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CONCEITO DE CULPA

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CONCEITO DE CULPA
Apesar de longa elaboração doutrinaria não se chegou ainda a um conceito perfeito de culpa, assim do crime culposo. Por essa razão, a lei limita-se a prever as modalidades da culpa, declarando o art. 18, inciso II, que o crime é culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Ou seja, age com culpa quem realiza o fato legalmente descrito por inobservância do dever de cuidado que lhe incumbe, de acordo com as circunstâncias e suas condições pessoais, e, no caso de representa-lo como possível, se conduz na confiança de poder evita-lo. O crime é considerado culposo quando a ação é voluntaria, ou seja, quando acontece por ação ou omissão do agente. Que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que, podia, com a devida atenção ter sido evitado. O elemento considerado para se caracterizar culpa então são:
- A conduta, inobservância do dever de cuidado objetivo, o resultado lesivo involuntário, a previsibilidade e a tipicidade.
CONDUTA DA CULPA
Aos tipos de crimes culposos ocupam-se não como fim da conduta, mas com as consequências antissociais que a conduta vai produzir; de acordo com as cinscuntâncias, o que importa não é o fim do agente (que normalmente é licito), mas o modo e a forma imprópria que atua. Os tipos culposos proíbem condutas em decorrência da forma de atuar do agente, para um fim proposto e não pelo fim em si. O elemento decisivo da ilicitude do fato culposo, reside não propriamente no resultado lesivo causado pelo agente, mas no desvalor da ação que praticou.
Exemplo: Se o motorista dirige velozmente para chegar a tempo em uma audiência, e venha a causar um acidência, o fim licito não importa, pois agiu ilicitamente ao não atender ao cuidado necessário a que estava obrigado em sua ação, dando causa ao resultado lesivo. Essa inobservância do dever de cuidado faz com que essa ação configure uma ação ilícita. A conduta é culposa, portanto, elemento do fato típico.
DEVER DE CUIDADO
Sobre a culpa, o Código Penal pugna seu reconhecimento quando presentes a
imprudência, a negligência ou a imperícia na ação do autor.
É correto afirmar, aqui, que a conduta do autor foi voluntária, mas o resultado alcançado não era pretendido, tendo ocorrido por sua negligência, imprudência ou imperícia, porque deixou de tomar um cuidado objetivo, que lhe era exigível em face das circunstâncias."
RESULTADO
Só haverá ilícito penal culposo, se da ação contrária ao cuidado, resultar lesão a um bem jurídico. Se apesar da ação descuidada do agente, não houver resultado lesivo, não haverá crime culposo.
Deve haver no crime culposo, como em todo fato típico, a relação de causalidade entre a ação e o resultado. Exemplo: dirigir sem atenção pode ou não causar colisão e lesões em outra pessoa, não existindo resultado (não havendo a colisão) não se responsabilizará por crime culposo.
TIPICIDADE
São normalmente tipos abertos que necessitam de complementação de uma norma de caráter geral, que se encontram fora do tipo, assim, a lei brasileira prevê no artigo 129 Parágrafo 6 “ se a lesão é culposa pena de detenção de dois meses a um ano”.
PREVISIBILIDADE
O tipo culposo é diverso do doloso. A previsibilidade é a possibilidade de ser antevisto o resultado.
A rigor, porém quase, todos os fatos naturais podem ser previstos pelo homem, (inclusive de uma pessoa poder atirar-se sob as rodas do automóvel que está dirigindo).
É evidente porem não é essa previsibilidade que se fala. Pois se não o prejuízo será sempre atribuído ao seu causador. Sendo assim só é típica a conduta culposa quando se puder estabelecer que o fato era possível de ser previsto pela perspicácia comum.
Existe também a previsibilidade subjetiva que é quando a previsibilidade é estabelecida conforme a capacidade de cada um.
A previsibilidade também está sujeita ao princípio da confiança. Ex: o motorista tem a confiança (ação esperada), que o pedestre não atravesse a rua sem antes conferir ou olhar que não tem carro vindo em sua direção, caso ele faça isso em local inapropriado e seja atropelado pelo veículo, inexiste culpa.
Por fim se o fato for previsível, pode o agente, no caso concreto, prevê-lo ou não, não tendo sido previsto o resultado, existirá a chamada culpa inconsciente; Se o fato for previsível pode o agente no caso 	concreto prevê-lo ou não. Não tendo sido previsto o resultado, existira a chamada de culpa inconsciente; se previsto pode ocorrer a culpa consciente ou dolo eventual.
SOBRE MODALIDADE!
