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Enfoque - Salmos

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Os Escritos – Salmos
Lutero, que sabia de cor os Salmos, vê neles um resumo da mensagem e da cristologia e da teologia bíblica. Seu apreço pelo Saltério chega ao ponto de ele o chamar de “pequena Bíblia”. Em nível mais pessoal, o clima devocional e intimista que permeia os salmos e que tem sua origem numa intensa relação do indivíduo com o Senhor encontra acolhida entre o povo de Deus também hoje. Embora a estrutura de Salmos bem como a sua forma poética não sejam condizentes com a poesia ocidental, com os Salmos nos sentimos em casa.
Nome
O título Salmos reflete o nome do livro na LXX, Psalmos. Há um título em grego alternativo, Psaltērion, que também é usado e que aparece em português dando o nome para o conjunto total dos Salmos. Ambos os nomes entraram em nossa Bíblia através da Vulgata, que simplesmente transliterou os termos gregos. As palavras gregas, derivadas do verbo psallō, “dedilhar”, foram inicialmente empregadas para indicar a execução de instrumentos de corda ou o próprio instrumento. A palavra grega psalmos foi usada para traduzir o termo hebraico mizmor, cuja raiz verbal zāmar (“cantar” ou talvez “tocar”) relaciona o livro à música. Não é sem razão que se afirma que “os Salmos são o ventre materno da música na Igreja”.34 Posteriormente, passaram a ser empregadas para descrever um cântico, psalmos, ou a coleção de cânticos, psaltērion. O evangelista Lucas empregou o título grego completo, Livro dos Salmos (Lc 20.42; At 1.20).
A poesia hebraica
Diferente da nossa poesia, a poesia hebraica tem particularidades que lhe são próprias. Walter Kaiser afirma que “mal começamos a esgotar a riqueza da poesia encontrada no Antigo Testamento”.35 Cerca de um terço do Antigo Testamento compõe-se de poesia. Apenas sete livros do Antigo Testamento não contêm qualquer poesia: Levítico, Rute, Esdras, Neemias, Ester, Ageu e Malaquias. Ela varia de trechos breves (Gn 4.23-24; Nm 21.18; 1 Sm 18.7) a composições inteiras como cânticos e hinos no Pentateuco e nos livros históricos (Gn 49.2-17; Êx 15.1- 18; 1 Sm 2.1-10); de obras poéticas longas e bem estruturadas de Jó e, no caso, Salmos à prosa oracular expressiva de Isaías 40-66, Naum e Habacuque. 
	A poesia não é uma invenção do povo de Israel. Por detrás da poesia do Antigo Testamento há a herança de uma tradição literária longa e bem desenvolvida no Antigo Oriente Próximo. Apesar de a poesia hebraica remanescente mais antiga datar dos séculos XIII e XII a.C., os rudimentos da poesia das nações circunvizinhas podem ser traçados até cerca de 3200 a.C. Temos hoje à disposição “salmos” de toda ordem provindos de quase todos os quadrantes do Levante. Desde o período das pirâmides (Reino Antigo), o Egito tem produzido poesia, algumas delas semelhantes à poesia bíblica. O exemplo mais conhecido entre os estudiosos hoje é a rudimentar semelhança que há entre o Salmo 104 e o hino ao Sol (Aton), de Aquenaton. Observe esta semelhança:37
Número de Salmos
É claro que o nosso Saltério é uma coleção de coleções anteriores. Estas coincidem, em parte, com a divisão do Saltério em cinco “livros”, em última análise, numa correspondência artificial com os cinco livros de Moisés. As divisões são as seguintes:
Livro I: 1-41
Livro II: 42-71
Livro III: 73-89
Livro IV: 90-106
Livro V: 107-150
Esta divisão é mais antiga que os manuscritos mais antigos, mas até pouco tempo atrás os estudiosos do Antigo Testamento tinham poucas informações sobre o seu significado. Recentemente, houve progresso nas pesquisas e há certo consenso que dentro de tais conjuntos maiores há outros menores. Dentre estes, destacam-se:
Grupo davídico I: 1-41
Grupo dos filhos de Corá I: 42-49
Grupo davídico II: 51-65
Grupo de Asafe: 73-83
Grupo dos filhos de Corá II: 84-88 (exceto o 86)
Grupo de louvor congregacional I: 95-100
Grupo de Aleluia: 111-117
Cânticos de ascensão a Jerusalém: 120-134
Grupo davídico III: 138-145
Grupo de louvor congregacional II: 146-150
Cada uma das divisões maiores dos cinco livros aparentemente tem relação com o uso litúrgico nas sinagogas, ou seja, o uso de um salmo para cada leitura do Pentateuco. Cada um dos cinco livros termina com uma doxologia (41.13; 72.18ss; 89.52; 106.48; e 150). O propósito das doxologias é dar louvor pelo que foi revelado acerca de Deus em cada livro. Esta ênfase no louvor está em consonância com o título hebraico atribuído ao Saltério: “louvores”. Também se harmoniza com uma mudança de lamento na primeira metade do Saltério para louvor na segunda metade. Mesmo que alguns salmos se concentrem nos interesses humanos em relação a Deus, o propósito fundamental do livro como um todo se concentra em Deus e Sua ação em benefício do Seu povo.
No que respeita à autoria, a notação mais comum é “de Davi” (ledavid, que aparece 73 vezes), significando, talvez, (1) “de autoria de Davi”, cuja musicalidade é largamente atestada no Antigo Testamento, (2) “em favor de Davi” (Sl 20), uma oração pelo rei davídico na véspera da batalha, ou (3) “pertencente a Davi”, parte de uma coleção real, talvez incluindo composições de Davi. A analogia bíblica lhe atribui outros cinco salmos cujo título não aparece: 2 (At 4.25); 95 (Hb 4.7); 96, 105, 106 (1 Cr 16).
Alguns salmos são atribuídos aos “filhos de Corá” (42-19, 84, 85, 87, 88) e a Asafe (50, 73-83). Outros são mencionados nos cabeçalhos dos salmos: Moisés (Sl 90); Salomão (Sl 72; 127); chefes de família do coro, os ezraítas Hemã (Sl 88) e Etã (Sl 89) e Jedutum (39; 62; 77).

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