé da 
sustentabilidade entre os anos de 2005 e 2011 (STACKHOUSE-LAWSON, 2015). 
Da mesma forma, acredita-se que a indústria brasileira de carnes também está atenta 
ao tema e deve investir em práticas sustentáveis. Essa é a questão investigada no presente 
estudo. Assim, o objetivo geral desta pesquisa é identificar práticas sustentáveis realizadas 
pela indústria de carnes no Brasil nas seguintes dimensões: (a) ambiental; (b) social e; (c) 
econômica. A próxima seção do artigo apresenta o referencial teórico sobre sustentabilidade 
na cadeia produtiva da carne. Na sequência, serão apresentados a metodologia utilizada no 
estudo, os resultados obtidos e as considerações finais. 
 
 
 
Maceió - AL, 14 a 17 de agosto de 2016 
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
2. Sustentabilidade na Cadeia Produtiva da Carne 
 
Diretamente dependentes do meio ambiente para a originação de produtos alimentícios 
e de pesca, que formam o centro dos negócios agroindustriais, as atividades agroindustriais 
como um todo vêm sendo desafiadas a produzir cada vez mais, e ao mesmo tempo lidar com a 
contrapartida, que é preservar, limpar e cuidar dos elementos naturais dos quais fazem uso 
(ZYLBERSZTAJN, NEVES, 2000). A abordagem sistêmica de cadeias produtivas 
agroindustriais pressupõe a participação coordenada de produtores agropecuários, 
agroindústrias, distribuidores, entre outras organizações (BATALHA, SCARPELI, 2005). A 
coordenação dentro da cadeia é um dos conceitos-chave no enfoque sistêmico da produção 
agroindustrial (STAATZ, 1997). Nessesentido, a coordenação é um conceito importante para 
o desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas agroindustriais. 
O conceito de desenvolvimento sustentável provém de um longo processo histórico de 
reavaliação crítica da relação existente entre a sociedade civil e seu meio natural (BELLEN, 
2005). Elkington (1997) popularizou o termo triple bottom line (tripé da sustentabilidade), 
sustentando uma nova vertente estratégica e competitiva nas organizações. O autor indicou a 
necessidade de uma visão estratégica mais ampla, abordando três pilares de desenvolvimento: 
os pilares econômico, social e ambiental. 
Dessa forma, a questão da sustentabilidade nos sistemas agroindustriais deve ser 
tratada como um wicked problem (DENTONI; HOSPES; ROSS, 2012), ou seja, um problema 
de alta complexidade, multidimensional, de difícil entendimento e sem uma solução perfeita. 
Peterson (2011) indica como as características que envolvem a questão da sustentabilidade se 
enquadram aos critérios dos wicked problems (Quadro 1). 
 
Quadro 1 – Sustentabilidade como um wicked problem. 
Critério para um wicked 
problem 
Sustentabilidade 
Não existe uma formulação 
definitiva para o problema. 
A definição ideal carece de especificidade e é reduzida a 
um slogan como, por exemplo, o desempenho no triple 
bottom line (econômico, social e ambiental). 
A solução não é verdadeira ou 
falsa, mas sim melhor ou pior. 
Nunca se pode saber se a sustentabilidade foi obtida. 
Somente se pode prever um progresso em sua trajetória. 
Stakeholders possuem visões 
radicalmente diferentes sobre o 
problema e, frequentemente, são 
irredutíveis em suas posições 
sobre o problema. 
Executivos focalizam os resultados econômicos. 
Grupos ambientais focalizam resultados ambientais. 
Grupos sociais focalizam resultados sociais, por 
exemplo, salários justos e acesso equitativo. 
Os componentes do sistema e as 
relações de causa e efeito são 
incertos ou mudam radicalmente. 
Muitas reivindicações são feitas sobre o que é 
sustentável (por exemplo, os sistemas alimentares locais 
são sustentáveis, enquanto os sistemas globais de 
alimentos não são) sem um conhecimento claro de quais 
características asseguram ou promovem a 
sustentabilidade. 
Fonte: Traduzido pelos autores a partir de Peterson (2011). 
 
 
 
 
Maceió - AL, 14 a 17 de agosto de 2016 
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
De fato, a degradação de recursos naturais pela agropecuária tem sido uma 
preocupação central nas pesquisas relacionadas à agroecologia e à análise da sustentabilidade 
(SABIHA et al., 2016). Tilman et al. (2011) observam que muitas áreas agrícolas do mundo 
estão alcançando produtividades abaixo de seus potenciais e que a atual expansão agrícola 
global pode ter sérias implicações para o meio-ambiente ao longo-prazo. Ainda segundo esses 
autores, um caminho promissor para a intensificação de uma agricultura mais sustentável 
segue a trajetória da adaptação e transferência de tecnologia das regiões com agricultura mais 
desenvolvida para as nações que observam produtividades abaixo de seus potenciais. 
Seguindo as três dimensões propostas por Elkington (1997), Kamali et al. (2014) indicam, a 
partir da revisão de literatura, os aspectos-chave da sustentabilidade em cadeias produtivas 
agroindustriais (Quadro 2). 
 
Quadro 2 – Aspectos-chave da sustentabilidade segundo a literatura. 
Dimensão Aspecto Descrição 
Ambiental 
Atmosfera 
Água 
Solo 
 
Biodiversidade 
 
 
Matéria e Energia 
 
Bem-estar animal 
Poluição do ar, mudanças climáticas. 
Qualidade da água, quantidade de água. 
Matéria orgânica do solo, estrutura física, qualidade 
química, degradação e desertificação do solo. 
Conectividade e diversidade, integridade do 
ecossistema, biodiversidade selvagem, biodiversidade 
na agricultura, espécies ameaçadas. 
Recursos não renováveis, fontes de energia, eco 
eficiência, depósito de lixo. 
Liberdade do stress, condições apropriadas para as 
espécies. 
Econômica 
Investimento 
 
Vulnerabilidade 
 
 
Qualidade e segurança 
dos produtos 
Economia local 
Investimento interno, investimento na comunidade, 
investimento de longo-prazo. 
Estabilidade de fornecimento, estabilidade de 
marketing, liquidez e seguros, emprego, estabilidade 
de produção. 
Informações do produto, rastreabilidade, segurança 
alimentar, qualidade alimentar. 
Criação de valor, aquisições locais. 
Social 
Subsistência digna 
Direitos trabalhistas 
 
 
Equidade 
 
Segurança e saúde 
humana 
Diversidade cultural 
Nível salarial, capacitação. 
Emprego, trabalho forçado, trabalho infantil, 
liberdade de associação e barganha, jornada de 
trabalho. 
Não discriminação, igualdade de gêneros, suporte 
para as pessoas vulneráveis. 
Saúde física e psicossocial, recursos para saúde, 
segurança alimentar. 
Conhecimento local, soberania alimentar. 
Fonte: Adaptado e traduzido pelos autores a partir de Kamali el al. (2014). 
 
