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Direito Penal III - Análise dos artigos 130 ao 137 e 146 ao 149, CP

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DIREITO PENAL III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE, RIXA E DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL (Análise dos capítulos III, IV e VI do Código Penal).
RIO DE JANEIRO
2016
TUANY GOMES DE FARIA
DIREITO PENAL III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE, RIXA E DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL (Análise dos capítulos III, IV e VI do Código Penal).
O presente trabalho tem por intuito apresentar a análise dos artigos dispostos nos capítulos III, IV e VI do Código de Direito Penal, com o fim de instruir e auxiliar os estudos e fazer a analise jurídica em paralelo ao que é dado em sala pelo professor Carlos Eduardo na turma de Direito Penal III da Universidade Cândido Mendes-Tijuca.
RIO DE JANEIRO
2016
CAPÍTULO III – CÓDIGO PENAL: DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE:
O que interessa a este capítulo especificamente são os crimes de perigo, onde basta que exista a mera possibilidade de dano para que se caracterize, logo, se o bem jurídico tutelado estiver exposto a qualquer situação de risco, já se constatará o crime.
Neste caso o dolo se vincula a intenção do agente em expor à vítima a determinada situação e existem duas subdivisões para o crime de perigo sendo elas: concreto e abstrato.
Concreto: Para se caracterizar, pressupõe prova efetiva de que alguém correu o risco (expresso no tipo penal) de modo que, na decisão, caberá ao MP identificar a vítima exposta.
Abstrato: A lei que descreve a conduta presume a existência de perigo toda vez que a mesma se realizar. Não há necessidade de comprovação de que alguém tenha necessariamente sofrido risco, mesmo em alguns casos exigindo que se identifique a vítima, há a presunção de que daquela conduta em diante decorre, automaticamente, o risco. Nesta modalidade não cabe prova em sentido contrário.
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO (Art. 130, CP):
	Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
Bem jurídico tutelado: A incolumidade física e a saúde das pessoas.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, contaminada, poderá oferecer risco a outrem.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, devendo observar que, em caso de ambas estarem contaminadas, ainda que se caracterize que poderá ocorrer “agravamento” da doença, nenhuma delas responderá pois o tipo penal define “contágio” e não “agravamento”.
Elemento subjetivo: De acordo com o caput do art. 130, é o dolo de manter a relação mesmo tendo ciência da possibilidade de transmissão da doença. Para se enquadrar na figura qualificada do §1º, o indivíduo deverá ter pleno conhecimento da doença e ter a intenção de transmiti-la.
Elemento objetivo (tipo objetivo): Expor, colocar a vítima em perigo de contágio. Se o indivíduo agir de forma que o contágio seja possível (não utilizando preservativos e etc.), sabedor de que está contaminado com doença venérea, teremos o elemento objetivo do crime, ainda que a vítima realize o ato de forma consentida, por não ter ciência da situação.
Consumação e tentativa: Se trata de um crime de perigo abstrato. A consumação se dará no ato da relação sexual, já a tentativa será admitida considerando a possibilidade de o agente não poder concretizar o ato. Embora seja de possível comprovação, é possível.
ATENÇÃO: É importante lembrar que para constar que a sustentação de “doença venérea” depende de regulamentação do Ministério da Saúde (que as coloca nesse patamar). O tipo penal analisa que esta é uma norma “em branco”. A AIDS, por exemplo, não esta no regulamento do MS, sendo assim, não é vista como doença venérea, logo, a doutrina estabelece que esta doença pode estar enquadrada como crime de perigo de contágio de moléstia grave, lesão corporal gravíssima ou até mesmo homicídio.
Ação penal: Pública condicionada à representação.
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE (Art. 131, CP):
	Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Bem jurídico tutelado: A incolumidade física e a saúde das pessoas.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa contaminada com doença grave.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa.
Elemento subjetivo: Elemento subjetivo, tratando-se de crime de perigo com dolo de dano. Somente se admite o dolo direto, pois apenas se caracteriza quando o agente tem a intenção de transmitir a doença;
Elemento objetivo (tipo objetivo): Ato de praticar ação que possa causar o contágio. É um crime de ação livre, admite qualquer meio de execução que possa gerar o contágio da doença (desde beijo até espirros intencionais).
