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Transgêneros e Direitos Humanos: Uma questão de saúde

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA
 
 
CAROLINA DE AGUIAR COSTA
GABRIEL PAZ DE LIMA
MARIA GIOVANNA TRINDADE ROCHA
 
 
TRANSGÊNEROS E DIREITOS HUMANOS: 
UMA QUESTÃO DE SAÚDE
BELÉM
2016
INTRODUÇÃO
Nota-se, cada vez mais presente no cenário contemporâneo, movimentos que vem ganhando destaque na sociedade atual e que tem como objeto de discussão temas que perpassam a sexualidade humana. E, dentro deste enorme conteúdo, percebe-se que a “questão transgênero” vem ocupando lugar de destaque e discussão no Brasil e no mundo, visto que ainda há um grande debate sobre o tema quanto aos Direitos Humanos e o acesso à serviços de saúde.
O transgênero é aquele indivíduo que não se identifica com o seu sexo biológico, ou seja, seu sexo de nascença, podendo optar por fazer a cirurgia de mudança de sexo ou não. 
Além disso, este tema é um assunto que necessita ser gradativamente discutido, principalmente em decorrência das muitas confusões sobre os Pilares da Sexualidade Humana: gênero, orientação sexual, papel sexual e identidade sexual, este último relacionado aos transgênero e transexuais, temas estudados pelo notório sexólogo Cláudio Picazio, 1998. 
Observa-se que pouco se sabe dos aparatos legais que permeiam o tema e de que forma o subsídio do Sistema de Saúde, no caso do Brasil, o SUS, pode estar relacionado no que tange aos processos cirúrgicos e a sua assistência, já que, segundo Santos et al (2015), além de ações voltadas para a saúde do público LGBTT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Transexuais – há a necessidade de um novo olhar diante da atuação ética e bioética entre o usuário e profissional, tendo em vista a existência de preconceitos e discriminação para com esse público. Além de tudo, os Direitos Humanos estão intimamente relacionados com o tema e necessitam serem compreendidos para que se possa entender o seu reflexo na assistência à saúde dos transgêneros, promovendo a discussão sobre a importância da sexualidade como componente da atenção à saúde. 
Portanto, este trabalho tem como objetivo maior a compreensão do tema, desmistificando-o e levando para a comunidade acadêmica, debatendo este tema que ainda é considerado “tabu”, perpassando por temas como assistência à saúde, Direitos Humanos e a inclusão por meio de aparatos legais.
DEFINIÇÃO DE TERMOS: UM LEQUE DE POSSIBILIDADES DE COMPREENSÃO DA SEXUALIDADE HUMANA
Está em voga na sociedade atual uma ampla discussão sobre temas que permeiam a sexualidade e a questão dos gêneros. 
“O termo ‘sexualidade’ nos remete a um universo onde tudo é relativo, pessoal e muitas vezes paradoxal. Pode-se dizer que é o traço mais íntimo do ser humano e como tal, se manifesta diferentemente em cada indivíduo e de acordo com a realidade e as experiências vivenciadas pelo mesmo” (FAVERO, 2009). 
No entanto, diante de um mundo que congrega uma diversidade de conceitos, princípios, concepções, ideias e juízos, alguns termos podem ser confundidos. 
Um amplo estudo foi feito pelo sexólogo Cláudio Picazio em 1998 envolvendo quatro pilares da sexualidade humana: gênero, orientação sexual, papel sexual e identidade sexual, em que tentou explicar como eles se combinam, formando as mais diferentes variações sobre o tema.
O sexo está relacionado à biologia, podendo ser classificado como sexo masculino e feminino, seu critério de classificação envolve aspectos orgânicos, como cromossomos, níveis hormonais e órgãos reprodutivos. Já o gênero envolve o aspecto social, baseado em uma classificação que a sociedade impôs para determinar o que é do gênero masculino e o que é do gênero feminino. Logo, o sexo está relacionado à biologia, e o gênero envolve o aspecto social. Entretanto, 
“O gênero vai além do sexo: o que importa, na definição do que é ser homem e mulher, não são os cromossomos ou a conformação genital, mas a autopercepção e a forma como a pessoa se expressa socialmente” (DE JESUS, 2012).
Já a orientação sexual está relacionada com o desejo e atração. São classificados em: Homossexual, atração por pessoas do mesmo sexo, Heterossexual, atração por pessoas de sexo diferentes, Bissexual, atração por ambos os sexos, masculino e feminino e Assexual, atração por nenhum dos sexos. 
