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1 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF 1. Aspectos Gerais A teoria atualmente aceita vincula a alteração dos níveis de neurotransmissores e o estabelecimento do quadro de depressão. Assim, as causas da depressão estariam correlacionadas ao papel desempenhado pelos neurotransmissores (NT) serotonina (5-HT) e norepinefrina (NE) e as inter-relações entre os mesmos e também com dopamina (DA). Embora, a natureza precisa do quadro de depressão não encontre-se completamente esclarecido considerando os padrões químicos cerebrais, várias teorias foram estabelecidas para explicar o papel de NE e 5-HT na etiologia da depressão. Apesar da hipótese que relaciona a deficiência de monoaminas (5-HT e/ou NE) como a causa básica do quadro de depressão e ser , comumente, usada para explicar o mecanismo de ação dos agentes antidepressivos, tem crescido um corpo de evidências que suportam a presença de mecanismos alternativos ao mecanismo baseado nas monoaminas: hipótese hipocolinérgica, antagonistas NMDA, dual efeito agonista receptor melatonina/ antagonistas receptor de serotonina e neuropeptídios. 2. Agentes antidepressivos – Histórico Antes de 1950 não existia tratamento para o quadro de depressão. Os dois tratamentos disponíveis nessa época era o uso de anfetaminas e o emprego da terapia eletroconvulsiva. A terapia com anfetaminas era , frequentemente, não efetiva e apresentava efeitos estimulantes ao paciente. A eletroconvulsão por seu lado era efetiva mas apresentava a desvantagem de ser aterrorizante e colocar em risco o paciente. Na década de 1950 surge a primeira geração de agentes antidepressivos tais como TCAs e MAOI (antidepressivos tricíclicos e inibidores da MAO). Na busca de fármacos que apresentassem semelhança a clorpromazina no tratamento da esquizofrenia, a imipramina foi reconhecida como agente antidepressivo e se tornou o primeiro fármaco antidepressivo pertencente aos inibidores da receptação de monoaminas. O segundo composto com ação antidepressiva foi a isoniazida, um agente antituberculose, com propriedades de elevar o estado de humor, tornando- se o precursor dos IMAOs. Entre a década de 1960 e 1980, os TCAs tornaram-se o grupo terapêutico empregado em maior escala no tratamento do quadro de depressão. No entanto, os TCAs apresentam outras ações incluindo o bloqueio da recaptação de monoaminas e dos receptores nicotínicos, resultando em ação anticolinérgica, antihistaminérgica, efeitos cardiotóxicos relacionados a afinidade pelos receptores muscarínicos, histamínicos, e alfa1-adrenérgicos bem como sua ação sobre os canais de sódio localizados no coração e no SNC. Devido a maior segurança, tolerabilidade e seletividade na receptação de NT, novas classes de agentes antidepressivos (SSRIs, SNRIs e NSRIs) substituíram a escolha dos TCAs como fármacos de primeira escolha no tratamento de quadro de depressão maior (MDD – major depression disorder). Os 2 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF agentes TCAs, embora ocupem uma posição secundária, ainda são importantes na terapia psicofarmacológica. Os primeiros agentes inibidores de MAO atuavam de modo irreversível inibindo a desaminação oxidativa dos neurotransmissores monoamínicos, apresentando assim sua atividade antidepressiva. Um dos grandes efeitos adversos dos IMAOs é seu potencial de ocasionar hipertensão, resultado da inibição irreversível da MAO-A e MAO-B, responsáveis pela metabolização intestinal e hepática da tiramina procedente da dieta. A tiramina é um fraco agente vasoconstritor, porém as moléculas procedentes da dieta e não metabolizadas porém elevar a concentração da mesmas no organismo aumentando a pressão arterial. Inibição da Maos pode também alterar as propriedades farmacocinéticas de monoaminas OTC e fármacos prescritos resultando em efeitos adversos e interação medicamentosa. Nova geração de IMAOs foi desenvolvida objetivando seletividade com a MAO-A. A descoberta que certos agentes anti-histamínicos destituídos de um sistema condensado de anéis (diferentes dos TCAs) são seletivamente inibidores da receptação de 5-HT , sem apresentar afinidade por outros neurotransmissores e destituídos de cardiotoxicidade foram determinantes do questionamento da necessidade da ponte etilênica (carbonos 10-11) para atividade dos TCAs. A descoberta de agentes inibidores que seletivamente bloqueia a receptação de 5-HT sem a presença do anel central formado por 7 membros existente nos TCAs resultaram na síntese de análogos diarilpropilaminas dos TCAs. Assim, durante as décadas de 1960 e 1970, agentes anti-histamínicos foram amplamente manipulados na busca por compostos que de modo seletivo inibiam, com grande potência, a receptação de 5-HT. Zimelidine foi o primeiro agente bloqueador da receptação pressináptica de 5-HT sem os efeitos em múltiplos receptores dos TCAs. Zimelidine for obtido pela manipulação do anti-histamínico feniramina. Zimelidine foi o primeiro antidepressivo SSRI (inibidor seletivo da recaptação de serotonina) contudo, devido a ocorrência de vários casos de síndrome de Guillain- Barré associadas ao uso desse fármaco levaram a sua retirada do mercado em 1983. O sucesso da molécula de Zimelidine em sua ação SSRI levaram ao desenvolvimento de vários fármacos não tricíclicos com ação inibidora da recaptação do neurotransmissor serotonina. Um desses fármacos foi a indalpine, utilizada em pacientes refratários ao uso de TCAs e IMAOs. A indalpine é derivada do anti- histamínico difenidramina. A partir de 1975 foram desenvolvidos outros SSRIs paroxetina (1975), citalopran (1979), fluoxetina (1982) e sertralina (1985). Cientistas do Laboratório Lilly sintetizaram mais de 50 derivados fenopropril a partir da molécula de difenidramina (Benadril) antes da descoberta da fluoxetina. Outros derivados foram desenvolvidos como atomoxetina (SNRI – inibidor seletivo da recaptação de NE) e duloxetina (NSRI- inibidor não-tricíclico da recaptação de serotonina e NE). 