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".' _'," ", ," ',;, ' .. ', ' FI MINISTtRIO DA EDUCAÇãO E CULTURA INSTITUTO NACIONAL 00 LIVRO BIBLIOTECA CIENT1FlCA BRASILEIRA SfJRIE n - IV A LINGUAGEM INTRODUÇÃO AO ESTUDO O'A FALA POR nnWARD SAPIR TRADUZ.lOO POR J. MATTOSO CAMARA JR. ·fi RIO DE JANEIRO - 1954 64 .A LINGUAGEM Tôda.lingua,por conseguinte,é caracterizadatantopeloseusis- telDA idealde sonse peloseupadrãofonéticode subsolo(sistema,di- ríamosnós,de átomossimbólicos)quantopor umadefinidaestrutura gramatical..Ambasessasestruturas,a fonéticae a conceptual,mos- tramo sentimentoinstintivoda formaquehá na linguagem. IV A FORMA NA LINGUAGEM: OS PROCESSOSGR.AMATJCAlS .A.questãoda formaemlinguagemapresenta-sesobdoisaspecto~ Podemosconsideraros métodosformaisempregadospor uma lin- gua, os flseus processosgramaticais",ou verificara distribuiçãodos conceitosemreferênciaà expressãoformal.Quaissãoos padrõesfor- maisdessa.lingua1E quetiposde conceitoslhesservemde eonteúdo9 Osdoispontosde vistasãoplenamentedistintos. A palavrainglêsaunthinkingl'JI Icorrespondente,pelo sentido,a qualquercoisaemportuguêscomo"sempensar"]é, de maneirageral, cotejável,quantoà forma,à palavrareformers [porto"reformado:res"); ambasconstamde um radical,quepodefigurar comoverboindepen-·t' dente(think, form)iemamba.s.êsseradicalé precedidopor umelemen- to (un-, re-), quetrazsignificaçãodefinidae nItidamenteconcreta,mllS não podeser usadocomotêrmoindependente;e ambll.Sterminampor doiselementos(-ing, -ly, -e.r, -s), quelimitama aplicaçãodoconceitodo radicalnumsentidorelacional. Estepadrãoformal,- (b) + A + (c) + (d) 1 - é um traço característicoda língua.Exprime-sepor meiodêleum !lÚIDeroincal- culáveldefunções;emoutrostêrmos,tôdasas idéiasquepodemserco- municadaspor meiode elementosde prefixaçãoe sufixação,se tendem por um ladoa encaixar-seemgruposmenores,nãoconstituempor ou- tro lado sistemasfuncionaisnaturais.Não há nenhummotivode or- deml6gica,por exemplo,paraquea funçãonumeraldo -s sejaexpressa 1. Quanto!l.Osimbolismo,ver ca.pitulolI. (36 das de outros vocáblllosque lhes estão'inteiramenterelacionadosna forma e no sentido (goose,.sing, sung). Cada língua dispõe de um ou mais métodosformais para indicar a relaçãode um conceitosecundáriocom o conceitobásieodo radical. Alguns dêssesprocessosgramaticais,como a sufixação,acham-semuito espalhados;outros,comoa mutaçãovoeálica,sãomenoScomuns,mases- tão longede ser raros; outrosainda,comoa acentuaçãoe a mutaçãocon- sonantal,constituematé certo ponto anomalias. Nem tõdas as línguas são tão irregulares quantoa inglêsana ma- neira de atribuir funçõesaosprocessosgramaticaisde que dispõem.Em regra,os conceitosde naturezamais fundamental,comoo de pluralidade e o detempo,sãoexclusivamenteapresentadospor um métodoúnicoqual- quer; mas é regra com tantas exceções.que não podemospromovê-Iaa um princípio. Para onde quer que nos voltemos,ressaltaa verdadede que o padrãoformal é uma coisa,e é outra coisaa sua utilização.Mais alguns exemplosda expressãomúltipla de funçõesidênticas,em outras l:\nguasalémdo inglês, concorrerãopara tornar ainda mais vívida essa ~oncepçãoda liberdaderelativa que há entre ~ão e forma. Em hebraico,comoemoutraslínguassemíticas,a idéia verbal,consi· deradaem si mesma,é expressapor três, ou menosa miúdo por duas ou quatroconsoantescaracterísticas.Assim o grupo x-m-r dá a idéia de "guardar", o grupo g-n-b a de "furtar", n-t-n a de "dar". Natural. menteque tais seqüênciasconsonânticassão apenasabstraídasdas for- mas realmenteexistentes.As consoantesligam-seentre si de diversas maneiras,por meiode voga.iscaracterísticasquevariam segundoa idéia que 1hescabeexprimir. São tambémmuito usadosprefixos e sufixos.O método da mutação vocálica interna está exemplificadoem xamar, "guardou",xomer"guardando",xamur, "sendoguardado",xmor, "guar- dar", Anàlogamenteganab,"furtou", goneb,"furtando", ganub,"sendo furtado", gnob "furtar". Mas nem todos os infinitivos se formampelo tipo de xmor e gnob, ou por outros tipos de mutaçãovoeáUcainterna. Certosverbossufixamumelementot para o infinitivo, e. g.,ten-eth"dar", heyo-th, "ser". Por outro lado, as idéias pronominaispodemser expres- sas por vocábulosindependentes(e. g., ano lei, "eu"), por prefixos (e. g. e-xmor,"eu guardarei"), por sufixos (e. g. xamar-ti, "eu guardei"). Em nass, língua índia da ColúmbiaBritânica, formam-seos plu- rais por quatrométodosdistintos.A maior parte dos nomes(e dos ver· A LINGUAGEM pelo mesmoprocessoformal que a idéia contidaem -ly [sufixo adverbial comoo porto"-ment.e"].É perfeitamenteconcebívelque, noutra língua, se trate o conceitomodal (-ly) em moldesinteiramentediversosdos da pluralidade. O primeiro pode ser transmitido por um vocábuloinde- pendente(digamos,thus 1lnthinking); o último por um prefixo (diga- mos, "plural"2 -reforme?'). E há naturalmenteum númeroilimitado de possibilidadesoutras. ' Sem sair do pr6prio âmbitoda língua inglêsa, é fácil tornar óbvia essarelativa independênciaentre a forma e a função. É assim que a· idéia 'negativacontida em un~pode ser expressacom a mesmajus- i tezll,por um elementosufixado (-Zess) numapalavra comothoughtlessly ; [porto "desatentamente"].Tal dualidade de expressãoformal para a função negativa seria inconcebfvelem certas línguas, o esquimópor exemplo,onde s6 seria admissívelum elementode sufixação. Por outro 18.do,a noçã.ode plu~aldadapelo -s de reformers é expres- sa coma mesmaprecisãopela palavra geese {plural de goose, "ganso"], como emprêgode métodocompletarnentedistinto. Não é tudo. O princí- pio da mutaÇãovocálica (goose - geese) não está em absolutorestrito à expressãoda idéia da pluralidade; podetambémfuncionar comoíndi- ce da diferençade tempo (e. g. sing - sang, throw - threw)3. Por seu lado, a expressãodo tempopretéritoem inglês não dependeexclusi- vamentede uma mudançade vogal. Na maioria dos casos,manifesta-se por meiodeum sufixo distinto (die-d, work-ed) [pretode to die, "morrer", to work, "trabalhar"]. Quanto à função, died e sang são análogos;da mesmasorte que 'i'eformerse geese.Quantoà forma, temosde agrupar êssesvocábulosde maneira diversa. Tanto die-d quanto reform-er-s empregamo método da sufixação dos elementosgramaticais;tanto sang quanto geese deri- vam o seuvalor gramaticalda circunstânciade diferirem as suasvogais 2. Plural ó aqui U!ll simbolopara qualquerprefixo queilldiqueá. pluralidade. 3. [No Cll!lOde goose·gel!Se,como de outros plurais (tooth.teeth,man-men, mouse'771iec,ete.) a mudan(}ll.da vogal no plural foi devida u. açã.onsaimilat6ria dc um'i final, mais tnrdedesaparecido.j:: o fenômenoem alemã.oumlaut,ou seja, "metafonia".Em smg·sang,thTOW.thTllW, ato::.ll!l diferençasde vogalprov@mdll!lpri- mitivasformll.9mdo-européilLS,constituindoo chamadoablaut, i. e., "gradaçãovocá. lica!' ou "o.pofonio."em queumn.dadaraiz temoro.a vogalo ora c, ora urna.vogal reduzida.] OS PROCESSOS GRAMATICAIS 67 --_.=--- .- ... - __o •• -- •• - ----I 68 5. (Fen6mcnoaná.logoverifica·seemportuguêscomo '$ do plural emconmcto comuma.consoanteseguintesurdaou sonora:"os cíies" ("os" comfina.l surda), "os bois" ("os" comfinlll sonora.] te compreendidodo quepareceser.Só umexamegeraldediversíssimas espéciesde línguasnosdá a perspectivaadequadaa tal respeito. Vimosno capítuloanteriorquetôdalínguatemum sistemafoné· tico intimode padrãodefinido.Vemosagoraquetambémtem o sen- timentodefinidode constituirpadrõespara a formaçãogramatical. Ambosêssesimpulsos,subterrâneose de grandefôrçadiretriz,emprol das formasdefinidas,operamp~ prazerde operar,sema preocupa- çãoinicialdepreencherumalacunana expressãodecertosconceitosou de dar formaexternaconsistentea certosgruposde concP,itos.Inútil é dizerquetaisimpulsos.s6encontramrealizaçãona expressãode funções concretas.É precisohavera intençãode dizcralgumacoisapara dizê- Ia.sobumadadaforma. . Seja-noslícito agoraexaminarum poucomais sistemàticamente,conquantosempreresumidamente,os váriosp.Jocessosgram~ que a pesquisalingüísticaconseguiudepreender. Agrupam-seemseistiposprincipais;ordemvocab--1lliJ,r;c.9..!!!J?~.!S-ª?) aJixação,queabrangeo usode prefixos,sufixose infixos;~odificaQíio. internl\.do e1emen.toradical.QU ..gramaticalemreferênciasquera uma vogal,quera umaconsoante;l'~..dJlp]jcaçãQ;e diferençasdc a~entu_~ sejamelasdinâmicas(intensidade).sejamtônicas(altura,tambémcha- mada"tom"eentoação).Há aindaprocessosquantitativosespeciaisquais o alongamentoou a abreviaçãode vogaise a geminagãode consoantes masque podemser consideradascomosubtiposespeciaisdo processo demodificaçãointcrna.É possívelqueaindarestemoutrostiposformais, masnãoterãopro"àvc1mentemaiorimportâncianumexameperfunctório. Importanãoesquecerqueumfenômenolingüísticonãopodesertido comoilustraçãode um "processo"definido,senãoquandolhe é ineren- teumdeterminadovalorfuncional.A mudançaconsonânticaeminglês,por exemplo,de boolc-se bagos (s noprimeirocaso,li) no segundo]nãotem significação.