O papel sexual, conhecido também como expressão do gênero, concerne ao comportamento: mais masculinizado ou mais efeminado. Papéis sexuais são grande fonte de discriminação, uma vez que é exatamente como a sociedade percebe o indivíduo e se esse papel não está em acordo com o que “se espera” do gênero, a intolerância começa a ser praticada por muitas pessoas. Gênero e papel sexual são similares, no entanto, eles diferem no seguinte aspecto: o gênero é a classificação que a sociedade fez para identificar homens e mulheres, já o papel sexual é a forma como a pessoa se apresenta, sua aparência e seu comportamento, de acordo com expectativas sociais de aparência e comportamento de um determinado gênero, logo, dependem da cultura em que a pessoa vive. Tomamos o seguinte exemplo: um homem homossexual, cisgênero, com comportamento que remete a sociedade ao feminino; seu sexo é masculino, seu gênero é masculino, já que, à primeira vista, ele remete ao masculino, como vestimentas, por exemplo, e o papel sexual definidos pela cultura brasileira, representa um comportamento feminino. 
Por fim, há a Identidade sexual, que se refere à percepção, e o modo como o indivíduo se percebe, como homem ou como mulher. É conhecido também como “sexo cerebral”. Neste pilar, relacionam-se os transgêneros e transexuais, que não se identificam com o seu sexo de nascença e o gênero.
Vale ressaltar, ainda, que estes pilares são independentes, ou seja, cada um é único e não deve ser confundido nem substituído por outro; isso promove a diversidade e a imersão nesse universo relativo, pessoal, íntimo e paradoxal, como ressaltou FAVERO (2009).
Ainda há uma confusão no que tange ao campo da identidade sexual, relacionando transgênero, transexual e travesti. A classificação transgênero é a mais geral, pois abrange o grupo diversificado de pessoas que não se identificam, em graus diferentes, com comportamentos e/ou papéis esperados do gênero que lhes foi determinado ao seu nascimento. 
“O transgênero é aquele que não se sente saudável com o seu sexo biológico, caracterizando-se como um ser do sexo oposto, adotando nome próprio, vestindo-se como tal, além de preferir ser sempre referido com o sexo que escolheu. Já o transexual, além de não estar saudável com o seu sexo biológico, não aceita ter ‘nascido no corpo errado’, por isso, geralmente opta pela cirurgia de mudança de sexo, adquirindo um modelo de vida completamente diferente da que possuía antes” (DE JESUS, 2012).
De acordo com De Jesus (2012), especialista no assunto, “dois aspectos cabem na dimensão transgênero, enquanto expressões diferentes da condição, a vivência do gênero como: Identidade e Funcionalidade.” A Identidade caracteriza os transexuais e os travestis, já a funcionalidade é representada pelos crossdresses e pelos transformistas: drag queens e drag kings. A identidade representa, de fato, as pessoas que não se identificam com o seu sexo biológico, podendo fazer ou não a cirurgia de mudança de sexo, ou como pertencente a um terceiro gênero ou não-gênero, no caso dos travestis. Já a funcionalidade concerne às pessoas que se vestem e/ou incorporam o sexo oposto, geralmente com roupas pomposas e extravagantes, mas não necessariamente são transgêneros. Os crossdresses são pessoas que frequentemente se vestem, usam acessórios e/ou se maquiam diferentemente do que é socialmente estabelecido para o seu gênero, sem se identificar como travesti ou transexual. Geralmente são homens heterossexuais, casados, que podem ou não ter o apoio de suas companheiras. Os transformistas são artistas que se vestem, de maneira estereotipada, conforme o gênero masculino ou feminino, para fins artísticos ou de entretenimento. Ademais, a sua personagemnão tem relação com sua identidade de gênero ou orientação sexual.
A transexualidade é uma questão de identidade. Não é uma doença mental, perversão sexual, muito menos uma doença debilitante ou contagiosa. Ela é identificada ao longo de toda a história e no mundo inteiro. A novidade é que os avanços médicos permitiram que mulheres e homens transexuais pudessem adquirir uma fisiologia quase idêntica à de mulheres e homens biológicos. As pessoas transexuais lidam de formas diferentes e em graus diferentes com o gênero ao qual se identificam. Segundo De Jesus (2012), uma parte das pessoas transexuais reconhece essa condição desde pequenas, outras tardiamente, pelas mais diferentes razões, em especial as sociais, como a repressão. A resposta mais simples e completa que define as pessoas transexuais é a de que: mulher transexual é toda pessoa que reivindica o reconhecimento como mulher e homem transexual é toda pessoa que reivindica o reconhecimento como homem. 
“Todos os/as transexuais expressam um desconforto com seu sexo biológico, mas nem todos desejam se submeter a todos os procedimentos e em tempos iguais. A transexualidade não elimina a subjetividade de cada um e não impede que cada sujeito viva e entenda a sua transexualidade através das suas experiências pessoais” (SAMPAIO, COELHO. 2012).
De Jesus (2012) ressalta que, ao contrário do que alguns pensam, o que determina a condição transexual é como as pessoas se identificam, e não um procedimento cirúrgico. Cada pessoa transexual é tratada de acordo com o seu gênero: mulheres transexuais adotam nome, aparência e comportamentos femininos, querem e precisam ser tratadas como quaisquer outras mulheres. Homens transexuais adotam nome, aparência e comportamentos masculinos, querem e precisam ser tratados como quaisquer outros homens. 
