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Caminho da Informação Jornalística

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05/12/13 online.unip.br/Imprimir/ImprimirConteudo
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Nenhum acontecimento nasce notícia. Notícia é uma construção empreendida por um
complexo sistema empresarial e social. Um fato vira notícia quando os jornais fazem referência a
ele em seus noticiários. Os eventos acontecem no mundo, e os meios de comunicação de massa os
hierarquizam, definindo o que é ou não notícia, o que recebe mais ou menos destaque nos
noticiários.
Há acontecimentos que em um determinado contexto viram notícias, em outros não. Por
exemplo: um caso de bigamia no Brasil poderia facilmente virar assunto de noticiário, o que
dificilmente aconteceria em um país em que a prática da bigamia é aceita legal e culturalmente.
Existem também critérios de ordem ideológica. Há vários bairros periféricos de grandes cidades que
cotidianamente sofrem com falta d´água e isso não desperta atenção dos grandes órgãos de
imprensa. Mas aí um dia uma região mais nobre fica sem fornecimento de água... e isso vira notícia.
Assim a atividade básica do jornalismo consiste na seleção e classificação de informações.
Um jornal começa a ser produzido a partir de um planejamento em que são escolhidos os assuntos
que deverão fazer parte da edição, esse momento em que se monta a PAUTA.
Nas redações é comum que se realizem reuniões de pauta, quando se decide quais os
acontecimentos que deverão receber apuração pelo jornal e poderão virar matérias. Definido isso,
os assuntos pautados são distribuídos à equipe de repórteres. Cada repórter, dupla ou grupo de
reportagem deve então começar o estágio seguinte do trabalho: a APURAÇÃO. Aí deve sair a
campo para pesquisar e investigar o tema, para isso precisa consultar variadas FONTES.
Feito este trabalho, o repórter deve então dar corpo à reportagem a partir das informações
recolhidas junto às fontes. Depois a matéria passa pelo editor responsável que irá avaliar se está
adequado ao perfil do jornal, a qualidade do texto/imagens e se o trabalho de apuração foi bem
realizado. Em alguns veículos de comunicação há a função do “checador” que faz a checagem das
informações usadas nas matérias antes de serem publicadas.
O editor também decide quais as matérias irão fazer parte da edição – isso define em
função do espaço/tempo que tem, da qualidade e/ou impacto dos assuntos. Uma pauta que nasce
tímida, com previsão de se tornar um pequeno texto, pode no processo de apuração revelar
detalhes e desdobramentos interessantes e com isso ganhar mais espaço. Da mesma forma, outra
pauta considerada inicialmente de grande destaque pode não obter material muito bom na
apuração e assim perder espaço na edição, podendo até mesmo ser cancelada.
Então, em termos gerais, o caminho da informação segue o seguinte esquema antes de ser
publicada e distribuída como notícia: 
PAUTA > APURAÇÃO > EDIÇÃO
 
Nesse processo, as notícias são constituídas e várias redes internas das redações e do
jornalismo atuam aí. As empresas jornalísticas possuem redes de informação organizadas conforme
critérios de importância. Um exemplo é a variante territorial: os grandes jornais raramente chegam
à cobertura de assuntos do âmbito de interesse comunitário.
Algumas das redes que influenciam no processo de constituição das notícias, segundo
Juvenal Zanchetta Jr. (Imprensa escrita e telejornal. São Paulo: Unesp, 2004):
- Geopolítica da notícia: quanto mais distante dos centros de decisão, menor a
probabilidade do evento se transformar em notícia.
- Agências de notícia: grande parte da informação que circula pelos meios jornalísticos no
mundo é advinda das grandes agências internacionais. Isso acarreta uma grande padronização
dos conteúdos, bem como das versões e pontos de vista.
- Rede de informação externa: um repertório de fontes muito conhecidas e acionadas
fornece grande parte das informações aos jornais. A burocratização da profissão e o pouco tempo
para a apuração faz com que não se busque fontes originais e versões realmente variadas nas
coberturas. O oficialismo (uso excessivo de versões oficiais) é ainda um fantasma que ronda o
jornalismo dos grandes meios de comunicação – não falamos em oficialismo quando se utiliza
apenas versões fornecidas pelos poderes públicos, mas também por empresas e grupos privadas,
partidos políticos e outras instituições.
Vale notar as opiniões de especialistas que os veículos de comunicação fazem uso. É muito
comum que um grupo de alguns poucos comentaristas sejam constantemente acionados para
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comentar os mais variados temas. Com isso, têm-se sempre os mesmos pontos de vista
(acompanhe atentamente o noticiário econômico dos grandes jornais e será fácil notar como os
especialistas convidados sempre comungam de uma mesma visão sobre a economia), não há de
fato a apresentação de abordagens variadas.
- Financiamento: a propriedade dos meios de comunicação de massa no Brasil é
historicamente concentrada nas mãos de poucos grupos políticos e/ou familiares. As questões
econômicas têm um peso considerável na formulação dos noticiários – seja porque os grandes
jornais são empresas e respondem aos objetivos administrativos de funcionamento e obtenção de
lucro; seja pela forma como angulam os acontecimentos em função dos interesses políticos e
econômicos dos grupos que controlam os meios de comunicação de massa.
- Opinião pública: a “opinião pública” é uma expressão muito ambígua, de difícil identificação
e definição. Mas os jornais normalmente mantêm algum acompanhamento sobre as opiniões dos
leitores, principalmente temendo perder credibilidade. Por meio de pesquisas, das
correspondências de leitores e da atuação de ombusdman (espécie de ouvidor dos jornais), os
meios de comunicação aferem (pelo menos, acreditam nisso) o que o público pensa e isso interfere
na montagem de pautas e formas de apuração.
- Cultura jornalística: nas redações é comum que existam manuais de condutas internas.
Normalmente trabalham com idéias genéricas e interpretações flexíveis. Além disso, há certos
padrões de comportamento que são disseminados na “classe” jornalística e que são interiorizados
pelos profissionais – que reproduzem essas condutas boa parte das vezes sem refletir sobre elas.
Um exemplo que pode ser usado aqui é a busca contínua de muitos repórteres e editores por
“denúncias”, que ganham tratamento sensacionalista, configurando o chamado “denuncismo”.
Muitos jornalistas infelizmente acreditam que sua missão é denunciar e com isso perdem de vista
um trabalho mais apurado de informar.
 
Exercício de Fixação:
É possível afirmar que todo acontecimento nasce notícia?
A- Sim, porque acontecimento e notícia são sinônimos.
B- Sim, porque a notícia existe independentemente da imprensa.
C- Sim, porque todos os acontecimentos têm vocação para ser notícia.
D- Não, porque nem todo o acontecimento tem o entretenimento como apelo
jornalístico.
E- Não, porque notícia é uma construção realizada por um complexo sistema
empresarial e social.
 
Resposta: E
Comentário: Nem todo acontecimento nasce como “notícia”, justamente porque é uma
construção elaborada segundo padrões sociais e empresariais.

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