3 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF Fluoxetina (Prozac) foi o protótipo na nova geração de agentes antidepressivos com ação SSRI, apresentando poucos efeitos adversos e com maior margem de segurança quando comparado com TCAs e IMAO (toxicidade por interaçõ alimentar) Durante 20 anos, fármacos antidepressivos não tricíclico com ação inibidora da recaptação de NE ou 5-HT, com ação inibidora da recaptação de NE e 5-HT e também IMAOs com ação reversível foram aprovados para o uso em quadro de depressão A maioria dos antidepressivos empregados na atualidade incluem agentes que de modo seletivo inibem a recaptação de 5-HT e/ou NE. No entanto, os agentes antidepressivos com amplo-espectro incluem os fármacos que inibem a recaptação de 5-HT, NE e DA, as três aminas biogênicas relacionadas com o quadro de depressão. Nesse grupo destacam-se amitifadine e azabiciclo A mecalamina é um potente agente não competitivo que atua nos receptores de acetilcolina (nAChRs). Esse fármaco foi desenvolvido como um agente bloqueador ganglionar para o controle da hipertensão essencial moderadamente severa para severa. No entanto, apresenta também a capacidade de ultrapassar a barreira hemato-encefálica e possui a capacidade de bloquear de modo não-competitivo os receptores nAchRs e ligar-se as subunidades 42 dos receptores nAChR. Esse fármaco encontra-se em estudos clínicos de fase III e fará parte de um arsenal complementar ao tratamento de quadro de MDD em pacientes refratários aos antidepressivos SSRI A sibutramina, é um agente terapêutico empregado na obesidade. Consisteem uma mistura racêmica R,S sibutramina que apresenta a ação de inibir a recaptação de 5-HT e NE tendo uma ação antidepressiva similar aos antidepressivos que possuem tripla-ação. Esse fármaco apresenta dois metabólitos ativos (produtos de biotransformação), a desmetlsibutramina e a didesmetilsimutramina. Ambos R- enantiomeros apresentam maior efeito anorético que o observado para enantiomeros S ou R,S-enatiomeros. Os resultados experimentais sugerem que os metabólicos enatioméricos da Sibutramina pode ser seguros e efetivos no tratamento de transtornos de ingestão compulsiva de alimentos (binge-eating disorder) em pacientes obesos. Observação: “A etiologia da obesidade não é de fácil identificação, uma vez que esta é caracterizada como uma doença multifatorial, ou seja, é resultado de uma complexa interação entre fatores comportamentais, culturais, genéticos, fisiológicos e psicológicos. Pode, dessa forma, ser classificada em dois contextos: por determinação genética ou fatores endócrinos e metabólicos, ou então, influenciada por fatores externos, sejam eles de origem dietética, comportamental ou ambiental”. Estudos populacionais têm demonstrado que o excesso de tecido adiposo, principalmente na região abdominal está intimamente relacionado ao risco de desenvolvimento de doença arterial coronária, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e 4 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF dislipidemias. E essa associação eleva-se à medida que o IMC (índice de massa corporal) aumenta. A maior parte dessas doenças está relacionada à ação do tecido adiposo como órgão endócrino, uma vez que os adipócitos sintetizam diversas substâncias, como adiponectina, glicocorticoides, TNF, hormônios sexuais, interleucina-6 e leptina, que atuam no metabolismo e controle de diversos sistemas. Tradicionalmente, os agentes antidepressivos são classificados de acordo com sua estrutura (exemplo, ATCs como aminas secundárias ou terciárias) ou considerando o mecanismo de ação (por exemplo, IMAos e SSRIs). Com o surgimento da segunda e terceira-gerações do agentes antidepressivos, uma melhor classificação dos antidepressivos passou a ser de suma importância. Considerando os conhecimentos atuais sobre o mecanismo de ação dos agentes antidepressivos tem- se a classificação dos mesmos em oito categorias funcionais conforme será analisado na sequência. 3. Classificação das proteínas transportadoras de NT e tipos de agentes antidepressivos. A intensidade da sinalização imposta pelas monoaminas depende do tempo de ação pela sua presença na fenda sináptica que é afetada pela recaptação do NT que ocorre por meio da atividade de proteínas transportadoras localizadas na membrana dos neurônio pré-sinápticos. A recaptação é um fenômeno que remove rapidamente os neutotransmissores monoamínicos da fenda sináptica e permite que os neurotransmissores que foram secretados (liberados) sejam reciclados para serem utilizados novamente. A vantagem do processo de recaptação é sua maior velocidade quando comparado ao fenômeno da difusão passiva através da membrana celular. Os neurotransmissores liberados na fenda sináptica são reabsorvidos e metabolizados em sua forma inativa. As proteínas responsáveis pela recaptação de NT ligam-se aos neurotransmissores que foram liberados na fenda sináptica (fluido extracelular) e transportam o NT através da membrana do neurônio presináptico para o fluido intracelular desse neurônio. As proteínas transportadoras de NT estão embebidas na bicamada fosfolípidica da membrana pre-sináptica. Essas proteínas fazem parte de uma família de transportadores que são dependentes de íons sódio sendo o principal mecanismo responsável pela interrupção da ação dos NT que foram liberados na fenda sináptica. Esses transportadores são os locais nos quais agem fármacos antidepressivos bem como drogas de abuso , exemplo cocaína. A classificação dessas proteínas transportadoras baseia-se no tipo de NT transportado: serotonina reuptake 5 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF transporte (SERT), norepinephrine reuptake transporter (NET) e dopamine reuptake transporter (DAT). Nenhum dos agentes antidepressivos exibe afinidade significativa por DAT, mostrando assim sua falta de efetividade nos quadros de depressão em que o o paciente mostra-se refratário ao tratamento com SNRIs, SSRIs e NSRIs. SNRI (inibidor seletivo da recaptação de NE), SSRIs (Inibidor seletivo da recaptação de serotonina) e NSRI (inibidor da recaptação de Serotonina e NE). TCAs e NSRIs não-tricíclicos bloqueiam NET e SERT, SSRIs bloqueiam seletivamente SERT e SNRIs bloqueiam seletivamente NET. Os agentes antidepressivos também contribuem no tratamento do quadro de depressão por reduzir a expressão dos genes responsáveis pela codificação da proteínas transportadoras de NT. Classe Exemplo SNRIs (Inibidor seletivo da recaptação de NE) Amoxapina Atomoxetina Desipramina Maprotilina Nortriptilina Roboxetina SSRIs (Inibidor seletivo da recaptação de Serotonina) Citalopran Escitalopran Fluoxetina Fluvoxamina Paroxetina Sertralina NSTIs (Inibidor da recaptação de Serotonina e NE) Amitriptilina Clomipramina Desvenlaxive Doxepine Duloxetina Imipramina Milnacipran Trimipramine Venlafaxine DNRIs ( inibidor da recaptação de Dopamina e NE) Bupropriona SRMs (Modulador do receptor de serotonina) Aripipazol SARI (Inibidor da recaptação de serotonina/antagonista serotonina-2) Trazodone Vilazodone NaSSA (Antagonista seletivo de serotonina/antagonista alfa2-NE) Mirtazapina 6 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF IMAOs (Inibidor da Monoamina oxidase) Moclobemida Fenelzina Tranilcipramina Estabilizadores de Humor Litium Ácido Valproico Carbamazepina A seletividade dos diferentes antidepressivos em relação as proteínas determinantes da recaptação do NT pode ser avaliada graficamente. Essa seletividade pode ser expressa por meio da razão entre a afinidade pelas diferentes