 
 
 
 
Maceió - AL, 14 a 17 de agosto de 2016 
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
Ridoutt, Sanguansri e Harper (2011) indicam a necessidade de abordagens que 
utilizam vários indicadores para avaliar a sustentabilidade de produtos agropecuários. Em um 
estudo que investigou a produção de carne bovina no sul da Austrália, esses autores 
mostraram o tradeoff existente entre as pegadas hídrica e de carbono nos sistemas estudados. 
Ainda neste estudo, os autores concluíram para o contexto dos casos estudados, que a emissão 
de gases de efeitos estufa é mais relevante na produção de carne bovina do que a pegada 
hídrica. 
White et al. (2014) mostraram que a sustentabilidade da produção de carne bovina nos 
Estados Unidos pode ser aprimorada por meio de alterações nas dietas dos animais. Todavia, 
enquanto a dieta pode reduzir individualmente a emissão de gases do efeito estufa em 3,6%, a 
utilização de solo em 5,4% e a utilização de água em 4,3%, quando analisados 
simultaneamente estes três aspectos (otimização multiobjetivo), a redução máxima foi de 
2,3%. Esse resultado reforça a possibilidade da existência de tradeoffs, conforme indicado por 
Ridoutt, Sanguansri e Harper (2011). 
A partir de uma pesquisa comparativa entre as produções de carne bovina nos Estados 
Unidos, no Canadá, na União Europeia, no Brasil e na Austrália, Desjardins et al. (2012) 
apontaram que as emissões de gases de efeito estufa dependem do tipo de sistema de 
produção, da localização, do ano, das práticas gerenciais, da alocação dos encargos 
ambientais entre diferentes cadeias produtivas que se sobrepõem em algum momento (por 
exemplo, entre a produção de leite e carne bovina) e dos limites empregados no estudo. Place 
(2015) também faz uma observação parecida, indicando que a pegada de carbono da produção 
de carne bovina varia não somente em função da localização geográfica (devido às diferenças 
entre sistemas de produção, tecnologias, genéticas, entre outras), mas também temporalmente. 
Para Velten et al. (2015), o conceito de sustentabilidade na agricultura ainda é muito 
vago e ambíguo em seu significado, o que torna seu uso extremamente difícil. Os diferentes 
pontos de vista e abordagens sobre agricultura sustentável são, em sua maioria, 
complementares e devem ser integrados por meio de pesquisas e trabalhos cooperativos, 
interdisciplinares e transdisciplinares (VELTEN et al., 2015). 
Sambuichi et al. (2012) indicam os principais preocupações ambientais relacionadas 
com a atividade agropecuária no Brasil, sendo essas: desmatamento e degradaçãodos solos, 
contaminação ambiental, emissões de gases, mudanças climáticas, perda de biodiversidade e 
degradação dos recursos hídricos . Ainda segundo Sambuichi et al. (2012) , a partir da pressão 
mundial para a mitigação de mudanças climáticas, algumas políticas públicas focalizadas na 
questão da sustentabilidade foram delineadas no Brasil, sendo essas: Plano de Agricultura de 
Baixa Emissão de Carbono; Programa de Desenvolvimento da Agricultura Orgânica (pró-
orgânico); Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar; Programa Federal 
de Apoio à Regularização Ambiental de Imóveis Rurais. 
Segundo projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 
2015), a produção de carnes (bovina, suína e aves) entre 2014/15 e 2024/25, deverá aumentar 
em 7,9 milhões de toneladas (acréscimo de 30,7% em relação à produção de carnes de 
2014/2015). Ainda segundo essas projeções, o Brasil deverá ser, em 2024/25, o maior 
exportador de carne de frango, o segundo de carne bovina e o quarto de carne suína, 
representando, respectivamente, 41,5%, 26,5% e 10,5% do comércio mundial (em equivalente 
carcaça). Segundo Otto, Neves e Pinto (2012) a sustentabilidade é um dos fatores-críticos de 
sucesso para a cadeia produtiva da carne bovina. 
A partir de uma análise bibliométrica de 184 artigos sobre sustentabilidade publicados 
entre os anos de 2010 a 2014 em periódicos nacionais (Qualis A2 a B3) na área de 
 
 
Maceió - AL, 14 a 17 de agosto de 2016 
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
Administração, Contabilidade e Turismo, Anzilago et al. (2015) observaram um aumento na 
frequência de publicações no período analisado. Em relação ao tripé da sustentabilidade, os 
autores também observaram a predominância de estudos pautados na ótica da dimensão 
ambiental. Em termos mais específicos, inúmeros trabalhos têm discutido a questão da 
sustentabilidade na produção de carnes no Brasil. Utilizando o método de Avaliação do Ciclo 
de Vida (Life Cycle Assessment – LCA) na produção de carne bovina no Brasil, Ruviaro 
(2012) observou a dificuldade de comparar os resultados das pesquisas internacionais sobre o 
tema com os resultados das pesquisas brasileiras. Tal dificuldade ocorre em virtude das 
diferenças entre unidades funcionais, limites dos projetos, escassez de informações detalhadas 
sobre processos ou atividades que foram incluídos ou excluídos em outras avaliações. 
Gardini, Azevedo e Matias (2014) identificaram os principais programas e práticas 
sustentáveis realizados na bovinocultura de corte no estado de Mato Grosso do Sul, sendo 
esses: Pecuária Bovina Orgânica (PBO), Boas Práticas Agropecuárias (BPA), Integração 
Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), e Associação do Novilho Precoce (ASPNP). Gruba, 
Dutra e Stock (2013) identificaram práticas de sustentabilidade socioeconômica e ambiental 
realizadas por uma cooperativa paranaense de produtores de carne. 
Além dos artigos citados anteriormente, muitos outros estudos foram conduzidos no 
Brasil. Pereira et al. (2015) encontraram 104 publicações brasileiras sobre a temática 
“sustentabilidade no agronegócio” publicados na ISI Web of Knowledge (Web of Science) no 
período de 2004 à 2014. A partir de um painel de 252 empresas, Claro e Claro (2014) 
concluíram que aquelas que investiram em sustentabilidade tiveram resultados melhores no 
período pós-crise financeira de 2008. De fato, Zylbersztajn (2013, p. 206) indicou a 
sustentabilidade socioambiental como uma dimensão crítica para a administração de sistemas 
de base agrícola no Brasil contemporâneo, uma vez que trata da “definição de direitos de 
gerações futuras sobre os recursos explorados no presente”. 
 
