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e dacombinaçãode ~ r---a-m-b-o-s-S-u-~-g-e-o-------l~~ oprocesso de pesquisa e os enfoques quantitativo e qualitativo: rumo a um modelo integral Síntese o capítulo define os enfoques quantitativo e qualitarivo da pesquisa. Apresenta as etapas do processo de pesquisa de maneira genérica e as aplica às duas perspectivas. Além disso, propõe um ponto de vista em relação à pesquisa que envolve a possibilidade de mesclar as duas modalidades de produção de conhecimento em um mesmo estudo, o qual se denomina enfoque "multirnodal" da pesquisa. Obietivos de aprendizagem Ae Eif1ªhZ<ilf~ eSllildQ·qeste capí~10, você devefÓ ser copoz de: • Fortalecer seu conhecimento sobre Q processo se pesquisa. • Conhecer a perspectiva ou o enfoque multimodal na pesquisa científica. • Determinar as diferenças ent~e os enfoques quantitativo e qualitativo da pesquisa. • Aprender a mesclar os enfoques quantitativo e qualitativo dentro do processo de pesquisa. METODOLOGIA DE PESQUISA Advertência Neste capítulo são mencionados conceitos com os quais alguns alunos não estão fami- liarizados, tais como hipótese, teoria, análise estatística, entrevistas etc, Tais conceitos são definidos e explicados no decorrer do livro, por isso, os leitores não devem se preocupar agora em entendê-los por completo, o importante é que fiquem claras as mensagens essenciais a respeito dos enfoques quantitativo e qualitativo, bem como seu procedimento geral. QUE ENFOQUES FORAM APRESENTADOS PARA A PESQUISA? Ao longo da História da Ciência, surgiram diversas correntes de pensamento, tais como o empirismo, o materialismo dialético, o positivismo, a fenomenologia e o estruturalismo, os quais deram origem a diferentes caminhos na busca pelo conhecimento. Agora não vamos nos aprofundar nessas correntes, já que são abordadas extensamente em antologias e textos sobre Sociologia.' Contudo, e devido às diferentes premissas que as sustentam.i desde a segunda metade do século XX essas correntes foram polarizadas em dois enfoques principais: o enfoque quantitativo e o enfoque qualitativo da pesquisa. A seguir, comentaremos brevemente cada um e depois proporemos esquemas para compreensão de sua inserção no processo de pesquisa, como também para visualizar que podem fazer parte de um mesmo estudo ou de uma mesma aplicação de tal processo, o qual se denomina os enfoque integrado "rnultimodal". Sabemos que esse enfoque enfrentará o ceticismo de alguns colegas, em especial aqueles que se mostram radicais diante das posturas estudadas. No entanto, há muitos anos acreditamos firmemente que ambos os enfoques, quando utilizados em conjunto, enriquecem a pesquisa. Não se excluem, nem se substituem. Nossa posição é de inclusão, e em toda a América Latina, aqueles que compartilharam experiências canosco foram testemunhas disso. Em termos gerais, os dois enfoques (quantitativo e qualitativo) utilizam cinco etapas similares e relacionadas entre si (Grinnell, 1997): a) Realizam observação e avaliação de fenômenos. b) Estabelecem pressupostos ou idéias como conseqüência da observação e avaliação realizadas. c) Testam e demonstram o grau em que as suposições ou idéias têm fundamento. HORTON, Paul B.; HUNT, Chester L. Sociology, Nova York: McGraw-Hill, 1985; e COSER, Lewis A.; ROSENBERG, Bernard, Sociological Theory: A Book ofReadings, Nova York: Waveland Press, 1994. 2 O enfoque quantitativo nas ciências sociais tem origem na obra de Auguste Comre (1798-1857) e Émile Durkheim (1858-1917). Eles propõem que o estudo dos fenômenos sociais deve ser "científico", ou seja, suscetíveis à aplicação do mesmo método científico que se utilizava com considerável êxito nas ciências naturais. Sustentavam eles que todas as coisas ou fenômenos podem ser medidos. Essa corrente levou o nome de positivisrno. O enfoque qualitativo tem sua origem em Outro pioneiro das ciências sociais, Max Weber (1864-1920), que introduz o termo versteben ou "entendimento", "compreensão", reconhecendo que além da descrição e da medição de variáveis sociais, devem ser considerados os significados subjetivos e o entendimento do contexto no qual ocorre um fenômeno. Weber propõe um método híbrido, com ferramentas como os tipos ideais, em que os estudos não devem ser compostos unicamente de variáveis macrossociais, e sim de instâncias individuais. o PROCESSO DE PESQUISA E OS ENFOQUES QUANTITATIVO E QUALITATIVO: RUMO A UM MODELO INTEGRAL~'.5 d) Revisam tais suposições ou idéias sobre a base dos testes ou da análise. e) Propõem novas observações e avaliações para esclarecer, modificar e/ou fundamentar as suposições e idéias; ou mesmo gerar outras. Assim, o pesquisador de organizações buscará observar e avaliar aspectos das empresas ou instituições, como o grau de satisfação dos funcionários. O pesquisador de direito tributário fará o mesmo com os fenômenos tributários e tentará explicar a retenção de impostos em épocas de crise. O pesquisador de engenharia civil, por exemplo, observará e/ou avaliará os novos materiais para as estruturas. O pesquisador de ciências da comunicação aplicará tais etapas para conhecer melhor os fenômenos comunicativos, como o surgimento de boatos quando uma fonte emite mensagens contraditórias. Mesmo que os dois enfoques compartilhem das mesmas etapas gerais, cada um terá, contudo, suas próprias características. O enfoque quantitativo utiliza a coleta e a análise de dados para responder às questões de pesquisa e testar as hipóteses estabeleci das pre- viamente, e confia na medição numérica, na contagem e Ireqüenternen- te no uso de estatística para estabelecer com exatidão os padrões de comportamento de uma população. O enfoque qualitativo, em geral, é utilizado sobretudo para descobrir e refinar as questões de pesquisa. Às vezes, mas não necessariamente, hipóteses são comprovadas (Grinnell, 1997). Com freqüência esse enfoque está baseado em métodos de coleta de dados sem medição numérica, como as descrições e as observações. Regularmente, questões e hipóteses surgem como parte do processo de pesquisa, que é fle- xível e se move entre os eventos e sua interpretação, entre as respostas e o desenvolvimento da teoria. Seu propósito consiste em "reconstruir" a realidade, tal como é observada pelos atores de um sistema social predefinido. Muitas vezes é chamado de "holístico", porque considera o "todo'? sem reduzi-lo ao estudo de suas partes. Do nosso ponto de vista, ambos os enfoques são bastante valiosos e já realizaram contribuições notáveis ao avanço do conhecimento. Nenhum é intrinsecamente melhor que o outro, são apenas diferentes em relação ao estudo de um fenômeno. Pensamos que a controvérsia entre as duas visões tem sido desnecessária e não está isenta de dogmatismo. A posição assumida nesta obra é que os enfoques são complementares, ou seja, cada um exerce uma função específica para conhecermos um fenômeno, e para nos conduzir à solução dos diversos problemas e questionamentos. O pesquisador deve ser metodologicamente plural e guiar-se pelo contexto, a situação, os recursos de que dispõe, seus objetivos e o problema do estudo em questão. De fato, trata-se de uma postura pragmática. A seguir, oferecemos exemplos de pesquisas que, utilizando um ou outro enfoque, se dirigiram ao mesmo objeto-indivíduo de estudo. Fundamentalmente, quais características se destacam no enfoque quantitativo da pesquisa? Em linhas gerais, um estudo quantitativo regularmente seleciona uma idéia, •Enfoque quantitativo: usa coleta de dados para testar hipóteses com base na medição numérica e na análise estatística para estabelecer padrões de comportamento. Enfoque qualitativo: utiliza coleta de dados sem medição numérica para descobrir ou aperfeiçoar questões de pesquisa e pode ou não provar hipóteses em seu processo de in terp retação. 3 Aqui, o "todo" é o fenômeno que interessa. Por exemplo, em seu livro Police Work, Peter Manning(1997) mergulha por semanas no estudo, na informação e na análise do trabalho policial. O que interessa é estudar as relações e a lealdade que surgem entre indivíduos que se dedicam a este trabalho. O objetivo é alcançado sem a "medição" de atitudes: apenas captando o próprio fenômeno da vida neste trabalho. METODOLOGIA DE PESQUISA Exemplos TEMA-OBJETO ESTUDOS ESTUDOS (ESTUDOS (ESTUDOS de estudos DE ESTUDO QUALITATIVOS QUANTITATIVOS QUALITATIVOS) QUANTITATIVOS) : I quantitativos e quelitotlvos sobre o A família Gabriel Careaga (1977): Ma. Elena Oto Mishima Dora Tognoli Guglielme (1988): Viviane Mendonça Pereira (2001): mesmo tema Mitos y fantasías de Ia ela- (1994): Las migraciones Famílias modernas: um estu- O recente processo migratório se media en México. a México y Ia contor- do da dinâmica familiar. interno brasileiro e seus deter- mación paulatina de Ia minantes. Quadro 1.1 familia mexicana. Tipo de O livro é uma abordagem Descrição da procedên- Estudo de famílias de Utilizando microdados fornecidos estudo crítica e teórica do surgi- cia dos imigrantes ao classe média paulistana pela PNAD - Pesquisa Nacional mento da classe média México; sua integração consideradas a partir da por Amostra e Domicílios (IBGE), em um país pouco desen- econõmica e social às aliança marido-mulher. este estudo, por meio de uma volvido. O autor combina diferentes esferas da Foram realizadas oito en- análise gráfica e tabular, procurou as análises documental, sociedade. trevistas com pares que primeiramente abordar as principais política, dialética e psica- compunham esses grupos características, composição e estru- nalítica com a pesquisa contatados individualmente. tura do atual processo migratório social e biográfica para A partir dos dados obtidos brasileiro. Posteriormente, por meio reconstruir tipologias ou pode-se ter acesso à de um modelo econcmétrico, o família-tipo. dinâmica