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Biossegurança em Biotérios Rafael V. Monteiro Sumário ● Materiais biológicos e procedimentos de biossegurança ● Técnicas de limpeza, desinfecção e antissepsia ● Equipamentos e procedimentos de proteção coletiva ● Equipamentos e procedimentos de proteção individual Materiais biológicos ● Animais experimentais são submetidos a coleta de material biológico ● Sangue ● Biópsias (pele, fígado, etc...) ● Fezes e urina ● Exsudatos e transudatos ● Inoculações experimentais e administração de fármacos ● Além da lida diária expôr pessoal técnico a aerossóis (secreções respiratórias, fezes, urina) Materiais Biológicos ● Contato com estes materiais é potencialmente transmissor de infecções ● Grau de risco ligado ao experimento. Exemplos: ● Infecções experimentais: maior risco ● Análise de consumo de ração: menor risco ● Contudo em ambos os casos há risco!! ● Instalações e EP individual e coletiva adaptados à análise de risco Procedimentos de Biossegurança ● Precaução ● Adaptados ao risco inerente à finalidade do laboratório ● EPIs ● EPCs ● Arquitetura ● Descarte resíduos ● Treinamento do pessoal Técnicas de limpeza e desinfecção ● Tipos de contaminação: ● Orgânica: micro-organismos ● Química: Fármacos e drogas utilizadas nos experimentos ● Diferentes agentes infecciosos requerem soluções de limpeza diferentes ● Diferentes produtos químicos requerem tipos de barreira diferentes ● Regulamentados pela Portaria DISAD no 15 de 23/08/1988. Terminologia ● Limpeza: ● Processo de remoção de materiais estranhos (matéria orgânica, sujidades). Água+sabão/ detergente. ● Desinfecção: ● Processo físico ou químico que destrói micro-organismos em superfícies inanimadas (mas não esporos). ● Esterilização: ● Processo físico ou químico em superfícies inanimadas que destrói inclusive esporos. Terminologia ● Descontaminação: ● Processo de desinfecção ou esterilização de superfícies contaminadas que destrói micro-organismos patogênicos. ● Anti-sepsia: ● Procedimento que usa agentes antimicrobianos para eliminar micro-organismos presentes em tecidos vivos. ● Biocida: ● Agente físico ou químico que destrói micro-organismos vivos. Anti-sépticos, desinfetantes e esterilizantes químicos Desinfetantes ● Fatores que interferem na eficácia dos desinfetantes ou esterilizantes: ● Natureza dos micro-organismos ● Número e localização dos micro-organismos ● Concentração e potência do agente químico/tempo de exposição ● Fatores físicos e químicos – Temperatura, pH, dureza da água, umidade relativa, matéria orgânica. Resistência natural Agentes mais comuns ● Álcoois (etílico, isopropílico mais comuns aqui): ● Ação contra: bactérias forma vegetativa (cocos gram +), enterobactérias, bactérias gram – (não fermentadoras de glicose), micobactérias, fungos e vírus lipofílicos. Não age contra esporos e vírus hidrofílicos. ● Ação provável por desnaturação de proteínas de membrana celular. – Presença água importante! Álcoois absolutos são menos ativos que os hidratados (60-90%). – Sem ação residual. Precipitação de proteínas no material pode proteger micro-organismos da ação dos álcoois. Agentes mais comuns ● Álcoois ● Aplicações – Utilizados em descontaminação e desinfecção de superfícies de trabalho e anti-sepsia de mãos. – Friccionar e esperar secar três vezes a superfície – Imergir na solução ● Concentração: – 60-90%, ideal 77% (v/v, aproximadamente 70% p/v) – Adição de iodo na proporção de 0,5-1,0% (p/v) a soluções a 70% aumenta a atividade e acrescenta ação residual à solução. ● Uso frequente pode irritar olhos e pele. Agentes mais comuns ● Formaldeído ● Ação contra bactérias gram + e – na forma vegetativa, incluindo micobactérias, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos e esporos bacterianos. Ação contra esporos é lenta, exige tempo de contato de 18 horas. – Gás encontrado na forma líquida (concentração de 37-40%) e sólida. ● Destrói micro-organismos por meio da alquilação dos grupamentos amino e sulfidrilas de proteínas e dos anéis de nitrogênio das base purinas. – Pouco ativo em temperaturas <20oC. Pouco inativado por proteínas, detergentes, matérias naturais e sintéticas. Agentes mais comuns ● Formaldeído ● Aplicações: descontaminação