proteínas. Assim, a razão de inibição de SERT é obtida dividindo a afinidade do inibidor por SET por a afinidade de inibição por NET. Enquanto a razão de inibição de NET é obtida pela divisão pela afinidade de inibição por NET dividindo pela afinidade por inibição por SERT. Considerando a molécula de amitriptilina que apresenta valor aproximadamente 1 indicando que esse antidepressivo inibe a recaptação de SER e NE em igual concentração. A desipramina apresenta valor de -30 isso significa que esse fármaco é 30 vezes mais potente em inibir NET de que SERT, por outro lado SSRIs com valor de 100 significa que apresenta cerca de 1oo vezes mais potente na inibição de SERT de que NET. Pelo fato, da maioria dos SSRIs apresentarem razão superior a 100, a concentração plasmática de um SSRIs que produz inibição de SERT produzirá inibição de NET sem significado fisiológico. Por outro lado, quando quando a razão de seletividade é em torno de 30, tal como observado em fluoxetina, a diferença é pequena e a inibição de ambos os transportadores pode ocorrer frente a doses terapêuticas, contribuindo assim para o espectro de atividade antidepressiva desse fármaco. Embora, a concentração plasmática e a ligação com as proteínas transportadoras ocorra quase que de imediato, administração crônica é necessária para que a eficácia clínica seja alcançada. O efeito terapêutico dos antidepressivos é observada , em geral,após o período de 3 a 6 semanas de tratamento. Isso sugere que determinadas alterações adaptativas devam ocorrer durante administração crônica desses fármacos sendo importantes para a ação antidepressiva. 4. Classificação dos agentes antidepressivos 4.1 Visão geral A introdução da segunda classe de agentes antidepressivos entre as década de 1980 e 1990 permitiu um avanço terapêutico no tratamento dos quadros de depressão desde o aparecimentos dos agentes IMAOS e TCAs. Essa nova classe apresenta uma ampliação no espectro de ação sendo empregados em quadros severos de depressão, quadro de ansiedade, bulimia entre outros. Os agentes SSRIs são os mais amplamente prescritos e compõem a primeira linha de tratamento para 7 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF quadro de pânico, desordem obsessiva-compulsiva, fobia social, estresse pós- traumático e bulimia. Em comparação com os TCAs, os agentes SSRIS ocasionam alterações que incluem náusea, diarreia, disfunção sexual, anorexia, insônia, nervosismo e ansiedade. No entanto, não apresentam os efeitos adversos dos TCAs que incluem cardiotoxicidade, secura na boca, constipação, tontura, sudorese e visão turva. 4.2 SNRIs (Inibidores da Recaptação seletiva de NE) Os agentes SNRIs parecem ser tão efetivos quanto os SSRIs no tratamento do quadro de depressão por atuarem especificamente nos sítios noradrenérgicos. Pelo fatos desse fármacos atuarem em vias distintas, os agentes SRNRis são empregados isoladamente ou em associação como adjuvante no tratamento do quadro de depressão A razão de seletividade mostra que os agentes SNRIs são potentes agentes inibidores da proteína NET e a presença da amina secundária dos TCAs torna esses fármacos mais potentes na inibição da recaptação de NE em comparação com SSRIs. A eficácia clínica em termos de inibição de NET é assim distribuída: desipramine>protriptilina>amitriptilina=notriptilina>reboxetina>maprotilina>amoxa pina>imipramina>paroxetina. A) TCAs (Tricíclicos com amina secundária) - Relação Estrutura-atividade A estrutura tricíclica pode ser encontra em uma variedade de diferentes fármacos e representa uma forma de restringir a mobilidade conformacional dos dois anéis aromáticos ligados ao átomo de carbono ou um heteroatomo. A estrutura tricíclica é constituída pela união entre dois anéis aromáticos (fenil) em um sistema 6-6-6 e 6-7-6, no qual o anel central é constituído por 6 ou 7 membros carbocíclico ou hetericíclico, respectivamente. Pequenas modificações tal como flexibilidade anelar, substituição ou heteroatomo da estrutura tricíclica, pode trazer alterações significativas nas propriedades fisicoquimicas, eletronegatividade (momento dipolar) e propriedades farmacodinâmicas (antimuscarínico, inibição da colinesterase, ação antihistaminica, efeito antipsicótico e efeito antidepressivo). Isso significa que a estrutura tricíclica não está associada a afinidade para um determinado receptor, mas contribui para o amplo efeito farmacodinâmico no SNC por aumentar a lipofilicidade. A estrutura tricíclica mais comum presente nos fármacos é a fenotiazina , observada em agentes antipsicóticos. Os antidepressivos tricíclicos caracterizam-se, em geral, por apresentar o arranjo 6-7-6, cuja estrutura cental é carbociclo ou heterociclo, podendo ser saturada ou insaturada. A estrutura central é ligada a dois anéis fenílicos. A cadeia lateral encontra-se ligada ao carbono ou ao heteroátomo e apresenta 3 átomos de carbono que pode ou não apresentar instauração (propril ou propilidina) e na porção terminal da cadeia lateral há um grupo amina, que pode ser secundária ou terciária. Os TCAs 8 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF diferem dos agentes psicóticos fenotiazínicos pois nesses últimos os dois anéis fenílicos encontram-se conectados a um anel central contendo enxofre e nitrogênio. Os TCAs são classificados em diidrobenzazepinas (iminodibenzil , ex. imipramina), dibenzociclohepteno (o nitrogênio é substituído por dupla ligação, exemplo amitriptilina), dibenzoxepina (doxepina) e dibenzocicloheptriene (presença de olefina, protriptilina ou anel biciclo, exemplo maprotilina). O sistema tricíclico não apresenta importância na inibição de NET e SERT, mas parece apresentar importância na inibição de DAT (transportador de dopamina). Os TCAs com aminas secundárias e terciárias diferem marcantemente no que refere-se a razão de seletividade e também nas propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas. A presença de um substituinte halogenado, exemplo clomipramina ou um grupo ciano na posição do anel aromático de diidrobenzazepina aumenta a afinidade por SERT Estudos que correlacionam a capacidade de ligação de TCAs e SSRIs mostram que esses fármacos apresentam diferentes sítios de ligação nos transportadores que inibem. TCAs podem atuar como moduladores da recaptação de monoaminas por determinarem alteração conformacional no transportador afetando a afinidade pelo neurotramissor monoamínico. A presença da ponte etilênica unindo os dois anéis fenílicos permite menor rigidez e maior mobilidade conformacional da estrutura quando comparado aos fenotiazínicos. Esta maior flexibilidade , por outro lado, pode afetar a afinidade pelos transportadores bem como a seletividade e alterando as propriedades físico- químicas. A flexibilidade do anel parece estar correlacionada