grupal, conflitos de atual trabalho procurou observar papéis e expectativas não o comportamento das migrações atendidas. intemas brasileiras atuais e seus determinantes. A comunidade Luis González y González Everett Rogers e Rafael Victorino Devos (2004): Maria José Carneiro (2002): O (1995): Pueblo en vila. Frederick B. Waisanen Uma "ilha assombrada" na ci- ideal urbano: campo e cidade no (1969): The impact of dade: estudo etnográfico sobre imaginário de jovens rurais. communication on rural cotidiano e memória coletiva a development. partir das narrativas de antigos moradores da Ilha Grande dos Marinheiros, Porto Alegre. Tipo de O autor descreve com É determinado como se Tomando o Arquipélago en- A pesquisa foi realizada em duas estudo detalhe a rnicro-bistória dá o processo de cornu- quanto um "territórto-rnito" da áreas essencialmente rurais e de San José de Ia Gracia, nicação de inovações cidade, realiza-se a análise agrícolas: no Estado do Rio de onde são examinadas e em comunidades rurais, da "arte de dizer" desses Janeiro e no Rio Grande do Sul. entrelaçadas as vidas de e são identificados os narradores antigos e das A pesquisa teve a preocupação seus residentes GOmseu motivos para aceitar constelações de imagens de levantar informações sobre passado e outros aspectos ou recusar a mudança presentes ao repertório de filhos de não-agricultores. Ao todo da vida cotidiana. social. Ademais, fica narrativas míticas, contos foram aplicados 105 questionários estabelecido qual fantásticos e lendários o trajeto e entrevistas com 23 jovens entre método de comunicação antropológico de assimilação 15 e 26 anos. é mais proveitoso. e acomodação da figura de um "Homem da Tradição" às margens da cidade. As profissões Howard Becker (1951): Linda D. Hammond Marcelo Almeida Gadelha Marta de Campos Maia (2005): The professional dance (2000): Teacherquality (2004): Organização Metodologia de ensino e musician and his au- andstudent Brown: identidade cultural e avaliação de aprendizagem. dience. achievement. lideranças em um complexo de organizações baianas. continua que transforma em uma ou vanas questões relevantes de pesquisa (Capítulo 3); logo, hipóteses e variáveis são derivadas dessas questões; um plano é desenvolvido para testá-Ias; as variáveis são medidas em um determinado contexto; as medições obtidas são analisadas (freqüenternente utilizando métodos estatísticos), e é estabelecida uma série de conclusões a respeito daís) hipóreseís). Se observarmos o Quadro 1.1, os estudos quantitativos propõem relações entre variáveis com a finalidade de chegar a proporções precisas e fazer recomendações. Por exemplo, a investigação de comunicação em que Rogers e Waisanen (1969) propõem que a comunicação interpessoal é mais eficaz que a comunicação da mídia nas sociedades rurais. Espera-se que, nos estudos quantitativos, os pesquisadores elaborem um relatório com seus resultados e ofereçam recomendações que servirão para a solução de problemas ou na tomada de decisões. o PROCESSO DE PESQUISA E OS ENFOQUES QUANTITATIVO E QUALITATIVO: RUMO A UM MODao Sê- 5 TEMA-oBJETO DE ESYUDO ESTUDOS .QUAl,ITATI'lQS Tipo de estudo Narração detalhada de processos de identifica- ção e outras condutas de músicos de jazz com base em suas competências e conhecimento de música. Organizações William D. Bygrave e Dan de trabalho D'Heilly (Eds.) (1997): The Portable MBA Entre- preneurship Case Studies. Tipo de estudo Compêndio de estudos de caso que apóiam a análise da viabilidade de novas empresas e os desafios que enfrentam nos merca- dos emergentes. O fenômeno urbano Manuel Castells (1979): The Urban Question. Tipo de estudo o autor critica aqueles que tradicionalmente estudam o urbanismo, e argumenta que a cidade não é mais que um espaço onde se ex- pressam e se manifestam as relações de exploração. >ESTUDOS .~Ul\NTlTATIVQ5 Estabelece correlações entre estilos de ensino, de- sempenho da ocupação docente e êxito dos alunos. P. Marcus, P. Baptista e P. Brandt (1979): Rural Delivery Systems. Pesquisa que demonstra a pouca coordenação que existe em uma rede de serviços sociais. Estabelece as políticas a serem seguidas para conseguir que os serviços cheguem aos destinatários. E. Wirth (1964): i,Cuáles son Ias variables que afectan Ia vida social en Ia ciudad? A densidade populacional e a escassez de habita- ção se estabelecem co- mo influências no desen- volvimento político. (ESTUDOS QUALITATIVOS) o objetivo da pesquisa foi analisar como se dão as complicadas relações entre a cultura baiana, a Comunidade Candeal e Carlinhos Brown (artista baiano, percussionista) nas gestões das organizações. Foram realizadas entrevistas e observação participante. Gabriela R. B. de Andrade; Jeni Vaitsman (2002): Apoio social e redes: conectan- do solidariedade e saúde. Baseado em pesquisa quali- tativa, com entrevistas semi- estruturadas e observação participante, o trabalho ana- lisa o papel de uma associação, na visão de profissionais do hospital e pacientes, a partir dos conceitos de rede social, apoio social e empowennent. Wencesláo Machado de Oli- veira Jr. (1994): A Cidade (tele) percebida. Focaliza algumas das principais relativizações impostas ao conceito de espaço na área do media. Busca a imagem atual da cidade, a partir da interpretação de desenhos realizados por jovens-das cidades de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Exemplos de es1uda5 quanti e qual- sobre o mesmo Neste trabalho será apresentada uma síntese da visão teórica que embasou este enfoque, onde se evidencia a importância da metodologia para a efetividade do ensino-aprendizado e para a avaliação de um curso. A seguir apresentaremos os resultados da pesquisa quantitativa sobre meto- dologia de ensino utilizada e de avaliação de um curso a distância, que orientaram este trabalho. Quadro continuoc;:iD Ana Lúcia Mendonça (2004):Metodologia de ensino e avaliação de aprendizagem. O objetivo desta pesquisa quan- titativa (exploratória) é analisar os resultados de uma avaliação apli- cada aos alunos do curso GVnext, curso de especialização lato sensu a distância para executivos do GVnet sobre a metodologia de ensino-aprendizagem e de avaliação. Raquel Rolnik (1999): Exclusão territorial e violência. Explora o nexo entre urbanização de risco e violência urbana, utili- zando a experiência concreta de diferentes cidades no Estado de São Paulo. A base empírica deste estudo é uma pesquisa estruturada para avaliar o impacto de regulação urbanístioa no funcionamento de mercados residenciais nas cidades do Estado de São Paulo com mais de 20 mil habitantes. Essencialmente, quais características se destacam no enfoque qualitativo da pes- quisa? As pesquisas qualitativas também são guiadas por áreas ou temas significativos da pesquisa. Contudo, em vez da clareza sobre as questões e hipóteses preceder à coleta e análise dos dados (como na maioria dos estudos quantitativos, pelo menos em intenção), os estudos qualitativos podem desenvolver questões e hipóteses antes, durante ou depois da coleta e da análise. Com freqüência, essas atividades servem, primeiramente, para descobrir quais são as questões mais importantes na pesquisa; e, depois, para refiná-las e respondê-Ias (ou testar hipóteses). O processo se move dinamicamente entre os "fatos" e sua interpretação em ambos os sentidos. Como se observa no Quadro 1.1, seu tipo final muitas vezes consiste em compreender um fenômeno social complexo. A ênfase não está em medir' as variáveis envolvidas no fenômeno, mas em entendê-lo. Modelo multimodal (triangolação): convergência ou fusão dos enfoques de pesquisa quantitativo e qualitativo. Daniela Batista METODOLOGIA DE PESQUISA• Em uma pesquisa qualitativa, o importante é compreender o fenômeno, como as normas e condições próprias que regem a profissão de um músico de jazz. Tomando como exemplo o estudo das profissões e seus efeitos na conduta individual, no Quadro 1.1 notamos a divergência a que nos referimos. No estudo clássico de Howard Becker (1951) sobre o músico de jazz, o autor consegue fazer que compreendamos as regras e os costumes no desempenho dessa profissão. E a utilidade disso?, perguntarão algumas pessoas. Ela não está apenas em compreender esse contexto, mas sim entender que as normas que o regem podem extrapolar para outras situações de trabalho. O estudo quantitativo de Hammond (2000), por sua vez, estabelece com clareza as variáveis pessoais e do desempenho da profissão de docente, que sirvam para formular políticas de contratação e de capacitação para os docentes. Para quê? Com a finalidade de desenvolver o sucesso acadêmico dos estudantes. Até agora, o principal é que o leitor se abstenha de avaliar se um enfoque é melhor que o outro. É preciso compreender, por enquanto, que tradicionalmente abordamos as diversas questões relativas a este. Partimos das diferenças em relação ao epistemológico (ou teoria do conhecimento), que em poucas palavras diz respeito à postura que o pesquisador ou qualquer outra pessoa deve assumir perante a realidade. O conhecimento do social é a meta das ciências sociais em geral, mas no particular interessam as divergências que estão sintetizadas no Quadro 1.2 (p. 9). Que outras características possuem esses enfoques, e como se diferenciam? O enfoque qualitativo busca principalmente "dispersão ou expansão" dos dados ou da in- formação; enquanto o quantitativo pretende intencionalmente "delimitar" a informação (medir com precisão as variáveis do estudo, ter "foco")." De acordo com M. A. Rothery (apud Grinnell, 1997), para gerar conhecimento o enfoque quantitativo se fundamenta no método hipotético-dedutivo, considerando as . . segullltes premIssas: 1. Delineamos teorias e delas derivamos hipóteses. 2. As hipóteses são submetidas à prova utilizando os modelos de pesquisa apropriados. 