de ambientes fechados (cabines, salas). Devido à toxicidade não recomendado para uso em superfícies. ● Concentrações: – Fumigação ambientes fechados: ● 60 mL/m3 (formalina), c/ aquecimento durante a noite. ● 3-4 g / 0,34 m3, c/ aquecimento durante a noite. – Desinfecção de superfícies: 4% / 30 minutos – Esterilização: Solução alcoólica a 8% e aquosas a 10% por 18 horas. ● Irritante para olhos e mucosa respiratória. Carcinogênico. Agentes mais comuns ● Glutaraldeído ● Como o formol, com ação contra esporos mais rápida. ● Age alquilando dos grupos sulfidrila, hidroxila e amino encontrados nas proteínas dos micro-organismos. ● Age na presença de materiais orgânicos, naturais, sintéticos e detergentes. Não é corrosivo para metais, borrachas, lentes e materiais óticos. Agentes mais comuns ● Glutaraldeído ● Utilizado como esterilizante e desinfetante de equipamentos que não podem ser submetidos a processos físicos e descontaminação de materiais sensíveis a soluções de hipoclorito de sódio. Não indicado para superfícies. Caro. ● Formulação: – 2-3% em soluções ácidas, as quais são alcalinizadas para ativação da capacidade microbicida. 30 minutos de contato para desinfecção e 10 horas para esterilização. ● Tóxico, irritante de mucosas, pele e olhos, em menor grau do que o formol. Agentes mais comuns ● Compostos liberadores de cloro ativo: ● Inorgânicos: hipocloritos de sódio e cálcio ● Orgânicos: ác. dicloroisocianúrico (sais sódico e potássico) e ác. tricloroisocianúrico. ● Hipoclorito de Sódio (NaOCl) dissocia em Na e OCl -, o qual se estabelece em equilíbrio com o Ác. Hipocloroso, HOCL. Em pHs entre 4-7 predomina este último (mais ativo), em pHs acima de 9 predomina o íon hipoclorito. ● Ativos contra micobactérias, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos. Altas concentrações são letais para os príons. Agentes mais comuns ● Compostos liberadores de cloro ativo ● Modo de ação pouco compreendido. Considerados compostos altamente oxidantes, destruindo atividade das proteínas bacterianas. ● Quanto maior a concentração de proteínas (exsudatos, tecido, sangue, fezes) maior a inativação do cloro ativo. Ajustar concentração. ● Temperatura, ph, concentração, exposição à luz solar, metais podem diminuir atividade do produto. ● Corrosivos para metais (principalmente prata e alumínio, mas também aço inox). Agentes mais comuns ● Compostos liberadores de cloro ativo ● Utilizados para superfície e objetos não metálicos, recipientes para descarte, veículos. ● Formulações: – Dakin: 0,5%. – Água sanitária: 2-2,5%. – Reagentes comerciais: 5-10%. ● Tempos de contato: – Descontaminação e desinfecção geral: 5.000 ppm/10-30 minutos (10.000 ppm para superfícies c sangue, etc). – Concentrações menores (200-1000 ppm)/10 minutos para desinfecção de superfícies limpas. Agentes mais comuns ● Fenóis sintéticos (ortofenilfenol, ortobenzil-paraclorofenol, para-terciário- butilfenol). ● Atividade contra (de forma geral) bactérias na forma vegetativa, incluindo micobactérias, fungos e vírus lipofílicos. Não age contra esporos e vírus hidrofílicos. ● Em altas concentrações agem penetrando e rompendo a parede celular bacteriana e precipitando proteínas celulares. Em baixas concentrações inativam sistemas enzimáticos e provocam perda de metabólitos pela parede celular. – Pouco afetados por presença de matéria orgânica e detergentes aniônicos. Agentes mais comuns ● Fenóis sintéticos ● Indicados para desinfecção de objetos e superfícies inanimadas. Não recomendados para produtos que entrem em contato com aparelhorespiratório, alimentos, látex, acrílico e borracha. ● Formulações comerciais são complexas e concentradas (fenóis não são miscíveis em água). Devem ser diluídas na hora do uso (recomendações do fabricante) e usadas dentro de 24 horas. ● Tóxicos se ingeridos e irritantes em contato com a pele e olhos. Agentes mais comuns ● Compostos quaternários de amônio ● Exemplo de compostos comumente utilizados: cloreto de alquildimetilbenzilamônio e cloreto de dialquildimetilamônio ● Ativos contra bactérias gram + (menos para gram -: Pseudomonas são especialmente resistentes), alguns fungos e vírus lipofílicos. Sem ação contra esporos bacterianos, vírus hidrofílicos, micobactérias. ● Agem