Uma pessoa transexual pode ser bissexual, heterossexual ou homossexual, dependendo do gênero que adota e do gênero com relação ao qual se atrai afetivo-sexualmente, portanto, mulheres transexuais que se atraem por homens são heterossexuais, tal como seus parceiros, homens transexuais que se atraem por mulheres também; já mulheres transexuais que se atraem por outras mulheres são homossexuais, e vice versa. 
Transexuais sentem que seu corpo não está adequado à forma como pensam e se sentem, e querem corrigir isso adequando seu corpo ao seu estado psíquico; isso pode se dar de várias formas, desde tratamentos hormonais até procedimentos cirúrgicos. 
“Para a pessoa transexual, é imprescindível viver integralmente como ela é por dentro, seja na aceitação social e profissional do nome pelo qual ela se identifica ou no uso do banheiro correspondente à sua identidade, entre outros aspectos. Isso ajuda na consolidação da sua identidade e para avaliar se ela pode fazer a cirurgia de adequação do órgão genital” (DE JESUS, 2012).
Já as travestis são as pessoas que vivenciam papéis de gênero feminino, mas não se reconhecem como homens ou como mulheres, mas como membros de um terceiro gênero ou de um não-gênero. É importante ressaltar que travestis, independentemente de como se reconhecem, preferem ser tratadas no feminino, considerando insultoso serem adjetivadas no masculino. 
A nossa sociedade tem estigmatizado fortemente as travestis, que sofrem com a dificuldade de serem empregadas, mesmo que tenham qualificação profissional, e acabam, em sua maioria, sendo forçadas a trabalharem como profissionais do sexo. Entretanto, nem toda travesti é profissional do sexo. Tem-se discutido a sua utilidade na contemporaneidade, quando se entende que as pessoas transgênero não se “travestem” no sentido original da terminologia, e que há os termos: transexual e crossdresser (termo novo, variante de travesti, que se refere a homens heterossexuais, geralmente casados, que não buscam reconhecimento e tratamento de gênero - não são transexuais -, mas, apesar de vivenciarem diferentes papéis de gênero, tendo prazer ao se vestirem como mulheres, sentem-se como pertencentes ao gênero que lhes foi atribuído ao nascimento, e não se consideram travestis) para se referir a dimensões melhor definidas da vivência transgênero (DE JESUS, 2012).
Há ainda as pessoas que não se identificam com qualquer gênero. Aqui no Brasil ainda não há consenso quanto a como denominá-las. Alguns utilizam o termo queer, outros, a antiga denominação andrógino ou, ainda, reutilizam a palavra transgênero. 
Uma outra definição que é importante ser destacada é o cisgênero: basicamente, é um não-transgênero: um indivíduo que aceita o seu sexo de nascença e a sua identidade sexual.
Tem sido utilizado o termo “transfobia” para se referir a preconceitos e discriminações sofridos pelas pessoas transgênero, de forma geral. Muito ainda tem de ser enfrentado para se chegar a um mínimo de dignidade e respeito à identidade das pessoas transexuais e travestis, para além dos estereótipos.
Nota-se, portanto, que a sexualidade e as identidades de gênero são vastas, o que incluiu uma gama de definições e termos relacionados ao tema, mas todas as pessoas gozam dos mesmos direitos e necessitam ser respeitadas como qualquer outro indivíduo. Além disso, percebe-se que as mulheres transexuais ocupam posições de sujeito múltiplas, em constante busca pelo reconhecimento social de sua legitimidade humana. Trata-se de subjugar o corpo não só a performatizar expressões de gênero, como vai além, pois cria modos de sentir este corpo, sujeitando-o a perceber sensações conforme socialmente prescrito, não deixando espaços para outras possibilidades de existência. Conclui-se que a discussão que envolve o Processo Transexualizador traz subsídios para o campo da saúde acerca das modificações corporais vivenciadas pelas mulheres, que precisam ser implementadas na assistência prestada à esta população (PETRY, 2015).
EVOLUÇÃO DA CONFIGURAÇÃO HISTÓRICO-SOCIAL: UM APANHADO GERAL SOBRE O TEMA
Diferentes formas de se pensar e de agir sobre temas que estão relacionados com os vários pilares da sexualidade humana definidos por PICAZIO (1998) são inerentes ao ser humano desde a sua convivência com outros grupos e tribos e que, ao longo do tempo, vieram sendo, gradualmente, estudadas e desmistificadas. 