3. Se os resultados sustentam as hipóteses ou forem condizentes com elas, é obtida evidência em seu favor. Se os resultados as refutarem, são descartadas em busca de melhores explicações e hipóteses. Quando os resultados de diversas pesquisas trazem evidência em favor das hipóteses, geram confiança na teoria que as sustenta ou apóia. Se esse não for o caso, as hipóteses são descartadas e, eventualmente, também a teoria. 4 Usemos o exemplo de uma câmera forográfica: no estudo quantitativo é definido o que se vai forografar e tira-se a foto. No estudo qualitativo é como se a função zoam in (aproximação) ou zoom out (distanciamento) fossem acionadas constantemente para capturar em uma área qualquer figura de interesse. o PROCESSO DE PESQUISA E OS ENFOQUES QUANTITATIVO E QUALITATIVO: RUMO A UM MODELO INTEGRAL ~ . 2' 6 META DAS CIÊNCIAS SOCIAIS + CONHECER O FENÔMENO SOCIAL Meta das ciências sociais ENFOQUE QUANTITATIVO ENFOQUE QUALITATIVO Ponto de partida Quadro 1.2Há uma realidade a conhecer. Há uma realidade a descobrir. Premissas A realidade do fenômeno social pode ser conhecida com a mente. A realidade do fenômeno social é a mente. A realidade é construída pelo(s) indivíduo(s) que dá (dão) significados ao fenômeno social. Dados Uso de medição e quantíficação. Uso da linguagem natural. Finalidade Busca relatar o que acontece. Fatos que dêem informação específica da realidade que podemos explicar e prever. Busca entender o contexto e/ou o ponto de vista do ator social. Além dessas premissas, são levadas em conta outras considerações na pesquisa quantitativa. Grinnell (1997) e Creswell (1997) apontam que não descartam a realidade subjetiva nem as experiências individuais. Assim: 1. Existem duas realidades: "a primeira consiste em crenças, pressupostos e expenencias subjetivas das pessoas. Essas chegam a variar: de muito vagas ou gerais (intuições) até crenças bem organizadas e desenvolvidas logicamente por meio de teorias formais. A "segunda realidade" é objetiva e independente das crenças que tenhamos em relação a ela (a auto-estima, uma lei, mensagens televisivas, a Aids etc. acontecem, ou seja, constituem realidades em forma independente de nosso pensamento sobre elas). 2. Essa "realidade objetiva" (ou realidades) pode ser conhecida. Sob essa premissa, torna-se possível conhecer uma realidade externa e independente do indivíduo. 3. É preciso conhecer e obter a maior quantidade de informação sobte a "realidade objetiva". A realidade do fenômeno existe e é certo que conhecemos os eventos à nossa volta por meio de suas manifestações. Para entender nossa realidade, o porquê das coisas, é preciso registrar e analisar tais eventos (Lesser, 1935). Portanto, para esseenfoque, o indivíduo existe e possui um valor para os pesquisadores, mas de forma alguma está perto de demonstrar quão bem se ajusta à realidade objetiva. Documentar essa coincidência é o objetivo central de muitos estudos quantitativos (que os efeitos que consideramos apresentar uma doença sejam verdadeiros, que captamos a relação "real" entre as motivações de um indivíduo e sua conduta, que o material que se supõe ter uma determinada resistência realmente a tenha etc.). 5 Becker (1993) diz: "a 'realidade' é o pomo mais esrressante das ciências sociais. As diferenças entre os dois enfoques tem um tom eminentemente ideológico. O grande filósofo alemão Karl Popper (1965) nos faz entender que a origem das visões conflitivas, sobre o que é ou deve ser o estudo do fenômeno social, encontram-se nas premissas de diferentes definições sobre o que é a realidade. O realismo desde Aristóteles estabelece que o mundo chega a ser conhecido pela mente. Kant introduz a idéia de que o mundo pode ser conhecido porque a realidade se assemelha às formas que a mente tem. Já Hegel vai rumo a um idealismo puro e propõe que: 'O mundo é minha mente'. Esse último é certamente confuso,e assim o considera Popper, advertindo que o grande perigo dessa posição é que ela permite o dogmarismo (como provou, por exemplo, o materialismo dialérico). O avanço no conhecimento, diz Popper, necessita de conceitos que possamos refutar ou provar. Essa característica delimita o que é ou não ciência.n METODOLOGIA DE PESQUISA• 4. Quando as investigações estabelecem que a "realidade objetiva" é diferente de nossas crenças, essas devem ser modificadas ou adaptadas em torno da realidade. Para esse enfoque, a forma confiável para conhecer a realidade é por meio da cole- ta e análise de dados, de acordo com certas regras lógicas. Se essas regras são seguidas cuidadosamente e os dados gerados possuem os padrões de validade e confiabilidade (Capítulo 10), as conclusões obtidas serão válidas, ou seja, a possibilidade de serem contestadas ou replicadas com a finalidade de construir conhecimento. Em geral, nos estudos quantitativos uma ou várias hipóteses são estabelecidas (su- posições sobre uma realidade), um plano é desenvolvido para submetê-Ias à prova, os conceitos incluídos nas hipóteses (variáveis) são medidos e se transformam as medições em valores numéricos (dados quantificáveis), para serem analisados posteriormente com técnicas estatísticas e estender os resultados a um universo mais amplo, ou para consolidar as crenças (formuladas de modo lógico em uma teoria ou em um esquema teóricoj.? Tais estudos levam a essência em seu título: quantificar e dar evidência a uma teoria que se tem para explicar algo; a teoria se mantém até que seja refutada ou que se encontre uma explicação melhor. Um estudo se baseia em outro. Os estudos quantitativos se associam aos experimentos, as pesquisas a questões fechadas ou aos estudos em que se empregam instrumentos de medição padronizados. Além disso, na interpretação aos estudos existe uma humildade que deixa tudo sem conclusão e convida a seguir pesquisando para melhorar o conhecimento, colocando à disposição de outros pesquisadores todos os métodos e os procedimentos. Por sua vez, o enfoque qualitativo, às vezes citado como investigação naturalista, fenomenológica, interpretativa ou etnográfica, é uma espécie de "guarda-chuva", no qual se inclui uma variedade de técnicas de estudos não-quantitativos (Grinnell, 1997). Dentro da variedade de enfoques qualitativos existe um denominador comum que po- deríamos situar no conceito de padrão cultural (Colby, 1996), que parte da premissa que toda cultura ou sistema social tem um modo único para entender coisas e eventos. Essa cosmovisão afeta a conduta humana. O estudo dos modelos culturais - que são pontos de referência para o ator social e que são construídos pelo inconsciente, aquilo que é trans- mitido pelos outros e pela experiência pessoal - são entidades flexíveis e maleáveis que se transformam no objeto de estudo do qualitativo. Em termos gerais, os estudos qualitativos envolvem a coleta de dados utilizando técnicas que não pretendem medir nem associar as medições a números, tais como obser- vação não-estruturada, entrevistas abertas, revisão de documentos, discussão em grupo, avaliação de experiências pessoais, inspeção de histórias de vida, análise semântica e de discursos cotidianos, interação com grupos ou comunidades e introspecção. M. A. Rothery e R. Grinnell (Grinnell, 1997) e Creswell (1997) descrevem essas pesquisas como estudos: • Que são conduzidos basicamente em ambientes naturais, em que os participantes se comportam como de costume em sua vida cotidiana. 6 Os pesquisadores que se guiaram por esse enfoque mewdológico pretendiam expandir o ripo de escudos sociais, além do que se consideravam abordagens meramente especulativas. o PROCESSO DE PESQUISA E OS ENFOQUES QUANTITATIVO E QUALITATIVO: RUMO A UM MODELO IN ~-e =1'c: 5 • Nos quais as variáveis não se definem com o propósito de serem manipuladas nem con- troladas experimentalmente (portanto, mudanças são observadas em diferentes variáveis e suas relações). • Em que as questões de pesquisa nem sempre foram conceituadas ou definidas por completo, ou seja, na forma como serão medidas ou avaliadas (ainda que às vezes isso seja possível). • Em que a coleta de dados é influenciada fortemente pelas experiências e as prioridades dos participantes da pesquisa, mais do que pela aplicação de um instrumento de medição padronizado, estruturado e predeterminado. • Em que os significados são extraídos dos dados e apresentados a outros, e não precisam ser reduzidos a números nem necessariamente analisados estatisticamente (ainda que a contagem, a análise do conteúdo e o tratamento da informação utilizem expressões nu- méricas para serem analisadas depois). Patton (1980, 1990) define os dados qualificativos como descrições detalhadas de situa- ções, eventos, pessoas, interações, condutas observadas e suas manifestações. Um estudo qualitativo busca compreender seu fenômeno de estudo em seu ambiente usual (como as pessoas vivem, se comportam e atuam; o que pensam; quais são suas atitudes erc.). Neuman (1994) sintetiza as principais atividades do pesquisador qualitativo com os seguintes comentários: • Ele observa eventos ordinários e atividades cotidianas tais como ocorrem em seus ambientes naturais, além de qualquer acontecimento incomum. • Está diretamente envolvido com as pessoas que são estudadas e com suas experiências pessoaIs. • Adquire um ponto de vista "interno" (de dentro do fenômeno), ainda que mantenha uma perspectiva analítica ou uma distância específica como observador externo. • Utiliza diversas técnicas de pesquisa e habilidades sociais de maneira flexível, de acordo com as necessidades da situação. • Produz dados em forma de notas extensas, esquemas, mapas ou "quadros humanos" para gerar descrições bastante detalhadas. • Segue uma perspectiva holística (os fenômenos são concebidos como um "todo" e não como partes) e individual. • Entende