Consumação e tentativa: Se trata de crime formal, se consuma no instante em que o agente pratica o ato que pode contaminar a vítima. Estamos falando de crime de perigo concreto, portanto, há necessidade de comprovação de que o ato era capaz de contaminar a vítima. A tentativa é admitida, pois, por exemplo, a vítima poderá se recusar ao ato que pode transmitir a doença.
Ação penal: Pública incondicionada.
PERIGO DE CONTÁGIO E MOLÉSTIA GRAVE (Art. 132, CP):
	Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
Bem jurídico tutelado: A vida e a saúde do indivíduo.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, pois trata-se de crime comum.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa.
Elemento subjetivo: Consiste no dolo de expor uma pessoa ou determinadas pessoas a perigo.
Elemento objetivo (tipo objetivo): Expor a perigo a vida ou saúde de pessoa determinada, de forma intencional. É um crime de ação livre e, portanto, admite qualquer forma de execução (fechar um carro intencionalmente, não fazer exames necessários antes de doar sangue, jogar o carro em cima de um pedestre com o fim de assustá-lo e etc.)
Consumação e tentativa: A consumação se da no momento em que se realiza a conduta que expõe outrem a perigo. Este crime admite tentativa.
Ação penal: Pública incondicionada de competência do JECrim.
ATENÇÃO: Quanto ao parágrafo único, é importante salientar que se aplica nos casos em que se infringe as normas dispostas pela lei 9.777/98 (código de trânsito) e o aumento da pena pressupõe a ocorrência de perigo concreto ao sair dos padrões de segurança dispostos na lei.
ABANDONO DE INCAPAZ (Art. 133, CP):
	Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e,
por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da
vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Bem jurídico tutelado: A vida e a saúde de pessoa incapaz de defender-se.
Sujeito ativo: É um crime próprio. Somente poderá ser autor do delito quem for o responsável, exercer a guarda, vigilância ou autoridade sobre a vítima.
Sujeito passivo: Pessoa que estiver sob a guarda,cuidado, vigilância ou autoridade do agente, desde que incapacitada de defender-se dos riscos decorrentes do abandono.
Elemento subjetivo: É a vontade de abandonar a vítima (assistido), tratando-se de dolo direto.
Elemento objetivo (tipo objetivo): Abandonar pessoa incapaz por tempo juridicamente relevante a ponto de gerar o risco a vítima. Podemos tomar como exemplo a babá que é contratada para tomar conta de uma criança e sai para namorar deixando-a sozinha. A mesma não tendo ciência do risco bebe um produto tóxico gerando o resultado.
Consumação e tentativa: No momento em que, pelo abandono, a vítima sofre situação concreta de perigo. Essa modalidade pode admitir a forma tentada.
Ação penal: Pública incondicionada.
Qualificadoras: Encontram-se no §1º e §2º. Trata-se de qualificadoras preterdolosas. 
Causas de aumento de pena: Encontram-se no §3º, I, II e III. 
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM NASCIDO (Art. 134, CP):
	Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Bem jurídico tutelado: A segurança da vítima (recém nascido).
Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio, podendo ser cometido pela mãe (solteira ou casada) que concebeu fora do casamento. Existem correntes doutrinárias que discutem o fato de se o pai também pode ou não ser considerado sujeito ativo desse crime, sendo a majoritária, a favor da possibilidade.
Sujeito passivo: O recém nascido. Também existe discussão doutrinária desse aspecto referente ao prazo em que se pode considerar “recém nascido”. Damásio de Jesus entende que, ao romper o cordão umbilical ali se encerra o denominado “recém nascido”, enquanto que, Cezar Bittencourt entende que o prazo que se deve considerar “recém nascido” vai até um mês de vida.
Elemento subjetivo: É a vontade de abandonar a vítima (assistido), tratando-se de dolo direto.
