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Piramide de Queops

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CF.074 
A Grande Pirâmide de Quéops : O Projeto de Construção de Uma das Sete 
Maravilhas do Mundo 
Lukosevicius, A.P. 
 
1. Introdução 
Das mais de oitenta pirâmides já encontradas pelos arqueólogos no Egito, uma se destaca pela 
grandiosidade e impressionismo de suas dimensões, a grande pirâmide do faraó Quéops 
(Figura 1), soberano da IV dinastia. A imponente construção emerge das areias na planície de 
Gizé, margem ocidental do rio Nilo, a 8 km do Cairo, capital do Egito. Única das sete 
maravilhas do mundo antigo ainda em pé, durante 4000 anos foi a construção mais alta do 
mundo com espantosos 147 metros de altura. Próximo a pirâmide de Quéops, estão as 
pirâmides de seu filho, Quéfren, que o sucedeu no trono, o qual foi sucedido por Miquerinos, 
formando um complexo piramidal que até hoje fascina as pessoas no mundo todo. Este artigo 
tem como foco os aspectos que envolveram o projeto de construção da grande pirâmide de 
Quéops. A intenção é promover uma analogia entre as técnicas de construção utilizadas pelos 
egípcios a 4500 anos atrás e as modernas práticas da gerência de projetos conforme 
demonstrado no guia Project Management Body of Knowledge (PMBOK), produzido pelo 
Project Management Institute (PMI). Este comparativo se dará através de algumas das áreas 
do universo do conhecimento da gerência de projetos : gerenciamento do escopo, 
gerenciamento do tempo, gerenciamento dos custos, gerenciamento da qualidade, 
gerenciamento dos recursos humanos e gerenciamento do risco. Muitas controvérsias existem 
em relação a forma que as pirâmides foram projetadas e construídas. Isto se explica devido a 
grandiosidade da obra (milhões de blocos de granito, alguns com dezenas de toneladas) aliada 
as raras escritas relatando os processos e tecnologias utilizadas no projeto. Este artigo desvia-
se dessas especulações, centrando-se na hipótese clássica descrita pelo historiador grego 
Heródoto1, e no descobrimento de muitos detalhes construtivos através de estudos 
arqueológicos detalhados dos monumentos. Várias questões, entretanto, continuam sem 
solução. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 1 – A Grande Pirâmide de Quéops 
 
1 Heródoto – Historiador grego responsável pelas primeiras escritas a respeito da construção das pirâmides. 
 
 
1.1 Um Pouco de História 
Entre a III dinastia e a XII dinastias, durante um milênio (2630 e 1640 a.c), os egípcios 
construíram suas famosas pirâmides. Na III dinastia re inou o faraó Djoser, que encarregou o 
sábio Imhotep de construir seu túmulo, a primeira grande construção em pedra do Egito, a 
chamada pirâmide de degraus de Sacará2. Foram os gregos, entretanto, que chamaram tais 
monumentos de pyramis (plural pyramides), o que resultou na palavra pirâmide em português. 
Ao que tudo indica a palavra grega não deriva de nenhum vocábulo egípcio, mas trata-se 
apenas do nome que os gregos davam a uma espécie de doce feito com farinha de trigo. 
Acreditam os estudiosos que os antigos gregos associaram humoristicamente as pirâmides a 
essa guloseima, provavelmente porque quando vistos à distância os monumentos lhes 
pareciam enormes bolos. 
1.2 Porque as Pirâmides Foram Construídas ? 
Os egípcios pregavam a imortalidade da alma e do corpo. O túmulo para um egípcio era o seu 
castelo da eternidade, e deveriam ser ricamente ornamentadas com tesouros, roupas, artefatos 
de cerâmica, objetos pessoais e até mesmo alimentos. As pirâmides egípcias destinavam-se 
aparentemente a servir de sepultura, além de serem o centro de um complicado e pomposo 
cerimonial religioso. Assim o atesta o conjunto de templos, monumentos e pirâmides 
auxiliares a elas vinculadas. A finalidade segundo a crença comum e alguns historiadores, era 
servir de tumba para preservar os despojos dos faraós, demonstrando, na sua grandeza, a 
própria grandeza dos mesmos. Tais crenças levaram os antigos egípcios a dedicarem atenção 
especial à edificação2 de seus túmulos. 
Eles acreditavam que a sobrevivência após a morte dependia da preservação do corpo físico, 
por isso outro fato que marca a história do Egito é a mumificação dos corpos. Os corpos eram 
mumificados e o luto durava 70 dias, tempo que o corpo passa longe dos seus familiares, nas 
mãos dos embalsamares. Os egípcios acreditavam que os homens e os animais são compostos 
por sete elementos: alma, espírito, sombra, nome, coração (centro do pensamento), espírito 
luminoso e o corpo. Segundo a crença egípcia, a mumificação evita que esses elementos se 
dispersem quando a pessoa morre. 
 