Em meados do século XIX e XX, a psicologia começou a estudar essa vasta gama de identidades e orientações (FOUCAULT, 1999). Em um primeiro momento, teve-se que a homossexualidade era uma doença mental e vários métodos de cura da “perversão” foram sugeridos, como castração e terapia de choque. Nenhuma dessas técnicas teve o efeito pretendido (LEGEWIE, HEINER & EHLERS, WOLFRAM, 1992). Sigmund Freud, um famoso e importantíssimo estudioso da psicologia humana, contribuiu para que essa idéia se transformasse, embora considera-se fundamental os estudos de Alfred Kinsey para a revisão das teorias psicológicas vigentes na época. Kinsey foi o cientista que fundou o Instituto de Pesquisa Sobre o Sexo, hoje chamado de Instituto Kinsey para Pesquisa sobre Sexo, Gênero e Reprodução. Suas pesquisas sobre a sexualidade humana influenciaram profundamente os valores sociais e culturais dos Estados Unidos, principalmente na década de 1960, com o início da chamada "revolução sexual". Ainda hoje, suas obras são consideradas fundamentais para o entendimento da diversidade sexual humana (DE OLIVEIRA, 2014).
Um fato a ser considerado é a de que, segundo os arquivos históricos, a primeira mulher a se submeter à cirurgia de mudança de sexo; Lili Elbe, nascida em 1882 e falecida em 1931, é, provavelmente, a primeira mulher transgênero a fazer a Cirurgia de Redesignação Sexual (CRS). Consta em seu registro de nascimento o nome de Einar Magnus Andreas Wegener e era casado com Gerda Wegener. Lili Elbe faleceu em consequência de complicações pós-operatórias que surgiram meses após sua 5ª cirurgia de readequação sexual, numa cirurgia de transplante de útero. Em 2015, um filme foi produzido retratando a sua história como pioneira na CRS: “A Garota Dinamarquesa”, vencedor de Oscar (MEYER, 2010). 
Nota-se, portanto, que esta é uma discussãocom enfoque correto recente; (a Organização Mundial de Saúde – OMS retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças apenas em 1990, por exemplo) e cada vez mais grupos e associações, compostas de pessoas de vários segmentos sociais, se mobilizam para garantir os direitos dos transgêneros e sub-grupos (travestis, transexuais e outros); concomitantemente a isso, transgêneros assumem postos de destaque na sociedade, atraindo maior atenção para a causa e fomentando um maior debate no que tange ao tema e aos Direitos Humanos, concernente a todos os cidadãos. Além disso, é importante ressaltar que as garantias e direitos pouco a pouco vão sendo alcançados pelos transgêneros, tema que será discutido posteriormente, visto que este é um tema ainda pouco debatido e que, gradualmente, vai ganhando destaque na sociedade.
HEREDITARIEDADE OU MEIO AMBIENTE: ATÉ QUE PONTO ESSA DISCUSSÃO AJUDA A SUPERAR O PRECONCEITO?
Kennedy (2008) demonstra que as crianças transgênero costumam ser vítimas de supressão, ocultação, medo e repressão. Não é raro que a infância das crianças transgênero seja marcada por situações de conflitos e discriminação, podendo levar a um isolamento social ou um quadro de depressão. (SOUZA ALVES et al. 2015.)
 Segundo Kennedy (2008), há dois tipos de crianças transgênero: as “não aparentes” e as “aparentes”. Crianças trangênero “não aparentes” são caracterizadas como não sendo conhecidas como trans por um adulto, enquanto que “aparentes” são conhecidas por serem trans por pelo menos um adulto significativo nas suas vidas. As crianças transgênero aparentes são minorias.
No estudo de Kennedy (2008), dados tirados de uma análise de um artefato online sugeriam que a idade média em que as pessoas trans se tornam conscientes de sua condição é de aproximadamente 8 anos de idade, e que mais de 80% das pessoas transgênero se tornam conscientes de que são trans antes de deixarem a escola primária. O presente estudo inclui dados de uma pesquisa online de adultos transgênero sobre suas memórias de infância.
Ainda segundo Kennedy (2008), um dos sentimentos iniciais mais comuns sobre essas manifestações era que “Deus cometeu um erro”, o que indica que algumas crianças transgênero sentiram fortemente a situação em tenra idade. Quando lhes pediram para “descreverem suas primeiras memórias de serem trans” as respostas pareciam sugerir uma percepção fortemente identificável de que algo está “errado” com elas: “Eu costumava sonhar que Deus percebera que estava errado e que eu acordaria como uma menina”. “Eu costumava ir para a cama e rezar para que eu acordasse com tudo em seu devido lugar”. “Eu costumava chorar até dormir, desejando que eu acordasse como uma menina de cerca de 7 anos de idade”. Aqui, as respostas sugerem que as crianças transgênero parecem estar começando a internalizar a percepção de que elas são o problema, que há algo de errado com elas, embora, nesta fase, Deus seja o culpado. A seguinte descrição vívida da primeira experiência escolar de uma criança também sugere que, para as crianças mais novas, a culpa por sua situação ainda não está internalizada: “Foi o meu primeiro dia na escola e mandaram os meninos fazerem fila à direita e as meninas fazerem fila à esquerda. Eu fui para a esquerda, mas ‘eles’ me mandaram para a fila da direita. Eu me lembro de ter chorado o dia todo porque ‘eles’ entenderam errado”. Essa forte ligação emocional com sua identidade de gênero parece se desenvolver desde uma idade muito jovem; neste caso, sendo atribuído um gênero, que é diferente do que é entendido internamente, parece ser um choque emocional. No entanto, o que é significativo na citação acima, é que “eles” entenderam errado. Esta fonte de culpa, no entanto, parece mudar à medida que as crianças crescem, e se tornam direcionadas para o interior, especialmente quando entram em maior contato com outras crianças na escola.