os membros estudados e desenvolve empatia em relação a eles; não apenas registra fatos objetivos e "frios". • Mantém uma perspectiva dupla: analisa os aspectos explícitos, conscientes e manifestos, bem como aqueles implícitos, inconscientes e subjacentes. Nesse sentido, a realidade subjetiva em si mesma é objeto de estudo. • Observa os processos sem alterar ou impor um ponto de vista externo, e sim tais como são percebidos pelos atores do sistema social. • É capaz de lidar com paradoxos, incertezas, dilemas éticos e ambigüidade. Os estudos qualitativos não pretendem generalizar de maneira intrínseca os resultados para populações mais amplas, nem necessariamente obter amostras representativas (sob a lei da probabilidade); não pretendem nem mesmo que seus estudos sejam replicados. Assim, se fundamentam mais em um processo indutivo (exploram e descrevem, e logo geram perspectivas teóricas). Vão do particular para o geral. Durante várias décadas considerou-se que os enfoques quantitativo e qualitativo são perspectivas opostas, inconciliáveis e que não devem se misturar. Os críticos do enfoque quantitativo acusam-no de ser "impessoal, frio, limitado, fechado e rígido". Por sua vez, os críticos do enfoque qualitativo o consideram "vago, subjetivo, inválido, meramente especulativo, sem possibilidade de réplica e sem dados sólidos que apóiem as conclusões". A base da separação entre os dois enfoques centra-se na idéia de que um estudo com um enfoque pode neutralizar o outro. Trata-se de uma noção que tem impossibilitado a reunião dos enfoques quantitativo e qualitativo. Superar uma conceituação, em nosso ver "fundamentalista", chega a conceber a união dos dois enfoques, que Denzin (1978) chama de "triangulação". Se revisarmos os estudos científicos realizados nos últimos anos (buscando nas publicações produzidas em distintas disciplinas e campos), observaremos uma tendência crescente nesse sentido: a fusão, o casamento quanti-quali. Isso sedeve talvez ao fato de termos percebido que, mais que beneficiar, as lutas ideológicas e as posições dogmáticas impediram o avanço do conhecimento, por isso, é preciso buscar a convergência ou a triangulação. A triangulação é complementar no sentido de sobrepor enfoques e em uma mesma pesquisa mesclar diferentes facetas do fenômeno de estudo. Tal união ou integração agrega profundidade a um estudo e, ainda que cheguem a surgir contradições entre os resultados de ambos os enfoques, agrega-se uma perspectiva mais completa do que estamos investigando. Diante da oportunidade de fundir ambos os enfoques, Grinnell (1997) considera uma série de questionamentos: os paradigmas intuitivo e dedutivo devem estar vinculados a enfoques específicos? Por exemplo, se empregamos um esquema indutivo, baseados em uma postura qualitativa para um estudo, isso significa que também devamos utilizar procedimentos de coleta de dados usualmente associados às investigações qualitativas? Por sua vez, um estudo baseado em um esquema dedutivo e guiado por uma teoria que seja produto da pesquisa quantitativa sempre terá que se vincular a procedimentos de coleta de dados e esquemas ligados a tal tipo de investigação, como os experimentos e as pesquisas? As respostas não são simples. Os "puristas" exigem a separação entre os enfoques quantitativo e qualitativo, como se um velho inimigo do positivismo tivesse atacado de novo, alegando que aquilo que chamamos de objetividade não existe. De seu lado, os "situacionistas" asseguram que cada enfoque é apropriado para situações específicas; os "pragmáticos" integram ambos os enfoques, sobretudo quando é apropriado em situações concretas. Este livro adere à última posição. Acreditamos que é preciso dar mais ênfase aos pontos positivos que às limitações de cada enfoque, em todo caso, uma situação de pesquisa particular nos dirá se devemos utilizar um enfoque ou outro, ou ambos. É preciso esclarecer, contudo, que o enfoque selecionado (quantitativo, qualita- tivo ou algum tipo de mistura entre ambos) não tem necessariamente relação direta com os métodos de coleta de dados. Por exemplo, um experimento clássico (definido como quantitativo) pode utilizar métodos de coleta de dados tanto qualitativos como quantitativos (aplicar como prova testes e questionário fechado, estruturado, e entrevistas abertas). Ou uma pesquisa qualitativa (um estudo que procure entender os sentimentos de doentes terminais de Aids) pode coletar dados por meio de entrevistas abertas e aplicar uma prova estruturada do sentido da vida. Nossa sugestão aos estudantes seria que conhecessem a fundo ambos os métodos, refletissem sobre suas vantagens e limitações, para assim decidir qual enfoque ou mescla será mais útil para cada caso. o PROCESSODE PESQUISA EOS ENFOQUES QUANTITATIVO EQUALITATIVO: RUMO A UM MODELO INTEGRAl. f;; 2' 5 Para que o leitor iniciante tenha uma idéia da diferença entre ambos os enfoques, utili- zaremos um exemplo muito simples e cotidiano relativo à atração física, explicado de forma a facilitar o entendimento, ainda que para alguns professores isso possa parecer simples demais. No exemplo não são consideradas, portanto, as implicações paradigmáticas que se en- contram por trás de cada enfoque, mas é enfatizado que, em termos práticos, ambos os estudos contribuem para o conhecimento de um fenômeno. Um exemplo para ajudar a compreender os enfoques quantitativo e qualitativo da pesquisa. Suponhamos que um estudante esteja interessado em saber quais fatores influem para que uma pessoa seja definida e percebida como "conquistadora" (que cativa indivíduos do sexo oposto e faz que se sintam atraídos por ele e se apaixonem). Então, decide realizar um estudo (sua idéia para pesquisar) em sua escola. Sob o enfoque quanricativo-dedutivo, o aluno estabeleceria seu problema de estudo definindo seu objetivo e uma questão de pesquisa (o que quer fazer e o que quer saber). Por exemplo, o objetivo poderia ser "conhecer os fatores que determinam o fato de uma pessoa ser vista como atraente e conquistadora"; e a questão de pesquisa, quais fatores determinam o fato de uma pessoa ser vista como atraente e "conquistadora"? Posteriormente, revisaria estudos sobre a atração física nas relações heterossexuais, os elementos que interferem no inicio da convivência amorosa, a percepção dos jovens em torno de tais relações, as diferenças por sexo de acordo com os atributos dos outros que os atraem etc. Delimitaria seu problema de pesquisa; selecionaria uma teoria que explique sarisfatoriamente - com base em estudos prévios - a atração física e a paixão nas relações entre jovens; e, se possível, estabeleceria uma ou várias hipóteses (por exemplo: "os rapazes ou garotas que conseguem mais conquistas amorosas são aqueles que têm maior prestígio social na escola, que são mais seguros de si mesmos e mais extrovertidos"). Depois, poderia entrevistar colegas de sua escola e os interrogaria sobre o grau em que o pres- ágio social, a segurança em si mesmo e a extroversão influem na conquista de pessoas de outro sexo. Inclusive, chegaria a utilizar questionários já estabelecidos, bem projerados e confiáveis. Talvez entrevistasse somente uma amostra de alunos. Também seria possível perguntar às pessoas que têm fama de conquistadoras sobre o que pensam a respeito. E analisaria os dados e informações provenientes das entrevistas para chegar a conclusões sobre suas hipóteses. Talvez também realizasse experiências ao escolher pessoas com o perfil "conquistador", dirigindo-as para a conquista de outras colegas. Seu interesse seria, ao menos, generalizar os resultados do que ocorre em sua comunidade estudantil. O pesquisador procura testar suas crenças e conseguir demonstrar que o prestígio, a segurança em si mesmo e a extroversão são fatores relacionados com a conquista, tentaria outras explicações; talvez agregando outros fatores como dimensões da atração física, a maneira de se vestir etc. No processo, vai deduzindo da teoria o que encontra em seu estudo. Desse modo, se a teoria selecionada for inadequada, seus resultados serão fracos. Sob o enfoque qualirativo-indutivo, o estudante, mais que definir o problema de pesquisa, sentaria na cantina da escola para observar as pessoas que têm fama de conquistadoras, levando em conta suas características, a maneira como se comportam, seus atributos e a forma de se relacionar com os demais (em especial, com pessoas do sexo oposto). Daí, poderia obter algum esquema que explicasse as razões pelas quais essas pessoas conquistam outras. Depois entrevistaria com questões abertas algumas dessas pessoas e também aquelas que foram conquistadas por elas. Disso chegaria a conclusões e contrastaria seus achados com outros estudos. ão seria indispensável obter uma amostra representativa nem generalizar seus resultados. Seu procedimento seria indutivo: de cada caso de conquistador estudado se obteria, talvez, o perfil procurado. O pesquisador também poderia mesclar ambos os enfoques e proceder simultaneamente das duas maneiras (encarregar um grupo de amigos de realizar o primeiro estudo, baseado na teoria produto de investigações anteriores; e encarregar outro grupo de iniciar a pesquisa observando os conquistadores na cantina [enfoque misto quantitativo-qualitativoj). METODOLOGIA DE PESQUISA• Os métodos quantitativos têm sido mais utilizados pelos pesquisadores das chamadas "ciências exatas". J o PROCESSO DE PESQUISA Desde a primeira edição deste livro, insistimos na premissa de conceber a pesquisa como um processo constituído por diversas etapas, passos ou fases, organizados de uma maneira lógica, seqüencial e dinâmica. Isso não quer dizer que não seja possível retomar a uma etapa anterior ou visualizar as etapas subseqüentes. Em termos gerais, esse processo se aplica tanto ao enfoque quantitativo