2. Gerenciamento do Escopo 
2.1 Project Charter : Na metodologia PMI, o project charter, saída do processo de iniciação, 
é o documento que formalmente reconhece a existência de um projeto. Neste documento estão 
listadas as necessidades de negócio que deram origem ao projeto, a missão do projeto, uma 
breve descrição do produto e a indicação do gerente de projeto. Este documento é 
normalmente criado pela alta gerência da organização patrocinadora do projeto. Abaixo é 
descrito um exemplo de project charter que poderia ter sido emitido para o projeto de 
construção da pirâmide : 
2.1.1 Missão do Projeto : Garantir a sobrevivência do faraó no pós-morte. 
 
2 Do ponto de vista construtivo, a pirâmide foi uma evolução do tipo de túmulo conhecido como mastaba. 
2.1.2 Necessidade de Negócio : Era estratégico para o faraó a construção de uma 
câmara mortuária que resguardasse seu corpo por toda a eternidade. 
2.1.3 Gerente de Projeto : “Arquiteto Chefe do Rei” ou “Chefe dos Trabalhos do 
Rei”. 
2.1.4 Descrição do Produto : Complexo piramidal que garantisse a eternidade para o 
faraó, para suas rainhas, altos funcionários e parentes próximos e que fosse maior que a 
pirâmide de seu pai Snefru (102 metros). 
No Egito antigo, quem arbitrava sobre os trabalhos nos templos e nas tumbas era a 
administração real, formada pelo faraó e seus auxiliares reais. Os faraós, eram reis egípcios 
considerados divindades, destinados pelos deuses (Rá, Atum e Horus) a este cargo antes 
mesmo de seu nascimento. Era considerado o intermediário obrigatório entre o comum dos 
mortais e as divindades. Ele é a garantia, durante seu reinado, da boa gestão e da salvaguarda e 
harmonia do mundo. O vizir era o número dois na hierarquia do Estado. Desempenhava o 
papel de assistente e secretário particular do faraó. Representante do deus Maát, o vizir levava 
no pescoço uma pequena imagem deste deus. Ele centralizava em seu escritório arquivos 
colossais, o que o coloca no topo de todos os ramos da administração (irrigação e impostos, 
transportes, polícia e justiça). Os gerentes de projeto eram altos funcionários chamados de 
"arquiteto chefe do rei" ou "chefe dos trabalhos do rei" e tinham como missão garantir o 
sucesso do projeto e a decorrente satisfação do principal interessado, o faraó. O produto do 
projeto era um complexo piramidal, onde o principal sub-produto era um monumento 
estrutural que tinha como função preservar o corpo do rei para a ressurreição baseado na 
crença dos antigos egípcios de que o faraó se utilizaria do mesmo corpo físico para perpetuar 
seu reino no pós-morte. Desta forma, o time de projeto tinha uma missão divina e contava com 
o patrocínio direto do re i devido a importância estratégica do projeto para o reino e para a 
imortalidade do mesmo. Ao comum dos mortais era proibido entrar no recinto que circundava 
o monumento, bem como na parte mais íntima do templo funerário. Só os sacerdotes 
responsáveis pelos ritos estavam autorizados a ali penetrar. Após o sepultamento do faraó, sua 
pirâmide era lacrada para sempre. 
2.2 Declaração de Escopo : Saída do processo de planejamento do escopo, a declaração de 
escopo é o documento que provê uma base documental para tomada de futuras decisõesno 
projeto, além de desenvolver um entendimento comum do escopo do projeto entre os 
interessados. Neste documento são mencionados direta ou indiretamente via referência a 
outros documentos, a finalidade do projeto, uma descrição mais detalhada do produto principal 
do projeto, uma lista dos subprodutos do projeto, bem como objetivos com critérios 
quantitativos que devem ser alcançados para que o projeto seja considerado um sucesso. 
Abaixo é descrito um exemplo de declaração de escopo que poderia ter sido emitido para o 