com as diferenças em relação a potência clinica. Um sistema anelar dibenzazepinico exibe ampla flexibilidade, ao passo que os dibenzociclohepteno e a inserção de heteroatomo reduz a flexibilidade e diminui a potencia. O ângulo estabelecido entre os dois anéis aromáticos que varia de 106º a 110º e a presença de anel lipofílico aumenta a afinidade dos TCAs para bloquear receptores muscarínicos do SNC, H1 e alfa-1 adrenérgicos e também atuar em canais de sódio, o que contribui para os efeitos farmacodinâmicos múltiplos desse grupo de fármacos. Os TCAs são extremamente lipofílicos and apresentam elevada capacidade de ligação nos tecidos localizados fora do SNC. Pelo fato de apresentarem efeito anticolinérgico e noradrenérgico, efeitos adversos centrais e periféricos são frequentemente observados e muitas vezes podem ser de grande risco ao paciente. Em situações de overdose, pode ser observado um efeito de depressão cardíaca expressiva e pelo fato de estarem ligados a proteínas o procedimento de dialíse é muitas vezes inefetivo 9 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF Relação dos tricíclicos com amina secundária. Fármaco Estrutura Desipramine - Dihidodibenzazepina (TCA com amina secundária) – 10,11diidro-N-metil-5H-dibenzazepina- 5propamina. Apresenta grande potência e seletividade em relação a outros TCAs que apresentam aminas secundárias. Nortriptiline - dibenzoziclohepteno (TCA com amina secundária) 3-(10,11- diidro-5H-dibenzocicloheptene-N-metil- 1-propanamina, 5-(3-metil-amino- propilideno)- Principal metabólito da amitriptilina (amina terciária) Amoxapina – dibenzoxazepina – efeito antidepressivo e antipsicótico. 2-cloro- 11-(1-piperazina)-dibenzoxazepiona. Significante efeito nos receptores D2. Presença tanto de oxigênio quanto nitrogênio no anel central com sete membros. Presença do anel piperazina ao invés da cadeia lateral propilamina. Apresenta menor potência que outros TCAs com amina secundária. Protriptilina – dibenzocicloheptriene – Difere dos demais TCA por apresentar uma ponte etiênica insaturada unindo os dois aneis aromáticosPresença de cadeia lateral aminopropril secundária. Apresentaelevada seletividade por NET, mas com menor potencia de que desipramina. Efeito mínimo sobre 5-HT é observado. Trata-se de um isômero estrutural de nortriptilina Maprotilina (Ludiomil) – dibenzobiciclooctadieno que difere dos demais TCAs por apresentar uma ponte etilênica no anel central, resultando em uma estrutura bicíclica rígida. Apresenta elevada afinidade por NET. Associada com elevada incidência de efeito convulsivante dose-dependente. Induz sedação em paciente deprimidos e reduz padrão (comportamento) 10 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF agressivo em animais. Apresenta efeitos anticolinérgicos e cardiovasculares dos TCAs com aminas secundárias, incluindo alterações eletrocardiográficas, taquicardia e hipotensão postural B) Aminas Secundárias não-tricíclicas (SNRIs) Nessa classe de fármacos incluem-se a reboxetina, nisoxetina e atomoxetina. Fármaco Estrutura A reboxetina é um agentes não-tricíclico que atua inibindo de modo seletivo a recaptação de NE (SNRI) e caracteriza- se pela presença do grupamento morfoline ao invés da cadeia lateral proprilamina. Consiste em um potente e seletivo ligante-se para NET com um mecanismo de ação semelhante ao da desipramina apresentando, também, baixa afinidade pelos receptores beta- adrenérgicos e muscarínicos. Apresenta uma mistura racêmica de dois enantiômeros R,R-(-)-reboxetina e S,S-(-)-reboxetina. A forma mais ativa é a SS. Nisoxetina – penoxifenilpropanolamina. Oirundo do reposicionamento de um átomo de oxigênio na molécula de difenidramina. Apresenta grande potência e maior seletividade por SNRI e pouca afinidade por outros receptores. Atomoxetine – 2 metilfenilfenoxifenilpropilamina. Introduzida no mercado em 2003 para o tratamento de DAHA em adultos e crianças. A presença de um substituinte na posição 2 do anel fenil é determinante da seletividade na inibição da recaptação de NE. O enatiomero R é 10 vezes mais potente que S. Baixa ação anticolinérgica e efeitos adversos cardíacos 11 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF 4.3 SSRIs – Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (5-HT) O NT serotonina desempenha papel central no desenvolvimento do quadro de depressão, e as vias serotoninérgicas estão intimamente correlacionadas com desordens do humor, especialmente, depressão. Assim, fármacos que interferem nos níveis de 5-HT na sinapse ou em vias serotoninérgicas podem ser empregados no tratamento do quadro de depressão. O NT 5-HT é sintetizado a partir do aminoácido triptofano sendo armazenado em vesículas, liberado na fenda sináptica e ao ligar-se ao receptor SRT desencadeia potencial de ação. Na fenda sináptica 5-HT pode ligar- se aos receptores 5-Ht tanto aos presentes na membrana pré quanto na pós- sináptica. Evidencias experimentais sugerem que baixos níveis de SERTs representam uma evidência da relação entre 5-HT e os quadros de depressão. Os agentes antidepressivos SSRIs apresentam menos efeitos colaterais e menor toxicidade em casos de overdose quando comparados aos IMAos e TCAs, sendo empregados no tratamento da depressão, desordem obsessiva-compulsiva, pânico e outras alterações comportamentais. No entanto, o uso de SSRIs aumenta o risco de suicídio por mecanismo que não encontram-se esclarecidos. SSRIs atua preferencialmente por inibir SERT com mínima ou nenhuma afinidade por NET e DAT. Desse modo, SSRIs apresentam alta e seletiva afinidade por SERT e com isso bloqueia a ligação de 5-HT com SERT. O excesso de 5-HT na fenda sináptica determina maior ligação com os receptores pós-sinápticos. Com o passar do tempo, há downregulation dos receptores pre´e pós-sinápticos e redução da concentração de 5-HT produzida pelo SNC e redução do número de SET produzidos. Uso por longo prazo reduz os níveis de SERT mas não afeta NET. A perda substancial de SERT produz o efeito antidepressivo dos agentes SSRIs Estruturalmente os agentes SSRIs diferem dos TCAs pelo fato de não apresentarem o anel central e um dos anéis aromáticos apresentar-se deslocado lateralmente. A ausência do sistema tricíclico reduz os efeitos anticolinérgicos. Os agentes SSRIS são: fluoxetina, sertralina, paroxetina, fluvoxamina e citalopram (escitalopram). Fármaco Estrutura Fluoxetina – fenoxifenilalquilamina – Apresenta alta afinidade por SERT e baixa afinidade por NET. Consiste de uma mistura racêmica (R e S). O isômero S é mais seletivo para SERT do que NET. A seletividade para SERT depende da posição do grupamento substituinte no anel fenoxi. A monosubstituição em posição 4(para) do anel fenoxi , com um grupamento retirador de elétrons exemplo trifluormetil, resulta em 12 