Elemento objetivo (tipo objetivo): Os elementos objetivos do crime são “expor” ou “abandonar” o recém nascido. Em expor, podemos classificar que o agente leva o recém nascido para local onde ele não terá assistência. Na figura de “abandono” seria o agente deixar a criança no local onde está, porém, afasta-se dele. Uma parte da doutrina defende que nessa modalidade só haverá crime se for constatado risco concreto a vítima.
Consumação e tentativa: A consumação ocorrerá no momento em que a vítima (recém nascido) correr risco decorrente do abandono. É possível que haja a tentativa quando o agente eleger a forma comissiva para o cometimento do crime.
Qualificadoras: São preterdolosas e estão descritas nos §§ 1º e 2º.
Ação penal: Pública incondicionada, de competência do JECrim.
OMISSÃO DE SOCORRO (Art. 135, CP):
	Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Art. 135-A. - Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Bem jurídico tutelado: A preservação da vida e saúde dos indivíduos e a consagração do dever de assistência e solidariedade mútua entre eles.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa independente de vínculo jurídico com a pessoa. É um crime comum.
Sujeito passivo: É disposto expressamente no texto legal, sendo elas: criança abandonada; criança extraviada; pessoa inválida, ao desamparo; pessoa ferida, ao desamparo; pessoa em grave e iminente perigo.
Elemento subjetivo: É o dolo. Trata-se do dolo de perigo, direto ou eventual.
Elemento objetivo (tipo objetivo art. 135): Existem dois elementos objetivos, sendo eles: a) falta de assistência imediata (quanto o agente pode prestar o socorro e não o faz); b) falta de assistência mediata (quando o agente, por não poder prestar o socorro, deixa de solicitar auxílios de agentes capazes para o feito mesmo havendo formas de realizar a solicitação).
Elemento objetivo (tipo objetivo art. 135-A): A exigência da assinatura prévia para que seja realizado o atendimento (seja de formulários administrativos ou promissórias, cheques caução e etc.) é um crime de perigo concreto, pois já pressupõe a demonstração de que a vítima estava em situação de risco.
Consumação e tentativa: A consumação se da no momento da omissão, sendo que a vítima já se encontrava em situação de risco. Essa modalidade não admite foram tentada, pois se trata de crime omissivo puro. Se o agente não prestar o socorro no momento próprio o delito estará consumado.
Aumento de pena: Dispostas no P.U. do art. 135.
Ação penal: Pública incondicionada, de competência do JECrim, mesmo quando houver agravamento pela provocação de lesão grave ou morte.
CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR EMERGENCIAL (Art. 135-A):
ATENÇÃO: No art. 135-A, o bem jurídico tutelado é a vida e a saúde das pessoas que necessitam de atendimento médico. Tratando-se de crime comum, poderá ser cometido por qualquer pessoa. O sujeito passivo é a pessoa que necessitar do atendimento emergencial e lhe é exigida caução ou promissória. A consumação dessa modalidade se da na exigência do preenchimento de formulário, ainda que a vítima venha a ser atendida posteriormente. Em regra, é inviável a tentativa nessa modalidade. O P.U. do art. 135-A traz as causas de aumento de pena. A ação penal será pública incondicionada de competência do JECrim, salvo quando houver a morte como resultado pois nesse caso a pena máxima excede os dois anos (será de três anos).
MAUS TRATOS (Art. 136, CP):
	Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990)
Bem jurídico tutelado: Vida e a saúde daquele que está sob guarda, vigilância ou autoridade do agente para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia.
Sujeito ativo: Por se tratar de crime próprio específico, somente poderá ser autor desse crime o sujeito que possuir vinculação jurídica com a vítima (professor, babá, etc.).
Sujeito passivo: Aquele que possuir relação de subordinação (de acordo com o caput) com o autor.
 
Elemento subjetivo: É o dolo de perigo, sendo ele direto ou eventual.