projeto do complexo piramidal : 
2.2.1 Justificativa do Projeto : Imortalizar o faraó e seus seguidores. 
2.2.2 Descrição do Produto : Construção de um complexo piramidal formado por uma 
pirâmide principal, três pirâmides secundárias, dois templos para os sacerdotes, várias 
mastabas para os dignitários e um barco para navegação no além-túmulo. 
2.2.3 Subprodutos do Projeto : Pirâmide do faraó, pirâmides das rainhas, mastabas 
dos dignitários, templos da pirâmide e do Nilo e barco do faraó. 
2.2.4 Objetivos do Projeto : Construir a pirâmide principal com altura superior a 102 
metros dentro do reinado do faraó. 
Produto do projeto, a pirâmide de Quéops não era uma construção isolada, fazia parte de um 
conjunto de edificações que a acompanhava, principalmente templos e capelas, além de 
túmulos de familiares e dignitários do faraó. É comum encontrar-se ao lado das principais 
pirâmides, uma ou mais pirâmides menores chamadas subsidiárias ou secundárias. Supõem os 
arqueólogos que algumas se destinavam ao sepultamento das rainhas. Outras, entretanto, 
provavelmente não teriam tal finalidade, mas sim visavam sepultar as vísceras dos faraós, as 
quais eram retiradas dos corpos durante o processo de mumificação e guardadas em vasos, 
chamados de vasos canopos. Na maioria dos casos o complexo piramidal era formado por uma 
pirâmide principal, uma ou mais pirâmides secundárias, um templo situado junto ao vale do 
Nilo, na orla da área cultivável, e outro localizado junto à pirâmide e, ainda, uma calçada, 
também chamada de avenida, que unia os dois templos, separados entre si, às vezes, por 
distâncias superiores a um quilômetro. Nas proximidades de todo esse conjunto e ocupando 
grandes extensões, as mastabas dos membros da família reinante e dos cortesãos, 
simetricamente dispostas, formavam grandes cemitérios. Por sua vez, o contraste entre a 
enormidade da pirâmide e a pouca altura das mastabas deveria ilustrar a diferença entre a 
majestade divina do rei e a condição de simples mortais de seus súditos. Complementavam o 
complexo piramidal, um muro que circundava a pirâmide e um barco de madeira que segundo 
os estudiosos tinha condições de navegabilidade infinitamente melhor do que qualquer 
embarcação da época de Cristóvão Colombo. O costume de enterrar barcos junto aos sepulcros 
existia desde a I dinastia. Alguns deles talvez tivessem sido usados no decorrer do funeral, mas 
outros destinavam-se a servir de meio de transporte para o morto no além-túmulo, seja para 
acompanhar a barca do deus sol em sua jornada, seja para atingir as regiões profundas onde os 
deuses habitavam. 
2.3 Estrutura Analítica do Trabalho (WBS3) : Saída do processo de definição do escopo, a 
estrutura analítica do trabalho envolve a subdivisão dos principais subprodutos do projeto em 
componentes menores, mais facilmente gerenciáveis, permitindo : aumento na precisão das 
estimativas de custo, prazos e recursos do projeto; definição de uma base para medição e 
controle da qualidade do projeto; maior clareza na atribuição das responsabilidades das tarefas 
do projeto. A WBS do complexo piramidal é mostrada na Figura 2. 
3. Gerenciamento do Tempo 
Construída cerca de 4500 anos atrás, a pirâmide de Quéops esta até hoje estruturalmente 
intacta. Monumento mais pesado já construído pelo homem (cerca de 31.200.000 toneladas), 
possui aproximadamente 2,3 milhões de blocos de rocha, cada um pesando em média 2,5 
toneladas, com alguns chegando a cerca de 50 toneladas. Sua altura de mais de 146 m só foi 
ultrapassada em altura no século XVI (Figura 3). Se a pirâmide fosse reduzida a cubos com 30 
centímetros de lado e estes fossem colocados em fila, se estenderiam por uma distância igual a 
dois terços da circunferência da terra no equador. 
 