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF inibição seletiva da recaptação de 5-HT (SERT). Fluoxetina é um potente e seletivo inibidor de SERT mas não inibe NET e DA. Não interage diretamente com os receptor 5-HT pós-sinápticos e apresenta baixa afinidade pelos outros neurorreceptores. Paroxetina – Consiste em um análogo da fluoxetina e apresenta um grupamento piperidina (na fluoxetina há grupamento fenil-propil-amina). O nitrogênio do grupamento piperidina é protonado in vivo e estabelece ligação de hidrogênio com elétrons não compartilhados de –CH2-O. A conversão da amina secundária da piperidina por amina terciária por meio da introdução de um grupamento metil reduz a afinidade por SERT em 100 vezes. A substituição de 4 Fluor por H ou por Metil reduz a afinidade por SERT. Paroxetina não afeta a recaptação de NE e DA e não demonstra afinidade por outros neurorreceptores Citalopram- Presença do grupamento ciano na posição 5 do anel ftalan e presença de Fluor na posição 4 do anel benzeno. Isomero S é ativo e apresenta atividade terapêutica. Apresenta seletividade por SSRIs e menor efeitos adversos. Atua inibindo a recaptação de 5-HT e potencialização a ação serotoninérgica no SNC. Apresenta maior efeito in vitro no bloqueio da recaptação de 5-HT e não apresenta efeitos sobre a recaptação de NE e DA Escitalopram – Consiste no S- enatiomero do citalopram e apresenta elevada afinidade e seletividade por SERT. Estudos demonstram que o escitalopram exibe duas vezes mais atividade que o citalopram. Escitalopram apresenta o mesmo mecanismo de ação que os demais SSRIs 13 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF Sertralina – Embora apresenta estrutura dstinta em relação aos demais SSRIs, a sertralina apresenta a estrutura fenilaminotretalina. Possui um anel tetralina (estrutura similar ao naftaleno) e dois cloros no anel aromático (fenil). A presença dos dois substituintes de cloro é determinante para a afinidade com SERT. É um potente e seletivo inibidor da receptação de 5-HT por SERT. Apresentam maior seletividade que os demais SSRIs e TCAs (incluindo clomipramina). Apresenta poucos efeitos sobre NET e DA. Mecanismo de ação semelhante ao dos demais SSRIs Fluvoxamine (Luvox) – Consiste em um inibidor SERT não tricíclico que estruturalmente é um isômero de 2- aminoetiloxima (R-C=N-O-R) e éter de aralquilcetona. Pode ser considerado um análogo de cadeia aberta do tricíclico noxiptilina. O grupo 4- trifluormetil ou outro grupo eletronegativo é fundamental para afinidade e seletividade em relação a SERT. A presença de C=N aumenta a suscetibilidade a fotoisomerização por UVB (290-320 nm). Assim, as soluções de fluvoxamine deve ser protegidas da luz para prevenir a perda da eficácia antidepressiva. Apresenta altaseletividade na inibição da receptação de 5-HT pela membrana pre-sináptica. Apresenta pouco ou nenhum efeito sobre NET e DA Noxiptilin Fluvoxamine 4.4 Inibidores da Recaptação de NE e 5-HT (NSRIs) Os fármacos antidepressivos pertencentes ao grupo NSRIs atuam bloqueando ambos NET e SERT. Estes fármacos combinam o mecanismo de ação de SSRIs e SNRIs. Esses fármacos apresentam dupla afinidade por NET e SERT. As aminas tricíclicas terciárias dispõem de efeito duplo, inibindo a receptação de NE e 5-HT pela membrana pré-sináptica. Os agentes terapêuticos NSRIs incluem as aminas tricíclicas terciárias e os inibidores não-tricíclicos da recaptação de NE e 5-HT. 14 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF 4.4.1 Aminas tricíclicas terciárias (TCAs terciárias) Os agentes TCAS pertencentes a essa classe terapêutica são caracterizados pela presença de amina terciária situada na extremidade da cadeia lateral. A relativa baixa biodisponibilidade oral desses fármacos sugere que o metabolismo de primeira passagem, que inclui reações de N-demetilação da amina terciária e hidroxilação do anel aromático reduzem a concentração das moléculas ativas presentes na circulação sanguínea. São fármacos que apresentam elevado volume de distribuição sugerindo ligação com proteínas plasmáticas e distribuição para o sistema nervoso central (SNC). A excreção ocorre por via renal Fármaco Estrutura Amitriptilina – 3-(10,11-diidro-5H- dibenzociclohepteno)-N,N-dimetril1- propanamina. Trata-se de um dibenzocicloheptadieno que apresenta amina terciária. É um dos TCAs com efeito anticolinérgico e sedativo. Não apresenta Nitrogênio no anel central e a reação de N- demetilação da amina terciária resulta em nortriptilina (metabólito ativo) Imipramina (Tofranil) – 5-[3- (dimetilamino)propil-10-11-diidro-5-H- dibenzazepina . Trata-se de uma 10,112- diidrodibenzazepina como amina terciária. Na forma de cloridrato é administrada em doses divididas diariamente e na forma de pamoato é administrada em uma dose diária. Consiste em um fármaco correlacionado com agentes antipsicóticos fenotiazínicos (na imipramina o Enxofre é substituído pela ponte 10-11 etilênica). Por apresentar dimetilamina apresenta efeito anticolinérgico e sedativo (bloqueado central de H1). Na forma de amina terciária apresenta maior efeito sobre SERT do que NET. No entanto, a N-demetilação resulta em metabólito (amina secundária- desmipramina) que apresenta maior atividade sobre NET e menor efeitos anticolinérgico e sedativos Um dos metabólitos é resultado da oxidação do carbono 2 do anel aromático seguido de reação de conjugação com ácido glicurônico 15 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF Doxepina – Trata-se de um dibenzoxepina com amina terciária que apresenta no anel central um átomo de oxigênio em substituição a ponte etilênica. O oxigênio introduz assimetria no anel tricíclico resultando na formação de dois isômeros geométricos: E (trans) e Z(cis). A forma cis (Z) é mais ativa , embora o fármaco seja uma mistura de isômeros (proporção 85:15 ou seja 85Trans:15Cis). O isômero Z é mais ativo na inibição de receptação de 5-HT. Por outro lado, o isômero E (trans) inibe a receptação de NE. Assim, o mecanismo de ação baseia-se na inibição da receptação de NE e 5-HT com significante atividade anticolinérgica e propriedades sedativas. Clomipramina (Anafranil)- Consiste no mais potente antidepressivo desenvolvido sendo 50 vezes mais potente que imipramina. Consiste em uma diidrobenzapina que possui ação tanto em SERT quanto em NET. Diefere da imipramina somente pela presença de um átomo de cloro na posição 3. A presença de cloro aumenta a potencial por determinar maior distribuição do fármaco no SNC. Admite- se que o estabelecimento de ligações de H entre o átomo de cloro e amino grupos protonados seja determinante pela maior interação competitiva com o transportador. É uma fármaco de ação antidepressiva empregado de transtornos obsessivo- compulsivo. Trimipramina – É também uma