O corpo é percebido como sua identidade, como sua construção pessoal. Portanto, a forma como ele é reconhecido no processo psíquico de alienação e separação é crucial para que este sujeito reconheça sua configuração corporal da forma como ele percebe que deve ser. 
“As normas de gênero que definem, à primeira vista, quem é homem ou mulher devem estar em acordo com o esperado do seu gênero performatizado, daí podemos pensar que essas crianças buscam a modificação do corpo que nasceu. Isso não quer dizer que sua posição sexual será condizente com o esperado para sua configuração corporal” (SOUZA ALVES et al. 2015).
Segundo Kennedy (2008), crianças transgênero frequentemente sentem que precisam esconder suas identidades de gênero, por ser “inaceitável” socialmente. Esse medo se daria ao fato de que os grupos de gênero costumam difamar os outros, principalmente em idade escolar, onde meninos inicialmente se parecem fisicamente com meninas e o que os difere são os cortes de cabelo, vestimentas e preferências, sendo assim qualquer comportamento atribuído a outro gênero significaria exclusão desse grupo.
O custo humano, especialmente para as pessoas transgênero em si, de manter a quimera de um gênero binário imutável e exclusivo está se tornando cada vez mais evidente. A internalização de auto-ódio, culpa, dúvida e baixa autoestima na infância afeta as pessoas trans ao longo de suas vidas. Qualquer sistema de ensino, ou mesmo a sociedade que permite que este estado de coisas continue, não é totalmente inclusiva como também não é totalmente humana.
Ressalta-se o que diz Stanley R et al (2014): as crianças que no início da vida que indicam ser de um genero diferente daquele implicado por sua atribuição sexo de nascença, são tenazes em suas afirmações de identidade, e demonstram angústia sobre a incongruência entre sua fisicalidade. Uma área de controvérsia é se as crianças devem ser autorizadas a transição socialmente no início vida ou se seria melhor "esperar para ver", dado que muitas crianças parecem superar a sua disforia de gênero cedo . A abordagem clínica tem sido usada de forma intervir para ajudar os jovens a aceitar o sexo implícito por sua atribuição sexo nascimento, com a premissa de que isso vai reduzir o estigma social e permitir uma melhor aceitação social e a suposição de que as crianças são maleáveis ​​em seu gênero. Esta estratégia de intervenção foi recentemente menos favorável e tem sido questionada.
O ato de “esperar para ver” se a criança é realmente transgênero pode ser uma decisão relativamente ruim já que de acordo com Lambrese (2010) uma criança que decide mudar seu sexo, em seguida, começa aplicar hormônios do sexo oposto vai alcançar uma "aparência mais normal e satisfatória" após puberade do que se ele ou ela tivesse esperado até à idade adulta, caso em que muitas características irreversíveis (por exemplo, altura) ou unicamente cirurgicamente características reversíveis (por exemplo, de mama e de desenvolvimento genital). As crianças que foram tratadas antes da puberdade tem melhores resultados psicossociais, melhor ajustamento social e menos complicações psquiátricas (LAMBRESE, 2010).
A INCLUSÃO SOCIAL DOS TRANSGÊNEROS POR MEIO DE APARATOS LEGAIS: DIREITOS HUMANOS EM FOCO
“No decorrer de algumas décadas, houve uma dramática mudança, tanto em termos psicológicos quanto de direitos civis, na convulsiva arena social e cultural em que os travestis, os transexuais e os assim chamados transgêneros vivem, são definidos e se definem” (ARGENTIERI, 2009). 
As discussões acerca das questões relacionadas à quebra do “padrão hétero” estão em destaque hoje. O foco principal sempre recaiu na homossexualidade masculina talvez pela importância social do simbolismo que o foi dado ao homem pela sociedade desde as sociedades antigas.
“Os movimentos: homossexual, travesti e transexual se expressam por lutas políticas que buscam segurança e atenção, uma vez que não são vistos como de acordo com o padrão normal de gênero estipulado pela sociedade” (VIANNA; LACERDA, 2004). Nesses pouco mais de 30 anos, os movimentos da população LGBTT concentraram-se no combateà discriminação e ao preconceito, especialmente da homofobia. O Brasil conta com dispositivos legais responsáveis pela integração de transgêneros. Entre eles, o Decreto nº 7.288 de 9 de dezembro de 2010, que estabelece o Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT) e o define como um órgão colegiado, integrante da estrutura básica da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), e o Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB (Gays, Lésbicas, Transgêneros e Bissexuais) e de Promoção da Cidadania de Homossexuais “Brasil sem Homofobia”. “O Governo Federal, ao tomar a iniciativa de elaborar o Programa, reconhece a trajetória de milhares de brasileiros e brasileiras que desde os anos 80 vêm se dedicando à luta pela garantia dos direitos humanos de homossexuais” (SANTOS et al, 2015). Posteriormente, o governo federal firmou o Decreto de 4 de junho de 2010, instituindo o dia 17 de maio como Dia Nacional de Combate à Homofobia (BRASIL, 2010). De acordo com Raupp (2006), desenvolver a ideia de direitos sexuais na perspectiva dos direitos humanos norteia para a possibilidade do livre exercício responsável da sexualidade criando as bases para uma regulação jurídica que supere as tradicionais abordagens repressivas que caracterizam as intervenções jurídicas nesses domínios.