3. Metodologia 
 
Seguindo a classificação proposta por Selltiz et al. (1967), a presente pesquisa é de 
natureza exploratória, uma vez que visa aumentar a compreensão e familiarizar-se com o 
fenômeno em estudo. Conforme tipologia proposta por Marconi e Lakatos (2006), o método 
de procedimento adotado foi o método comparativo com abordagem qualitativa. A técnica de 
pesquisa utilizada foi a análise documental. As fases da análise documental seguiram a 
proposta apresentada por Richardson (2007): (a) pré-análise (leitura superficial do material; 
escolha dos documentos); (b) análise do material; (c) tratamento dos resultados. 
Inicialmente, foram identificadas as empresas do segmento “Carnes e Derivados” 
listadas na BM&FBOVESPA. As empresas listadas eram: BRF S.A.; EXCELSIOR 
ALIMENTOS S.A.; JBS S.A.; MARFRIG GLOBAL FOODS S.A.; MINERVA S.A.; 
MINUPAR PARTICIPAÇÕES S.A. (BM&FBOVESPA, 2016). Na sequência foram 
selecionadas somente as empresas que participam do “Novo Mercado” (empresas que se 
encontram em nível avançado de governança corporativa). As empresas selecionadas foram: 
(a) BRF S.A; (b) JBS S.A; (c) MARFRIG GLOBAL FOODS S.A; (d) MINERVA S.A.. 
Foram realizadas buscas nos sites das empresas selecionadas com o objetivo de realizar o 
download dos relatórios de sustentabilidade mais recentes. O Quadro 3 apresenta os 
documentos obtidos. 
 
 
 
Maceió - AL, 14 a 17 de agosto de 2016 
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
Quadro 3 – Documentos de sustentabilidade das empresas selecionadas para o estudo. 
Empresa Documento Ano 
BRF S.A. Relatório Anual de Sustentabilidade 2014 
JBS S.A. Relatório Anual e de Sustentabilidade 2014 
MARFRIG S.A. Relatório Anual 2014 
MINERVA S.A. Relatório de Sustentabilidade 2014 
Fonte: Elaborado pelos autores. 
 
Para a realização da análise do conteúdo dos relatórios, foram definidos critérios para 
a categorização dos temas principais e secundários. Para a categorização dos temas principais 
foi utilizado o seguinte critério: 
 Dimensões da sustentabilidade (ELKINGTON, 1997): (a) Ambiental; (b) 
Social; (c) Econômica. 
Para a categorização dos temas secundários foi utilizado o critério dos aspectos da 
sustentabilidade proposto por Kamali et al. (2014) para as dimensões ambiental, social e 
econômica, sendo: 
 Dimensão ambiental: (a) Atmosfera; (b) Água; (c) Solo; (d) Biodiversidade; (e) 
Matéria e Energia; (f) Bem-estar animal; 
 Dimensão Social: (a) Subsistência digna; (b) Direitos trabalhistas; (c) 
Equidade; (d) Segurança e saúde humana; (e) Diversidade cultural; 
 Dimensão Econômica: (a) Subsistência digna; (b) Direitos trabalhistas; (c) 
Equidade; (d) Segurança e saúde humana; (e) Diversidade cultural. 
As práticas sustentáveis identificadas pela análise dos relatórios das empresas foram 
distribuídas segundo os temas principais e secundários apresentados. A próxima seção deste 
artigo apresenta os resultados obtidos. 
 
4. Resultados e Discussão 
 
Nesta seção serão apresentados os resultados da análise documental dos relatórios 
de sustentabilidade das empresas selecionadas. Em um primeiro momento, serão apresentados 
e discutidos os resultados individualmente. A comparação dos resultados obtidos será 
apresentada nas considerações finais deste estudo. 
 
4.1 BRF S.A. 
 
Os dados discutidos nesta seção foram obtidos por meio da análise do Relatório Anual 
de Sustentabilidade da empresa para o ano de 2014 (BRF, 2016). Presente em 120 países, a 
BRF possui mais de 100 mil colaboradores diretos e um portfólio com mais de 2 mil 
produtos, possuindo uma posição de destaque do mercado global de proteína animal. 
Detentora de marcas conhecidas, como Sadia, Perdigão e Qualy, a empresa faturou 
globalmente mais de R$29 bilhões em 2014, sendo R$15,4 bilhões no Brasil. 
A empresa indica seis pilares de sustentabilidade: (1) alavancar a sustentabilidade na 
cadeia de valor; (2) engajamento com públicos de relacionamento; (3) promoção do consumosustentável; (4) valorização do capital humano; (5) adaptação a mudanças climáticas; (6) 
sustentabilidade com foco na melhoria contínua. Para alavancar a sustentabilidade na cadeia 
de valor, a empresa direciona ações em duas áreas: (a) cadeia de fornecedores (práticas de 
 
 
Maceió - AL, 14 a 17 de agosto de 2016 
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
compras; avaliação socioambiental de fornecedores; trabalho infantil e análogo a escravidão); 
(b) bem-estar animal. 
Para aprimorar o engajamento com públicos de relacionamento, a empresa direciona 
ações para comunidades locais. Em termos de consumo sustentável, as ações estão focalizadas 
em responsabilidade pelo produto (produtos e serviços; saúde e segurança do cliente; 
rotulagem). Para valorização do capital humano, as ações estão voltadas para práticas 
trabalhistas (emprego; saúde e segurança; diversidade e igualdade de oportunidades). 
Para a adaptação a mudanças climáticas, a gestão ambiental da empresa focaliza: (a) 
materiais, energia, água e biodiversidade; (b) emissões, transportes, efluentes e resíduos. Para 
sustentabilidade com foco em melhoria contínua, as preocupações estão voltadas para o 
desempenho econômico, a conformidade, mecanismos de queixa, combate à corrupção e 
concorrência desleal. As principais práticas de sustentabilidade identificadas no relatório da 
empresa são apresentadas no Quadro 4. 
 