Ê umamudançapuramenteexternae mecânicaprovocada. pelapresençadeumaconsoanteanteriorcontígua,queé sUl'dano pri- meirocasoe sonorano segund05•Ê objetivamentea mesmaalternância mecânicaqueseverificaentreo nomehousc ["casa"]e o verboto house. A LINGUAGEM bos)sãoreduplicadosno plural,istoé, umapartedo radicalserepete, e. g. gyat, "pessoa",gyigyat, "gente",Já um segundométodoestáno USodecertosprefixoscaracterísticos,e.g.,an'on,"mão",ka-an'on,"mãos"; waí "umremo",lu-waí, "váriosremos".Outrosplurais,ainda,seformam por meiodeumamutaçãointernadevogal,e.g.,gwula "manto",gwila, "mantos".Enfim,umaquartaclassedepluraisé constituídapor nomes quesufixamum elementogramatiea~e. g., waky, ''irmão'',wakykw,"irmãos". De gruposde exemplos'comoêsses- e podemosmultiplicá-Iasad nauseam- s6 nosrestaconcluirquea formalingüísticapodee deve ser estudadaemseusmuitosaspectos.,independentementedas funções~ ~ É tantomaisjUBtificávelassimprocedermosquantotôdasas lfn- guasmanifestamumcuriosoin;;;.tintoparadesenvolverumou maispro- cessosgramaticaisespeciaisà custadeoutros,tendendoa perderdevista o valorfuncionalexplícitoqueo processopossatertidoa princípio,como quecomprazendo-seno merojôgodosseUBmeiosde expressão. Nãoimportaquenumcasocomoo do inglêsgoose_ geese,foul _ defile ["sujo"- "sujar"],sing - sang - sung possamosprovarque se tratade processoshistoricamentedistintos;quea altcrníinciayúcá- lica de sing e sang tenhaprecedidode séculos,comotipo específicode processogramatical,o processoaparentementeparalelodegoose e geese. Não é menosverdadequehá (ou houve)eminglês,na épocaemque seconstituíramgeeseeformasanálogas,umatendênciainerentea utilizar a mudançadevogalcomométodolingüísticasignificativo.Semo grupo detiposjá existentesdealternânciavocálicacomosing _ sang _ sung, é muitoduvidosoqueas condiçõesespeciaisqueacarretarama evolução dasformasgeese,teeth,[pluraldetooth,"dente"]saídasdegoose,tooth, tivessemtidoa fôrçadeinduziro sentimentolingüísticonativoa chegar a admitircomopsicologicamenteaceitáveisêssesnovostiposde forma-çãodo plural'J. ::mstesentimentode formaconsideradaemsi mesma,expandindo-se livrementesegundolinhasdeterminadas,e grandementeinibidoemcertas direçõesporfaltademoldespré-estabelecidos,deveriasermaisclaramen--. 4. [Ver a nota.3, pÚg. 66.] (;,!" I I1 .~ OS PROCESSOS GRA1rIATICAIS 69 70 Digaeuemlatimhominemteminavidet, ou femina hominemvidet, (lU hominemvidet femina, ou aindavidet femina hominem,o alcance da frasenãoapresentarámaiorou nenhumadiferença,salvotalvezno querespeitaaoefeitoretóricoouestilistieo.liA mulhervêo homem"será .asignificaçãoinvariáveldeeadaumadessass.entenças. Em chinult,línguadosíndiosdo Rio Colúmbia,há igualliberdade, poisa relaçãoentreo verboe os doisnomesacha-seinerentementefi- xadanosvocábulos,comoemlatim.A diferençaentreas duaslínguas estáemqueo latimfaz comqueosprópriosnomesestabeleçamassuas relaçõesde um paraoutroe de cadaum parao verbo,ao passoque o chinuksobreearregao verbocom tôda a responsabilidadeformal, .dando-lheumconteúdoquepodemosmaisoumenosindicarpor"ela-êle·vê". Eliminaios sufixos.casuaislatinos (-a· e -em)e os prefixosprono- minaisdo chinuk ("ela-êle"), e já cessaa indiferençana ordemdos vocábulos;teremosde cultivarosreCursosde quedispomos.Em outros têrmos,a ordemdas'Palavraspassaráa ter umvalorfuncionalreal. O latim e o chinukestãonum pólo. Em pólo oposto,estãolín- guascomoo chinês,o siamês,o anamita,emquetôdae qualquerpalavra, para funcionaradequadamente,temde encaixar-senum lugar prede- terminado.A maioriadaslínguasficamentreêssesdoispólos.Entre nós,por exemplo,nãohaverádiferençagramaticalapreciável,seeudis- ser_ "ontemo homemviu o cão",ou - "o homemviu o cãoontem", masj6.nãomeseráindiferentedizer- "ontemo homemviu o cão",ou _ "ontemo cãoviu o homem",ou ainda- "êleestáaqui",ou- "está' ,êleaqui1"Num doscasoSdo últimogrupode exemplos,a distinçãovi- tal entresujeitoe objetodependeunicamenteda colocaçãodecertaspa· .lavrasna senten~.a,e, noutro,umalevediferençade seqüênciaimporta numadiferençacabalentreafirmaçãoe pergunta.É claroque,nesses .doiscosos,o nossoprincípioda ordem.voeabularé ummeiotãoefieien" te de expressãoquantoemlatim o usode sufixoscastlai!i'ou de uma partículainterrogativa.Não se trata de pobrezafuncional,c, sim,de economiaformal. Já vimosalgumacoisado processode composição:uniãonumasi palavrade doisou maiselementosradicais.Psicolõgicaf9.ente,êssepro cessoalia-seintimamentecomo querepousana ordemdaspalavras umavezquea relaçãoentreoselementostambémfica pressupostae ná< (:xpl1citamenteestabeleaida.Difere noutrosentido,porqueos elemen A LINGUAGEM Já aqui,entretanto,correspondea umafunção.gramaticalimportante, quala deindicara passagemdeumnomea verbo. .Asduasalternâncias pertencem,portanto,a categol'iaspsicológicasinteiramentediversas.Só .aúltimacitadaé umaverdadeirailustraçãodemodificaçãoconsonântica comoprocessogramatical. o métodomaissimples,pelomenosmaiseconômico,deindicarqual- querespéciedenoçãogramaticalé justapordoisoumaisvoeábulosnuma ordemdefinida,semprocurar,por umn.modificaçãoinerente,estabele· cera conexãoentreêles.Alinhemosao acasodoisvocábulossimplesin- glêses,sing praise, digamos.Isto, em inglês,não acarretaum pensa- mentoconcluso,nemestabelecenitidamenteumarelaçãoentrea idéia de "cantar"e a de "louvar".Apesardetudo,porém,é-nospsicolàgica- Imenteimpossívelouvirou ver as duaspalavrasjustapostassemum es-fôrçoparalhesdar certadosedesignificaçãocoereute.A tentativanão terápor certobomêxitopleno;maso queimportaassinalaré quetão ,depressaseapresentemao espíritohumanodoisou maisconceitosradi- caisemimediataseqüência,tentaráêleconjugá-Iossobum valorqual- ·quer,No casode sing praise, cadaum de nós chegaráprovàvelmente a um resultadoprovisóriodistinto.Eis algumasdas possibilidadesla- tentesda justaposição,interpretadasem forma correntemaissatisfa- tória: sing praise (to him)! ["canteemseulouvor!"] singing praise ["eantandoo louvor"],p1'aiseexpressedin a song ["louvorexpresso .emcanto"];to sing amd praise ["cantare louvar"]i one who sings a song of pra~'se["pessoaquecantaum cantode louvor"]' (à maneira de compostosinglêsescomokilljoy, i. e., "pessoaquemataa alegria"); he sings a song of praise (to him) ["êlecantaumcantodelouvor(em honrade alguém)"]. São,pois,indefinidamentenumerO!i.BJLaspossibili- dadesteóricasde amoldarêssesdoisconceitosnum gruposignificativo de conceitos,ou at~numpensamentoconcluso.Nenhumadelasse reali- zarápor certoeminglês,mashámuitaslínguasemqueé coisahabitual o jôgodeumdêssesprocessosdeamplifieação.Só depende,portanto,do gêniodalínguaa funçãoquepodeestarinerentementepressupostanuma dadaseqüêneiade vocábulos. Algumaslínguas,comoo latim,exprimempràticamentetôdasas relaçõespor meiode modificaçõesno corpoda própriapalavra.Nelas, a ordemdaspalavraspresta-sea serantesumprine1pioretóricodo que -estritamentegramatical. OS PROCESSOS GRAMATICAIS 71 ------'.--.-~-----_._.72 A LINGUAGEM OS PROCESSOS GRAMATICAIS 73 toa componentessão compreendidoscomopartesconstituintesde um organismovocabularúnico.Linguascomoo chinêse o inglês,emque o princípiodaordemrígidaseachabemdesenvolvido,tendemnãopoucas vêzesa desenvolverpalavrascompostas.De uma seqüênciavocabu- lur chinesadotipojin taJc, "homemvirtude",i. e.,"avirtudedoshomens", s6há umpassoparajustaposiçõesmaisconvencionaise psicologicamentl) unificadascomot'ientsz,"céufilho",i. c, "imperador",ouxuifu, "água homem",i. e, "carregadordágua".No último exemplopodemosaté, aliás,francamenteescreverxui-fu numasó palavra,poisa significação :10 composto,consideradoemseutodo,é tãodivergentedosvaloreseti': nol6gicosexatosdoselementoscomponentesquantoa dovocábuloinglês :ypewriter [porto"dacti16grafo"]o é dosvaloresmeramentecombina- losdetype e writer [respectivamente,l/tipodeimpressão"e lIescritor"]. . Um inglêsa unidadede typewriter é alémdissoasseguradapor um centopredominantenaprimeirasílabae pelapossibilidadeda adjunção :esufixosà palavraemseuconjunto,comoo s do plural; e o chinês ~mbémunificaos seuscompostospor meioda acentuação. Resta-nosassimconcluirque,o processodecomposição,emboranas Ias longínquasorigensvá ligar-sea ordensvocnbularestípicasna sen~ .inça, é hojena suamaiorparteummétodoespecializadode expressar \lações. o francêstemordemde palavrastão rígida quantoo inglês;mas io possuinadade semelhanteà faculdadede quedispõeêsteúltimo. : reunirpalavrasemunidadesmaiscomplexas.Por outrolado,o gre- clnssico,apesarda suarelativaliberdadena colocaçãodaspalavras, lStraconsiderávelpropensãoparaa formaçãode têrmoscompostos. É curiosoobservarcomoas línguasdiferemenormementena habi- adede utilizaro processode composição.Teoricamente,seria·de es- rarqueumexpedientetãosimplescomoé o quenosdeuaapalavras >ewriter,blackbird e legiõesdeoutras,nãofôssenadamenosdo que processogramaticaluniversal.Tal nãosucede,porém.Há umgrande nerodelínguas,comooesquimó,onutkae,comrarasexceções,osidio- 3 semíticosemgeral,quenãosabemcomporelementosradicais.O mais. 'unhávelé quemuitasdessaslínguasnãosão,emabsoluto,infensllS 'ormaçõesvocabularescomplexas,masao contráriopraticamsÍnte- quedeixamlongequasetudoo queo gregoe o sânscritoousamfazer. Era deesperar,porexemplo,queumapalavranutka,como"quando, segundodizem,êleficou ausentepor quatrodias",contivessepelome- nostrêselementosradicais,correspondentesaosconceitosde Uausente", I'quatro"e "dia".Mas,na realidade,qualquerpalavranutkaé absoluta· menteincapazdecomposição,no sentidoquedamosa êstetêrmo.Cons- trói-se,invariàvelmente,de um só radicale maiorou menornúmerO de sufixos,cuja significnçãopodeser quasetão concretaquantoa do próprio radical.No exemploparticularque citamos,o radical dá a idéiade "quatro",sendoas noçõesde "dia" e "ausente"expressaspor sufixostãoinseparáveisdonúcleodapalavraquantoo édesing ou hunt umelementoinglêscomo-er emsinger ou hv.nter(ouossufixosportu- guêsesde <lcantor","caçador",cortespondentemente]. A tendênciaparaa síntesevocabularnãoé, de:maneiraalSuma,por- tanto,a mesmacoisaquea tendênciapara a composiçãodosradicais, emborasejaestaúltima,nãopoucasvêzes,um meiocômodode que~e sel'veaquelaparamanifestar-se. Rá umavariedadeassombrosadetiposdecomposição,Dependemda função,da_naturezadoscomponentese da sua.~ Em muitaslínguas,a composiçãocircunscreve·seao quepodemos chamara funçãodeHmitadora,istoé, entredoisoumaiselementoscom- ponentesumobtémqualificaçãomaisexatapelocontactocomosoutros, .queemnadaconcorremparaa construçãoformalda sentença.Em in- glês,por exemplo,elementoscomponentes.comored ("vermelho")em redcoat~ou over [preposição·"acima"]em ove1'look[propriamente,em português,"olharpor alto"] apenasmodificama significaçãodo vOCú- buloessencialcoate look semabsolutamentepartilharda P!edicll&ão...JllÇ::... pressapelasentença. ------=------~- ,!"