quanto ao qua- litativo, portanto, com suasdiferenças, que serão analisadas em cada etapa dentro do livro. Por enquanto, comentaremos que, no caso da maioria dos estudos quantitativos, o processo se aplica de forma seqüencial: começa com uma idéia que vai sendo refinada e, uma vez delimitada, os objetivos e questões da pesquisa são estabelecidos, a literatura é revisada e um marco ou perspectiva teórica é construído. Depois, os objetivos e questões, cujas tentativas de respostas são traduzi das em hipóteses, são analisados; um plano para testar as hipóteses (projeto de pesquisa) é elaborado ou selecionado, e uma amostra é determinada. Por último, os dados são coletados utilizando um ou mais instrumentos de medição, os quais são estudados (a maioria das vezes pela análise estatística) e os resultados relatados. Cabe apontar que, na coleta de dados, poderia haver o envolvimento de um instrumento de natureza qualitativa como a aplicação de uma entrevista aberta. Por sua vez, nas pesquisas qualitativas, o processo não é aplicado necessariamente de maneira seqüencial (ainda que possa ser aplicado dessa forma). Na maior parte desses estudos, a seqüência seria como mostra a Figura 1.1. A diferenciação do problema (objetivos do estudo, as questões de pesquisa e a justificativa) e as hipóteses conseqüentes surgem em qualquer parte do processo em um estudo qualitativo: desde que a idéia foi desenvolvida até, inclusive, a elaboração do relatório de pesquisa. E, do mesmo modo que na pesquisa quantitativa, tal definição é suscetível a mudanças, como se menciona ao longo do livro. O trabalho de campo significa sensibilizar-se com o ambiente ou lugar, identificar informantes que tragam dados adicionais, entrar e concentrar-se na situação de pesquisa, além de verificar a viabilidade do estudo. Aqui as técnicas de coleta de dados, do mesmo modo que na pesquisa quantitativa, podem ser múltiplas (entrevistas, provas, questionários abertos, sessões de grupos, análise de episódios, biografias, casos, gravações em áudio ou vídeo, registros, revisão de arquivos, observação etc.). Na fase da coleta de informações devemos levar um caderno de notas ou diário pessoal - ou outras tecnologias, como um laptop -, para registrarmos os fatos, as interpreta- ções, as crenças e reflexões sobre o trabalho de campo e a obtenção dos dados. Portanto, são anexados documentos e discussões da equipe de trabalho. Quais vantagens tem cada um dos enfoques quantitativo e qualitativo? Como insistimos anteriormente, ambos os enfoques são proveitosos. A investigação quantitativa nos oferece a a e o PROCESSO DE PESQUISA E OS ENFOQUES QUANTITATIVO E QUALITATIVO: RUMO A UM MODELO INTEGaAI. ~ ~l 6 possibilidade de generalizar os resultados de maneira mais ampla, concede-nos controle sobre os fenômenos e um ponto de vista de contagem emagnitude em relação a eles.Assim, oferece uma grande possibilidade de réplica e um enfoque sobre pontos específicos de tais fenômenos, além de facilitar a comparação en- tre estudos similares. Por sua vez, a pesquisa qualitativa dá profundidade aos dados, a dispersão, a riqueza interpretativa, a contextualização do ambiente, os detalhes e asexperiências únicas. Também oferece um ponto de vista "recente, natural e holístico" dos fenômenos, assim como flexibilidade. Por isso, a mistura dos dois modelos po- tencializa o desenvolvimento do conhecimento, aconstrução de teorias earesolução deproblemas. Ambos são empíricos, porque coletam dados do fenômeno que estudam. Tanto um como outro requer seriedade, profissionalisrno e dedicação. Empregam procedimentos distintos e possíveis de utilizar com acerto. Desse modo, os métodos quantitativos têm sido mais usados por ciências como a física, a química e a biologia. Portanto, são mais ade- quados para as ciências chamadas "exatas". Os qualitativos têm sido empregados em disciplinas humanísticas como a antropologia, a etnografia e a psicologia social. Não obstante, ambos os tipos de estudo são úteis para todos os campos, como demonstraremos ao longo da presente obra. Por exemplo, um engenheiro civil pode realizar um estudo para construir um grande edifício. Ele empregaria estudos quantitativos e cálculos matemáticos para erguer a edificação, e analisaria dados estatísticos sobre resistência de materiais e sobre estruturas similares construídas em subsolos iguais sob as mesmas condições. Porém, também poderia enriquecer o estudo realizando entrevistas com engenheiros muito experientes. Um estudioso dos impactos de uma desvalorização na economia de um país complemen taria suas análises quantitativas com sessões de discussões profundas com especialistas e realizaria uma análise histórica (tanto quantitativa como qualitativa) dos fatos. Um analista da opinião pública, ao investigar os fatores que mais incidem na votação para uma próxima eleição, utilizaria grupos de enfoque com discussão aberta (qualitativos), além de pesquisas por amostragem (quantitativos). Um médico que indagasse sobre quais elementos devem ser levados em conta no momento de tratar os pacientes com doenças em fase terminal, e conseguir que enfrentem essa situação crítica da melhor maneira, revisaria a teoria disponível, consultaria pesquisas quantitativas e qualitativas a esse respeito para conduzir uma série de observações estruturadas na relação médico-paciente em casos terminais (realizando amostras de atos de comunicação e quantificando-os), e entrevistaria I Desenvolvimento de uma idéia, tema ou área a investigar I, I Seleção do ambiente ou lugar de estudo T I Escolha de participantes ou indivíduos do estudo T Inspeção do ambiente ou lugar de estudo Trabalho de campo Seleção de um projeto de pesquisa (ou estratégia a ser desenvolvida no ambiente ou lugar e para coletar os dados necessários) Seleção ou elaboração de um instrumento para coletar os dados (ou vários instrumentos) Coleta de dados (obter as informações pertinentes) e registro dos acontecimentos do ambiente ou lugar T Preparação dos dados para análise T Análise dos dados t Elaboração do relatório de pesquisa I Esquema do processo de pesquisa Figura 1.1 I I Modelo de duas etapas: dentro de uma mesma pesquisa, aplica-se primeiro um enfoque e depois o outro, de forma quase independente, e a cada etapa seguem-se as técnicas correspondentes a cada enfoque. METODOLOGIA DE PESQUISA• Exemplos de estudos de autores com enfoque integrado Quadro 1.3 pacientes e médicos por meio de técnicas qualitativas, organizaria grupos de pacientes para que conversassem abertamente sobre tal relação e o tratamento que desejam. Ao terminar seria possível estabelecer suas conclusões e chegar a questões de pesquisa, hipóteses ou novas áreas de estudo. É sempre melhor ter o melhor dos dois mundos. -COMO SAO UTILIZADOS OS DOIS ENFOQUES EM UMA MESMA PESQUISA OU ESTUDO? Antes de responder à pergunta, cabe mencionar que os autores vêm trabalhando com os dois enfoques. O Quadro 1.3 mostra exemplos disso. Nau (1995) e Grinnell (1997) desenvolveram modalidades diferentes em que é possível mesclar os dois enfoques: o modelo de duas etapas Aqui, em primeiro lugar se aplica um enfoque e em seguida o outro, de maneira relativamente independente, dentro do mesmo estudo. Um precede o outro e os resultados são apresentados de maneira independente ou em um relatório apenas. Em cada etapa os métodos inerentes de cada enfoque são respeitados. Por exemplo, o caso de um estudo na área de direito tributário realizado por Acero (2001) para avaliar a "cultura tributária no México". Primeiramente, o pesquisador realizou um estudo quantitativo, no qual analisou estatísticas referentes ao pagamento de impostos e à evasão tributária. Partiu-se da idéia de que as cifras disponíveis nessa matéria seriam um indicador confiável do nível de cultura tributária entre os cidadãos. Ao mesmo tempo, revisououtros estudos anteriores sobre o conhecimento FASE QUALITATIVA FASE QUANTITATIVA Hernández Sampieri, Roberto: "EI sentido de vida de los afectados por um siniestro" (2002) Entrevistas abrangentes e não-estruturadas com feridos e mutilados de explosões de bombas. Aplicação de uma escala de sentido de vida estruturada (Prueba en Celaya de Carmen Núfíez, 2000) Fernández Collado, Carlos: UAutoinversión en el trabajo" (1982) Em um estudo-piloto são codificadas as expressões e frases dos funcionários e empregados, quando se referem às suas experiências de trabalho. Resultado de entrevistas, foi a matéria-prima para construir um questionário aplicado a 800 indivíduos com a finalidade de estabelecer o grau de envolvimento com seus trabalhos. Baptista Lucio, Pilar: "Percepciones dei director de empresa en México" (1986). Entrevistas abrangentes e não-estruturadas com diretores de empresas de médio porte para estabelecer suas percepções em relação ao ambiente político e empresarial. Com base na pesquisa qualitativa, foram estabelecidos o tipo e a treqüência de condutas de comunicação que buscavam conhecer o meio ambiente para tomar decisões bem informadas. os é o PROCESSO DE PESQUISA E OS ENFOQUES QUANTITATIVO E QUALITATIVO: RUMO A UM MODELO INTEGRAL S; ê' 5 questão tributária por parte dos contribuintes, atitudes em relação a essa, problemas arrecadação e áreas que lhe permitiram deduzir o nível de desenvolvimento da cultura ibutária mexicana. Uma vez concluído seu estudo quantitativo, o entrevistado r passou a realizar entre- . tas com informantes-chave sobre a cultura tributária (realizou entrevistas dirigidas entre magistrados, funcionários governamentais, especialistas em direito triburário, assessores sobre o assunto e contribuintes), mas com questões gerais e abertas como: qual é a cultura tributária? uais elementos a integram? Existe uma cultura tributária no país? As entrevistas seguiram método qualitativo básico (observação e