A presidente Dilma Rousseff assinou em 28 de abril de 2016 um decreto que autoriza a adoção do nome social por travestis e transexuais nos órgãos do Poder Público federal como ministérios, autarquias, empresas estatais, instituições de ensino e no Sistema Único de Saúde (SUS). "É um reconhecimento, é tirar da invisibilidade, é uma forma de enfrentar a violência e a exclusão dessas pessoas às políticas públicas. (…) Portanto, uma pessoa que nasceu João e hoje é Maria, quando ela for ser atendida pelo SUS, será chamada de Maria porque no seu crachá tem o seu nome social Maria, e não João", disse Sottili, o secretário de Direitos Humanos do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e Direitos Humanos. 
“Na prática, implica dizer que as pessoas vão poder usufruir de toda a máquina governamental, inclusive as políticas públicas de inclusão social, sendo tratadas pela identidade de gênero que a representam. Sottili informou que a mudança não vale para registros oficiais como o documento de identidade, porque, para isso, é necessária a aprovação de uma lei” (PORTAL BRASIL, s/d).
Entretanto, no dia 18 de maio de 2016, alguns deputados protocolaram um projeto para impedir transexuais e travestis de usarem o nome social. De acordo com o site O Globo, “Parlamentares de dez partidos protocolaram, nesta quarta-feira, projeto de decreto na Câmara dos Deputados que pretende sustar os efeitos do decreto nº 8727, aprovado pela presidente afastada Dilma Rousseff, no dia 28 de abril. O PDC 395/2016 defende a suspensão do direito concedido a travestis e transexuais que trabalham no serviço público federal de utilizarem o nome social em seus crachás e documentos oficiais”. Se o projeto for aprovado, representará um enorme retrocesso à conquista que o público LGBT e a presidente Dilma lutaram para tornar-se decreto.
No contexto acadêmico, a Universidade Estadual do Pará (UEPA) conta com a Resolução Nº 2887/15-CONSUN, 16 de Setembro de 2015, que regulamenta a utilização do nome social em cumprimento da legislação por estudantes, servidores técnico-administrativos e docentes na universidade. Tal fenômeno justifica-se, pois o desejo transexual para se tornar um homem ou uma mulher não deve ser descartado como um simples desejo de estar em conformidade com as categorias de identidade estabelecidas. Ele pode ser um desejo de transformação em si, uma busca de identidade como um exercício de transformação, um exemplo do próprio desejo como uma atividade transformadora. Mas, mesmo que haja, em cada um destes casos, desejos de identidade estável no local de trabalho, parece crucial para perceber que uma vida habitável não requerem vários graus de estabilidade. 
“Da mesma forma que uma vida para a qual não existem categorias de reconhecimento não é uma vida vivível, então uma vida para os quais essas categorias constitui restrição inabitável não é uma opção aceitável” (BUTLER, 2004).
SUBSÍDIOS E SUPORTE DO SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO: COLOCANDO EM CENA O TEMA DOS DIREITOS HUMANOS
A pressão exercida por diferentes movimentos sociais vinculados à defesa dos direitos da população LGBT, desde a década de 1980, exigiu do Ministério da Saúde, inicialmente, estratégias para o enfrentamento da epidemia do HIV/AIDS e contou para isso com a parceria dos movimentos sociais vinculados à defesa dos direitos da população de LGBT. (CERQUEIRA-SANTOS et al, 2010) 
            O SUS (Sistema Único de Saúde), regimentado por meio da Constituição de 1988, a partir da qual se passou a entender a saúde como um dever do Estado, está baseado em um conjunto de princípios, entre eles: Integralidade, Equidade e Universalidade, significando este último que todo e qualquer cidadão brasileiro tem direito e acesso gratuito aos serviços de saúde oferecidos pelo Sistema, independentemente de sua orientação sexual, gênero, credo religioso, etnia, idade e identidade. Construir uma política de atenção integral à saúde continua sendo um desafio, já que necessita que se amplie a percepção do que se compreende por direitos sociais, reprodutivos e o reconhecimento das diversas possibilidades de constituição humanas e do exercício da sexualidade. 