\,iJá outras línguas, comoo· iroquêse o náiuSatF·confiam ao métododa composiçãotrabalhomuito mais pesado.Assim, em·iro- quês,a composiçãodeumnome,soba suaformaradical,comumverbo seguinteé métodotípicoparaexpressarem-serelaçõescasuais,especial· mentede sujeitoou objeto."Eu-carne-como",por exemplo,é o método regulariroquêsparaconstrtlÍra sentença- "estoucomendocarne';.Em 6. [LiteroJmente,"casacovermelho";masquantoao sentido"homemde farda", "milita.r'.] 7. A lingua.dos astecas,aindafalada em grandepa.rtedo México. S. Uma.língua !nc1iada Colúmbia.Britânica e intimamenterelacionadacom o n9.ll6,já aqui citado. outras línguas, formasanálogaspodemtransmitir noçõeslocais, instru- mentaisou outras.Formas inglêsascomokilljoy e marplot [de to mar. "estragar",e plot, "pro.jeto"J tambémilustram a composiçãoentre ver. bo e nome,maso vocábuloresultantetemfunçãoestritamentenominal,e não verbal;nãonosé lícito dizer he marplots.[A mesmaobservaçãoapli- ca-se ao português;ex.; ((guarda-chuva"J. Certas línguas admitema composiçãode todos ou quasetodos Of; tipos 'deelementos.O paiúte,por exemplo,compõenomecomnome,ad- jetivo comnome,verbo com nomepara formar nome,nomecom verbo para formar verbo, advérbio com verbo, verbo com verbo. O yanat língua índia da Oalifórnia, pode comporà vontadenome com nome e verbocomnome,masnão verbocomverbo.Por outro lado, o iroquêssó pode compornome comverbo; nunca,nomecomnome,comofaz o in- glês,ou verbo comverbo,comofazemtantasoutras línguas. Finalmente,cada lfngna tem seustipos característicosde ordemde composição.Em inglêso elementoque qualifica é regularmenteantepos- toj em outras,ó posposto.Às vêzes,sãousadosambosos tipos, comoem yana, onelecarne de vacaé «maisamarga-caça",mas fígado de veadoé cxpressopor "fígado-veado".O objeto compostode um verbo precede o elementoverbalempaiúte,náuhatle iroquês,masse lhe segueemyana, t<;ínshian8e nas lÍl-{guas11,lgonkin. De todos os processosgramaticaiso da afixação é incomparàvel- menteo mais frcqüentementeempregado.Há lfnguas, comoo chinês e o siamê.."que não fazemuso gramaticalde elementosque,concomitante- mente,não possuamvalor independentecomoradicais; mas línguas des- sa espéciesão poucocomuns. Dos três tipos de afixação,- o uso de prefixos,de sufixose de in- fixos -, é o segundoo mais encontradiço.Pode-seaté adiantar,semre- ceio,queos sufixosentramemmaior escalana obraformal da linguagem do quetodososoutrosmétodosreunidos.Vale salientarquehá nãopoucas línguas de afixação,queabsolutamentenão fazemuso de prefixos e pos- •suemum aparelhamentocomplexode sufixos.Tais são o turco, o hoten- tote,o esquimó,o nutka e o yana. Algumas delas,comoas três últimas citadas,têm centenasde sufixos, c muitos cuja significaçãoé tiío con- 75- 74 A LINGUAGEM I I ! os PROCESSOS GRAMATICAIS ereta que, na maioria das outras línguas, teria de expressar-sepor meio de radicais.O casoinverso,do uso de prefixos com completaex- clusãode sufixos, é muito menoscomum.Tem-seum bom exemploem khmel' (ou co.mbodjiano),falado na Oochinchinafrancesa,mas ainda aí há tl'aç:osde antigos sufixos, que deixaramde funcionar comotaisl e hoje sãosentidoscomopartesintegrantesdo radical. Uma maioria considerávelde línguas conhecidasusam a prefixação e a sufixaçãoa um só e mesmotempo,mas a importânciarelativa dos dois grupOSde afixas muito varia naturalmente.Em alguns idiomas, CQmoo latim e o russo,só aossufixoscaberelacionaro vocábuloao res- to da sente~~,circunscrevendo-seos prefixosà expresSã;;-~uelasidéiltS que delimitama significaç:ãQc_QDcretado]adical, sem inIluir no com- porta;;;nto dêle na proposição.Uma forma latina, comorernittebant1Lr "erammandadosde volta" pode servir de ilustraçãopara êssetipo de distribui.çãode elementos.O prefixo re-, <tdevolta" apenasqualifica, até certo ponto, a significaçãoinerenteao radical mitt-, "mandar", ao, passoqueos sufixos -eba-,-nt- e -ur transmitemnoçõesmenosconcretas, mais estritamenteformais, de tempo,pessoa,pluralidade e passividade. Em compensação,há línguas, como o grupo bântu da África e as linguas athabaskandaAmérica do Norte~,em que vêm em primeiro lugar os elementosde sentidogramatical,e aquêlesque se seguemao l'adicalconstituemuma classerelativamentedispensável.A palavra11upa te-s-e-yaAc,"irei", por exemplo,constade um radical -ya, "ir", três pre- fixos essenciaise um sufixo formalmentesubsidiário.O elementote- in- dica queo ato serealiza cá e lá no espaçoou atravésde um espaçocon- tínuoi não tem pràticamenteum alcancebemdeterminadofora dos ra· dicais vel'baisa que estáacostumadoa juntar-se.O segundoprefixo -s- é ainda de menosfácil definição.O mais que podemosdizer é que se usa com:formasverbaisde tempo"finito" e assinalaaçãoem progressO. antesdo queum início ou um fim de ação.O terceiroprefixo -e- é um elementopronominal,"eu", que s.óse pode usar em tempos:finitos.Im- porta ficar bemcompreendidoqueo usodo -(J- é condicionadopelodo -s- ou outrosprefixos alternativose que te·,também,estána prática liga- do ao empl'êgodo os-oO grupOtc-s-e-ya é, pois,uma unidadegramatical firmementecoesa.O sufixo .te, que indica o futuro, não é mais nece~- 9. Queindui Unguas!lomo o nó,vaho,apache,hupa.,wrricl' [nomo inglês,port. "carrogo.dor"), chipowyo.n,!OlW1tC'UX [nome francês). A idéiaexpressaeminglêspelasentençaI carne to giv(J it to he1' [porto"Yim para lho dar"] diz-seem chinukll i-n-&"'l-u-d-a-1'.:mste v(lllúbulo- e trata-sedeumvocábuloperfeitamentelmificadocomum acenton'Ítidonoprimeiro-a-- constadeumelementoradical-d- "dar", seisprefixosfuncionalmentedistintos,conquantofoneticamentefrágei~, e umsufixo.Dosprefixos,i- indicapassadorecente;-n-, o sujeitopro- 10. Isso poderásurpreendoro leitor inglês.Em regraconsidcrnmoso tempoum!\. funçãoquese exprimeaproprilldamentede maneiratôda formal. Tal no~aoderivo.-· lia do pendorqueo estudoda gramá.ticalatina nos deu.Na realidade,o futuro in- glês (1sll.all gol nãose expressaabsolutamentepor um Il.fixoi demais,podeser ex- pressopelopresente,comoem- to-morTowI leavethis place ["amanhiideixoêste lugll.r"],ondea funçuotemporalé inerenteao advérbioto-morrow [porto"amanhã"]_ Em monorgrllu embora,o hupa -te é tão irrelevo.nte0.0 vocábuloverbalprôpriD.mente dito,quanto"amanhã!'liO nosso"sentimento"de I leave[porto"deixo"]. 11. Dialetowishram. sárioao seuequilíbrioformal,do queo 1'e- prefixado,do vocábulola- tino supracitadoj nãoé um elementocapazde existência.isolada,tendo maisumafunçãode delimitaçãomaterialdo queestritamenteformal·o. Não é sempre,entretanto,quepodemosagruparos sufixospara opô-losao grupodos prefixos.Pl'ovàvelmentena maioriadas línguas queutilizamosdoistiposdeafixação,cadagrupotemambasasfunções, a de~elimil]&iioe a de~(]ssiío formalou relacionlll,O maisquepo- demosdizeré quecadalinguatendea exprimirsempre,de umasóma- neira, as funçõessemelhantes.Se um dadoverboexprimeum dado tempopor sufixação,é maisdo queprovávelqueexprimaos seusou- trostemposdemodoanálogo,e,maisainda,quetodososverbostenham elementostemporaissufixos.Anàlogamente,esperamosemregraencon- trar oselementospronominais,namedidaemqueseintegramno verbo, consistentementeprefixadosou sufixados.Mas estapraxeestálongede ser absoluta.Já vimoscomoo hebraicoprefixaos semelementospro- nominaisemcertoscasos,e, emoutros,os sufixa.Em chimariko,lín- gua índia da Califórnia,a posiçãodosafixospronominaisdependedo verbo,emalgunsverbossãoprefixados,e, emoutros,sufixados. Nãoseránecessáriodarmuitomaisexemplosdascategoriasdepre- fixaçãoe sufixação.Bastaráum de cadaumadelaspara ilustrarsuas possibilidadesformativas. í7 OS PROCESSOS GRAlIIATICAlS /1nominal"1" [porto"eu"],G.9 o objetopronominal"it" [porto"o"]12; -a,.. ? o segundoobjetopronominal"her" [porto"lhe"]; -l-, um elementopre- posieionalqueindicaqueo prefixopronominalprecedentedeveser to- madocomoobjetoindireto(her-to,Le.,"to her" (comoemporto"a ela", quesepoderiausaremvezde"lhe"]; e -u-, elementoquenã.oé fácil de- finir satisfatoriamente,masquede ~odogeralindicamovimentopar- tido da pessoaquefala.A parte§)sufixada modificao conteúdodo verbonumsentidolocaljajuntaà noçãocontidano radicala de "che- gada",isto é, "ida \ou vinda) paraaquêlefim". Vê·se,claramente,as- sim, queemchinuk,comoem hupa,a engrenagemgramaticalassen- ta maisnosprefixosdo quenoSsufixos. Casoinverso,emqueoSelementosexpressivosseaglomeramgrama- ticalmente,comoemlatim,no fim do vocábulo,é-nosministradopelo joz, [nome.inglês"rapôsa",pronuncie-sefoks] , umadaslínguasalgen- kls maisbemconhecidasno valedo Mississipi.Consideremosa forma eh_kiwi_n_a_m_oht.ati-wa-ch(i), "entãoêlestodosfizeram(-no) fugir dê- les".Aqui kiwi- é o radical,radicalverbalqueindicaa noçãogeralde "movimentoindefinidoparaume outrolado,cáe lá". O elementoprefi- ::<adoeh..quasenãoé maisdo queumapartículaadverbialparaindicar subordinaçãotemporalj tradu-Iaconvenientementeo nosso"então".Dos setesufixos,incluídosnestevocábulotão elaborado,-71,.. pareceserape~ nasum elementofonéticode ligaçãoentreo radicalverbale o -a,..se- guintéS; êste-a-é umradicalsecundãrio14quedenotaa idéiade "fuga, fugir"; -nt- designacausalidadeemreferênciaa um objetoanimad016; 12. No. realidadeMm (forma masculina,ao passoque it 6 neutro); mas ') chinuk, como o latim e o frD.ncês,.possui gênerogramatiC1l.1.pode-setratar um objetode "he" [êle], "$he" [ela] ou "it" [gêneroneutro] de acôrdocoma forma. carncterísticado nomequeo designll. 13. Estll análise6 insegura.l1Jprovávelque o -11.- possuauma :fun~ão,Il.indll. por doslindll.r.As línguasalgonkinsãode umaoompleJÚdll.defora do comume llpre- sentammuitosproblemasde detalheaindanão resolvidos. 14. "Radicais secundários"são elementosque são sufixos do ponto de vista formal, nunca.figurs.ndosem(, suportede um verdadeiloradica.l,mD.5cuja função, qualquerque seja o seu intento ou prop6sito,é tão concretaqua.ntoa do pr6prio radiclll. RadicD.