Quadro 4 – Práticas sustentáveis identificadas no relatório da BRF S.A. 
DIMENSÃO AMBIENTAL 
Aspecto Práticas 
Atmosfera 
Emissões de gases de efeito estufa (GEE). Norma Corporativa para 
gestão de lançamento de poluentes pelas fábricas; uso de biomassa 
(energia renovável) e a conservação de energia e calor em equipamentos 
e processos. 
Inventário Global. Acompanhamento das emissões de GEE 
(trimestralmente) por meio do indicador de kg CO2e/t produzida. 
Água 
 
Gestão consciente de água. Redução do uso; reuso de água; captação 
de água da chuva; avaliação in loco na cadeia de fornecedores na 
agropecuária. 
Gestão de Efluentes. Redução da geração de efluentes; tratamento de 
efluentes; normas de para investigar, avaliar, classificar e comunicar 
acidentes. 
Solo 
 
Programa 3S – Sistema de Suinocultura Sustentável. Apoia 
produtores integrados no tratamento alternativo dos dejetos através de 
biodigestores com sistema de queima dos gases ou uso como fonte de 
energia. 
Biodiversidade 
 
 Biodiversidade. Passou a integrar a iniciativa TeSE, do Centro de 
Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces); na 
cadeia agropecuária, os produtores integrados são avaliados 
mensalmente com o indicador de percentual de licença ambiental de 
propriedades. 
Matéria e 
Energia 
 
Programa de excelência energética. Redução do consumo; Comitê de 
energia; campanhas de conscientização; utilização de fontes renováveis; 
gestão de produtores integrados (controle de riscos). 
Gestão de impactos na logística. Uso de diferentes modais; otimização 
no carregamento de cargas; mudanças no perfil da frota; logística 
reversa; roteirização. 
Gestão de resíduos. Iniciativas para minimizar perdas, melhorar o 
controle de produtores integrados e encontrar destinação mais adequada 
 
 
Maceió - AL, 14 a 17 de agosto de 2016 
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
para cada tipo de resíduo. 
Materiais e Embalagens. Redução, reciclagem e reutilização de 
materiais durante o ciclo de vida dos produtos e processos industriais. 
Bem-estar 
animal 
Bem-estar animal. 5 princípios do bem-estar animal (animais livres de 
fome e sede; livres de desconforto ambiental; livres de dor, lesões e 
doenças; livres para expressar seu comportamento natural; e livres de 
medo e estresse). 
DIMENSÃO SOCIAL 
Aspecto Práticas 
Subsistência 
digna 
Treinamentos. Programas de Qualificação e Desenvolvimento 
(externos); programas de Capacitação (internos); Incentivo Educacional; 
Educação a Distância (EAD); TV de Vendas; TV Logística; 
Treinamento de Vendas (presencial). 
Direitos 
trabalhistas 
 
Gestão de Pessoas. Avaliação de rotatividade; programas de benefícios, 
valorização e reconhecimento. 
Governo, Instituições e Setor. Código de Ética e Conduta. 
Equidade 
 
Diversidade, equidade e inclusão. Não distinção de gênero, raça ou 
religião na contratação, no relacionamento diário e na remuneração; 
inclusão de pessoas com deficiência. 
Segurança e 
saúde humana 
 
Saúde, segurança e bem-estar. Programa de SSMA (Saúde, Segurança 
e Meio Ambiente); Gestão de Saúde Ocupacional; Programa de 
Ergonomia; Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional; 
Programa de Conservação Auditiva; Programa de Proteção Respiratória; 
Transporte Seguro. 
Clima interno. Planos de ação corporativos e locais, para aumentar o 
nível de satisfação de colaboradores. 
Viva BRF. Movimento de cultura organizacional que reúne um 
conjunto de ações para o atendimento das demandas de integração 
interna. 
Projeto Fábrica Legal. Iniciativa para aprimorar as condições de saúde 
e segurança no setor frigorífico. 
Diversidade 
cultural 
Instituto BRF. Trabalho de fortalecimento de ONGs; Programas 
específicos de envolvimento com a comunidade (Comunidade Ativa; 
Inspira Comunidade; Inspira; Inspira Voluntários BRF; Portas Abertas; 
Projeto Reciclação; Estação Digital). 
DIMENSÃO ECONÔMICA 
Aspecto Práticas 
Investimento 
Investimentos. Em 2014 os investimentos realizados pela Companhia 
totalizaram R$1,5 bilhão (direcionados para crescimento, suporte e 
eficiência).. 
Vulnerabilidade 
Gestão de riscos. Monitoramento de riscos financeiros, da cadeia de 
fornecedores, operacionais, sanitários, da segurança dos alimentos, das 
commodities, da imagem e reputação, jurídicos e tributários, ambientais 
e das mudanças climáticas. 
Crescimento sustentável. Objetivo de crescer de forma sustentável e 
criar valor compartilhado de longo prazo, garantindo a sustentabilidade 
 
 
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do negócio e suportando movimentos globais. 
Programa de monitoramento da cadeia de fornecedores. Mitigação 
de riscos socioambientais, potencialização de atributos de qualidade e 
desenvolvimento da cadeia. 
Qualidade e 
segurança dos 
produtos 
 
Política Interna de Qualidade e Segurança de Alimentos. Programa 
de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (HACCP). Normas 
do Sistema da Qualidade da BRF. 
Certificações. BRC, IFS, Global-GAP, AloFree e ISO 17025:2005. 
Produtos mais saudáveis. Redução do uso de gorduras trans. Redução 
de sódio. Lançamento de produtos enriquecidos e fortificados. 
Rotulagem. 
Economia local 
Comunidades locais. Melhoria da infraestrutura para comunidades 
locais de 53 cidades. 
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de BRF (2016). 
 