 
3 Sigla em inglês do termo estrutura analítica do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 – WBS do complexo piramidal 
 
 
 
 
 
Figura 3 – Comparação de altura entre as pirâmides e alguns monumentos modernos 
Apesar da grandiosidade da obra, o plano era completá-la dentro do reinado do faraó. O 
cronograma foi obedecido e a grande pirâmide foi construída dentro de 23 anos de muito 
trabalho em 2600 a.c por homens com ferramentas rudimentares, sem o uso de guindastes, 
roldanas ou guinchos, porém um cálculo estimado diz que um bloco de granito era assentado a 
cada cinco minutos. 
Neste cronograma algumas atividades se destacam : 
 
Complexo 
Piramidal 
Pirâmide 
Principal 
Pirâmides 
Secundárias 
Templos dos 
Sacerdotes 
Mastabas Barco do Faraó 
3.1 Definir o Local de Construção : O Egito começou a ser mapeado, na época da dominação 
por Napoleão. Os exploradores franceses escolheram então a Grande Pirâmide como ponto de 
partida para a triangulação. Os exploradores perceberam que se continuassem as linhas 
diagonais da base da pirâmide, o delta do Nilo seria perfeitamente enquadrado. A pirâmide 
está situada no centro de gravidade do continente africano. Foi constatado então que a 
pirâmide foi construída naquele local com algum propósito definido e não conhecido e que ela 
esta centrada no paralelo de 30 graus, o que por si só já é curioso, uma vez que ele separa no 
planeta a maior parte da superfície de terra da maior parte da superfície de oceano. Sabe-se 
hoje também, que a partir da face norte da pirâmide, do fim da galeria que leva à câmara real, 
através de milhares de toneladas de pedras perfeitamente encaixadas, sai uma linha que aponta 
diretamente para a estrela polar. 
3.2 Aplainar o Terreno de Construção : A planície de Gizé foi escolhida pelos egípcios para 
construção da grande pirâmide porque sua superfície plana de rocha tornava-a um alicerce 
ideal para estruturas maciças, e podia ser usada como pedreira para o material de construção. 
Antes que o trabalho pudesse começar, no entanto, o local teve que ser aplainado para ficar 
perfeitamente liso. Primeiro o sítio era inundado. Cavavam-se, então, valas na rocha, medidas 
com uma vara. A base de cada vala ficava exatamente na mesma profundidade debaixo da 
água. O local depois era drenado, deixando um pouco de água nas valas. Em seguida, a rocha 
ao redor era cortada até o mesmo nível da superfície da água. 
3.3 Cortar as Pedras : A maioria dos blocos de pedra utilizados na construção da grande 
pirâmide foram extraídos da pedreira localizada perto de Assuã, 900 km ao sul do Cairo. 
 
 
 
 
 