Í5·verbaissecundlJ.:riosdêssetipo são caractcrístic1l9das línguas aI- gonkíne do yana. 15. Nas líl!guas algonkin, tôdas Il.ll .pessoase coisas são conhecidascomo anÍInlldasou inanimadas,da mesmasortequo em latim ou l\lemãosão concebiu1l9 comomascuHnas,femininasou neutras. A LINGUAGEM76 i8 A LINGUAGEM OS PROCESSOS GRAMATICAIS 79 -o(ht)- indicaatividadequerecaino sujeito(ou, seja,a chamadavoz medialou médio-passivado grego)i -(a) ti- é o elementodereciprocida- de uumao outro";-wa--ch(i)- é a terceirapessoaanimadado plural (-wa-- para o plural e chi, maispràpriamentepessoal)das chamadas formas"conjuntivas".Pode-setraduzir a palavra mais literalmente (mas,apesal'de tudo,só aproximadamentequantoà impressãograma- tical do conjunto)por "entãoêles (sêresanimados)fizeramum ser qualqueranimadoandarcáe lá emfugadeumparaoutroentresi". O esquimó,o nut!ca,o yanae outrosidiomastêmequipamentosanàlogamen- te complexosde sufixos,emboradifiramemgrandeescalaas funções quetaissufixosrealizame osprincípiospor quesecombinam. Reservamospara ilustraçãoseparadao curiosíssimotipo de ele- mentosde afixaçãoconhecidospelonomede uinfixos".É completamente ignoradoeminglês,a menosqueconsideremoso -n- de stand [presente de "ficar de pé"], emcontrastecomstood (pretérito),umaconsoante infixada. As antigaslínguasindo-européias,comolatim, gregoe sânscrito, laziamumusorelativamenteconsideráveldenasaisinfixadasemcertos verbos,para diferençaro presentede outrasformasverbais(contras- te-seo latimvinco "venço",comvici uvenci";o gregolamb-an-o,"tomo" come-lab-on,"tomei").Hã, entretanto,exemplosmaisimpressionantes do processo,exemplosemqueêleassumiuumafunçãomaisclaramente definida,do quenessescasoslatinose gregos.1jJ especialmentepredomi- nanteemmuitaslínguasdo sudesteda Ásia e do arquipélagomalaio. Bonsexemplos,tiradosdokhmerou cambodjianosãotmeu,"aquêleque passeia",e daneu, "passeio"(nomeverbal),ambosderivadosde deu, "passear".Podemosir buscaroutrosexemplosembonto!c-igorot,língua filipina,emqueum ·in- infixadotraza idéiado produtodeumaação realizada,e.g. 1cayu,"madeira",Mnayu "madeiraapanhada"[i. e., "le- nha"). São tambémusados,semparcimônia,infixosno verbobontok-igorot.Assim,um -ttm-infL"ado,é característicodecertosverbosintran- sitivosquepossuemsufixospronominaisdepessoa,e. g., sad, "esperar" sumid-alc,"eu espero";lcineg,"calado",kuminek-ak"eu estoucalado". Em outrosverbosindicafuturo,e. g., tengao-,"celebrarum feriado", tumengao-ak,"tereiumferiado".O pretéritoé freqüentementeindicado peloinfixo -in-j se já existeo infixo -um-,combinam-seos doiselemen- tosem-in-m-,e.g.,kinminek·ak"estivecalado". "i~ ~ I'i :~ É evidentequeo processodeínfixaçãotemnessaslínguas(eemsuas cognatas)a mesmavitalidadequeemoutraspossuemos prefixose su- fixosmaiscomuns. O processO'é tambémencontradiçoemcertonúmerode línguasda Américaaborígine.O plural yanaforma-seàs vêzespor um elemento infixado,e. g., k'uruwi "curandeiros",k'uwi, "curandeiro"IGj em chi- nuk, usa-seum -Z- infixadoemcertosverbosparaindicaratividadere- petidae. g., ksik'ludelk, "ela fica olhandopara êle", iksik'ltutk "ela olhouparaêle" (elementoradical-tk). Nas línguassiu8nhá um tipo peculiarmenteinteressantede infixação,qualo de certosverbos·inséri- remelementospronominaisno própriocorpodo radical,e. g., si'lichêti, "fazerumafogueira",chewati,"eu fiz umafogueira";xuta, "perder", xuunta-pi, "nósperdemos"(umobjeto)_ Processosubsidiário,masnãodemaneiraalguma,semimportância, é o da mutaçãointernavocálicaou consonantal.Em algumaslinguas, comoeminglês(sing, sang,sung,song; goose,geese),a primeiradessas mutaçõestornou-seum dosmaioresmétodospara indicarmudançabá- sicadefunçãogramatical.E, sejacomofôr, o processocontinuavivaz, aopontodeatrairosnossosfilhosparacaminhosínvios.Todosconhece- mosalgummeninotequefala em "having brung somethingl1 [emvez de brought,particípiopassadodo verboto bring, trazer]por analogia comformascomosung e flung [verbosto sing, "cantar"e to fling, "ar- remessar"].Em hebraico,já o vimos,a mutaçãovocálicaaindaé mais significativado queeminglês;e o queé verdadeparao hehraico,tam- bémo é, naturalmente,paratôdasasoutraslínguassemíticas.Unspou- cosexemplosdochamadoplural "quebrado"do arábico17servirão"desu- plementoàs formasverbaishebraicasquejá citeia outropropósito.O nomebaLad,lilugar",temparaplural .a formabilad18j g~1d,"esconde- rijo" faz o pluralguludj deragil, "homem",o pluralé rigalj,·dezibbal.;, "janela",° plural é xababik.Fenômenosmuitosemelhantesencontram· 16. [Trnduziu-sepor "curandeiro"a locuçãomCdl{;inc·man,que li. escolaantro- po16gicainglêsado Tylo!' e Frazer vulgariza.rame queos a.utoresfra.nceses(Levy' Brühl, por exemplo)transpõemliteralmentepara hommc·médicinc.) 17. Dialetoegípcio. 18. Há. tambémmudançasde ncentoc quantidadevocálierlnestas formas, mas D.'l exigênciasda simplificaçãoimpõem-nosdesprezá-1M. 80 A LINGUAGEM OS PROCESSOS GRAMATICAIS 81 se nas línguas hamíticasda África Setentrional,e. g'l em Shilh19izb~'l, "cabelo",plural izbel/ a-slem,"peixe", plural i-slim·e1t/sn, "saber",sen "e~tarsabendo";rmi, "cansar",rnmni, "estar cansado";ttss~O,"adorme- cer", ttos:; "dormir".De llJ'\AIOllia impressionantec.omas alternnnciusm· glêsase gregasdo tipo sing-sange leipo, "deh:o'~,leloipa "deixei", são em somali21os casosde al, "sou", il, "era"; i-dah-a, "digo", i-di, "dizia", deh, "dize!" A mutaçãovocálicaé tambémde grande significaçãoem certo nú- merode línguas índias americanas.No grupo athabáskanmuitos verbos mudama qualidadeou a quantidadeda vogal do radical ao mudar de tempo ou de modo. O verbo náva.hocorrespondentea "ponho (grão) numa vasilha" é bi-hi-x-dja, em que dja é o radical; o tempopretérito bi-hi-dja!,tem um a longoseguidoda "oclusãoglotal"22;o futuro é bi-h- de-x-dji com a mudançacompletada vogal. Em outros tipos de verbos návaho,as mutaçõesvocálicnsseguemlinhas diferentes,e. g., yah-a-ni-ye "carregais (um fardo) para (uma cavalariça)"; pretérito yah-i-ni·yin (comi longoemyin, sendoo n aqui usadopara indicar nasalação) j .fu- turo, yalt·a-di-yehl(com e longo). Em outra língua índia, o yokuts23,as modificaçõesvocãlicasmanifestam-s.etanto nas formas nominais como nas verbais.Assim, buchong"filho" forma o plural bochang-i (em con- trastecoma formaobjetivab~tchong-a)ide enax,"avô",o plural é inax-a; o verbo engtyim"dormir" forma o continuativoingetym-ad,"estar dor- . mindo" e o pretérito ingetymax. As mutaçõesde consoante,comoprocessofuncional,sãopor certomui· to menosfreqüentesdo que as modificaçõesvocálicas;mas, a bemdizer não sãoraras. Em inglês tem-seum grupo de casos interessante- o de certos nomese verboscorrelatosque só diferem pela consoantefinal surda ou sonora.São exemploswreath (com th comoem think) mas to wreathe (com th comoem then) [porto"gl'inalda" e "engrinaldar"); home,mas 19• Língua bcrberede Manocos. 20. .A.1gumaslínguas berberesadmitemcombina.çõescO!lllonantais,que, 11. nós outros,parecemimpronunciá.veis. 21. UmadnsUnguashamíticasda.África.oriental. 22. Ver pág.56. 23, . Falado no centromeridionalda ,Calif6rllia. to house (com s pronlUlciadocomo z) [porto "casa" e "alojar"]. Que temoso sentimentonítido da troca, comomeio de dis.tinguiro nomedo verbo,prova·oa extensãodo processona bôcade muitosamerieanospara um nomedo tipo 7'ise(e. g. the me of democracy)- pronunciadorice - emcontrastecomo verboto me,de s igual a z [porto"erguer"]. Nas línguas célticllS,as consoantesiniciais 'sofrem várias espooies de mudançade acôrdocom a relaçãogramaticalsubsistenteentre o vo- cábuloe o que precede. .Assim;em irlandês moderno,umapalavra como bo ''boi'' pode,em adequadascircunstâncias,tomar as formas bho (pro- nuncie-sewo) ou mo (e. g., an bo, "o boi", sujeito,masti'f na mo, ''terra dosbois", possessivodo plural). No verbo,o princípio tem,comouma das suas mais notáveisconseqüências,a aspiraçãodas COn5lOantcsiniciais do pretérito. Se um verbo começapor t, digamos,troca o t por th (que hoje se pronuncia h) nas formas do passado;se começapor g, a con- soantepassa, em formas análogas,a gh (pronunciado como aspirante sonoragZ' ou comoy, segundoa naturezada vogal seguinte).Em ir- landês moderno,o princípio da mutaçãoconsonantal,que começouno período mais arcaicocomoconseqüênciasecundáriade certascondições fonéticas,tornou-se,pois, um dos processosgramaticaisprimordiais da língua. Tão notáveistalvez quanto êssesfenômenosirlandesessão.as per- mutas consonantaisdo fuI, língua africana do Sudão. Aqui, verifica- se que todos os nomespertencentesà classepessoalformam o plural coma mudançada inicial g, dj, d, b, k, ch e p para y (ou w), y, r, w, h, s e f respectivamente,e. g. djim-o "companheiro",yim-'be "companhei- ros", pio·o ''batedor''(nas caçadas),fio-'be "batedores".~ curiosoobser- var que nomespertencentesà classedos objetosformam o seu singular e plural de um modoexatamenteinverso,e. g., yola-re, ''lugar de relva crescida",djola-dje,_"lugaresde relv~crescida".fita1t-du,"alma",pital-i, "almas".Em nutka, para citarmosainda uma língua, em que se encon- tra êsseprocesso,o t ou tZ25 de muitos sufixos verbais torna-sehl em formasque designamrepetição,e. g'l hita-'ato,"cair para fora", hita-ákl, "ficar caindopara fora"; mat-achixt-ua,"fugir pela água", mat-achÍ$t- -ohl, "ficar fugindo pela água".Al~mdisso,o hl de certoselementOspas- 24. Verpá{?;.57. 25. Essas grafiss são apenas!Lproximaçõesgrosseirasde certos.sonssimplct1. 82 A LINGUAGEM OS PROCESSOS GRAMATICAIS 83 sa para um peculiarsomh nas formasdo plural, e. g. yak-oh~"contun- dido na face", yalc-oh, "(gente) de fac.econtundida".Nada maisnatural do que a importânciada reduplicação,ou seja, em outros têrmos,a re- ,petiçãototal ou parcial do radical. O processoé geralmenteempregado, com transparentesimbolismo,para indicar certosconceitoscomodistri- buição,pluralidade, rtrrJetição,atividadehabit}Jal,aumentode tamanho, acréscimode intensidad~ntiíiü~ Até em inglês,não-édesc~nhe~-- cido, emboranão se considereem regra um dos recursosformativostí- picosda língua. Palavras comogoody-goody e to pooh-pooh [de goody, "bobo" e pooh!, exclamaçãode desprêzo]tornaram-separteaceita de nossovocabulárionormal; mas o métododa duplicaçãopode ser usado, emdadosmomentos,mais espontâneamentedo que o indicamtais exem- plos assimesteriotipados.Locuçõescomoa big big man ["homenzarrão"] ou Let it cool till ,it's thick thick ["Deixe esfriar até ficar bemconsis.ten- te"] sãomuito maiscomuns,especialmentena fala das mulherese crian- ças do que o fariam supor os nossoscompêndiosde linguagem [cf., em português,'''estáfraquinho, fraquinho!"]