Vale ressaltar que vem sendo feito esforços para a formulação e implementação de Políticas específicas voltadas ao atendimento de necessidades de segmentos da população que estão expostos a riscos diferenciados de adoecer e morrer, em função de características genético -hereditárias, econômico-sociais ou histórica-política e culturais, como é o caso da população indígena, da população negra, da população GLBTT, e outras (TEIXEIRA, 2011).
A ausência de um acolhimento adequado no âmbito dos estabelecimentos do setor Saúde configura um dos principais problemas enfrentados pela população. Em relação à necessidade de se ter serviços de saúde diferenciados dos demais para atender às necessidades dos participantes: 61,67% não consideraram necessária a existência dele. No que se refere sobre conhecimento dos participantes em relação aos seus direitos de acesso à saúde no DF, 41,67% são desconhecedores dos seus direitos (CARVALHO et al, 2013). Ao avaliar o conhecimento da população LGBT em relação aos programas de saúde desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, que lutam pelos direitos dessa população, 58,33% desconhecem totalmente algum programa desenvolvido nesse sentido e 33,34% já ouviram dizer, mas não tiveram acesso. (CARVALHO et al, 2013)
Pode-se observar também que por parte do governo ainda há um combate a discriminação e assistência em saúde, visto que foi lançada pelo Ministério da Saúde em conjunto com o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, Juventude e dos Direitos Humanos a campanha “Cuidar bem da saúde de cada um. Faz bem para todos. “Faz bem para o Brasil”, marcando a 3ª Conferência de Políticas Públicas de Direitos Humanos de LGBT e traz o tema ‘Por um Brasil que criminalize a violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais’ (BRASIL, 2016).
Porém, como afirma Guaranha (2013) as desigualdades no atendimento em saúde para a população de travestis e transexuais estão colocadas tanto nos serviços de saúde, que operam de forma excludente e preconceituosa, quanto no âmbito das ações governamentais, que, mesmo com o avanço apresentado nos últimos anos, ainda ignoram muitas das demandas em saúde desse público. Construir uma política de atenção integral a saúde continua sendo um desafio, já que necessita que se amplie a percepção do que se compreende por direitos sociais, reprodutivos e o reconhecimento das diversas possibilidades de constituição humanas e do exercício da sexualidade. 
“Algunspassos já foram dados nessa direção, como, o de assegurar o atendimento humanizado e livre de preconceito e discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, inclusive assegurando o uso do nome social para travestis e transexuais como estratégia de promoção de acesso ao sistema, por meio da Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde” (BRASIL, 2010).
IMPLICAÇÕES PARA A FISIOTERAPIA E A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
A população LGBT, devido a não adequação de gênero com o sexo biológico ou à identidade sexual não heteronormativa, tem seus direitos humanos básicos agredidos, e muitas vezes se encontra em situação de vulnerabilidade. Os movimentos da população LGBTT concentraram-se também na luta pela prevenção da incidência do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) tanto na comunidade gay quanto na população em geral. “Além do combate à homofobia, contribuiu para a consolidação desses grupos o surgimento da epidemia de HIV, que na década de 1980 assolou de maneira acentuada esse segmento da população” (SANTOS et al, 2015).
Segundo dados apresentados pelo Ministério da Saúde, dois em cada três entrevistados (67%) já sofreram algum tipo de discriminação motivada pela identidade sexual ou pelo gênero, proporção que alcançou 85% em travestis e transexuais. Os dados desse documento também apontam que 14,5% dos participantes do estudo feito na Parada Gay de São Paulo relataram já terem sofrido algum tipo de preconceito nos serviços da rede de saúde (BRASIL,2008). 
Diante dessa realidade, o Ministério da Saúde reconhece que a identidade sexual e a identidade de gênero são constituintes de um processo complexo de discriminação e de exclusão, do qual derivam os fatores de vulnerabilidade, tais como “a violação do direito à saúde, à dignidade, à não discriminação, à autonomia e ao livre desenvolvimento” (CARDOSO & FERRO, 2012).
Em 2015, haviam apenas cinco centros credenciados para cirurgias de transgenitalização (CRS), sendo insuficientes para atender a demanda dessa população. Há uma mobilização para ampliação em até 12 centros e a cirurgia genital, no entendimento do Ministério da Saúde, que pode ser realizada tanto por ginecologistas quanto por cirurgiões plásticos e urologistas (SILVA, 2015). Diante da dificuldade ao acesso a um tratamento de readequação corporal seguro, as travestis ficam à mercê do uso indiscriminado de hormônios e das bombadeiras, termo utilizado para a rede ilegal de pessoas que oferecem a essa população o serviço de modificações corporais através da aplicação de silicone industrial (CARDOSO & FERRO, 2012).
A noção de equipe multiprofissional é tomada como uma realidade dada, uma vez que existem profissionais de diferentes áreas atuando conjuntamente, e a articulação dos trabalhos especializados não é problematizada. 
“Os profissionais realizam intervenções próprias de suas respectivas áreas, mas também executam ações comuns, nas quais estão integrados saberes provenientes de distintos campos como: recepção, acolhimento, grupos educativos, grupos operativos e outros” (PEDUZZI, 2001). 