 Figura 4 – Ferramentas de construção Figura 5 – Remoção dos blocos de pedra 
Na construção das pirâmides, certamente foram utilizadas várias ferramentas (Figura 4), dentre 
elas a broca. Diversos técnicos estudaram os vestígios desta ferramenta, e suas conclusões 
foram de que tratava-se de uma ferramenta com poder de corte maior que qualquer uma que 
existe em nossa melhor tecnologia. Observando as marcas deixadas pelas brocas egípcias em 
blocos de quartzito e diorito (pedras de grande dureza), é fácil ver que a ferramenta avançava 2 
milímetros por volta. Isto é uma proeza incrível, quando lembramos que na atual tecnologia as 
melhores brocas avançam apenas 0,04 mm por volta. Nenhuma broca atual é capaz de avançar 
2 milímetros por volta, nem mesmo as de diamante ou vídia. Logo, é óbvio que nãoé obra do 
acaso a falta de referências sobre as ferramentas utilizadas pelos egípcios. Será que os egípcios 
evitavam fazer escritos de sua avançada tecnologia, como fazem hoje os detentores de 
tecnologia nuclear? Marcas de cortes e perfurações encontradas em pirâmides e templos no 
Egito mostram que foram utilizadas máquinas de avanço controlado, como os atuais tornos 
industriais. Mas como poderia haver tornos há 5 mil anos? 
Os antigos egípcios cavavam buracos de mais de 10 metros de profundidade nas rochas, para 
assegurar-se da solidez da pedra. Depois acendiam fogo nessas cavidades, para dilatar a rocha, 
e refrescavam o bloco de pedra com água. Os operários do faraó, então, colocavam madeira 
nos vãos (Figura 5) e regavam com água para que a pedra se desprendesse gradualmente sem 
se quebrar. Para movimentar os blocos de pedra, os trabalhadores usavam trenós, cordas e 
alavancas. 
3.4 Transportar as Pedras : Em El Bershe, no Egito, há um relevo onde aparece uma estátua 
de Dyejutijotep, de 60 toneladas, sendo arrastada por 172 homens. No relevo, a estátua está 
colocada sobre um trenó, que é arrastado pelas pessoas, e aparece também um personagem 
derramando um líquido sobre os patins do trenó, certamente com o objetivo de diminuir o 
atrito com o solo. Com base neste e em mais alguns outros relevos, os arqueólogos pensam 
que foi este o método empregado para carregar os cerca de 2,3 milhões de blocos de pedra que 
compõem a Grande Pirâmide. Ou seja, se era possível carregar um bloco de pedra de 60 
toneladas, muito mais fácil seria carregar um bloco de 2,5 toneladas (peso do bloco padrão da 
Grande Pirâmide). Carregar esta estátua de 60 toneladas deve ter sido algo muito importante, 
tanto é que mereceu ser representado por imagens e relevos. Muitas pedras foram trazidas da 
Etópia e das vizinhanças do mar vermelho. Os arqueólogos concordam em dizer que o 
transporte era feito principalmente utilizando-se embarcações, pelo rio Nilo. 
Após descarregadas , as pedras eram talhadas pelos pedreiros egípcios, utilizando-se martelos 
de dolerita 4, com tal perfeição que a superposição de umas sobre as outras é tão exata, sem uso 
de nenhuma argamassa, que sequer uma folha de papel passa em suas frestas. Em seguida, os 
blocos de pedra eram colocados em rampas para serem arrastados e posicionados na pirâmide. 
Existem teorias diferentes sobre como a pirâmide foi construída. Uma só rampa diretamente 
dirigida a uma face (Figura 6), aumentando de altura na medida em que a pirâmide crescia , é 
uma delas. Outra teoria popular é de que se usava uma rampa em espiral subindo ao redor da 
estrutura (Figura 7). 
 
 
 
 
 Figura 6 – Rampa única Figura 7 – Rampa em espiral 
Com o intuito de dimensionar a dificuldade encontrada pelos egípcios para construir este 
extraordinário monumento, em março de 1999 um grupo de 200 homens tentaram arrastar um 
bloco de granito pesando em torno de 25 toneladas. O bloco estava sobre um grande trenó de 
madeira, e as pessoas puxavam cordas, tentando arrastá-lo. Havia também pessoas ao lado do 
 
