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ENFOQUE - Isaías

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ENFOQUE – PROFETA ISAÍAS
	A segunda divisão do cânone hebraico se intitula “Os profetas”, ou Nebi’im. Do ponto de vista moderno, esta secção parece conter dois diferentes tipos de livros, históricos e proféticos. As nomenclaturas tradicionais para os dois tipos de escritos em Os profetas, e que datam do período medieval, são os Profetas anteriores (os livros históricos) e os Profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas (Daniel pertence aos Escritos). 
	Os quatro livros que compõem os Profetas anteriores, como os que compõem o Pentateuco, são tecnicamente obras anônimas. Seus títulos descrevem de maneira geral o conteúdo de cada livro. Estes livros exibem uma teologia profética, como “ilustrações de sermões”, que antecipa os sermões” dos profetas propriamente. 
	A segunda divisão do cânone do Antigo Testamento, Os profetas, contém não apenas os livros históricos chamados Profetas anteriores, como também uma série de livros intitulados Profetas posteriores, que estão mais diretamente ligados a pessoas específicas, a saber, Isaías, Jeremias e Ezequiel, como mencionamos. Os Profetas posteriores são chamados Profetas maiores, enquanto o quarto é uma antologia de 12 livros pequenos (Amós, Oseias, Miqueias, Sofonias, Naum, Habacuque, Obadias, Joel, Jonas, Ageu, Zacarias e Malaquias) chamada Profetas menores (“Dodekapropheton” em grego) que juntos equivalem ao tamanho de cada um dos três profetas maiores. Este arranjo provavelmente surgiu do fato de os doze profetas menores serem integrados num só pergaminho. Essa distinção maior/menor decididamente não é a mais apropriada; os termos se referem apenas ao tamanho de cada livro, não tendo implicação alguma com relação ao significado ou importância dos profetas como tais.
	“Profeta”, no sentido bíblico, é como um “porta-voz, intérprete, mediador da vontade divina”. Neste sentido, Abraão é um profeta (Gn 20.7) porque ele intercede junto a Deus pelo bem-estar de Abimeleque. Assim também Arão é um profeta para Moisés (Êx 7.2), no sentido de porta-voz de Moisés. O próprio Moisés é o profeta por excelência em razão do seu papel singular como representante e mediador da aliança sinaítica. No sentido mais amplo, os grandes profetas foram reformadores na medida em que chamavam de volta Israel às raízes mosaicas. Cristãos que somos não há como falar sobre profecia sem invocar o nome de Cristo como o Profeta Maior da verdadeira profecia.
	O profeta também era chamado “vidente”, ou seja, “aquele que tem ou recebe visões”. Uma passagem (1 Sm 9.9) indica que o termo “vidente” foi empregado mais no início da profecia, sendo mais tarde substituído por “profeta”; mas, se havia alguma diferença entre os termos, tornou-se indistinta na época do Antigo Testamento. O grande dilema, especialmente para Israel, era distinguir entre a verdadeira e a falsa profecia. Como aceitar que a profecia de um profeta como Jeremias era verdadeira enquanto a de um Hananias, seu contemporâneo, era falsa, quando ambos diziam que falavam em nome de Yahweh? Como você iria decidir? Esperar que a profecia se cumprisse? Poderia levar anos e anos e talvez nem se cumprisse naquele tempo. Sem dúvida que um dos indicativos é o fato que o falso profeta era adepto da mensagem que o povo gostava de ouvir, a saber, “paz, paz, quando não há paz” (Jr 6.14; 8.11). Já o verdadeiro profeta aponta a “guerra, fome e pestilência” como características tradicionais da verdadeira profecia (28.8, cf. 34.17). Para uma síntese do significado do termo, podemos dizer que um profeta é aquele que pode tanto proclamar quanto predizer a mensagem divina. Em resumo, sua mensagem pode ser uma proclamação como uma predição.
	Os profetas falam para o seu tempo. Eles falam do rei e de suas práticas idólatras, de profetas que dizem o que são pagos para dizer, de sacerdotes que não instruem o povo de Deus na Lei de Yahweh, de negociantes que empregam balanças adulteradas, de juízes que favorecem o rico e não proporcionam justiça ao pobre, de mulheres cobiçosas que induzem seu marido a práticas corruptas para poderem desfrutar o luxo. Tudo isso faz parte da profecia bíblica. O povo de Deus precisa de constante correção. Ao mesmo tempo, trata-se de uma mensagem de esperança, pois o Senhor não rompeu sua aliança e completará a Sua obra depois que o julgamento terminar.