A partir da análise os dados apresentados (Quadro 4), é possível perceber que foram 
identificadas práticas sustentáveis para todo os aspectos das três dimensões do tripé da 
sustentabilidade. Dentre as práticas verificadas, nota-se a presença de ações voltadas para a 
coordenação da cadeia produtiva, como, por exemplo, o Programa de Monitoramento da 
Cadeia de Fornecedores que possui entre seus objetivos a mitigação de riscos socioambientais 
nas áreas de grãos, farelos e óleos, logística, agropecuária, suprimentos e lácteos. 
 
4.2 JBS S.A. 
 
Os dados discutidos nesta seção foram obtidos por meio da análise do Relatório Anual 
e de Sustentabilidade da empresa para o ano de 2014 (JBS, 2016). Complataformas de 
produção e escritórios de vendas em 22 países, a JBS possui cerca de 215 mil colaboradores 
no mundo. Entre outros negócios, a empresa possui posição destacada no processamento de 
bovinos, suínos, ovinos, aves e couros. Detentora de marcas conhecidas, como Friboi, Swift, 
Cabaña Las Lilas, Pilgrim´s, Seara, entre outras, e com receita líquida anual de R$120,5 
bilhões em 2014, a JBS é a maior empresa de proteína animal do mundo. 
A empresa indica seis pilares estratégicos: (1) Cultura JBS; (2) Sólida Estrutura 
Financeira; (3) Compra responsável; (4) Redução de Custos e Ecoeficiência dos Processos; 
(5) Controle de Qualidade; (6) Transparência e Comunicação no Diálogo com Stakeholders. 
Para garantir a origem responsável de toda a matéria-prima utilizada em seus processos, a 
empresa estabelece critérios socioambientais aplicados a todos os seus fornecedores. No caso 
de fornecedores de bovinos, a empresa possui um sistema de monitoramento socioambiental 
das fazendas com intuito de evitar a existência de fornecedores com problemas ambientais ou 
sociais (desmatamento de florestas nativas, invasão de áreas protegidas como terras indígenas 
ou unidades de conservação ambiental e uso de trabalho análogo ao escravo). 
Em um estudo da materialidade estratégica para o direcionamento de ações de 
sustentabilidade da empresa, foram definidos seis temas prioritários: (a) Transparência e 
Confiabilidade das Informações; (b) Bem-Estar Animal; (c) Qualidade e Segurança do 
Alimento; (d) Garantia da Origem; (e) Água; (f) Mudanças Climáticas. As principais práticas 
de sustentabilidade identificadas no relatório da empresa são apresentadas no Quadro 5. 
 
 
 
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Quadro 5 – Práticas sustentáveis identificadas no relatório da JBS S.A. 
DIMENSÃO AMBIENTAL 
Aspecto Práticas 
Atmosfera 
Iniciativas para redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa 
(GEE). Reaproveitamento energético de resíduos de suínos, aves e 
bovinos. Recuperação de subprodutos no tratamento de efluentes. 
Divulgação das emissões globais de Gases de Efeito Estufa (GEE). 
Plataforma internacional Driving Sustainable Economies (CDP). 
Programa Brasileiro GHG Protocol. 
Água Gestão da água. Redução do consumo. Reuso. Gestão de efluentes. 
Solo 
Programa Novo Campo. Intensificação da área de produção e aumento 
da produtividade (por meio da reforma e manejo de pastagens). 
Biodiversidade 
Sistema de monitoramento socioambiental de fornecedores. 
Tecnologias geoespaciais de análise e dados georreferenciados para 
monitorar desmatamentos, invasão de áreas públicas ou unidades de 
conservação ambiental. 
Matéria e 
Energia 
Matriz energética de fontes renováveis. Hidrelétricas, bagaço de cana, 
briquete, casca de castanha, cavaco, etanol, lenha, rúmen, sebo e 
serragem, entre outras. 
Redução no consumo de energia. Substituição de lâmpadas 
fluorescentes e de vapor metálico por lâmpadas de LED. Substituição de 
motores antigos por motores de alta eficiência na JBS Couros. 
Gestão de resíduos. Redução, reciclagem e reutilização de resíduos. 
Bem-estar 
animal 
Política de bem-estar animal. Programa Confiança desde a Origem. 
Projetos acadêmicos e científicos de bem-estar animal. 
DIMENSÃO SOCIAL 
Aspecto Práticas 
Subsistência 
digna 
Programas de desenvolvimento profissional. Cursos de formação 
profissional, ensino fundamental e médio. CMC JBS Carnes. 
Direitos 
trabalhistas 
Sistema de monitoramento socioambiental de fornecedores. Evitar 
trabalho infantil. 
Equidade 
Manual de conduta ética. Meritocracia e respeito à diversidade ética e 
religiosa, e o repúdio a qualquer forma de discriminação. 
Instituto Chefs Especiais. Cursos de gastronomia para portadores de 
síndrome de Down. 
Segurança e 
saúde humana 
Programa de Segurança e Saúde Ocupacional Auto Gestão 
(PSSAG). Diretrizes para minimizar ou eliminar os riscos para os 
colaboradores. 
Comitê da Consequência (JBS Carnes). Alertar quanto à prevenção de 
acidentes de trabalho. 
Diversidade 
cultural 
Projetos regionais. CouroAção (Santana do Parnaíba - SP). Programa 
de Incentivo à Qualificação da JBS Couros (Montenegro – RS). JBS 
Biodiesel (Selo Combustível Social). 
Instituto Germinare. Formar líderes para o futuro (São Paulo – SP). 
DIMENSÃO ECONÔMICA 
Aspecto Práticas 
 
 
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Investimento Aquisições. Grupo Primo Smallgoods. 
Vulnerabilidade 
Gestão de riscos. Riscos financeiros (mercado, crédito e liquidez) e 
socioambientais (aquisição de matéria-prima e relacionados às 
mudanças climáticas). 
Gestão da Liderança. Academia de Liderança. 
Qualidade e 
segurança dos 
produtos 
Programa Confiança Desde a Origem. Orientar o pecuarista com 
relação ao bem-estar animal, manejo sanitário, aplicação de 
medicamentos veterinários, entre outras. 
Farol da Qualidade. Ferramenta virtual de acompanhamento da 
qualidade da matéria-prima. 
Qualidade na produção e distribuição dos produtos. Rastreabilidade. 
Saúde. Produtos com redução de sódio. Linha light. Revista Qualidade 
e Nutrição. 
Economia local 
Desenvolvimento de comunidades locais. Política de favorecimento da 
contratação de colaboradores das cidades onde estão localizadas as 
operações. 
Comitê de fechamento. Define ações para minimizar os impactos 
sociais do fechamento de unidades na comunidade local. 
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de JBS (2016). 
 