pela inativação das enzimas responsáveis pela produção de energia da célula, desnaturação de proteínas constitutivas e ruptura da membrana celular. Agentes mais comuns ● Compostos quaternários de amônio ● Sofrem forte inativação por proteínas, detergentes não-iônicos e sabões, assim como sofrem influência negativa de íons cálcio e magnésio, presentes em águas com dureza alta. – Possuem efeito residual ● Recomendados para desinfecção de superfícies não críticas, como pisos, mobiliário e paredes. Apropriados para desinfecção de equipamentos para preparo de alimentos. – Preparo de acordo com fabricante – Pouco tóxicos, mas podem irritar e sensibilizar a pele. Agentes mais comuns ● Iodóforos ● Combinações de iodo com agente carreador. Complexo resultante libera iodo em solução aquosa. Mais comum: polivinilpirrolidona-iodo (PVP-I). ● Ativos contra bactérias na forma vegetativa, micobactérias, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos. Atividade esporicida requer contato prolongado. ● Age pela entrada do iodo através da parede celular dos micro-organismos, subsequentemente causando ruptura de proteínas, dos ácidos nucleicos e interferência na síntese de proteínas. Agentes mais comuns ● Iodóforos ● Rapidamente inativados por proteínas e incompatíveis com detergentes não- iônicos. ● Usados para anti-sepsia e desinfecção de ampolas, vidros, termômetros e superfícies externas de equipamentos. Não indicados para metais que se oxidam (como cromo, ferro) e materiais que absorvem iodo e mancham como os plásticos. ● Formulações comerciais possuem em geral 1% (p/v) de iodo em base alcóolica ou aquosa. ● Concentrações antissépticas não devem ser usados como desinfetante e vice- versa. Agentes mais comuns ● Chlorhexidine (Biguanida) ● Ativo contra bactérias em forma vegetativa, fungos, vírus lipofílicos. Vírus não- envelopados, micobactérias e esporos bacterianos são resistentes. ● Age através da entrada na célula, alteração da permeabilidade da membrana e posteriormente coagulação do citosol. ● Utilizado principalmente para anti-sepsia de mãos. ● Formulações de 0,02% a 4% podem ser usadas dependendo do tipo de tecido em que será aplicada. – Formulações mais concentradas podem danificar seriamente tecidos orgânicos delicados. Labs. de Experimentação Animal ● Laboratório de base: Nível 1 de segurança biológica ● Laboratório de base: Nível 2 de segurança biológica ● Laboratório de confinamento: Nível 3 de segurança biológica ● Laboratório de confinamento máximo: Nível 4 de segurança biológica Classificação de Risco ● Classificação de risco segundo o micro-organismo a ser trabalhado: ● Grupo de Risco 1: Nenhum ou baixo risco individual e coletivo. ● Grupo de Risco 2: Moderado risco individual, baixo risco coletivo. ● Grupo de Risco 3: Alto risco individual, baixo risco coletivo. ● Grupo de Risco 4: Alto risco individual e coletivo. ● Cada uma destas categorias de risco microbiológico requer uma classe de laboratório diferente. ● Contenção ● Primária ● EPIs ● EPCs ● Secundária ● Instalações/Construções – Planejamento arquitetônico – Localização – Instrumental e equipamentos EP individual ● Protetor facial ● Óculos de segurança ● Jaleco e avental ● Máscara ● Pipetador automático ● Calçados fechados ● Luvas EP Coletiva ● Equipamentos de uso coletivo ● Caixas com sistemas de ventilação/exaustão, cabines de segurança biológica, chuveiro de emergência, lava-olhos, capela química, extintores de incêndio, etc. ● Cabines de segurança biológica (CSBs) ● Destinadas à contenção de aerossóis (< 5-100 μm Ø) gerados na lida com material biológico. ● Classe I ● Classe II, com três tipos: A1, A2, B1, B2. ● Classe III – Cada classe oferece um grau de proteção diferente. EP Coletiva ● Filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air) ● Feitos com papel de fibra de vidro com 60 μm de espessura, sustentado por lâminas de alumínio. Redução >99,97% das partículas até 0,3 μm. ● HEPA classe Retenção (total) Retenção (local) ● H10 > 85 % --- ● H11 > 95 % --- ● H12 > 99.5 % --- ● H13 > 99.95 % > 99.75 % ● H14 > 99.995 % > 99.975 % Esquema filtro HEPA CSBs – Classe I CSBs – Classe II-A1 CSBs – Classe II-B1 CSBs – Classe III
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