. Contudo a enormeporção de palavras,muitas de som imitativo ou de intençãopejorativa, que têm reduplicaçõeseminglês,comalternânciaàsvêzesde vogalou de consoan- te, constituemuma classeà parte: são do tipo de sing-song, riff-ralf, wishy-washy, harum-skarum, roly-poly [cf., emportuguês,"zig-zag","tic- .tac", "bule-bule", "bim·bão",donde "bimbalhar", etc.]. Palavras dêsse tipo são pràticamenteuniversais. Exemplos como o russo Ohudo-Y1ldo (um dragão), o chinêsl,ing-pang (para o bater da chuvano telhado)26, o tibetano kyang-kion,q, "preguiçoso",o manchu porpon·parpan "rame- lento", lembramcuriosamente,na sua forma e psicologia,têrmos mais próximosde nós. Não se podedizer propriamente,entretanto,que o processoredupli- cativo tenha uma significaçãogramatical específicaem inglês [ou em português]. Convémbuscarmosalhuresa.sua ilustração.Casoscomoo hotentote go-go, "olhar cuidadosamente"(de go, "ver"), somali fen-fen "ranger os dentes para todo lado" (de ien, ranger os dentes), chinuk iwi-iwiJ "olhar emvolta comcuidado,examinar" (de iwi, aparecer)ou tsinshian am'an "vários (são) bons" (de am bom) não se afastamdo âmbitona- tural e f1IDdamentaldo processo.Função mais abstrataé exemplifica- 26. Dondeo nossoping·pong. da em ewe21, em que tanto os infinitivos comoos adjetivosverbaisfle formam do verbo por duplicação;e. g. yi, "ir", yiyi "ação de ir", wo "fazer", wowo, "feito"28, m.awomawo "ação de não fazer" (com dupli- caçãotanto do radical verbal comoda partícula negativa). Duplicações causativassãocaracterísticasdo hotentote,e. g'I gam.gam2~"fazer dizer" (de gam, dizer). Ou usa-seo processopara derivar verbosde nomes,co- mo no hotentotekhoe-khoe "falar hotentote"(de khoe-b, homemhoten- tote) ou em kwakiútl metmat, "comer ostras" (elementoradical meto, "ostra"). Os exemplosmais caracteristicosde reduplicaçãosão aquêlesque repetemuma parte apenasdo radical. Seria possíveldemonstrara exis- tência de um vasto número de tipos formais, nessareduplicaçãopar- dal, segundoo processo- se servede uma ou maisconsoantesradicais, preserva,enfraqueceou altera a vogal radical, ou se refere ao eomêço, ao meioou ao fim do radical. As funçõessãoaté mais exuberantemente desenvoltasdo que com a reduplicaçãosimples,emboraa noçãobásica, pelo menosna sua origem,seja quasesemprede repetiçãoou continui- dade.Pode-sebuscar de tôdas as partes do mundo exemplosilustrati- vos dessafunção fundamental.Reduplicaçõesiniciais temos em shilh g{]IJn, "estar dormindo" (de gen "dormir"); fuI pepeu-'do, "mentiroso" (i. e" aquêleque sempremente),plural fefeu-'be (de fewa, "mentir"); bontok-igorotana,h,"criança",a,nanak "crianças";kamu.ek, "apresso-me", kakam1l-IJk "apresso-memais"; tsínshiangyad, "pessoa",gYrJyad, "povo"; nassgyibaytlk, "fugir", gyigyibaY1lk "aquêleque foge". Psicolàgícamen- te comparáveis,mascom a reduplicaçãono fim, são somaliur, "corpo", plural 1lrarj hll.ússaS1ma, "nome",plural sunana-kij washo30{ftUlU "bú- falo", gtLSUSU, "búfalos"; takelma31himi-d- "conversarcom... ", himim·d- "ter o hábito de conversarcom... ". Ainda mais comumente do 'que a duplicaçãosimples,essaduplicaçãoparcial do radical assumiuemmuitas língua:,;funçõesque não parecemter a menor relaçãocom a idéia de aumento. 27. Lingua ll.fríeano.da Costade Guiná [Tll.mbêmseusa emportuguêso nome gege.] 28. No adjetivoverbalo tomda segunda.6ílnhadifere do da primeira. 29. "Click" 'inicial (pág. 61, nota.16) omitido. 30. Lingul1 índia de Nevada. 31. Linguo.india.de Oregon. 8! A LINGUAGEM OS PROCESSOS GRAMATICAIS 85 Talvez os exemplosmais conhecidossejam os da reduplicllÇãoini- cial dasnossasantigaslínguas indo-européias,queauxilia a formaçãodo pretéritode muitosverbos (e. g. sânscritodada1'-xa,"vi", grego leilopa "deixei"; latim, tetigi, "toquei",gótico lelot, "concedi"). Em nutka em- prega-senão raro a reduplicaçãodo elementoradical em associaçãocom certossufixos;e. g. hluch-, "mulher", forma hluhluch-'it1,hl,"sonharcom uma mulher",hluhluch-k'ok"parecidocom uma mulher". Exemplospsi- colõgicamentesemelhantesao gregoe ao latim são, em takelma,muitos casosde verbosque exibemduas formas do radical, uma usadano pre- sentee no pretérito, a outra no futura e em certosmodose derivados verbais. .A primeira tem uma redt1plicaçãofinal, que não figura na se- gunda; e. g. al-yebeb-i'n"mostro-lhe(ou mostrei-lhe)", al-yeb-in, "mos- trar-Ihe-ei". Chegamosagora ao mais sutil dos processosgramaticais:variações de acentuação,quer na intensidade,quer na altura. A principal dificuldade em isolar o acentocomoprocess.ofuncio- nal estáem queêlese achamuitasvêzes.tão combinadocomalternâncias de quantidadeou qualidadevocálica,ou tão complicadopela presença de afi...•os que o seu valor gramaticalaparecesob aspectomais secundá- rio do que primordial. Em grego,por exemplo,é um característicodas formas verbaisre- cuaremo acentoo mais longepossível,dentro das regraspros6dicasge- rais, enquantoos nomesapresentammaior liberdadede acentuação.Há, assim,umaimportantediferençade acentoentreumaforma verbal como el1dhemen,"fomos libertados",acentuadona penúltima sílaba, e o seu derivadoprincipal lutheis, "líbertado",acentuadona última. A presença doselementosverbaistípicos (',-e -men,no primeiro ca'>O,e do s nominal, no segundo,COnCOr1'0para obumbraro valor inerenteda alternânciade acentos.11:ssevalor ressaltanitidamenteem formasduplas inglêsascomo to 1'efund(verbo, oxítono) e (t refund (nome,paroxítono), to extract e an extract,to comedown e a comedown, to lack luste1'e lack-luster eyes;emque a diferençaentreo verbo e o nomesó dependeda mudan ça de acentuação[É o que anàlogamentese verifica em portuguêsentre a 1.'pessoasingular do indicativopresentee o nomedeverbal correlato, . de, por exemplo,"(eu) reverbero",paroxítono,e "(o)' revérbero",propa- roxítono,"(êle) fabrica",paroxítono,e "(a) fábrica",proparoxítono,etc.]. Nas línguas athabúskan,há não raro significativasalternânciasde aoen- 'f Ir '1 to comoemnlÍvahota--dtgis,"vós vos lavais" (acentuadona segundasí- la.ba) e t~di-gis"êle se lava" (acentuadona primeira)32. O acentode altura pode desempenharfunção tão importante quan- to o de intensidadee talveza desempenhemais a miúdo. O simplesfato, entretanto,de seremas variaçõesde altura essenciaisna fonética de uma língua, comoemchinês (e. g. fêng, "vento"comtom nivelado,ftng, "servir" comtom decrescente)ou em gregoclássico (e. g. lab-~, "ten- do tomado",comtomsimplesou alto 110 sufixo de particípio -011,; gunaik- ó'n, "de mulheres",com um tom circunflexo ou decrescenteno sufixo casual -01~)não constitui por si só, necessàriamente,uma aplicaçãoda 'altura para fins funcionais, ou, digamosmelhor, gramaticais.Em tais • casosa altura estámeramenteintegradano radical ou no afixo, como estãoas consoantese as vogais. Já é coisadiferenteuma aIternânciachinesado tipo de chüng (ni- velado), "meio", e ch~ng (decrescente),"acertar no meio"; m.fi (cres- cente), "comprar"e m'ai (decrescente),"vender";pai (decrescente),"cos- tas", e pei (nivelado) "levar às costas".Exemplosdestaordemnão'são, a rigor, comunsemchinês,nemse podedizer que a língua possuaatual- menteo sentimentonítido de simbolizarnas diferençastônicas a dis- tinção entre o nomee o verbo. Há idiomas,entretanto,em quetais diferençastêmimportânciagra- matical das mais.frmdamentais.São elas particularmentecomuns no- Sudão.Em ewe,por ex.emplo,existem,provàvelmentede subo, "servir", dua.s:formasreduplicadas,uma infinitiva sub'osúbó,"servir",com tom baixon~ duasprimeirassUabase alto nas duas últimas e uma adjetivll súbósúbó,"(aquêle) queserve",em quetôdasas sílabas.sãoemtom alto. Ainda maisnotáveissãocasosministradospelo shilluk, uma das lín- guas das cabeceirasdo Nilo. .Assim,o plural de um nomemuitas vêzes difere do singular pela entoação;e. g., yft (alto), "ouvido", mas yit (baixo) "ouvidos",Nos pronomes,pode-sedistinguir três formas apenas. pelo tom: ~,"êle", tem tom alto e é subjetivo,-e, "o" (e. g., a chwol-e, "êle o chamou") tem tom baixo e é objetivo, -e "dêle" (a. g., wod-e, "casa dêle") tem tom médio e é possessivo,Do elementoverbal gwad-, "escrever",formam-segw~d-~ l/(êle) escreve",comtom baixo a passiva 32. Nõ'o 6 improvó.vel,entretlluto,que estas alternllnciassejam primordial- mentede naturezatônica (altura). 86 A LINGUAGEM: uw~t,"(estava)escrito",comtomdecrescente,o imperativogw{U "es- creve!",comtomcrescente,e o-nomeverbalgwêt, "escrita",comtom nivelado. Sabe·sequena.A~éricaaboríginetambémocorreo acentode altu- ra comoprocessogramatical.Bom exemplode umadessaslínguasde entoaçãoé o tlinguit,faladopelosíndiosda costameridionaldoAlasca. Aí, muitosverbosvariamo tomdoradicalconformeo tempo;hun,"ven- ·der",sin, "ocultar",tin, "ver",e muitosoutrosradicais,pronunciados emtombai:l~oreferem-seao pretérito,e emtom alto, ao futuro.Ilus- tramoutrotipo de funçãoas formastakelmaheZ, "canto",comaltura decrescente,masheZ, "cante!"comumainflexãode voz ascendente;há paralelamenteseZ, (decrescente)('pintadode prêto", seZ (crescente), "pinta-ot". Bempesadotudoisso,torna-seevidentequeo acentodealtura,como a intensidadee asmodificaçõesvocálicasoucOD$onantais,é utilizadocom muitomenosparcimânia,comoprocessogramatical,do quepoderíamos .suporprováveldentrodosnossoshábitoslingüísticos. .i v A FORMA NA LINGUAGEM: OS CONCEITOS GRAMATICAIS· Vimosqueo vocábuloisoladoexprimeumconceitosimplesou uma combinaçãode conceitostão intrincadosqueconstituemumaunidade psicológica.Examinamosràpidamente,alémdisso,sobum aspecto·estri· tamenteformal,osprincipaisprocessosquesãousadosemtôdasas lín· guasconhecidascomo fim de submeteros conceitosfundamentaiR,.