A partir da análise os dados apresentados (Quadro 5), é possível perceber que foram 
identificadas práticas sustentáveis para todo os aspectos das três dimensões do tripé da 
sustentabilidade. Assim como observado no caso da empresa BRF, nota-se a presença de 
ações voltadas para a coordenação da cadeia produtiva, como, por exemplo, o Programa 
Confiança Desde a Origem que desenvolve ações como o Farol de Qualidade (qualidade da 
matéria-prima), Portal do Pecuarista (relacionamento e gestão da pecuária), Programa “Boi no 
Ponto” (qualidade da carcaça), Programa de TV Giro do Boi (informações), rastreabilidade, 
entre outras. 
 
4.3 MARFRIG GLOBAL FOODS S.A. 
 
Os dados discutidos nesta seção foram obtidos por meio da análise do Relatório Anual 
da empresa para o ano de 2014 (MARFRIG, 2016). Composta por três unidades de negócio 
(Marfrig Beef, Moy Park e Keystone) e com produtos vendidos em mais de 110 países, a 
MARFRIG emprega mais de 45 mil colaboradores em 78 unidades de produção, centros de 
distribuição e escritórios, localizados em 16 países. A empresa possui uma relevante posição 
no mercado de carnes (bovinos, frangos, perus e ovinos). Detentora de diversas marcas 
(Bassi, Montana, La Morocha, entre outras), a empresa obteve receita líquida de R$21 bilhões 
em 2014, sendo 46% proveniente da unidade Marfrig Beef (com destaque no mercado 
brasileiro). 
A estratégia de sustentabilidade da MARFRIG é composta por seis eixos: (1) clientes; 
(2) fornecedores; (3) meio ambiente; (4) ambiente de trabalho; (5) econômico; (6) social. O 
eixo dos “clientes” envolve temas relacionados com segurança alimentar, inovação e 
crescimento, valor nutricional, engajamento e comunicação com stakeholders e geração de 
valor. O eixo “fornecedores” engloba temas relacionados com bem-estar animal, 
fornecimento responsável, engajamento e desenvolvimento de fornecedores, asseguração de 
 
 
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cadeia de fornecimento e agriculturasustentável. O eixo “meio ambiente” está associado a 
temas de mudanças climáticas, energia, sistemas de gestão ambiental, materiais e resíduos, 
recursos naturais e água. 
O eixo “ambiente de trabalho” está relacionado com conformidade, diversidade e 
inclusão, desenvolvimento de colaboradores, ética e integridade, segurança, saúde e bem-
estar. No eixo “econômico” são tratados temas relacionados com criação de valor, fluxo de 
caixa livre, desavalancagem e lucratividade. Por fim, o eixo social engloba os temas de 
engajamento da comunidade, voluntariado entre os colaboradores, desenvolvimento 
econômico/social e empreendedorismo social. As principais práticas de sustentabilidade 
identificadas no relatório da empresa são apresentadas no Quadro 6. 
 
Quadro 6 – Práticas sustentáveis identificadas no relatório da MARFRIG S.A. 
DIMENSÃO AMBIENTAL 
Aspecto Práticas 
Atmosfera 
Inventários anuais de gases do efeito estufa (GEE). Escopos 1 
(emissões diretas dos processos próprios), 2 (emissões indiretas de 
energia adquirida) e 3 (emissões fora do controle direto). 
Água 
Programa de gestão da água. Redução do consumo. Reuso. Proteção e 
a conservação das fontes naturais locais. Gestão de efluentes. 
Solo 
Projeto São Félix do Xingu. Aprimoramento das práticas de manejo 
das pastagens, visando reduzir os impactos sobre o solo e aumentar 
a produtividade. 
Biodiversidade 
Compromissos públicos. Pacto Greenpeace. Rainforest Alliance 
Certified. The Nature Conservancy. 
Matéria e 
Energia 
Gestão da energia. Eficiência energética. Fontes de geração de energia 
renovável (casca de amendoim, maravalha e pó de serra, além de 
briquete, bagaço de cana e lenha renovável, entre outros). 
Resíduos. Redução. Reciclagem. 
Bem-estar 
animal 
Programa de bem-estar animal. Regras e procedimentos 
Internos auditados. Investimentos na implementação de tecnologias 
modernas, equipamentos atualizados e novas formas de criação e 
logística. 
DIMENSÃO SOCIAL 
Aspecto Práticas 
Subsistência 
digna 
Remuneração e benefícios. Programa de Participação nos Resultados 
(PPR) Local. 
Desenvolvimento e educação. Treinamentos operacionais, conduzidos 
paralelamente às ações de qualificação sobre temas que são essenciais 
para a Companhia. 
Direitos 
trabalhistas 
Request for Information (RFI). Verificar se fornecedores indiretos 
não constam entre os que adotam práticas socioambientais nocivas, 
como, por exemplo, o trabalho infantil. 
Equidade 
Projeto Haiti. Oportunidade de trabalho a imigrantes haitianos. 
Programa Jovem Aprendiz. Oportunidades de iniciação profissional 
a jovens a partir de 16 anos. 
Segurança e Programa de Diretrizes de Saúde e Segurança do Trabalho. 
 