4 Uma pedra muito dura e resistente encontrada na costa do Mar Vermelho, para bater e trabalhar nas rochas. 
 
bloco, utilizando alavancas (grandes barras de madeira) para ajudar a arrastá-lo. Houve 
diversos problemas. As cordas, apesar de muito grossas, rompiam-se mas o bloco nem se 
mexia. Foram colocadas mais cordas e mais alavancas. Depois de muitas horas e de muita 
paciência, finalmente conseguiram arrastar o bloco por cerca de 7 metros apenas. Essa 
experiência serve para termos uma idéia da dificuldade que é carregar blocos imensos. 
Compare você mesmo: se 200 pessoas levaram o dia inteiro para arrastar por apenas 7 metros 
um bloco de 25 toneladas de granito, imagine o esforço necessário para arrastar blocos de 200 
ou 1000 toneladas por distâncias de quilômetros. 
4. Gerenciamento da Qualidade 
Foi descoberto que se o perímetro da base for dividido pelo dobro da sua altura, obtém-se o 
número 3,14159 (pi). A altura da pirâmide, multiplicada por um bilhão, dá a distância da terra 
ao sol e a medida de cada lado da pirâmide, em côvados, é o número de dias do ano. Estão 
também registrados na pirâmide, o peso da terra e a medida das circunferências polares. É 
como se a Grande Pirâmide fosse um grande repositório de dados, ou uma espécie de 
biblioteca onde os antigos que a construíram, ali gravaram conhecimentos muito avançados. A 
construção da grande pirâmide revela um grande conhecimento dos egípcios de geografia, 
história, astronomia, geologia, matemática e outras ciências, o que pode ser constatado por sua 
localização, medidas, inclinação e curvatura. 
Durante séculos foi denominada "o centro das dimensões e do conhecimento". A construção 
mais antiga do mundo é moderna para os padrões atuais. Seus alicerces contêm esferas e 
cavidades, tais quais as pontes do século XX. Esta sujeita a movimentos de expansão e 
contração sob a ação do calor ou do frio, assim como possui proteção contra terremotos e 
outros fenômenos da natureza. O revestimento de alabastro era feito de 144.000 pedras e tais 
blocos estavam cobertos por um revestimento uniforme de pedra calcária e, assim, cada face 
formava uma superfície plana e polida tão brilhante que podia ser vista a quilômetros de 
distância e mais resistente que as próprias pedras que une. As faces da pirâmide brilhavam 
com a luz do sol e os egípcios lhe deram o nome de “Akhet Khufu, resplandecente é Quéops”, 
ou “Akhuit, a resplandecente”. Também chamavam-na de “a pirâmide que é o lugar do nascer 
e do pôr do sol”. 
Todo seu revestimento foi feito com a pedra calcária branca de excelente qualidade da região 
de Tura, localidade perto do Cairo. As pedras de revestimento, perfeitamente trabalhadas, com 
uma superfície de contato de aproximadamente 3,25 m², estavam tão bem cimentadas que as 
juntas entre elas têm uma separação de não mais de 0,6 cm. Esse cimento tem uma tal 
retentividade que existem fragmentos de pedra de revestimento ainda unidos pelo cimento, 
embora o resto dos blocos de ambos os lados tenha sido destruído. Outra característica 
impressionante é a precisão "topográfica" dessas construções. Na pirâmide de Quéops, a base 
não apresenta variação de nível de 2,5 cm e os lados da base, variação de comprimento 
superior a 20 cm. Igualmente precisa é a orientação das faces da pirâmide em relação aos 
quatro pontos cardeais e a inclinação das faces a 51o 52' com a horizontal. Os quatro cantos do 
monumento são ângulos quase retos quase perfeitos. 
5. Gerenciamento dos Recursos Humanos 
Estima-se que 80.000 homens trabalharam na construção da grande pirâmide, sendo que 
10.000 seriam empregados permanentes e 70.000 seriam emprega dos temporariamente durante 
as cheias do rio Nilo. É um erro achar que o trabalho foi realizado por escravos, pois na 
verdade, as pessoas envolvidas na construção eram livres e voluntárias. E apesar do ritmo 
intenso, os trabalhadores sentiam-se satisfeitos em trabalhar para o faraó. Esta intensa 
motivação tinha como fonte a crença de que a dedicação ao faraó seria abençoada pelos 
deuses, significando melhores colheitas, bem-estar espiritual e pessoal, tendo-se em vista que 
o faraó é o representante dos deuses na terra. Por possuir um objetivo único e bem conhecido, 
ou seja, agradar ao faraó e consequentemente aos deuses, as equipes do projeto trabalhavam 
harmoniosamente, resultando em alta produtividade no canteiro de obras. Algumas equipes 
competiam entre si para mostrar o melhor trabalho para satisfazer aos deuses cujo espírito 
pairava sob todos. 
6. Gerenciamento dos Custos 
Apesar da grandiosidade do projeto, os custos eram incrivelmente baixos. O projeto inteiro 
utilizava recursos da natureza na forma de blocos de granitoe pedra calcária branca retiradas 
das pedreiras de Assuã. Os recursos humanos eram providos pelo próprio povo do Egito, que 
eram pagos não com dinheiro, mas com a pura satisfação de estar fazendo um trabalho 
sagrado. Eles recebiam somente comida e bebida durante as horas de trabalho. O transporte da 
matéria-prima era livre de custo pois viabilizava-se pelo rio Nilo através de barcos de madeira. 
Os arquitetos do rei trabalhavam não por salário, mas para mostrar sua competência para 
ganhar a satisfação do faraó. A grande pirâmide e as pirâmides em geral foram ótimos 
investimentos pois pagou-se plenamente através do turismo (recebe atualmente mais de 4000 
visitantes por dia) durante séculos e séculos até os dias atuais. A construção da pirâmide para o 
faraó era um projeto estratégico, pois garantiria sua perpetuação perante os deuses, desta 
forma mesmo que os custos tivessem sido altos, estes se justificariam. 
 