- aquêlesqueestãocorporificadosnosvocábulosinanalisáveisou nosra· dicaisde um voeábulo-, à influênciamodificadoraou formativado~ conceitossubsidiários. Nestecapítulo,olharemosmaisdepertoparaa naturezadomunde dosconceitos,na medidaemqueêssemundoserefletee sistematizana estrutura lingüística. Comecemoscomumasentençasimplesinglêsaqueinclui váriosti· posdeconceitos- the farmer kills the duckling. Umaanáliseperfunctóriarevelaaquia presençade trêsconceito~ distintose fundamentaisrelacionadosentresi por umaporçãode ma· neiras.Sãoêles:farmer ["lavrador"],sujeitododiscurso;kill ["matar". na 3.~péSSoado presente"mata"],quedefinea naturezada atividad~ a quea sentençase refere;e dulcling (duck, "pato",e o sufixodimi; nutivo.ling,paraindicarum "filhotede pato"]J outrosujeitodo dis· <lurso1quetomaparteimportante,emboraumtantopassiva,nessaati· vidade.Podemoster umavisãodolavrador[farmer) e do animal(duck: Zing] econstruirsemdificuldadeumaimagemdoatopraticado[killing]. Em outrostêrmos)oselementosfarmer, kill e duckling definemconceiw de ordemconcreta. 1. Nãonoseusentidotécnico. 88 A LINGUAGEM r I ! os CONCEITOS GRAMATICAIS 89 Análise lingüística mais cuidadosa,porém, mostra-noslogo que os dois sujeitosdo discurso,por maissingelaque seja a nossavisão mental fi respeito,nãoestãoexpressosda maneiradireta e imediatapor que nos impressionam.Farmer é em certo sentido um conceitoperfeitamente unificado, emoutro sentidoé "aquêleque lavra [farm, verbo "lavrar"]. O conceitotransmitidopelo radical (farm-) não é absolutamenteum con- ceitode personalidade,masde atividadeindustrial (to farm), que parte por sua vezdo conceitode um tipo particular do objeto (a farm) [isto é, eminglês,o substantivode coisafarm, "herdade,fazenda",determinou a formaçãode um verbo to farrn, de que saiu por sua vez o substantivo de pessoafarmer expressono exemplo].Da mesmasorte,o conceitode {j,1!cklingestáem:QosicãolJlteriol' à do conceitoexpressopeloradical duck. :t:ste,que pode figtirar como vocábuloindependente,refere-sea tôda uma classede animais,grandesc pequenos,ao passoque duckling está limitado na sua aplicaçãoaos filhotes dessaclasse.O vocábulofarmer tem um sufixo lIagentivo"-er, ao qual cabea função de indicar a pes- soaquerealizaumadadaatividade[comoemporto"-dor" de "lavrador", por exemplo,que é "a,quêleque lavra"]. Tal sufixo transforma o ver- bo to farrn num nomeagentivo,precisamentecomotransformaos verbos 'to sing, to paint, to teach ["cantar", "pintar", lIensino.r",ou seja, "pro- fessar"}.nos nomesagentivoscorrespondentessinger, painter, teacher (port. "cantor", "pintor", IIprofessor")2,O elemento-ling não apresen- &0. um uso igualmenteamplo,masa sua signüicaçãoé óbvia,Acrescenta ~oconceitobásicoa noçãode pequenez(comoainda em gosling e fled- 7eling) ou a noção co1'relato.de "mesquinhezdesprezível" (como em. 'lJeakling,princeling, hireZing),Tanto o agentivo-er quanto o diminu- ;ivo -ling transmitemidéiasnitidamenteconcretas(de uma maneirage- ~alas de "pessoaque faz" e "Pequeno"); mas êssecaráter concretonão, :ica bem acentuado.O papel dos dois sufixos não é tanto definir con- ~eitosdistintos quanto servir de elementointermediário entre certos :onceitos.O -e1'dc farmer não diz pl'àpriamente"aquêleque (fanns)"; ndica apenasque a espéciede pessoaa que chamamos.fanner está ão associadaàs atividadesda lavoura que pode ser conventili!J;lJL1mente 2. [Nos exemplosportuguêses,há entreo verboe o nomeum sentimento,de erivaçãoatual, quenão corrcspondeà realidadehist6rico.,pois tanto o nomecomo verboestilono mesmopInnode derivaçii~emreferência.aosradicaisprimitivosdOB, ~rbOBlatinosronc-re,pingcre, profitC1'i.] ! (: :. i eoncebidacomo sempreocupadanessasatividades.Evidentemente,H'a à cidade e tratará de atividadesmuito outrll:~~as_~!l~p-i.~__com-a pape- leta.lingüística de farm~ .,--...-...-.'--.-.. A linguagemrevela nisto certa incapacidade,ou se quiserem,certa tendênciarígida a olhar muito além da função imediatamentesugeri- da, confiando em que a imaginaçãoe a fôrça do hábito bastam para preencheras transiçõesde pensamentoe os detalhesde aplica<;.ãoque distinguemdo conceitoconcreto (to farm) um seu conceito"derivado" (farmer), Seria, com efeito, impossível a qualquer língua exprimir cada idéia coii~or um radical o~r .J!m_ª l2..ª~y.!'..~,i!!:..a:e~enien:t~:J O que há de concJ..:~tona experi~.Q~i!.L_"~_.,~I!:~~!1i!':.t?;_~~,~!?Sda línguâ, ~ais rica são estritamentelimit~2!?:_._A.__!1!!.g.l:l_~n!-~~'pois, iorÇõSãffiénte- de jogar inúmérosconc!itos"dei~!:SQ_ª_l!.,.!g.!?rl.~~~,~:~~:~~!~~~~~~~~gi~~f~~ Bicos,servindo-sede Q)Jtrasidéiasconcretasou semi~Cllç,r~tª!L~oI.!J--O..inter-.~ iüêdiáriosfuncionais.As idêi;;-;;~p·res~~;·p~'~"êssese1~~entosintermediá- rios, - os quaispodemser vocábulosindependentes,afixos ou modifica- çõesdo radical ..:..,podemser chamadas"derivadas"ou "qualificativas". Alguns conceitosconcretos,comokill, são expressospor um radical; ou- tros, comofarmer e duckling, por um meioderivado. ' Em correspondênciaa êssesdois modosde expressãohá dois tipos de conceitose de elementoslingüísticas,um radical (farrn, lcill, duck) e outro derivado (-er, -ling). Quandoum vocábulo(óu um grupo unifica- do de Yõêãbulos)contémum elemento(ou um ,vocábulo)derivado,a'-- significaçãoconcretado radical (farm-, duck-) te~dea esva~r-seda cons- ,ciência e a deixar-sesubstitnix:__por um novo valor concreto (farmer, duckling), que é antes sintéticona expressãodó que"prõprià~entena idéia, Na nossasentença,por exemplo,não entram a rigor os concei- tos de farm e duckj ficam meramentelatentes,por motivosformais, na expressão'lingüística. Voltando à sentença,sentimosque a 'análisede farmer e duckling não interessapràticamenteà compreensãodo seu conteúdoe não inte- ressaabsolutamenteàpercepçãoda sua estruturaglobal. Partindo-seda, sentença,os elementosderivados,-!l1' e -ling são apenasdetalhesda eco- nomia local de dois de seustêl'mos(farmer e duckling) por ela adeitos comounidadesde expressão, . Evidencia-seessa indiferença da sentença,como tal, a uma parte da análisedosseusvocábuloscomsubstituirmosa fa1"rne'r e duckling vo- cábulosradicais comoman ["homem"]e chick ("pinto"), obtendonovo conteúdomaterial,é certo,maslfão absolutamentenovomoldeestrutural. Podemosir aléme substituiroutra atividadeà de matar,a de "segu- rar" digamos[inglêsto ta.kc].A nova sentençathe man ta.kesthe chick~ é totalmentediversada primeira quanto ao assuntomas não Q\1antoà maneirade tratá-lo.Sentimosinstintivamente,sema mais leve tentativa de análise consciente,que as duas sentençasadotam precisamenteo ~!?-.~mopadrãQ,que são na realidadeuma mesmasentençafunda~~~_ diferindo_apenaspeJo.....mrestimentomaterillL Em outros têrmos,expri- memde maneira idêntica idênticosconceitosde relação.A maneira é, por assimdizer, tríplice - o uso de um vocábuloinerentementerela- eional.·(the) [artigo definido] em posiçõesanálogas;a seqÜênciaaná. Ioga' (sujeito,predicadoconstituídode verbo e objeto) dos têrmoscon- cretosda sentença;e o uso no verbo do elementosufixado -s [desinên- cia do indicativopresenteda 3.~pessoasingular]. Mude-se um dêssesearacteresda sentençae ela fica modificada, leve ou profundamente,sob o seu aspectopuramenterelacional, não- material. Se omitir-se the (tarmer h?ls duckling, man takes chick) ela torna-seimpossível;não entra num padrão formal reconhecidoe os dois sujeitosdo discursoparecemincompletos,suspensosno vácuo.Sen- timos que não há relaçãoestabelecidaentre êles, relação ess~que já estáprevista na mentede quemfala e quemouve.Assim que o the.é antepostoaos dois nomes,sentimosum alívio. Ficamos sabendoque o lavrador e a ave de que nos fala a sentença,são o mesmolavrador e a mesmaave,a quenos referíamos,ou de que ouvíamosreferência,ou em que pensávamos,momentosantes.Se eu encontrarum homemque não estácogitandoe nadasabedo citadolavrador,defrontareiprovàvelmente com tlm olhar de pasmopor tôda resposta,ao lhe comlmicarque "the farmer ("quemé êle1")kills the duckling ("não sabiaque êle tinha um, seja êle lá quemfôr"). Se, não obstante,o fato me parecerdigno de ser comunicado,serei forçado a falar de "a !arme7'up my way" ["um la- vrador lá das minhas bandas"] e de a dWJkling of his ["um patinho seu"]. :f':ssesvocabulozinhos,the e a, [artigos"o" e "um"] têm a impor- tante função de estabelecerama referênciadefinida ou indefinida. Omitindo o primeiro the e abandonandoconcomitantementeo -8 sufixado, obtenho um- tipo inteiramente novo de relações. F'armer, kz"llthe duckling implica que me estou dirigindo a um lavrador, não 3. :fJ claro que ó por "ncidente"que o .$ denotapluralidadeno nomoe sino gularidadeno verbo. apenasfalandodêle; e, alémdisso,,queêle não estámatandoa ave,mas recebendouma ordemminhaneste.sentido.A rE,!!-çãosubjetjy.aque ha- via na primeira sentença,tornou-seuma relaçãovocativai e a ativi- dadepassaa ser concebidaem tªrmos imperativose não indicativos. Concluímos,portanto, que se o lavrador deveser apenasuma pes- soade quemse fala, o artigo tem de voltar ao sel'llugar e o -8 não deve ser supresso.11Jsteúltimo elementoclaramentedefine, ou antes, auxilia a definir uma sentençaenunciativaemcontrastecomuma ordem. Verifico, além disso,que,se quiser falar de vários lavradores,não podereidizer - the fa.rrtterskills the dtu;kling,massim - the farmers ~azthe duckling, Evidentemente,pois, o -8 pressupõea singularidade do sujeito.Se o nomeé singular,o verbotem umaforma que lhe corres- ponde, e tem outra, se o nome é pluraIS. A comparaçãocom formas .comoI kill [1.