 
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saúde humana Avaliação e identificação contínua dos riscos, disponibilização de 
recursos necessários para garantir um ambiente de trabalho seguro, 
capacitação e mobilização de colaboradores, fornecedores, parceiros e 
prestadores de serviço. 
Programas de assistência com relação a doenças graves. Educação e 
treinamento. Aconselhamento. Prevenção e controle de risco. 
Tratamento. 
Qualidade de vida. Programa de Gerenciamento Ergonômico. 
Programa Gestantes. Programa de bem-estar semanal. 
Diversidade 
cultural 
Instituto Marfrig Fazer e Ser Feliz. Serviços de promoção social que 
envolvem a comunidade local. 
DIMENSÃO ECONÔMICA 
Aspecto Práticas 
Investimento Investimentos. R$ 639 milhões (CAPEX) em 2014. 
Vulnerabilidade 
Comitê Financeiro e de Gestão de Riscos. Identificar, monitorar e 
desenvolver estratégias de mitigação dos riscos. 
Qualidade e 
segurança dos 
produtos 
Certificações. Good Manufacturing Practice (GMP). Hazard Analysis 
and Critical Control Points (HACCP). BRC. International Food 
Standard (IFS). ISO 14001. ISO 22000. OHSAS18001. SA 8000. 
Gestão da cadeia de suprimentos. Rastreabilidade. 
Saúde. Redução de sódio e gordura. Remoção de conservantes e sabores 
artificiais de alguns produtos. Rotulagem. 
Economia local 
Programas de desenvolvimento econômico-social. Cultivando 
Esperança, Impulso Agropecuário, Valorizando Vidas, entre outros. 
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de MARFRIG (2016). 
 
A partir da análise do relatório anual da MARFRIG, também foi possível identificar 
práticas sustentáveis para todos os aspectos das três dimensões do tripé da sustentabilidade 
(Quadro 6). Em termos de coordenação da cadeia produtiva, o relatório indica atividades 
relacionadas com o desenvolvimento da agricultura sustentável, como, por exemplo, a 
participação da empresa no Global Roundtable for Sustainable Beef (GRSB) que visa 
promover a melhoria contínua com foco na sustentabilidade da cadeia de valor da carne 
bovina. 
 
4.4 MINERVA S.A. 
 
Os dados discutidos nesta seção foram obtidos por meio da análise do Relatório de 
Sustentabilidade da empresa para o ano de 2014 (MINERVA, 2016). Empregando 
diretamente mais de 14.000 colaboradores, a MINERVA FOODS é a segunda maior 
exportadora brasileira de carne in natura e líder em exportação de gado vivo no Brasil. A 
empresa possui 16 unidades operacionais (Brasil, Paraguai e Uruguai) com capacidade diária 
de abate de 15.880 cabeças de gado. Com uma estratégia de verticalização da marca 
MINERVA, a empresa obteve uma receita líquida de aproximadamente R$8 bilhões em 2014. 
A partir da construção de uma matriz de materialidade, a empresa definiu quatro temas 
prioritários: (1) Perspectivas Econômicas; (2) Operação; (3) Pessoas; (4) Meio Ambiente. O 
eixo “Perspectivas Econômicas” envolve temas relacionados com governança, ética, 
 
 
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transparência e não conformidade, perspectivas econômicas e desafios do setor e valor da 
sustentabilidade para valorização da marca e do produto. O eixo “Operação” engloba temas 
relacionados com relações com pecuaristas, relacionamentos com clientes, rastreabilidade e 
critérios para aquisição de gado, higiene e segurança alimentar e bem-estar animal. 
 O eixo “pessoas” está relacionado com saúde, segurança e relações trabalhistas dos 
funcionários e da cadeia de suprimentos, gestão do capital humano, diversidade e inclusão e 
desenvolvimento dos funcionários. No eixo “meio ambiente” são tratados temas relacionados 
com uso da água e gestão de efluentes, uso de materiais e gestão dos resíduos, regulação 
fundiária, licenciamento ambiental, código florestal e cadastro ambiental (CAR), estratégia de 
mudança climática, impactos ambientais nas comunidades, uso de energia e produção em 
biomas e áreas sensíveis. As principais práticas de sustentabilidade identificadas no relatório 
da empresa são apresentadas no Quadro 7. 
 
Quadro 7 – Práticas sustentáveis identificadas no relatório da MINERVA S.A. 
DIMENSÃO AMBIENTAL 
Aspecto Práticas 
Atmosfera 
Inventário de emissões de GEE. Escopos 1 e 2. 
Distribuição e Logística. Transporte multimodal. Racionalização na 
gestão do transporte rodoviário. 
Água 
Gestão da água. Prevenção de vazamentos. Uso eficiente. Gestão de 
efluentes. 
Solo 
Pecuária sustentável. Adesão ao Brazilian Roundtable on Sustainable 
Livestock (BRSL). 
Biodiversidade 
Protocolos. Pacto da Pecuária (Ethos). Termos de compromisso com o 
Greenpeace. 
Monitoramento. Sistema de monitoramento geoespacial no bioma 
Amazônia. 
Matéria e 
Energia 
Resíduos. Reaproveitamento, descontaminação e eliminação. Projeto 
Sangue Bom (destinação adequada do sangue bovino). 
Eficiência energética.Biocombustível (produção de biodiesel a partir 
de sebo bovino). 
Bem-estar 
animal 
Programa de Bem Estar Animal. Práticas de transporte, manuseio e 
abate. 
Bem estar no transporte marítimo de gado vivo. Navios adaptados 
com separação de lotes. 
DIMENSÃO SOCIAL 
Aspecto Práticas 
Subsistência 
digna 
Orçamento familiar. Iniciativa de educação financeira oferecida aos 
colaboradores e seus cônjuges. 
Integração. Projeto Dedo de Prosa. Jornada de Integração. 
Remuneração. Estudo de propostas relacionadas a políticas de 
remuneração, plano de carreira, modelos de competência e ferramentas 
de avaliação dos profissionais. 
Direitos 
trabalhistas 
Conduta ética. Liberdade de associação e negociação coletiva. Pacto 
Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. 
Equidade Política de valorização e respeito às diferenças. Diversidade e 
 