7. Gerenciamento dos Riscos 
O maior risco no projeto era falhar em garantir a segurança do corpo do rei, permitindo a 
violação de sua câmara mortuária. Todas as precauções foram tomadas para despistar os 
intrusos. Uma rede peculiar de corredores e câmaras mortuárias falsas foram construídas. Isto 
nos dá uma idéia de como a segurança da câmara do rei foi meticulosamente planejada. Estes 
extraordinários mecanismos de segurança conseguiram enganar os ladrões de túmulos por pelo 
menos 400 anos. Outro risco importante era a possibilidade de não completar a construção da 
pirâmide antes do fim do reinado do faraó, ou seja, que este viesse a falecer antes do final das 
obras. Para contornar este problema, os egípcios desenvolveram as técnicas de mumificação, 
assegurando uma boa conservação ao corpo até a ocorrência do sepultamento. Resumindo, os 
principais riscos foram identificados, mensurados e uma estratégia de tratamento dos riscos foi 
detalhadamente implementada. 
 
8. Considerações Finais 
Nada na grande pirâmide parece ter sido fruto do acaso, existe uma significância em cada 
procedimento, em cada etapa, revelando um planejamento detalhado e rigoroso. Isto é 
impressionante, principalmente quando se pensa na idade desse monumento e no rigor técnico 
com o qual foi construído, sendo que tal tecnologia rivaliza com as mais modernas técnicas de 
engenharia. Uma das criações mais geniais de toda a história da humanidade, a grande 
pirâmide com toda a sua majestade, é um tesouro que retrata o auge de uma civilização a 
tempos extinta, que porém deixou este projeto como legado para a apreciação e aprendizagem 
dos gerentes de projeto contemporâneos. 
 
 
 
 
9. Referências Bibliográficas 
ASH, Russell. As Grandes Maravilhas do Mundo. São Paulo : Ed. 
 Cosac & Naify Edições. 2001 
 
BORBA, Danúbio. Curso Gestão de Projetos : Formação e Certificação. 
 São Paulo: Centro de Pós Graduação - FIAP, 2000(Notas de Aula) 
 
Barco achado no Egito dá pistas sobre faraós. 
 http://www.estado.com.br/editorias/2000/11/06/ger308.html. 
 Data de acesso: 10.06.2001 
 
CERVO, AL. & BERVIAN, P.A. Metodologia Científica. 3º Ed. São Paulo : Ed. 
 McGraw Hill. 1983 
 
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