~pessoado singular] e Voukill [2.' pessoado plural] mos- tra, a.mais,que·o -8 tem exclusivareferên,cia,a uma pessoaoutra.que não aquelaque fala ou aquelacom que se fala. Concluimos,pois, que conotaaí uma relaçãopessoal,ao mesmotempoque uma noçãode sin- gularidade.E a comparaçãocomuma frase'como- The farmer killed [pretérito;port, "matou"] the duokling indica haver ainda nestesobre- carr~adíssimo-s a designaçãonítida do tempopresente. --'-'--- O caráterindicativoda sentençae a referênciade pessoapodemser , consideradosconceitosinerentesde relação.O número..t.~Yidentemel+le_. . sentid~l~~~_ inglês.QQI!19...lJ.I11!l-l'elação.nec~ªljil:d~,9jsJ...d:º.çc)11~_._ ..Jrário não haveria.razãopara exprimi!,:~.t:....ª~as...!:.~~.~.s._..~..~o.l}.c,e!t~.-::-:um~.. :vezno nome,outra vez no v~rQC).!O tempotambémé claramentesenti- do comoconceitode relação;se o não fôsse,poder-se-iadizer the fanner killed-spara cOl'respondera - the fa7'mer Mlls. Dos quatro conceitosinextricàvelmenteentrelaçadosno sufixo Os, todossãosentidos,pois, comoconceitosde rel~o, sendoque dois têm o caráter de relaçãonecessári~.A distinção entre um verdadeirocon- ceitode relaçãoe um queé apenassentidoe tratadocomotal, semque seja parte intrínseca da natureza das coisas,merecerámaior atenção nossadaqui a um momento. 90 A LINGUAGEM I I I, [ 1 1, \; I' I; I~. OS CONCEITOS GRAUATICAIS 91 92 A LINGUAGEM os c oN C'E I TOS G nA !rI A T I C A I S 93 Finalmente,é-mepossívelmodificarradicalmenteo contôrnorela. cionalda sentençacomalterara ordemdosseuselementos.Sc forem trocadasasposiçõesdefarmer ekills, a sentençaficará- kills thefarmer the duckling,o queé muitonaturalmenteinterpretadocomoumama- neirainsólita,masnãoininteligível,defazera pergunta- doesthefaro mer kiU the duc7cling'l~.Nestanovasentença,nãose concebeo atoco- monecessàriamenteemrealização.Pode,ou não,estar-sepassandoêsse ato,ficandoapenaspressupostoquea pessoaquefala quersabera ver- dadee achaquepodeter informaçãoda pessoacomquemfala.A sen- tençaintenogativapossuiuma "modalidade"inteiramentediversada declarativa,e pressupõeumaatitudenitidamentediversada partede quemfala para quemouve. Haverámudançaaindamaisnotávelnas relaçõespessoais,se tro- carmosa posiçãodefarmer e duckling.The dueklingkills the fa1'meren- volveprecisamenteosmesmossujeitosdodiscursoe o mesmotipodeati. vidadequea nossaprimeirasentença,masos papéisestãoinvertidos. A avevingou-sedohomem,comoo vermedoprovérbio,ou,parausarmos a terminologiagramatical,o queera "sujeito"é agora"objeto",e o queeraobjetoé agorasujeito. O quadroinfl'a analisaa sentençado pontode vistados concei- tos nela expressose dosprocessosgramaticaisutilizadospara tal ex- pressão: r. OonceitosConcretos: 1. Primeirosujeitodo discurso:{armer. 2. Segundosujeitodo discurso:duckling. 3. Atividade:kill. --- analisáveisem: A. OonceitosRadicais: 1. Verbo: (to) {armo 2, Nome;duck. 3. Verbo: leill. 4. [Em illgl~so verbointel'Togativoé normalmenteconstituldocomo auxiliar do (presente,3."pesosing. does), did (passado),a.quese pospóoo sujeito,11 mellO~ quesetmte deum verbocomohave, àe, will, shall, must, may ou de um tempooom. postocomumdêstesna funçii.ode auxiliar.Em alta, poesia,porém,esporMieo.monte, poderiaaparecera formaadmitidapeloautor.] B. Conceitos'Derivados: 1. Agentivo:expressopelosufixo-er. 2. Diminutivo:expressopelosufixo-ling. n. Conceitosde Relação Referência: 1. ReferêncÍJ;l.definidaquantoao primeirosujeitodo dioour- so:expressopeloprimeirothe,quetemposiçãoprepositÍva. 2. Referênciadefinidaquantoao segundosujeitodo discur- so: expressopelosegundothe,quetemposiçãoprepositiva. Modalidade; 3. Declarativa:expressapelaseqüênciadesujeitomais verbo; e pressupostapelo-$ sufixl1do. Relaçõespessoais: 4. Subjetividadede farmer: expressapelaanteposiçãode far- mer a kills e pelo-s sufixado. 5. Objetividadede duckling: expressapelaposposigãode duc- k'Unga kills. Número; 6. Singularidadedoprimeirosujeitododiscurso;expressopela ausênciadesufixodepluralemfarmerj e pelosufixo·s no verboseguinte. 7. Singularidadedosegundosujeitododiscurso:expressopela ausênciadosufixodo plural emduckling. Tempo: 8. Presente:expressopelaausên-ciade sufixodepretéritono verbo;e pelo-s sufixado. Nestacurtasentençade cincovocábulos,estãoexpressos,portanto, trezeconceitosdistintos,trêsdosquaisradicaise concretos,dois.deriva- dose oitode relação. 94 A LINGUAGEM OS CONCEITOS GRA1.iATICAIS 95 Talvezo maisnotávelresultadoda análisesejaa prova,maisuma vezobtida,da curiosafalta de correspondênciaemnossalínguaentre a funçãoe a forma.O métodode sufixaçãoé usadotantonoselemen- too'derivadoscomonosde relação;vocábulosindependentesou radicais exprimemtantoidéiasconcretas(objetos,atividades,qualidades)como idéiasderelação(artigosthee a, voeábulosquedefinemrelaçõesdelu- garcomoin, on, at) [cf. emportuguêsosartigos"o" e ''um'',e aspre- posições"em","sôbre","a"]j um mesmoconceitode relaçãopodeser ~expressomaisdeumavez (assim,a singularidadede fa:rmer é expres- sa negativamenteno nomee positivamenteno verbo)i e um elemento podeconterumgrupodeconceitosintrincadosemvezde ums6concei- to definido(assim,o -s dekills encarnanadamenosquequatrorelações ue logicamentesãoindependentesentresi). A nossaanálisepoderáparecerumtantoelaborada;apenas,.porém, porqueestamostãohabituadosaosnossosconhecidíssimoscanaisde ex- pressãoqueêleschegama senosapresentarcomoinevitáveis. Ora,a análisedestrutivado queé familiar,vema sero únicomé- todopara chegarmosa compreendermodosfundamentalmentediferen- tesde expressão.Percebero quehá defortuito,de ilógico,de desequili- bradona estruturada línguanativa,é meiocaminhoandadoparasen- tir e apreendera expressãodasváriasclassesde coneeitosemtiposde fala estranha.Nemtudoqueé "extranacional"é intrlnsecamentedena- turezailógicae complexamenteforçada.Nãoraro,é precisamenteaquilo quenosé familiar,queperspectivamaisamplarevelasercuriosamente esporádico. De um pontode vistapuramentelógico,é óbvioquenãohá uma razãoinerenteparaexplicarpor queosconceitosexpressos:ç1anossasen- ten~.adehá poucoestãoconsiderados,tratadose agrupadosda maneira quevimos.Tal sentençaé anteso produtode fôrçaspsicológicas,histó- ricase irrefletidas,do queumasínteselógicade elementosnitidamente apreendidosna suaindividualidade. É o queseverifica,emmaiorou menorgrau,emtôdasas línguas, 'sebemquenasformasdemuitasdelassenosdepare,melhordoquenas nossasformasinglêsas,um reflexomaiscoerentee consistentedaquela análise,orientadaparaos conceitosindividualizados,quenuncaestáin- teiramenteausenteda linguagem,embor~complicadae sobrecarregada COm fatôresmaisirracionais. ExameperfunctóriodeoutrasHnguas,próximase remotas,mostrar- nos.iabemdepressaquealgunsou todosos trezeconceitosquesucede figuraremna nossasentençade há pouco,podemnãosó ser expressos sobformadiferentecomoficar diferentementeagrupadosentresi; que algunsdêlespodemserpostosde lado;e queoutrosconceitos,quenão foramlevadosemconsideraçãona construçãoinglêsa,podempassara sertratadoscomoabsolutamenteindispensáveisà inteligibilidadedapro- posição. Consideremosprimeiramentea possibilidadede wn tratamentodi- versoparaosconceitosincluídosna sentençainglêsa. Senosvoltarmosparao alemão,verificaremosque,nasentcnç.aequi- valente(Der Bauer totet das Entelein), o definidoda referênciaex- pressadopelapartículainglêsatheestáinevitàvelmentecombinadocom trêsoutrosconceitos-, número(tantoder comodas sãoexpllcitamente singulares),caso(der é subjetivo;da.sé subjetivoou objetivo,logopor eliminação,é aquiobjetivo),e gênero,novoconceitodeordemrelaciona! quenestecasonãoestáexplleitamentepressupostoeminglês(der é mas- culino,das é neutro).Aliás,a tarefaprincipaldeexprimiro caso,o nú- meroe o gênerocabeemalemão'maispropriamenteàspartículnsdere- ferênciadoqueàspalavrasquetraduzemosconceitosconcretos(Bauer, Entelein) e dasquaisêssesconceitosde relaçãodevemlõgicamentede- pender.Tambémna esferadosconceitosconcretosé dignodenotaque o alemãocindea idéiade "matar"no conceitobásicode "morto"(tot) ,e no conceitoderivadode "fazerquesejaistoou aquilo"(pelométodo damutaçãovocálica,tot-) [o tremadoindicaa vogaleu, dofrancêsteu, por exemplo,resultanteemalern.5.odeumaevoluçãodo o de tot]; o ale- mitototet (analiticamente,tot +mutaçãovocálica+ st), trfazque sejamorto"é, aproximadamente,o equivalenteformaldonossodead-en-s, emboraa aplicaçãoidiomá.ticadestaúltimapalavrasejaoutra.[É de· rivadodedead "morto",comoo porto"amortecer",e, comoêste,só de aplicaçãosecundária5J . Podemosfazermaiordigressãoe lançarosolhosparao métodode expressãoemyana.Em traduçãoliteral o equivalenteyanada nossa 5. ''Fllzer ser morto", ou "fa.zermorrer",no sentidode "mQ.tar"é de uso muitÚleimoespalhado.Encontra-se,por exemplo,emnutlta.e emsiú. 96 A.. z:.rNGU AGEM OS CONCEITOS GRA1IATICAIS 97 sentençade hlÍ poucoserá qualquercoisa como- "mata êle lavrador" êle a patinho", em que "êle" e "a" são grosseirasaproximações- de um pronomegeral da terceira pessoapara qualquer,gênerQe número, e de umapartícula objetiva que indiea que o nomeseguintese prende ao verbo em função outra que não a de sujeito. O elementosufixado em "mat-a" [ou, em inglês, kill-s] eorrespondeao nosso sufixo, salvo em dois pontosimportantes:não acarretareferênciaao númerodo su- jeito e eselareceque setrata de um fato verídico,soba garantiada pes- soa que fala. O númerosó fiea, indiretamente,expressoem virtude da ausênciado sufixo verbal específico,que indicaria a pluralidade do su- jeito, e doselementosespecíficosdo plural para os dois nomes.Se a afir- maçãotivessesido feita sob a garantiade uma terceira pessoa,teria de ser usado um sufixo temporal-modalcompletamentediverso. Os prono- mesde referência ("êle") nada dizemquanto ao número,gêneroe caso. Aliás, o gênerofalta completamenteao yana comocategoriade relação. A sentença~"anajá mostra,por conseguinte,quese pode fazer abs- tração de alguns dos nossosconceitossupostamenteessenciais;e tanto a sentençayana quantoa alemãmostram,a mais, que se pode sentir a necessidadede expressarcertosconceitos,que os homensde língua,in- glêSfi,ou antesoshábitosda língua inglêsa,não têmna minima eonta. .