	
ISAÍAS
Propósito do livro
O propósito do livro de Isaías é proclamar que a libertação acontece pela graça de Yahweh e pelo Seu poder em vez de pelo esforço e empenho humano. Esta libertação acontece tanto em nível físico (Judá não deve confiar em aliados) quanto espiritual. No plano espiritual, Isaías profetiza a respeito do Messias e Seu Reino. O livro sublinha que o Deus vivo não admite um viver perverso da parte do Seu povo da aliança e, em Lei e Evangelho, adverte que um remanescente sobreviverá às invectivas da iniquidade.
Isaías: tempo e vida
O primeiro versículo do livro dá os contornos da geografia e da história do profeta. Isaías vive no tempo específico do reinado de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá. Diferente de outros profetas cujo chamado é relatado no início do livro, o chamado de Isaías acontece no capítulo 6, no “ano da morte do rei Uzias”, ou seja, cerca de 742 a.C. Seu ministério profético foi longo, estendendo-se de 740 a 700 a.C. aproximadamente. Se sobreviveu ao reinado de Ezequias, falecido em 687, não sabemos; mas a referência a uma espécie de biografia do rei Ezequias escrita por ele em 2 Crônicas 32.32, como havia feito do rei Uzias (2 Cr 26.22), parece indicar que sim. Não há como atestar a tradição de que Isaías teria sido morto cerrado ao meio sob o reinado de Manassés. A tradição, entretanto, pode perfeitamente ser verídica. Se a referência em Hebreus 11.37 é a Isaías, a factualidade da tradição está comprovada.
Estilo
Isaías é, sem dúvida, um dos maiores escritores do Antigo Testamento cujo estilo se caracteriza pela criatividade e vivacidade. Isaías é um mestre nas figuras de linguagem. Algumas de tais características transparecem até nas traduções, embora outras sejam intraduzíveis. Imagens ou ilustrações são seguidamente empregadas para tonificar a sua mensagem. Veja, por exemplo, figuras como palhoça no pepinal (1.8) ou uma criança no meio de uma floresta com poucas árvores (10.19).
A paronomásia, que consiste na repetição de palavras semelhantes no som para realçar o impacto da mensagem, é uma das preferidas. Além das figuras de linguagem, o livro possui uma riqueza ímpar de vocabulário que não encontra paralelo em nenhum outro lugar na Bíblia. Houve alguém que fez a contagem e encontrou 2.186 vocábulos.
Mensagem
	O livro de Isaías tem sido o que mais tem sofrido com a questão envolvendo autoria. Desde o século XVIII, a crítica moderna tem costumeiramente diferenciado em o “Isaías de Jerusalém” (cap. 1-39) e o anônimo Deutero-Isaías (cap. 40-66). Naturalmente, pressupostos filosóficos sobre a possibilidade de haver profecia preditiva estão envolvidos. É possível que em nenhuma outra parte em todo o Antigo Testamento esse tema seja tão relevante como aqui em Isaías.
	Em Isaías 40-66 não é em apenas uma ou duas profecias que o profeta fala como se fosse contemporâneo com os eventos do exílio tendo Babilônia, não a Assíria, como inimigo. A mensagem é extremamente precisa ao apresentar conforto e promessa aos exilados. O exemplo maior é a identificação por duas vezes de Ciro pelo nome (44.28 e 45.1), embora a figura de Ciro esteja implicada outras vezes no contexto. A única situação como esta só ocorre na identificação de Josias em 1 Reis 13, mais ou menos três séculos antes do seu aparecimento histórico. Enquanto para os liberais estes são exemplos típicos de um autor contemporâneo ao episódio, ou seja, do século VI, para a maioria dos conservadores eles representam exemplos máximos de profecia preditiva. Alguns intérpretes conservadores sustentam que a estrutura paralela e climática de 44.26-28 seria destruída se “Ciro” fosse eliminado do texto. Para os conservadores,o argumento decisivo para a unidade de autoria de Isaías repousa no dogma, coisa que os críticos nem querem saber e repudiam esta posição como de caráter “não científico”. Os dogmas que aqui se aplicam são os mesmos quando tratamos da autoria mosaica do Pentateuco, a saber, escriturísticos e cristológicos. Não apenas o Novo Testamento em geral, mas o próprio Jesus especificamente e repetidamente faz referência às duas metades do livro como sendo ambas de Isaías. Muitas destas referências são feitas não apenas ao livro como à própria pessoa de Isaías. Em João 12.38-41, por exemplo, citações de ambas as partes do livro são atribuídas ao homem Isaías.