diidrodibenzazepine que difere estruturalmente da imipramina pela substituição de um H por um grupamento metil resultando com isso um centro quiral, sendo empregado como uma mistura racêmica. Aparentemente, a presença de ramificação na cadeia lateral propil reduz a afinidade por SERT e NET. Embora, trimipramina apresente menor afinidade, esse fármaco apresenta as propriedades farmacológicas e toxicológicas dos demais TCAs sendo empregada no tratamento da depressão 16 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF Lofepramina – Esse antidepressivo difere da imipramina pela presença de um grupamento p-clorofenacil acoplado a cadeia latera N- aminopropil. A presença do grupamento aromático adicional aumenta a lipofilicidade e potencializa os efeitos desse fármaco devido a maior distribuição no SNC. Análises experimentais demostram maior afinidade e seletividade por NET. O mecanismo de ação baseia-se na rápida conversão metabólica em amina secundária desipramina que apresenta ação seletiva em inibir a recaptação de NE. A biodisponibilidade oral é menor que 10% devido ao metabolismo de primeira passagem. A administração oral desse fármaco é indicada no tratamento de vários tipos de depressão sendo similar em sua eficácia à imipramina e amitriptilina enquanto induz poucos efeitos adversos 4.4.2 Inibidores da recaptação de NE e 5-HT não-tricíclicos Estudos clínicos sugerem que os fármacos que alteram a disponibilidade sináptica de NE e 5-HT apresentam, maior eficácia terapêutica que os fármacos que atuam em somente no bloqueio da receptação de somente um dos neurotransmissores citados. Nesse contexto, os esforços na elaboração de estruturas químicas de agentes antidepressivos tem buscado combinar as propriedades de SSRIs e SNRIs aos invés de bloquear de modo isolado SERT e NET e serem destituídos dos efeitos adversos observados com o tratamento por meio do uso de TACs Os principais fármacos não-tricíclicos que atuam inibindo simultaneamente a receptação de NE e 5-HT são venlafaxina, milnacipram e duloxetina. A potência desses fármacos decresce na seguinte ordem duloxetina>milnacipram>venlafaxina. Todos os agentes como inibição dupla exibem baixa afinidade pelos receptores neurais de outros neurotransmissores, sugerindo redução de efeitos colaterais. Os fármacos venlafaxina, milnacipram e duloxetina é empregado no tratamento do quadro depressão maior. Esses fármacos demonstram apresentar efeitos maiores e mais rápidos que os SSRIs, sugerindo que a ação sinérgica de inibição da receptação de NE e 5-HT apresentam eficácia no tratamento da depressão. As diferenças entre os NSRIs não-tricíclicos reside na farmacocinética, metabólitos ativos procedentes da biotransformação, inibição de isoformas da enzima CYP, interação medicamentosa e meia-vida. A tabela a seguir apresenta as características desses três fármacos, comparando a estrutura e suas funções. 17 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF Fármaco Estrutura Venlafaxina. Consiste em um metoxifeniletilamina que apresenta semelhança com um TCA de cadeia aberta dotado de somente um anel aromático que foi substituído por um anel ciclohexanol e um cadeia dietiaminometil ao invés de uma cadeia dietilaminopropil. Apresenta semelhança estrutural com o opóide tramadol. Apresenta efeito duplo, tendo no entanto preferencial afinidade em inibir a receptação de 5-HT quando comparado a recaptação de NE e DA. Dados experimentaismostram que esse fármaco é 80 vezes mais potente na inibição de SERT de que NET. Apresenta baixa afinidade por outros receptores neurais (análises in vitro), o que resulta em redução dos efeitos colaterais Venlafaxine Tramadol Desvenlafaxina- Trata-se do metabólito ativo da venlafaxina. ODV ou O- desmetilvenlafaxina que apresenta semelhança funcional ao fármaco venlafaxina. A desvenlafaxine é aproximadamente 10 vezes mais potente na inibição da receptação de 5- HT de que a receptação de NE. O efeito adverso mais comum é náusea. No entanto, cansaço, sonolência, sudorese, constipação, decréscimo do apetite, ansiedade, pesadelos são outras alterações observadas no uso desse fármaco. Milnacipram- Trata-se de um cis- aminometil derivado de fenilciclopropanecarboxiamida. Atua inibindo a receptação de 5-HT e NE. É estruturalmente diferente dos outros NSRIs. A substituição de aminometil por aminopropril dá origem a um análogo que exibe ação antidepressiva como um potente antagonista dos receptores NMDA. A hipótese do glutamato tem sido investigada como um mecanismo alternativo no quadro de depressão. Embora não seja um TCA, seu 18 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF mecanismo de ação é muito semelhante ao da imipramina. Esse fármao apresenta fraca afinidade por receptores adrenérgicos, muscarínicos e H1 Doloxetina- Empregado no tratamento da depressão e dor neuropática periférica (diabetes). Trata-se de outro análogo da fluoxetina, no qual os grupamentos fenil e fenoxi da fluoxetina são substituídos por tiofeno (isostero do benzeno) e naftoxi (naftiloxi). Duloxetina exibe capacidade de inibir com alta afinidade tanto NET quanto SERT, no entanto, apresenta maior preferência por SERT. Em humanos, demonstra baixa afinidade por outros neurorreceptores, sugerindo baixa incidência de efeitos indesejáveis. N-demetilação (CYP2D6) e hidroxilação do grupamento naftil nas posições 4,5 e 6 são as vias de biotransformação da duoloxetina. Trata-se de um potente inibidor CYP2D6 assim deve ser utilizado com cautela quando substratos e inibidores são co-administrados Doloxetina Fluoxetina 4.5 Inibidores da receptação de NE e DA Nessa grupo serão analisadas as características funcionais da Bupropriona. 4.5.1 Bupropriona Bupropiona (Wellbutrin e Zyban) – Bupropiona ou anfebutamona é um fenillisopripilaminocetona que estruturalmente está relacionada com agentes estimulantes do SNC, as fenilisopropilaminas (metanfetaminas), fenilisopropilaminocetona (catinona) e dietilpropiona (anoréxico). Embora apresente semelhanças estruturais com agentes estimulantes do SNC, bupropiona 19 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF apresenta diferenças farmacológicas e terapêuticas. A ausência de um sistema tricíclico resulta em um melhor perfil de efeitos adversos do que o observado com os TCAs. A presença de um grupamento butil terciário evita a reação de N-dealquilação resultando em metabólitos que possam apresentar propriedades simpatomiméticas e anorexígenas. Os produtos metabólitos são ativos e são procedentes da oxidação do grupamento metil do grupo t-butil e a redução da carbonila em hidroxila. O mecanismo de ação da bupropiona é mais complexo pois envolve também a ação dos metabólitos procedentes da biotransformação da molécula de bupropriona, os quais contribuem para a ação antidepressiva