registro das respostas, assim como o contexto em ue foram realizadas; interpretação; busca de resultados etc.). Os resultados foram relatados e conclusões foram obtidas. Em primeiro lugar, o estudo foi abordado quantitativamente e, a seguir, qualitati- nrnente; em seu relatório final, ambas as fases do processo de pesquisa foram incluídas. modelo de enfoque dominante _·este modelo, o estudo se desenvolve da perspectiva de um dos dois enfoques, o qual prevalece, a pesquisa mantém um componente do outro enfoque. Por exemplo, um estudo sociológico para conhecer as seqüelas do terrível ato de violência ual contra jovens de ambos os sexos, realizado em uma cidade da Colômbia, Valledupar. A pesquisa poderia ser enfocada qualitativamente, utilizando três ferramentas: a) entrevistas com vítimas de violência sexual; b) sessões de grupo com discussão aberta sobre o ema, também com jovens que sofreram uma agressão desse tipo; c) revisão e registros nos julgamentos. O pesquisador se aprofunda nas experiências das vítimas, seus traumas, o impacto na sua percepção de mundo e da vida cotidiana, enfim, em outros temas que pudessem surgir. Seu estudo começa sem questões de pesquisa, muito menos com hipóteses. Apenas são estabelecidos tópicos gerais a ser tratados nas entrevistas e nas sessões, assim como pontos a revisar nos documentos jurídicos. Ou, se preferir, um método completamente aberto com uma questão geral em entrevistas ou sessões relacionadas com o significado geral da experiência, como gatilho para respostas e comentários. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, mas à qual poderia ser agregado um componente quantitativo: administrar um teste padronizado para medir a ansiedade dos jovens após o difícil evento. Outro caso seria o de um experimento para avaliar o nível em que um novo método de ensino de computação favorece a aprendizagem e a auto-estima das crianças entre 10 e 12 anos em Valência, Venezuela, estabelecendo hipóteses que afirmem que o método aumentará essas duas variáveis. É um estudo quantitativo, ao qual poderia ser agregado um componente qualitativo: sessões com as crianças para elaborar mapas cognitivos daquilo que aprenderam e registrar suas experiências. A vantagem desse modelo, segundo Grinnell (1997), consiste em apresentar um enfoque que de modo algum é considerado incoerente e que enriquece tanto a coleta de dados como sua análise. A desvantagem que os "fundamentalisras", de uma ou outra corrente, encontrariam é que seu enfoque estaria sendo subutilizado. Modelo de enfoque dominante: é realizado da perspectiva de um dos dois enfoques, o qual prevalece, e o estudo conserva componentes do outro enfoque. •Modelo misto: constituí o maior nível de integração entre os enfoques qualitativo e quantitativo, no qual ambos se combinam durante rodo o processo de pesquisa. METODOLOGIA DE PESQUISA• o modelo misto Esse modelo representa o mais alto grau de integração ou combinação entre os enfoques qualitativo e qualitativo. Ambos se combinam durante todo o processo de pesquisa, ou pelo menos, na maioria de suas etapas. Esse modelo exige um domínio completo dos dois enfoques e uma mentalidade aberta. Agrega complexidade ao projeto de estudo, mas contempla todas as vantagens de cada um dos enfoques. A pesquisa oscila entre os esquemas de pensamento indutivo e dedutivo, além de exigir um enorme dinamismo por parte do pesquisador durante o processo. Chega a um ponto de vinculação entre o qualitativo e o quantitativo que parece inaceitável para os "puristas" . Um exemplo seria o estudo mercadológico realizado pelos autores para uma cadeia de centros comerciais no México e outros localizados na América Central (Comunicometría, S. C; 2000). A pesquisa tinha como objetivo geral conhecer aquilo que os clientes regulares achavam de cada centro comercial, se a localização era funcional, se os agradava e satisfazia as suas expectativas. Além disso, os diretores tinham um interesse em relação à necessidade de efetuar mudanças na decoração, ou mudança das lojas, ou se era preciso sanar alguma debilidade. Essa idéia de pesquisa se transformou em uma série de objetivos de pesquisa de mercados e em questões que orientariam a pesquisa. Alguns exemplos dos objetivos foram: a) conhecer e analisar as percepções e condutas que têm os clientes que freqüentam regularmente os centros comerciais, em relação à funcionalidade do local, seus atributos e características; b) considerar as sugestões de mudanças nos centros comerciais propostos pelos clientes para aumentar suas idas ao local e seu tempo de permanência; c) realizar uma análise dos pontos fortes e fracos de cada centro comercial da óptica dos clientes e, d) obter informações que ajudem a definir a estratégia de mudança para cada centro comercial. Esses não foram todos os objetivos, ainda que sirvam para ilustrar o exemplo. Os pesquisadores não estabeleceram hipóteses e iniciaram com um estudo que visava descobrir as opiniões dos clientes. O estudo compreendeu duas vertentes: uma tipicamente quantitativa eoutra qualitativa. Foram realizadas oito pesquisas, uma para cada centro comercial. O quantitativo consistiu em uma pesquisa realizada com uma amostra representativa dos clientes que freqüentava o centro comercial. O tamanho da amostra foi obtido da estatística referente ao registro de freqüência (contagem) dentro de uma semana típica (não em épocas de grande movimento como o Natal), chegando ao número de 420 pessoas (60 pessoas a cada dia da semana). Aplicou-se um questionário com questões fechadas e algumas abertas. Ao mesmo tempo, foram iniciadas sessões de grupo em profundidade (com uma lista de tópicos que abordavam a forma como definiam o centro comercial, o que lhes agradava ou não, a avaliação da variedade de lojas, o tempo de permanência, as mudanças que deveriam ser efetuadas na localização, a avaliação dos serviçosque eram oferecidos e outras dimensões). Cada sessão foi realizada com um grupo de oito indivíduos de diferentes segmentos entre 18 e 60 anos (agrupados por idade e foram incluídos grupos de homens, mulheres, e grupos mistos, em um total de dez sessões por centro). Todas as sessões foram gravadas em vídeo, posteriormente transcritas e duas equipes de pesquisa independentes analisaram os dados (uma a partir dos vídeos e a outra a partir das transcrições). a o PROCESSODE PESQUISA EOS ENFOQUES QUANTITATIVO EQUALITATIVO: RUMO A UM MODELO INTEGRAl. Ss 5 Foi utilizada uma técnica qualitativa para analisar os dados, além do fato de o condutor das sessões e um observador que estava por trás da câmara de Gesell (com vidro polarizado) terem tomado nota dos acontecimentos que se apresentaram durante as sessões, assim como toda a interpretação que é própria no enfoque qualitativo. Depois, realizou-se a análise estatística com os dados da pesquisa e aplicou-se uma análise interprerativa dos dados resultantes das sessões. Ao finalizar o estudo do primeiro centro comercial, surgirão novas questões de pesquisa. Uma delas foi: os centros comerciais devem buscar ser, além de lugares de compra, espaços de diversão? Isso porque o primeiro estudo trouxe informações suficientes para pensar que os centros comerciais, pelo menos nos países estudados, se converteram no que eram as grandes praças públicas, e as pessoas vão tanto para comprar como para se divertir. Nesse sentido, cada vez encontraremos espaços maiores de diversão nesses centros. Assim, o estudo para o segundo centro comercial refinou o questionário da pesquisa e a lista de tópicos das sessões. O resultado foi um estudo enriquecido pelos dois enfoques, os quais conviveram dentro do mesmo processo de pesquisa. Ao longo deste texto será mencionado outro exemplo mercadológico que combina ambos os enfoques. • Nos úlrimos anos surgiu uma controvérsia en tre dois enfoq ues para a pesquisa: o quantitativo e o qualitativo. Os defensores de cada um argumentam que o seu é o mais apropriado e produtivo para a pesqUIsa. O enfoque quantitativo se fundamenta em um esquema dedutivo e lógico, busca formular questões de pesquisa e hipóteses para posteriormenre testá-ias, confia na medição pa- dronizada e numérica, utiliza a análise estatística, é reducionista e pretende generalizar os resultados de seus estudos mediante amostras representativas. Além disso, parte da concepção de que existem duas realidades: aquela em torno do pesquisador e aquela constituída pelas crenças dele; portanto, fixa como objetivo provar que as crenças do pes- quisador estão próximas da realidade do ambiente. Os experimentos e as pesquisas baseados em questionários estruturados são exemplos de pesquisa centrada nesse enfoque. O enfoque qualitativo, por sua vez, é baseado em um esquema indutivo, é expansivo e em geral não busca criar questões de pesquisa anteriormente nem provar hipóteses preconcebidas, e sim deixar que essas surjam durante o desenvolvimento do estudo. É individual, não mede numericamente os fenômenos estudados nem tampouco tem como finalidade generalizar os resultados de sua pesquisa; não realiza análise estatística; seu método de análise é interpretativo, contexrual e etnográfico. Assim, preocupa-se em captar ~ eriências na linguagem dos próprios indivíduos e estuda ambientes naturais. • •. -- RESUMO • • • • METODOLOGIA DE PESQUISA• •• RJ"" CONCEITOS BÁSICOS Exercício •• Ir • As entrevistas abertas e a observação não-estruturada são exemplos associados ao enfoque qualitativo. Esses dois enfoques são formas que se demonstraram muito úteis para o desenvolvimento do conhecimento científico e nenhum é intrinsecamente melhor que o outro. Ambos podem ser mesclados e incluídos no mesmo estudo, o que, longe de empobrecer a investigação, a enriquece; são visões complemenrares. Tanto o enfoque de pesquisa qualitativo como o quantitativo, com suas diferenças, têm espaço no processo de pesquisa científica. É possível seguir, pelo menos, três modelos para mesclá-Ios: 1. o modelo de duas etapas, 2. o modelo de enfoque dominante e 3. o modelo misto. No modelo de duas etapas primeiro é aplicado um enfoque e em seguida o outro, de maneira independente, em um mesmo estudo; no modelo de enfoque dominante, uma das modalidades prevalece sobre a outra e um componente do segundo enfoque é incluído; no modelo misto ambos os enfoques estão interligados durante todo o processo de pesquisa . • • • • • Esquema dedutivo Esquema indutivo Modelo de duas etapas Modelo de enfoque dominante Coleta de dados Enfoque ou modelo multimodal Enfoque qualitativo Enfoque quantitativo Modelo misto Processo de pesquisa Triangulação (Após ter lido todo o Iivro) 1. Desenvolva uma proposta de pesquisa para cada modelo (duas etapas, enfoque dominante e misto) que em um único escudo mescle os enfoques quantitativo e qualitativo . CRESWELL,]. W. Qualitative inquiry and research designe Choosing harmony among traditions, Califórnia: Sage Publications, 1997. DE ZIN, N. K. The research act: a theoretical introduction to sociological methods. 