De acordo com Sampaio e Coelho (2012), é importante verificar o que os transexuais pensam a despeito de processos que lhes dizem respeito, de modo a poder incluí-las no debate deste tema. Ademais, eles fizeram um estudo com 4 transexuais que já fizeram ou estariam em viabilidade de fazer a CRS e todos consideraram importante a participação dos profissionais de psicologia e psiquiatria, mas que a decisão final precisa vir da própria pessoa; alguns dos processos em que eles foram submetidos foram: hormonioterapia, histerectomia, transgenitalização e cirurgias de mastectomia, este último nota-se a importância do Fisioterapeuta no restabelecimento da amplitude total dos movimentos dos transexuais, tendo em vista que a retirada dos seios compromete alguns movimentos dos membros superiores.
No que tange à atuação do Fisioterapeuta, ele deve prestar assistência ao ser humano, tanto no plano individual quanto coletivo, participando da promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento e recuperação da sua saúde e cuidados paliativos, sempre tendo em vista a qualidade de vida, sem discriminação de qualquer forma ou pretexto, segundo os princípios do sistema de saúde vigente no Brasil, de acordo com o Código de Ética da profissão (COFFITO, 2013). 
CONCLUSÃO
ANEXO
	
	Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
DECRETO Nº 8.727, DE 28 DE ABRIL DE 2016
	Vigência
	Dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 1º, caput, inciso III, no art. 3º, caput, inciso IV; e no art. 5º, caput, da Constituição,
DECRETA:
Art. 1o Este Decreto dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis ou transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.
Parágrafo único. Para os fins deste Decreto, considera-se:
I - nome social - designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se identifica e é socialmente reconhecida; e
II - identidade de gênero - dimensão da identidade de uma pessoa que diz respeito à forma como se relaciona com as representações de masculinidade e feminilidade e como isso se traduz em sua prática social, sem guardar relação necessária com o sexo atribuído no nascimento.
Art. 2o Os órgãos e as entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, em seus atos e procedimentos, deverão adotar o nome social da pessoa travesti ou transexual, de acordo com seu requerimento e com o disposto neste Decreto.
Parágrafo único. É vedado o uso de expressões pejorativas e discriminatórias para referir-se a pessoas travestis ou transexuais.
Art. 3o Os registros dos sistemas de informação, de cadastros, de programas, de serviços, de fichas, de formulários, de prontuários e congêneres dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional deverão conter o campo “nome social” em destaque, acompanhado do nome civil, que será utilizado apenas para fins administrativos internos. (Vigência)
Art. 4o Constará nos documentos oficiais o nome social da pessoa travesti ou transexual, se requerido expressamente pelo interessado, acompanhado do nome civil.
Art. 5o O órgão ou a entidade da administração pública federal direta, autárquica e fundacional poderá empregar o nome civil da pessoa travesti ou transexual, acompanhado do nome social, apenas quando estritamente necessário ao atendimento do interesse público e à salvaguarda de direitos de terceiros.
Art. 6o A pessoa travesti ou transexual poderá requerer, a qualquer tempo, a inclusão de seu nome social em documentos oficiais e nos registros dos sistemas de informação, de cadastros, de programas, de serviços, de fichas, de formulários, de prontuários e congêneres dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.
Art. 7o Este Decreto entra em vigor:
I - um ano após a data de sua publicação, quanto ao art. 3o; e
II - na data de sua publicação, quanto aos demais dispositivos. 
Brasília, 28 de abril de 2016; 195º da Independência e 128º da República.
DILMA ROUSSEFF
Nilma Lino Gomes
Este texto não substitui o publicado no DOU de 29.4.2016 
REFERÊNCIAS
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CAROLINA DE AGUIAR COSTA
GABRIEL PAZ DE LIMA
MARIA GIOVANNA TRINDADE ROCHA
 
TRANSGÊNEROS E DIREITOS HUMANOS: UMA QUESTÃO DE SAÚDE
Trabalho escrito apresentado ao Eixo de Habilidades Profissionais I como componente do Seminário Temático e integrante da nota parcial da 2ª avaliação do Eixo.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ana Cristina Soeiro
BELÉM
2016
SUMÁRIO Páginas
INTRODUÇÃO........................................................................................2
DEFINIÇÃO DE TERMOS......................................................................3
EVOLUÇÃO DA CONFIGURAÇÃO HISTÓRICO-SOCIAL..................7
HEREDITARIEDADE OU MEIO AMBIENTE?......................................9
A INCLUSÃO SOCIAL POR MEIO DE APARATOS LEGAIS...............11
SUBSÍDIOS DO SUS..............................................................................13
IMPLICAÇÕES PARA A EQUIPE DE SAÚDE......................................15
CONCLUSÃO........................................................................................17
ANEXO..................................................................................................18
REFERÊNCIAS.....................................................................................20

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