	Em resumo, a posição dominante hoje entre os proponentes do Método Histórico-Crítico é que o livro de Isaías foi escrito por três principais autores: 
a) Isaías, filho de Amoz, que viveu em Jerusalém do século VIII ao VII a.C. e que teria escrito os capítulos 1-39;
b) Segundo Isaías, ou Deutero-Isaías, que viveu e escreveu na Babilônia no ano 540 a.C, e que escreveu os capítulos 40-55;
c) Terceiro Isaías, ou Trito-Isaías, que viveu em Judá no período pós-exílico e que escreveu os capítulos 56-66.
Críticos conservadores entendem que o autor de todo o livro é o profeta Isaías, filho de Amoz, que viveu em Jerusalém no século VIII a.C. Nenhuma versão antiga dá evidências que o livro tenha sido dividido em duas partes. A LXX, século III a.C., não contém nenhum indício de separação entre “Primeiro” e “Segundo” Isaías, não obstante divida outros livros como Samuel, Reis, Crônicas. O manuscrito completo de Isaías (1QIsa) encontrado nas cavernas de Cumrã em 1947, no mar Morto, não apresenta a menor divisão entre os capítulos 39 e 40. Antes, 40.1 é exatamente a última linha da trigésima segunda coluna, sem espaço significativo no final da linha anterior.
	O nome “Isaías” significa “Yahweh é salvação” (bastante parecido com outros nomes como Oseias, Josué e Jesus). Sabemos poucos detalhes da vida do profeta; mas temos o suficiente para dizer que, excetuando Jeremias, é o profeta do qual mais informações possuímos no Antigo Testamento. Do seu pai Amoz (não confundir com o profeta Amós) sabemos apenas o nome. Não sabemos também se nasceu em Jerusalém, mas sabemos que estava bem entrosado na cidade e que exerceu nela todo o seu ministério. Muitos o consideram sacerdote ou ao menos um líder do templo devido à sua presença dentro do templo por ocasião do seu chamado, coisa que só a sacerdotes era permitido. Outros o colocam como integrante da classe médica em vista de suas orientações “médicas” ao rei Ezequias (38.21).
	
Capítulos 1-39
Geograficamente, os acontecimentos onde se desenrolam estes capítulos é Judá, mais especificamente sua capital, Jerusalém. Dois eventos históricos dominam a narrativa: as marchas do exército assírio sob o comando do rei Tiglate-Pileser III (745-727 a.C.) e a destruição de Judá por outro rei assírio posterior chamado Senaqueribe, em 701 a.C. Judá está repleta de crimes de toda ordem: rebelião, ritualismo religioso, imoralidade. Deus está por aplicar julgamento por meio de invasores estrangeiros cuja velocidade e malignidade assolam a terra. Isaías estabelece um contraste entre os dois reis que se defrontam com a ameaça da Assíria. Acaz oscila entre a ordem divina de “manter uma fé firme” (7.9) e o medo das ciladas dos reis de Israel e Damasco que o atormentam para que entre na coligação contra Tiglate-Pileser (7.1-2). Ezequias, contudo, não vacila em sua atitude diante da ameaça de Senaqueribe ao invadir Judá em 701. Embora o monarca assírio tenha destruído várias cidades fortificadas de Judá, a confiança de Ezequias no Senhor, ao contrário da de seu pai Acaz, não se abalou. O exército assírio foi aniquilado. Essas duas narrativas, de Acaz e Ezequias, ancoram a primeira metade do livro, demonstrando a importância da fé.
Capítulos 40-66
Teologicamente, a ênfase desta segunda parte de Isaías está não mais no Messias como tal, mas na escatologia, ou seja, a alegria da restauração de Sião. O retorno a Jerusalém após o exílio babilônico com o edito de Ciro, em 538, não é apenas pintado em cores escatológicas e cosmológicas, mas ambos são entrelaçados, ou seja, o evento histórico é um tipo ou antecipação do evento maior, a saber, a restauração de todas as coisas. Longe de ser um fracasso de Yahweh, o exílio antes de tudo representa uma vitória e de certa forma uma vingança da Sua revelação aos profetas.

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