2. ed. Nova York: McGraw-Hill, 1978. GRINNELL, R. M. Social work research &- eualuatton: quantiracive and qualitative approaches. 5. ed. Itasca, IIIinois: E. E. Peacock Publishers, 1997. NEUMAN, W. L. Social research methods: qualirative and quantirative approaches. 2. ed. Needham Heights, MA: Allyn and Bacon, 1994. PATION, M. Q. Qualitative evaluation methods. Londres: Sage Publications, 1980. SCHWARTZ, H.; ]ACOBS, O. Sociología cualitatiua: método para Ia reconstrucción de Ia realidad. México: Trillas, 1999. ••".. OS PESQUISADORES OPINAM o PROCESSO DE PESQUISA E OS ENFOQUES QUANTITATIVO E QUALITATIVO: RUMO A UM MODELO INTEGRAL ~ ê' 6 Os estudantes ouvem tanto sobre como é difícil e enfadonha a pesquisa, que chegam nessa etapa da escolaridade com a mente cheia de preconceitos e agem sob pressão, medo e, aliás, ódio em relação a ela, Antes que se ocupem das tarefas rotineiras da elaboração de um projeto, é necessário fazê-los refletir sobre sua atitude diante de tal empreitada, para que valorizem a pesquisa em sua justa dimensão, já que não se trata de Ievá-los a crer que todos os problemas serão resolvidos como em um passe de mágica, ou que apenas nos países de primeiro mundo existe a capacidade para realizar tal feito, A pesquisa representa mais uma das fontes de conhecimento pelas quais, se decidirmos ampliar suas fronteiras, será indispensável realizá-Ia com responsabilidade ética, Ainda que a pesquisa quantitativa esteja consolidada como o método predominante no horizonte científico internacional, nos últimos cinco anos a pesquisa qualitativa teve maior aceitação; entretanto, começa-se a superar o desgastado debate de oposição entre ambos os tipos, Outro avanço na pesquisa é representado pela internet; no passado, a revisão da literatura tornava-se longa e tediosa, agora ocorre o contrário, já que o pesquisador pode dedicar-se mais à análise da informação em vez de escrever dados em centenas de cartões, Ainda restam, contudo, pesquisadores e docentes que preferem adotar posições radicais, Eles se comportam como uma criança que descobriu o martelo e agora martela tudo o que encontra em seu caminho, sem a possibilidade de perguntar a si mesmo se o que precisa é um serro te ou uma chave de fenda, CARLOS G, ALO zo BLANQUETO Professor-pesquisadortitular da Faculdade de Educação Universídad Autónoma de Yucatdn Mérida, México Faculdade de Odontologia Universidad Autónoma de Nayarit Nayarit, México Os estudantes que se iniciam na pesquisa começam elaborando um problema em um contexto geral, em seguida localizam a situação no contexto nacional e regional para, por último, projetá-Ia em âmbito local, ou seja, onde se encontram academicamente localizados (campo, laboratório,sala de aula etc.). Na Universidad de Oriente, na Venezuela, a pesquisa adquiriu relevância nos últimos anos por duas razões: o crescimento do quadro de professores e a diversificação de cursos de Engenharia, área na qual, em geral, as pesquisas são quantitativas-positivas, com resultados muito satisfarórios. Da mesma forma, no estudo de fenômenos sociais e em ciências da saúde, o enfoque qualitativo, visto como uma teoria da pesquisa, apresenta grandes avanços. É uma ferramenta metodológica utilizada com freqüência nos estudos de doutorado de Filosofia, Epistemologia, Educação e Lingüística, entre outras disciplinas, As contribuições de tais estudos se caracterizam por sua riqueza de descrição e análise. Os enfoques qualitativo e quantitativo, vistos como teorias filosóficas, são completamente diferentes; no entanto, como técnicas para o desenvolvimento de uma pesquisa, podem ser mesclados, sobretudo em relação à análise e à discussão de resultados, MARrANELLIS SALAZARDE GÓMEZ Professora titular Faculdade de Humanidades Universidad de Oriente Anzodtegui, Venezuela provêm de que podem ser =r.:»: ~ Textos, recursos audiovisuais, teorias, descobertas, conversas, crenças, intuições, Internet Fontes A idéia: nasce um projeto de pesquisa PROCESSO DE PESQUISA Primeiro passo CONCEBER A IDÉIA A SER INVESTIGADA Síntese o capítulo expõe a forma como se iniciam as pesquisas mediante idéias. Assim, falamos das fontes que inspiram as idéias de pesquisa e a maneira de desenvolvê-Ias, para formulação de projetos. O capítulo, como toda a obra, assume também uma postura que defende a validade de misturar os enfoques quantitativo e qualitativo na pesquisa, tal como foi explicado ao longo do primeiro capítulo. Capítulo Ob1etivos de aprendixélgém Ao finalizar o estudo deste capítulo, você deverá ser capaz de: • Produzir idéias com potencial investigativo a partir de uma perspectiva científica. • Conhecer as fontes que podem inspirar pesquisas científicas, de um enfoque quantitativo, qualitativo ou misto. METODOLOGIA DE PESQUISA• Como surgem as idéias de pesquisa? COMO TÊM ORIGEM AS PESQUISAS? •Idéias de pesquisa: representam a primeira aproximação da "realidade" que se pretende pesquisar, ou os fenômenos, eventos e ambientes a serem estudados. As pesquisas se originam nas idéias, sem importar que tipo de paradigma fundamenta nosso estudo nem o enfoque que seguiremos. Para iniciar uma pesquisa sempre é necessária uma idéia; ainda não se conhece um substituto para uma boa idéia. As idéias constituem a primeira aproximação da "realidade" que se pretende pesquisar (em um enfoque quantitativo), ou os fenômenos, eventos e ambientes a serem estudados (em um enfoque qualitativo). Fontes de idéias para uma pesquisa Existe uma grande variedade defontes que podem produzir idéias depesquisa, entre as quais se encontram experiências individuais, materiais escritos (livros, revistas, jornais, periódicos e reses), materiais audiovisuais (a Internet em sua ampla gama de possibilidades como páginas da Web, fóruns de discussão, entre outros), teorias, descobertas provenientes de outras pesquisas, conversas pessoais, observações de fatos, crenças e até mesmo intuições e pressentimentos. No entanto, as fontes que dão origem às idéias não se relacionam com a sua qualidade. O fato de um estudante ler um artigo científico e extrair dele uma idéia de pesquisa não necessariamente significa que essa será melhor que a de outro estudante que a obtenha enquanto assiste a um filme ou a uma partida de futebol da Copa Libertadores. Essas fontes também chegam a produzir idéias de modo separado ou conjuntamente. Por exemplo, ao sintonizar um noticiário e observar casos de violência ou terrorismo, é possível, a partir disso, desenvolver uma idéia para realizar uma pesquisa. Depois, pode-se discutir a idéia com alguns amigos e refiná-Ia um pouco mais ou modificá-Ia; posteriormente busca- se informação a esse respeito em revistas e jornais, até consultar artigos científicos so- bre violência, terrorismo, pânico coletivo, multidões, psicologia das massas, sociologia da violência etc, O mesmo poderia acontecer para o caso de sexo, pagamento de impostos, crise econômica de uma nação, relações familiares, amizade, anúncios publicitários em rádio, as doenças sexualmente transmissíveis, guerra bacteriológica, desenvolvimento urbano e outros temas. Existem várias fontes geradoras de idéias de pesquisa, por exemplo, as notícias. Uma idéia pode surgir em locais onde os grupos se encontram (restaurantes, hospitais, bancos, indústrias, universidades e demais formas de associação) ou ao observar as campanhas eleitorais (alguém poderia questionar se toda publicidade serve para alguma coisa, tantos letreiros, cartazes e muros pintados têm algum efeito sobre os eleitores?). Desse modo, é possível criar idéias ao ler uma revista de variedade (por exemplo, ao terminar um artigo sobre a política externa norte-americana, alguém poderia conceber uma pesquisa sobre as relações atuais entre os Estados Unidos e a América Latina), ao estudar em casa, ao ver a televisão ou ir ao cinema Agnaldo A IDÉIA: NASCE UM PROJETO DE PESQUISA ~ ê' 5 '" (o filme romântico da moda sugeriria uma idéia para pesquisar algum aspecto das relações heterossexuais), ao conversar com outras pessoas, ao recordar alguma experiência. Por exemplo, um médico que, ao ler notícias sobre o vírus da imunodeficiência humana (HIV), quer saber se existe ou não diferenças no tempo que a Aids demora em se desenvolver nas pessoas que foram infectadas pelo HN por transfusão sangüínea em relação àquelas que se contagiaram pela via sexual. Ao navegar pela Internet, alguém pode ter idéias de pesquisa, talvez por algum fato da atualidade (por exemplo, um aluno que leia, na imprensa, notícias sobre o terrorismo em alguma parte do mundo e comece um estudo sobre como seus concidadãos vêem tal fenômeno nos tempos