porque permanecem acumulados em concentrações plasmáticas altas com longo período de duração. O mecanismo de ação parece envolver a inibição seletiva da receptação de DA na membrana pré-sináptica e a ação SNRI e também induz liberação de DA e NE. Um efeito adicional envolve a ação de antagonista não-competitivo de NAChRs. Não exibe inibição de MAO, ação anti-histamínica, anticolinérgica e bloqueio alfa1- adrenérgico. Apresenta-se efetivo no bloqueio dos efeitos farmacológicos da molécula de nicotina sugerindo que bupropiona possui certa seletividade por receptores Ach sendo empregada no tratamento do tabagismo. Nesse contexto a Bupropiona atuaria modulando os sistema dopaminérgico e noradrenérgico, resultando em aumento dos níveis extracelulares (sinápticos de DA). Como os níveis de nicotina reduzem quando cessa-se o consumo de tabaco, a ativação dos neurônios noradrenérgicos aumenta o que seria a base para a sensação de abstinência. Durante a abstinência, a bupropiona e seu metabólito ativo hidroxibupropiona reduziria a taxa de ativação dos neurônios noradrenérgicos de modo dose-dependente. 4.6 Moduladores dos receptores de serotonina 4.6.1 Antagonistas da serotonina/inibidores da receptação Os fármacos que atuam como moduladores dos receptores de serotonina são uma classe de agentes antidepressivos que modulam a concentração de 5-HT no cérebro. Neuromoduladores podem ser comparados a controladores de volume presentes no cérebro e no sistema nervoso, atuando na regulação de neurotransmissores através de seus receptores presentes no cérebro em resposta a estímulos externos. O sistema serotoninérgico é responsável pela modulação de uma 20 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF série de eventos fisiológicos, tais como regulação da temperatura corporal, sono, aprendizado e memória, comportamento, função sexual, secreção hormonal, atividade imune e suas implicações no estresse, ansiedade, agressividade, transtornos depressivos. Diferentes receptores 5-HT são importantes para a modulação do sistema serotoninérgico. Um desses receptores, 5-HT1B apresenta importante papel na modulação do sistema serotoninérgico, uma vez que está localizado no terminal do neurônio serotoninérgico, atua como autorreceptor, inibindo a liberação de 5-HT e sua biossíntese. São também heterorreceptores e estão localizados em terminais não-serotoninérgicos, onde atuam inibindo a liberação de outros neurotransmissores tais como ACh, GABA e NE. Excessiva quantidade de 5-HT no cérebro pode ocasionar relaxamento, sedação e redução do desejo sexual; quantidades inadequadas desse neurotransmissor pode resultar em desordens psiquiátricas. Os fármacos antidepressivos que atuam como moduladores do receptor 5-HT exercem seu efeito por mecanismos que aumentam a transmissão NE e 5-HT por atuar como 5-HT2antagonistas/inibidor 5-HT (trazodona) e antagonista alfa2- adrenérgico/antagonista 5-HT2 e 5-HT3 (mirtazapina). O Tratamento crônico com esses fármacos modula a expressão do receptor 5-HT e por sua vez, a função de 5-HT a) Arilpiperazina – Trazodona, Aripiprazol e Vilazodona Fármaco Estrutura Trazodona (Donaren) – Trata-se de um triazolpiridina fenilpiperazina que estruturalmente não apresenta relação com os outros fármacos de ação antidepressiva. Atua de modo duplo: agonista 5-HT e inibidor da recaptação de 5-HT. Embora o mecanismo exato de ação não esteja completamente esclarecido, esse fármaco atua como antagonista dos receptores 5-HT2A e como fraco inibidor da recaptação de 5-HT pela membrana neural presináptica. Todas as dosagens terapêuticas de trazodona não apresentam efeito sobre a receptação de DA e NE no SNC. Apresentam, também pouco efeito na atividade anticolinérgica sendo relativamente destituído de efeitos cardiovasculares tóxicos. Uso prolongado desse fármaco reduz o número de receptores 5-HT2 situados na membrana pós-sináptica neural. Não atua inibindo a enzima MAO e não apresenta efeito similar a a anfetamina, logo não age como estimulante do SNC. A terapia com trazodone está associada com hepatotoxicidade iodissincratica. Embora, o SerotoninaTrazodon 21 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF mecanismo determinante da hepatotoxicidade ainda não esteja esclarecido, a formação de iminoquinona e de um metabolito epoxido reativo, parecem estar vinculados com a hepatotoxicidade oriunda do tratamento em longo prazo com trazodona. Diferente dos TCAs, trazodona não bloqueia os canais rápidos de sódio logo não apresenta significante atividade antiarrítmica. Comparando-o aos SSRIs apresenta pouca tendência em provocar disfunção sexual masculina Aripiprazol- Trata-se de um agente antipsicótico atípico. Apresenta em sua estrutura arilpiperazina. Em termos terapêuticos é empregado como antidepressivo e utilizado em episódios de mania aguda e em associação com disorder bipolar em pacientes pediátricos (10-17 anos) e em adultos, sendo também empregado no tratamento do quadro de depressão maior. Frequentemente usado na terapia de manutenção em desordens bipolar em conjunto com lítio e valproato. O mecanismo de ação difere dos demais agentes antidepressivos mas é similar ao fármaco trazodona atuando como agonista parcial do receptor 5-HT1A e antagonista do receptor 5- HT2A. Atua como antagonista de 5-HT7 e agonista do receptor 5-HT2C Vilazodona- Trata-se de agentes antidepressivo estruturalmente relacionado com tradozona consituido por fenilpiperazina-2- benzofuranocarboxiamida. O mecanismo de ação andidepressiva do fármaco não encontra- se completamente esclarecida mas pode estar relacionado com aumento da atividade serotoninérgica no SNC através da inibição seletiva da receptação de 5-HT. Viladozona liga- se com elevada afinidade ao sítio de receptação de 5-HT (Ki=0,1 nM), mas não com NE (Ki=56 nm) ou DA (Ki=37nm). Trata-se de um potente inibidor da recaptação de 5-HT. Mostra significante ação antidepressiva com início dos efeitos em uma semana, ao contrário dos demais antidepressivos. Esse efeito está vinculado a ação de agonista parcial dos receptores 5-HT1A 22 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF 4.6.2 Antidepressivos Noradrenérgico e Serotoninérgico específico O fármaco representante desse grupo é a Mirtazapina. A Mirtazapina é uma pirazinipiridobenazepina que é um agente antidepressivo isóstero do antidepressivo Mianserina. A substituição isotérica do grupo metil (CH) do anel aromático presente na mianserina pelo nitrogênio (N) dará um anel piridínico presente na mirtazapina com significante efeito nas propriedades físico-quimicas, farmacocinéticas, mecanismo de ação e atividade antidepressiva. A presença do anel piridínico aumenta a polaridade da molécula e reduz o coeficiente de partição e a basicidade. Mianserina é um potente