 
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igualdade de oportunidades. 
Comitê da filial e Comitê Corporativo. Recebe, analisa e estabelece 
plano de ação para relatos de discriminação. 
Segurança e 
saúde humana 
Saúde e bem-estar. Combate ao tabagismo. Parcerias com Secretarias 
Municipais de Saúde. Ginástica laboral. 
Benefícios. Oportunidade de adesão ao plano de saúde corporativo e ao 
plano odontológico. 
Gestores de Saúde e Segurança do Trabalho (SST). Reduzir a 
ocorrência de acidentes laborais e monitorar doenças e afastamentos por 
motivos médicos. 
Diversidade 
cultural 
Voluntariado. Identificação de necessidades locais e estímulo às ações 
de responsabilidade social entre os colaboradores. 
DIMENSÃO ECONÔMICA 
Aspecto Práticas 
Investimento 
Investimentos. R$268,9 milhões (2014) na manutenção e expansão de 
operações. 
Aquisições. Planta de abate e desossa na cidade de Janaúba (MG). 
Vulnerabilidade 
Gestão de riscos. Mercado. Endividamento. Custo da matéria-prima. 
Doenças de gado. Concentração de clientes. Exportações. Normas 
ambientais. Crédito. Política de Hedge. 
Relacionamento com pecuaristas. Prospecção de novos negócios. 
Conhecer expectativas futuras. Compartilhamento de informações. 
Qualidade e 
segurança dos 
produtos 
Rastreabilidade. Monitora toda a cadeia de valor de compra de gado 
até a entrega do produto final. 
Higiene e segurança alimentar. Sistema de Gestão Integrado (SGI). 
Certificações. WQS, ISO 22000, BRC FOOD e ISO 9001. 
Economia local Programa de estágios. Formação complementar para estudantes locais. 
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de MINERVA (2016). 
 
A partir da análise os dados apresentados (Quadro 7), é possível perceber que foram 
identificadas práticas sustentáveis para todo os aspectos das três dimensões do tripé da 
sustentabilidade. Assim como observado nos relatórios das outras empresas estudadas, 
algumas práticas voltadas para a coordenação da cadeia produtiva foram identificadas, por 
exemplo: rastreabilidade, relacionamento com fornecedores e o programa de pecuária 
sustentável. 
 
5. Considerações Finais 
 
O objetivo geral deste artigo foi identificar práticas sustentáveis realizadas pela 
indústria de carnes no Brasil nas dimensões ambiental, social e econômica. Para atingir este 
objetivo foram analisados os relatórios de sustentabilidade de quatro grandes empresas: BRF 
S.A, JBS S.A, MARFRIG GLOBAL FOODS S.A. e MINERVA S.A. A partir dos dados 
presentes nos relatórios, foi possível identificar que as quatro empresas estudadas 
apresentaram práticas sustentáveis para as três dimensões da sustentabilidade propostas por 
Elkington (1997). Dentro dessas dimensões, também foi possível verificar que as quatro 
 
 
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empresas estudadas apresentaram, em seus relatórios, práticas sustentáveis para os diferentes 
aspectos propostos por Kamali et al. (2014). 
Temas como Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), 
Rastreabilidade, Bem-Estar Animal, Gestão da Água e Efluentes, Gestão de Resíduos, 
Eficiência Energética, Gestão de Riscos, Saúde e Segurança dos Trabalhadores, Segurança 
Alimentar, Equidade e Respeitos às Diferenças, Relacionamento com Fornecedores e 
Monitoramento Socioambiental da Cadeia Produtiva, foram recorrentes entre as empresas 
estudadas. Aparentemente, os padrões de relato estabelecidos pela Global Reporting Initiative 
(GRI), entre outros fatores, serviram como base para o aparecimento de uma espécie de 
isomorfismo entre as organizações estudadas, ou seja, empresas de um mesmo setor e com 
padrões semelhantes de apresentação de informações passaram a documentar práticas 
sustentáveis relativamente semelhantes. No entanto, esta observação é de caráter geral e a 
partir da análise dos relatórios, uma pesquisa de campo certamente revelaria uma gama maior 
de especificidades em cada organização. 
Alguns pontos específicos em relação às práticas identificadas merecem destaque. 
Primeiro, nota-se o avanço dos inventários de GEE do escopo 1 para os escopos 2 e 3. 
Segundo, o monitoramento das ações dos fornecedores (especialmente no bioma Amazônia) 
aparece como preocupação destacada nas organizações estudadas. O monitoramento desses 
fornecedores com tecnologias geoespaciais de análise e dados georreferenciados aparece 
como prática promissora. Por último, a utilização da matriz de materialidade norteou as 
prioridades de sustentabilidade de todas as empresas estudas. 
Apesar da consolidação do vocabulário da sustentabilidade ficar evidente nos 
relatórios analisados, um fato chama a atenção. Embora exista uma pressão social e 
institucional pela sustentabilidade nas cadeias produtivas das carnes, poucas informações 
sobre a sustentabilidade do setor como um todo foram encontradas nos relatórios. Em outras 
palavras, embora existam protocolos e iniciativas coletivas, pouca ênfase foi dada aos ganhos 
socioambientais da cadeia como um todo. Esse fato evidencia que apesar da existência de 
práticas internas e de coordenação da cadeia, parece existir espaço para a ação coletiva dos 
membros da cadeia no sentido de promover e divulgar a sustentabilidade do sistema como um 
todo. 
O presente artigo apresentou os resultados de uma pesquisa inicial e exploratória. 
Algumas limitações deste estudo podem ser indicadas. Primeira, o caráter transversal deste 
estudo não permite avaliar a dinâmica evolutiva das práticas de sustentabilidade realizadas 
pelas empresas. Segunda, a análise documental não permite compreender os diferentes 
aspectos das práticas identificadas. Finalmente, a abordagem qualitativa não permite 
demonstrar o impacto das práticas identificadas em termos de indicadores de sustentabilidade. 
A partir das limitações indicadas, sugere-se como agenda para futuras pesquisas: análise 
longitudinal das informações; realização de estudos de caso com as empresas; análise 
quantitativa dos resultados obtidos com as práticas de sustentabilidade. 
 
Referências 
 
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científica acerca da temática sustentabilidade em periódicos da área de sociais aplicadas no 
período 2010 a 2014. In: IV CSEAR South América, 2015, Salvador. Anais... Salvador, 
CSEAR, 2015, p. 1 -16. 
 
 
Maceió - AL, 14 a 17 de agosto de 2016 
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
BATALHA, M.O.; SCARPELI, M. Gestão do Agronegócio: aspectos conceituais. In: 
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