Ê possívelprosseguire ir dando novose inumeráveisexemplosde divergênciacoma forma inglêsa,mas temosde nos contentarcommai:> algumasilustraçõesapenas. Na sentençachinesa- 1J.!anMll duck, quepodeser consideradaequi- .alente prático de The man kills the duck, não há, para a consciência chinesa,a sensaçãode infantilidade, hesitaçãoe deficiênciaque experi. mentamosdiante da correspondentetradução literal. Cada um dos três conceitos.concretos,- dois sêrese uma ação-, é diretamenteexpresso por um vocábulomonossilábico,queé ao mesmotempoum meroradical; os dois conceitosde relação,- sujeito e objeto -, são unicamenteex- pressospela posiçãodas palavrasque designamos sêresantés e depois da palavra que designaa ação.E é tudo. Noçãode definido ou indefi- nido, número,personalidadecomoaspectoinerentedo verboe tempo,sem 6. A agriculturanão era exercidapelos yana..A idéia verbal de "lavrar" cxpressar'se-iaprovisoriamentede maneirasintética por "cavar-terra"ou "fazer- brotar".Há bastantesolementoscorrespondontesa ·er 6 -ling. falar em gênero,- tudo isto não reeebeexpressãona sentençachinesa, que, não obstante,é uma comunicaçãoverbal perfeitamenteadequada, desdeque haja, bem entendido,aquêlecontexto,aquêlefundo de qua- dro de compreensãomútua, essencialà completainteligibilida~eda lin- guagem.Nem estaressalvaprejudica o argumento,pois tambémna sen- tençainglêsadeixamoss,emexpressãograndenúmerode idéias,das quais umasestãoimpllcitamente,aceitas,e outras foram desenvolvidas,ou vão sê.lo,no curso da conversação.Nada se disse,por exemplo,nas senten- ças inglêsa,alemã,yana e chinesa,a respeitodas relaçõesde lugar en- tre o lavrador, o pato e das dos interlocutorescomêlesou entresi. Será que o lavrador e O pato estãoambos,ou estáum ou'outro,.fora da vista da pessoaquefa!!l,ou dentrode âmbitovisual dela ou de quemouve,au ainda sãovistosde um terceiroponto de referência"acolá"?Emoutros têrmos.,parafra.seando-segrosseiramentecertas idéias "demonstrativas" latentes,&se lavrador (invisível para nós, 111M pôsto atrás de uma porta não longede mim, estando.tu sentadoacolá fora de alcance)mata aquêlepato (que te pertence)?ou aquêle lavrador (que vive na tua~ ---- 'd,zinhancae que estamosvendoacolá) mata aquêle pato (que lhe per- tence)1 lllsse'tipo de frase elaboradamentedemonstrativoé estranhoà nossamaneirade pensar,mas pareeerianaturalíssimo,'quiçá.inevitável, a um índio kwakiutl. Quais são, então,os conceitosabsolutamenteessenciaisna fala, os conceitpsque têm de ser forçosamenteexpressospara que a linguagem seja um meiosatisfatóriode comunicação? 11: claro quetemosde ter, antesde tudo, um blocode c2.~ceitosbási· cos ou radicais!o assuntoconeretoda fala. Temosde ter objetos,ações, ~qualidadespara conversara respeito,e tudo isso tem de-ter símbolos correspondentesquesejam~ocábu1osindependentesou r~ Nenhuma proposição,por mais abstrato que seja o seu intuito, é humanamente possívelsemum ou mais pontosde contactocomo mundoconcretodos sentidos.E'm tôdaproposiçãointeligível,têm de ser expressasduas, pelo menos,dessasidéias radicais, emboraem casosexcepcionaisuma, ou até uma e outra, fique pressupostano contexto. ' E, emsegundolugar, têm de'ser expressosconceitosde ~lação tais que os conceitosconeretos.:t1qué'menlaçadosentre si, construindo uma forma definida e fundamentalde proposição,ondenão devehaver qual. quer dúvida a respeitoda naturezadas relaçõesexistentesentre os con- 98 A. L I N G U A G E M Ir i:' OS CONCEITOS GRAMATICAIS 99 ceitosconcretos.Temosde saberqualdêlesestádiretaou indiretamen- te relacionadoaooutro,e comoo está.Sequeremosfalar deuma coisa e deumaação,temosdesaberseestãocoordenadosentresi (e. g. "êle gostado vinho e do jôgo"); ou sea coisaestáconcebidacomoo ponto departida,o "agente"daação,ousejaemlinguagemusualcomo"sujeito", a quea ilção.estápredicadajouse,aocontrário,é o pontofinal,o "obje- to" da ação. Se querocomunicarumaidéia inteligívelacêrcade um lavrador, umpatoe a açãode matar,nãoé suficienteapresentaros respectivos símboloslingüísticosà toa,emqualquerordem,confiadoemquea pes- soaquemeouve,tire umaespéciede normade relaçãodentreas pos_ sibilidadesgeraisdo caso. .AE, relaçõessintátjcasfundamentaisprecisamde ser expressassem ambigüida.de. Possopermitir-meguardarsilêncioa propósitodo tempo,do lugar, do númeroe de muitosoutrostiposde conceitos,mas.nãoposso fugir depositivarquemestápraticandoo ato.Nãohá nenhumalínguacon~e- cidaquepossaoutentefugir a isto,damesmasortequenenhumalogra. ria enunciarqualquercoisasemo emprêgQde símbolospara os con- ceitosconcretos. Temos,assim,maisumavezdiantedenósa distinçãoentreosJ@!:. ceitosessenciª-lsou inevitáveis,e os quesãodispensáveis.,Os.primeiro~ sãouniversalmenteexpressos;os últimossãoparcimoniosamentedesen- volvidosemalgumaslínguas,e, emoutras,elaboradoscomexuberância pasmosa. Masquenosimpededelançarêssesconceitosde relação,"secundá- rios" "dispensáveis",no grupoamploe flutuantedosconceitosderivados ou qualificativos,de quejá, hápouco,tratamos?(f. 'I.~-~~) Haverá,afinaldecontas,umadiferençafundamentalentreumcon- ceitoqualificativocomoa negaçãoemunhealthy [prefixouno,comoIlín" do português/linsalubre"]e umarelaçãocomoa de númerode books [ouemporto"livros"]1 Se unhealthypodeser aproximadamentepara- fraseadopor not healthy [portollnãosalubre"],nãoseráigualmentele- gítimo,comcertaviolênciaemboraaogênioda língua,parafrasearbooks por severalbook [ou,emportuguês,"muitolivro)7 Comefeito,há lín- guasemqueo plural,quandochegaa serexpresso,é concebidono mes- mo espíritomoderado,restrito,quasepoderíamosdizer acidental,com quesentimosa negaçãoemunheo,Uhy.Para tais línguas,o conceitode númeronãotema menorsignificaçãosintática,nãoé essencialmentetra- tadocomoexpressãodeumarelação,masentrano grupodosconceitos derivados,ou aténo dosconceitosbásicos.Entretanto,eminglês,como emfrancês,emalemão,emlatim,emgrego,- emtôdasas línguasen- fim comqueestamosfamiliarizados,- a idéiadenúmeronãofica ape- nasapensaa um dadoconceitode coisa.Podeter de certomodoêsse valormeramentequalificativo,masa suafôrçaestende-semuitoalém. Propaga-sea muitosoutrospontosda sentença,modelandooutroscon- ceitos,atéaquêlesquenãotêmrelaçãointeligívelcomo número,para dar-Ihesformasquesedizememcorrespondênciaou."concordância"com o c0neeitobásicoquea elaseadaptouemprimeirolugar. Seeminglêsa man {aUs [como -s da 3.~pessoado singular1 mas _ IImen fall", nãoé porquetenhahavidoumamodificaçãoessencialna naturezada ação,ouporquea idéiadeplural inerenteemIlmen" [plu- ral de man, ullOmem"]deva,pelapróprianaturezadas idéias,referir- setambémà açãopor êlesrealizada. O queestamosfazendoemtaissentençasé o quea maioriadaslin- guas,emmaioroumenorgrau,e decemmaneirasdiversas,estánohá- bitodefazer,- l~n<;.andQ!lmaponteousadaentredoistiposdeconcei· tosfundamentalmentedistintos,o concretoe o de relaçãoabstrata,in- cutindonoúltimo,porassimdizer,a côre a densidadedoptimeiro.Por umaespéciedemetáforaviolenta,o conceitomaterialé obrigadoa subs- tituir-se(ouentrelaçar-se)aoestritamenterelacional. O casoaindaserámaisevidente,setr01Lxermosà balhao gênero. Nas duasfrasesinglêsasThe white woman that comese The white menthat comenadanosdiz queO gênero,tantoquantoo número,pos- sa serelevadoa um conceitosecundáriode relação.Pareceà primeira vistaqualquercoisadeartificiale forçadofazerda masculinidadee da feminilidade,conceitosmateriaiscrassos,e filosOficamenteacidentais (comosão),ummeioderelacionarumaqualidadea umapessoaouuma pessoaa umaação;nemnosocorreriaiàcilmente,senãotivéssemoses- tudadoosclássicos,quese pudesseir ao absurdode inocularemdois conceitosderelaçãotãosutiscomoIIthe"e Uthat"[artigoe pronomere- lativo]asnoçõescombinadasde númeroe sexo. 100 A LINGUAGEM t· OS CONCEITOS GRAMATICAIS 101 Entretanto,tudoisso,e maisainda,aconteceemlatim.lUa alba te- minaquaevenite illi albi hominesqui veniunt,traduzidosconceptual~ mente,correspondemaoseguinte:a.quêle- um- feminino_ agente7 - um- feminino- branco- agentefeminino- fazer- um- mu- lher que- um - feminino- agenteoutroS - um - agora- vir fi. e. cade.palavralatinadesdobra-senumnomeradicalsomado.a con- ceitosdeunidade,feminino,agente,atualidade,3.~pessoa,etc.];e aquêle - muito- mascuDno- agentemuito- masculino- branco- agen- temasculino- fazer- muito- homemque - muito- masculino- agenteoutro- muito- agora- vir [i.e. cadapalavralatinadesdo- bra-senumnomeradicalsomadoaosconceitosdemasculino,deplurali- dade,agente,atualidade,3.'" pessoa].Cadavocábuloimplicanadamenos do quequatroconceitos:umconceitoradical(querconcretopropriamen- te dito - branco,homem,mulher,vir, querdemonstrativo- aquêle, que)e trêsconceitosrelacionaistiradosdascategoriasdo caso,número, ~nero,pessoae tempo.Lõgicamente,apenaso caso9 (relaçãodemulher ouhomemcomo verboseguinte,dequecomo seuanteeedente,dea.quêle e brancocommulher e homeMe deque comvir) exigeimperativamen~ teexpressão,e issoapenasemconexãocomosconceitosdiretamenteatin- gidos.(nãohá,por exemplo,necessidadede informarquea brancuraé umabrancuradeagente)1°.Dosoutrosconceitosrelacionaisalgunssão 7. lt um recursogrosseiropara.representaro Itnominativo"(subjetivo) em contrastecomo "acusativo"(objetivo). 8. I. e., não eu ou tu. 9. /leMO" significa aqui não s6 a relaçãosubjetiva·objetiva,mas tambéma de atribuição. lO. 80.11'0na medidaem que o latim usa êsaemétodocomoum circunl6quio grosseiropara estabelecera ntribuiçii.oda côr a determinada.pessoaou coisa.Com efeito,não se podedizer diretll.IDenteem latim queuma pessoaé branca,mnsape· uM queo queé bruncoé idênticocoma pesso:J.queexiste,pratica uma açãoou a \ sofre. Originàriamentesentia·s8em latim que.ma alho,femw'asignificn.vo.na rea· lidade - "aquela-pessoa,brancapessoo.,(11 saber), mulhel''',- trêll idéias subs- tantivadasrelacionad!UIentresi pela justaposiçíioquese propõea assinalara
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