atuais). Fontes geradoras de idéias de pesquisa: situações das quais surjam idéias de pesquisa, como materiais escritos e audiovisuais, teorias, conversas, crenças etc, Imprecisão das idéias iniciais As idéias iniciais em sua maioria são vagase requerem análise cuidadosapara que se venham a se transformar em projetos mais precisos e estruturados. Como mencionam Labovitz e Hagedorn (1976), quando uma pessoa desenvolve uma idéia de pesquisa, deve familiarizar-se com o campo de conhecimento em que se inscreve a idéia. Por exemplo, uma jovem, ao refletir sobre o noivado, pode se perguntar: quais aspectos influem para que um homem e uma mulher tenham uma relação cordial e satisfatória para ambos? - e decidir realizar uma pesquisa que estude os fatores que interferem na evolução do noivado. Contudo, até esse momento sua idéia é vaga e deve especificar diversas questões, tais como se pretende incluir em seu estudo todos os fatores que chegam a influir no noivado ou somente alguns deles, se vai se concentrar em pessoas de certa idade ou de várias idades, se a pesquisa terá um enfoque psicológico ou sociológico. Para que continue desenvolvendo sua pesquisa, é necessário introduzir-se na área de conhecimento em questão. O pesquisador deverá conversar com outros pesquisadores da área sobre as relações interpessoais (por exemplo, psicólogos clínicos, psicoterapeutas, comunicólogos, psicólogos sociais, humanistas), procurar ler alguns artigos e livros sobre o noivado, conversar com diversos casais, assistir a alguns filmes educativos sobre o tema, pesquisar sites na Internet com informações úteis para sua idéia e realizar outras atividades similares para se familiarizar com seu objeto de estudo. Uma vez aprofundado o tema, o pesquisador estará em condições de definir sua idéia de pesquisa. Necessidade de conhecer os antecedentes: Revisão Bibliográfica Para aprofundar-se no tema, é necessárioconhecer estudos, pesquisas e trabalhos anteriores. Conhecer o que já foi feito a respeito do tema: • Não pesquisar algum tema que já tenha sido estudado muito a fondo. Isso implica que uma boa pesquisa deve ser inovadora, o que pode ser alcançado tratando um tema não estudado, aproíundando um tema pouco conhecido ou dando um enfoque diferente ou inovador a um problema, mesmo que esse já tenha sido examinado repetidamente (por exemplo, a família é um tema muito estudado; no entanto, se alguém analisá-Ia de um ponto de vista diferente, digamos, a maneira como se apresenta nas telenovelas brasileiras do começo do século XXI, isso daria à investigação um enfoque novo). Estruturar mais formalmente a idéia de pesquisa. Por exemplo, uma pessoa, ao assistir a um programa de televisão no qual se incluem cenas com alto conteúdo sexual explícito ou implícito, talvez se interesse por • Temas de pesquisa: questão ou assunto que se pretende estudar. Agnaldo Agnaldo Sem dúvida, no enfoque qualitativo da pesquisa, a finalidade não é sempre contar com uma idéia bem estruturada de pesquisa; mas mesmo assim, é conveniente consultar fontes prévias para obter outras referências, mesmo que, por fim, iniciemos nosso estudo partindo de bases próprias e sem estabelecer alguma idéia preconcebida. • Delimitar o tema apartir do qual a idéia depesquisa seráabordada. De fato, mesmo que os fenômenos do comportamento humano sejam os mesmos, é possível analisá-I os de diversas formas, segundo a disciplina na qual se enquadre a pesquisa. Por exemplo, se as organizações são estudadas basicamente do ponto de vista da comunicação, o interesse estará centrado em aspectos como as redes e os fluxos de comunicação nas organizações, os meios de comunicação, os tipos de mensagens que são transmitidos, a sobrecarga de informação, a distorção e a omissão da informação. Se são estudados de uma perspectiva sociológica, a pesquisa se ocuparia de aspectos como a estrutura hierárquica das organizações, os perfis socioeconômicos de seus membros, a migração dos trabalhadores de áreas rurais para as zonas urbanas e seu ingresso nos centros industriais, as profissões e outros aspectos. Caso seja adotada uma perspectiva funda- mentalmente psicológica, outros aspectos serão analisados, como os processos de liderança, a personalidade dos membros da organização, a motivação no trabalho. E se fosse utilizado um enfoque eminentemente mercadológico das organizações, seriam pesquisadas questões como os processos de compra e venda, a evolução dos mercados, as relações entre empresas que competem dentro de um mesmo mercado. METODOLOGIA DE PESQUISA• Ao iniciar uma pesquisa, a idéia pode ser estruturada do geral (a televisão) para oparticular (programas com alto conteúdo erótico e seus efeitos na conduta dos adolescentes). realizar uma pesquisa voltada a esse tipo de programa. No entanto, sua idéia é confusa, o pesquisador não sabe como abordar o tema que não se encontra estruturado; portanto, o pesquisador consultará diversas fontes biblio- gráficas a esse respeito, consultará alguém que conheça o tema e analisará mais programas desse tipo; e depois de se aprofundar no campo de estudo correspondente, será capaz de expor com maior clareza e formalidade o que deseja pesquisar. Vamos supor que decida concentrar- se no estudo dos efeitos que tais programas têm sobre a conduta sexual dos adolescentes; ou enfocar o tema de outro ponto de vista, por exemplo, pesquisar se há ou não uma quantidade considerável de programas com alto conteúdo erótico na televisão brasileira atual, em quais canais e em quais horários são transmitidos, quais situações mostram esse tipo de conteúdo, e de que for- ma são feitas. E assim sua idéia terá maior precisão e maior medida. A maioria das pesquisas, apesar de enquadradas em uma perspectiva em particular, não pode evitar, em maior ou menor grau, temas que se relacionem com outros campos ou disciplinas (por exemplo, as teorias de agressão social desenvolvidas pelos psicólogos têm sido utilizadas pelos comunicólogos para investigar os efeitos que a violência na televisão produz na conduta das crianças que são expostas a ela). Portanto, quando se comenta o enfoque selecionado, fala-se de perspectiva principal ou [undamental, e não de perspectiva única. A seleção de uma ou outra perspectiva tem implicações importantes no desenvolvimento de um estudo. Também é comum que se realizem pesquisas interdisciplinares que abordem um tema utilizando várias perspectivas ou pontos de vista. Agnaldo A IDÉIA: NASCE UM PROJETO DE PESQ ~ =I'c: 6•.... Se uma pessoa quer saber como se desenvolve um município, ela deverá empregar uma perspectiva urbanística, no qual analisará aspectos como vias de comunicação, solo e subsolo, problemática econômica da comunidade, disponibilidade de terrenos, aspectos legais etc, Mas não pode se esquecer de outros aspectos, E independentemente do enfoque adotado - quer adotemos um qualitativo, quantitativo ou misto - precisaremos escolher uma perspectiva principal para abordar o estudo, ou pelo menos estabelecer quais perspectivas o conduzirão. Assim, estamos falando de perspectiva (disciplina da qual a pesquisa é orientada de forma central) e enfoque (paradigma: quantitativo, qualitativo ou misto) do estudo. Estruturação da idéia de pesquisa: consiste em esboçar com maior clareza e formalidade o que se deseja investigar. esquisa prévia dos temas É evidente que, quanto melhor se conhece o tema, mais eficiente e rápido será o processo de refinar a idéia. Portanto, existem temas que têm sido mais pesquisados que outros e, por conseqüência, seu campo de conhecimento se encontra mais bem estruturado. Esses casos exigem projetos mais específicos. Poderíamos dizer que existem: • Temas já pesquisados, estruturados e formalizados, sobre os quais é possível encontrar documentos escritos e outros materiais que relatem os resultados de pesquisas ou análises anteriores. • Temas já investigados, porém menos estruturados e formalizados, sobre os quais se tem pesquisado, mas existem poucos documentos escritos e outros materiais que relatem essa pesquisa; o conhecimento pode estar disperso ou ser inacessível. Nesse caso, seria necessário buscar as pesquisas não publicadas e recorrer a meios informais, como especialistas no tema, professores, amigos etc. A Internet constitui uma ferramenta valiosa nesse sentido. • Temas pouco pesquisados epouco estruturados, os quais exigem um esforço para encontrar o que já foi pesquisado, ainda que o material seja escasso. • Temas não pesquisados. A pesquisa qualitativa às vezes prefere esses últimos, ou até mesmo apresenta uma nova visão a temas já estudados. Por vezes, é melhor não contar com essa estrutura. Critérios para gerar idéias Danhke (1986) menciona diversos critérios que os pesquisadores famosos sugeriram para gerar idéias de pesquisa produtivas, entre os quais se destacam: • As boas idéias intrigam, animam e excitam opesquisador de maneira particular. Ao escolher um tema para pesquisar, e mais concretamente uma idéia, é importante que essa idéia seja atraente. Não existe nada mais tedioso que trabalhar em algo que não nos interesse. Na medida em que a idéia estimula e motiva O pesquisador, ele se compenetrará mais no estudo e terá maior disposição para superar os obstáculos que se apresentam. • As boas idéias de pesquisa "não são necessariamente novas, mas sim inovadoras". Em muitas ocasiões é preciso atualizar ou adaptar os projetos derivados de pesquisas efetuadas em contextos diferentes, ou por novos caminhos. Agnaldo Agnaldo Agnaldo METODOLOGIA DE PESQUISA• • As boas idéias de pesquisa podem servir para elaborar teorias e solução de problemas. Uma boa idéia pode conduzir a uma pesquisa que ajude a formular, integrar ou testar uma teoria ou a iniciar outros estudos que, juntos com
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