As modalidades de culpa, ou formas de manifestação da falta do cuidado objetivo, estão discriminadas no ART. 18, inciso 2: imprudência, negligencia ou imperícia.
A imprudência decorre da conduta positiva do agente em ignorar todos os critérios previsíveis para a pratica da conduta delituosa.
Decorre de uma conduta omissiva. Ex: motorista ignorar o sinal vermelho e cortar avenida, gerando acidente.
Negligencia, E a culpa de quem se omite. É a falta de cuidado antes de começar a agir. Ocorre sempre antes da ação (ex: não verificar os freios do automóvel antes de colocá-lo em movimento).
Imperícia é a falta de habilidade, ou inaptidão técnica no exercício de uma profissão ou atividade. No caso de exercícios de profissão, além de haver a falta de habilidade, não for observada uma regra técnica especifica para o ato, haverá a imperícia
ESPÉCIES DA CULPA
Culpa consciente. O agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra, supondo poder evita-lo com a sua habilidade (mais que previsibilidade, existe previsão)
Culpa inconsciente, o agente não prevê o resultado, que, entretanto, para previsível. Neste caso, qualquer outra pessoa, naquelas circunstancias, poderia prever a ocorrência daquele resultado.
Culpa própria é aquela em que o agente não quer e não assume o risco de produzir, o mas acaba lhe dando causa por negligência.
Culpa imprópria é aquela em que o agente, por erro evitável, imagina certa situação de fato em que, se presente, excluiria ilicitude do seu comportamento.
GRAUS DA CULPA
       Distinção do Direito Romano é a derivada do grau da culpa: grave (ou lata), leve e levíssima, de acordo com a maior ou menor possibilidade de previsão do resultado e mesmo dos cuidados objetivos tomados ou não pelo sujeito. Esses graus, não distinguidos expressamente em lei, têm interesse somente na aplicação da pena. Embora a lei nova já não se refira ao grau de culpa como uma das circunstâncias que devem ser aferidas pelo juiz para a fixação da pena, deve ser ela levada em consideração como uma das circunstâncias do fato. 
      Têm-se entendido que está insensível de responsabilidade o agente que da causa ao resultado com culpa levíssima. Tal distinção é fundada na afirmação de que o evento, na hipótese de culpa levíssima, só poderia ser evitado se seu causador atuasse com atenção extraordinária, o que equivaleria praticamente ao caso fortuito. A distinção perde seu interesse já que estará excluída a responsabilidade penal quando o agente atuou com as cautelas a que estava obrigado em decorrência de suas condições pessoais. 
COMPENSAÇÃO E CONCORRÊNCIA DE CULPAS
	Ao contrário do que ocorre no Direito Civil (art. 945 do CC), as culpas não se compensam na área penal. Havendo culpa do agente e da vítima, aquele não se escusa da responsabilidade pelo resultado lesivo causado a esta. A imprudência do pedestre que cruza a via pública em local inadequado não afasta do motorista que, trafegando na contramão, venha atropela-lo. Em matéria criminal, a culpa reciproca apenas produz efeitos quanto a fixação da pena (o Art. 59 Alude ao “comportamento da vítima” como uma das circunstancias a serem consideradas), ficando neutralizada a culpa do agente somente quando demonstrado inequivocamente que o atuar da vítima tenha sido causa exclusiva do evento. Sendo o evento decorrente de exclusiva culpa “vitimas”, evidentemente não há ilícito culposo a ser considerado. 
A concorrência de culpas quandodois ou mais agentes (excetuada a coautoria, em que deve haver um liame psicológico entre eles) causam resultados lesivos por imprudência, negligencia ou imperícia. Todos respondem pelos eventos lesivos. Uma tríplice colisão, em que ocorra lesões corporais, ou morte, por exemplo, os motoristas que agiram culposamente (velocidade incompatível com o local, imperícia na manobra, reflexos lentos em decorrência de sono ou fadiga, etc) serão responsabilizados pelo resultado. 
EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO
Nos termos do art.18, parágrafo único, os crimes são, regra geral, dolosos. Assim em princípio, o agente só responde pelos fatos que praticar se quis realizar a conduta típica. Ocorrera, entretanto, crime culposo quando o fato for expressamente previsto na lei, na forma culposa. Há homicídio culposo (art. 121 parágrafos 3), lesões corporais culposas (art. 129 parágrafos 6) incêndio culposo (art. 250 parágrafos 2), etc, mas não, por exemplo, dano culposo, já que o art. 163 somente prevê a forma dolosa para quem destruir inutilizar ou deteriorar coisa alheia.

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