inibidor de NET, ao passo que Mirtazapina apresenta pouco efeito sobre a proteína responsável pela receptação de NE. Nos EUA mianserina não foi aprovada pela FDA, uma vez que demonstrou apresentar ´serios efeitos adversos tais como agranulocitose e leucopenia. Esses efeitos hematológicos não são observados com o uso de mirtazapina. Estudos realizados com animais mostram que a ação antidepressiva da Mirtazapina encontra-se relacionada com o aumento da atividade noradrenérgica e serotoninérgica central, muito provavelmente, por meio de receptores alfa2- adrenérgicos. O bloqueio desses receptores inibe a alça de feedback negativa, o que aumenta a liberação de NE na fenda sináptica. Trata-se também de um potente antagonista dos receptores 5-HT2 e 5-HT3 e não apresenta afinidade significante por 5-HT1A e 5-HT1B. A inibição de alfa2-Ne aumenta a secreção de 5-HT. Adicionalmente, apresenta certa propriedade anticolinérgica e produz efeito sedativo, muito provavelmente pelo antagonismo dos receptores H1. Determina ocorrência de hipotensão ortostática , muito provavelmente por atuar de modo antagônico nos receptor alfa1-adrenérgicos periféricos. O efeito antidepressivo da Mirtazapina é comparável aos TCAs e mais expressivo de que SSRIs, em especial nos pacientes de apresentam depressão com 23 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF padrão melancólico. Deve ser considerado que em altas doses ocasionando sonolência e ganho de peso. 4.7 IMAO – Inibidores da Monoaminooxidase A história do desenvolvimento dos IMAOs ilustra um típico exemplo de serendipidade. A descoberta desses fármacos está associada a pesquisa de derivados de isoniazida, um agente empregado no tratamento da tuberculose (tuberculostático). A isonizada é um fármaco muito polar e para penetrar no micro- organismo Mycobacterium tuberculosis era necessário que se efetuasse uma substituição para reduzir a hidrofilicidade. Nesse contexto a substituição de um hidrogênio de NH2 (isoniazida) por um grupamento isopropil permitiu o planejamento e a síntese do composto iproniazida. Esse análogo mostrou-se hepatotóxico e também foram observados efeitos de estímulo do SNC. Estudos experimentais, empregando modelos animais e experimentos in vitro, demostraram que a iproniazida apresenta ação inibitória sobre a enzima MAO, resultando em aumento dos níveis de NE e 5-HT na fenda sináptica, que seria responsável pelos efeitos sobre o SNC. O efeito de estímulo sobre o SNC permitiu o emprego como um agente antidepressivo. Na busca de novos agentes antidepressivos com ação IMAOs levou a síntese de hidrazinas e não-hidrazinas inibidoras da enzima MAO. Os IMAOs podem ser classificados como hidrazinas (fenelzina) e não- hidrazonas (tranilcipromina). Os IMAOs são também classificados de acordo com a habilidade em inibir de modo seletivo MAO-A ou MAO-B. Os fármacos fenilzine e trancipromina são inibidores irreversíveis tanto de MAO-A quanto de MAO-B. Há também os agentes que atuam de modo reversível na inibição da enzima MAO. Esses fármacos serão abordados na sequencia. A Enzima MAO encontrada em células nervosas, fígado e pulmão é responsável pela catálise da reação de deaminação oxidativa de diferentes aminas, incluindo Epinefrina, NE, DA e 5-HT. As isoformas da MAO apresentam diferentes substratos. MAO-A tem por substrato 5-HT e a MAO-B tem por substrato feniletilaminas. Tiramina, epinefrina, NE e DA são substratos tanto de MAO-A quanto de MAO-B. Os agentes empregados clinicamente atuam como inativadores irreversíveis que possuem a propriedade de ligar-se de modo covalente com a enzima ou com seu cofator. A inativação enzimática ocorre após esses agentes serem metabolizados pela MAO. Como consequência dessa interação irreversível é que a ação do fármaco pode permanecer por mais de 2 semana após interrupção do uso. Esse efeito é oriundo da necessidade de serem sintetizadas novas moléculas de MAO que não estejam ligadas covalentemente ao agente inibidor. Por consequência muitos fármacos e outras substâncias que elevam os níveis dos substratos da MAO não devem ser administrados durante esse período, ou seja, após interrupção do uso dos inibidores irreversíveis. 24 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF Ao considerar os agentes que atuam de modo irreversível verifica-se que devido as consequências oriundas do mecanismo de ação, eles são considerados fármacos de segunda escolha, uma vez que inibem a IMAO hepática de modo irreversível juntamente com a IMAO presente no SNC (cérebro). Eventos hipertensivos, muitas vezes fatais, podem ocorrer após a ingestão de alimentos que contenham grandes quantidade de aminas pressóricas. Outro efeito adverso é a ocorrência de hipotensão ortostática, procede do bloqueio da secreção de NE 4.7.1 Antidepressivos IMAOs não seletivos Fármaco Estrutura Fenelzina – É uma hidrazina (N-N)ou feniletilhidrazina que promove inibição irreversível da MAO-A e da MAO-B. A inibição após a oxidação da fenelzina para diazina que pode ser convertida em nitrogênio molecular, hidrogênio e radical fenetil. A fenelzina (nardil) é empregada em caso de bulimia nervosa, entretanto é um fármaco que deve ser empregado com cautela Tranilcipromina – Trans-2- fenilciclopropilamina. Esse agente antidepressivo foi sintetizado para ser um análogo de anfetamina entretanto é destituído do efeito da anfetamina e apresenta ação por inibição irreversível e não seletiva da MAO. Para sua ação inibitória há dois componentes : nitrogênio básico e átomos de carbono alfa e beta estabelecendo um ciclopropano 4.7.2 Inibidores reversíveis da MAO O principal objetivo para o desenvolvimento de agentes antidepressivos que atuam inibindo a MAO de modo reversível foi a ocorrência de reações hipertensivas. A inibição irreversível da MAO intestinal e hepática pode conduzir a inibição da degradação metabólica da tiramina, resultando em elevação da concentração dessa substâncias procedente da dieta. Como os compostos que atuam de modo reversível forma um complexo instável com a MAO, eles podem ser facilmente desassociados da MAO pela tiramina. Isto então torna possível a ingestão de tiramina que será metabolizada, reduzindo a necessidade de uma dieta restritiva quanto a presença de tiramina. O Fármaco que apresenta essa característica é a Moclobemida 25 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS – PROFESSOR EDSON L. OLIVEIRA - QMF Fármaco Estrutura A Moclobemida é uma benzamida que apresenta o anel morfolina que apresenta pKa 6,2 e coeficiente de partição 40 em pH=7,4. Consiste num agente antidepressivo que determina inibição reversível da MAO-A permitindo a metabolização da tiramina procedente da dieta. Assim, não há o risco de ocorrência de hipertensão
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