Elemento objetivo (tipo objetivo): É um crime de ação múltipla, podendo admitir várias formas de cometimento, sendo elas: a) privação de alimentos (privar ou diminuir o fornecimento de alimentos para indivíduo que não possui capacidade de obtê-los. Basta ser relativa, de modo que seja suficientepara gerar risco a vida de outrem); b) privação de cuidados indispensáveis (refere-se a cuidados médicos, fornecimento do agasalho ou mesmo higiene. Deixar de limpar uma pessoa que está sob os cuidados do agente pode causas doenças de pele, sendo assim, é o tipo objetivo); c) sujeição a trabalhos excessivos ou inadequados (trabalho que provoque fadiga acima do normal, é um trabalho excessivo. Já o trabalho inadequado é quando é impróprio ou inconveniente relativo a idade, sexo, desenvolvimento da vítima entre outras coisas); d) abuso dos meios de disciplina e correção (o texto se refere aos castigos corporais sem moderação. Consiste no abuso do poder de correção e disciplina e gera situação de risco para a vítima dependendo da intensidade).
Consumação e tentativa: No momento da produção de perigo. Por se tratar de crime concreto, deve possuir prova efetiva do perigo. Vale salientar também que alguns tipos de maus tratos devem ter um certo tempo de duração para que se possa configurar (a exemplo do fornecimento de comida, por exemplo). A tentativa é possível nas formas comissivas dessa modalidade.
Qualificadoras: Dispostas nos §§1º e 2º do artigo. São qualificadoras preterdolosas.
Aumento de pena: Disposta no art. 136, §3º.
Ação penal: Pública incondicionada, e na modalidade simples do delito, de competência do JECrim.
CAPÍTULO IV – CÓDIGO PENAL: DA RIXA.
	Este capítulo aborda apenas o crime de rixa em suas figuras simples e qualificadas. O legislador, devido a grande quantidade de tumultos envolvendo grande número de pessoas, resolveu abordar neste artigo todos os que participam deste tipo de acontecimento. É evidente que as pessoas que apenas se defendem ou entram na situação para apartar a briga não respondem pelo delito.
	Rixa é uma luta desordenada, marcada pelo tumulto, que envolve a troca de agressões por pelo menos três pessoas em que os lutadores visam todos os outros.
RIXA (Art. 137, CP):
	Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Bem jurídico tutelado: Vida e a saúde dos envolvidos na briga.
Sujeito ativo: É um crime de concurso necessário. Exige a participação de no mínimo três pessoas que serão autoras e vítimas ao mesmo tempo.
Sujeito passivo: Os mesmos que forem agressores, como explicado acima.
 
Elemento subjetivo: É o dolo de integrar a luta sendo irrelevante o motivo que gerou a briga.
Elemento objetivo (tipo objetivo): A conduta tipificada é a participação na rixa, onde a agressão é recíproca entre no mínimo três indivíduos. Podem ser classificadas de duas formas, sendo elas: a) material (os agentes participantes da rixa, que integram a luta); b) moral (os indivíduos que incentivam a troca de agressões, sendo ele no mínimo o quarto envolvido na situação, estimulando o ato).
Consumação e tentativa: Se consuma no momento da troca de agressões e se trata de crime de perigo abstrato, ou seja, a lei já presume o perigo a partir da conduta.
Qualificadoras: É um dos últimos resquícios de responsabilidade objetiva, aplicando a punição maior para aqueles que fizeram parte da rixa que matou ou lesionou gravemente outra pessoa.
Ação penal: Pública incondicionada, de competência do JECrim mesmo na modalidade qualificada.
CAPÍTULO VI – CÓDIGO PENAL: DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL.
	Para abordar estes crimes devemos compreender o que é a liberdade individual. A liberdade individual é o direito de fazer o que quiser, dentro dos parâmetros legais dispostos. Diz respeito a realizar ou não as condutas de acordo com seu próprio critério de escolha. Este capítulo subdivide os crimes contra a liberdade em quatro espécies dependendo da forma como se afeta, sendo elas: crimes contra a liberdade pessoal; crimes contra a inviolabilidade de domicílio; crimes contra a inviolabilidade de correspondência; crimes contra a inviolabilidade de segredo.
	No presente trabalho abordaremos somente os quatro artigos que se referem a liberdade pessoal.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL (Art. 146, CP):
	Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Bem jurídico tutelado: A liberdade do indivíduo de fazer ou não fazer algo de acordo com suas vontades dentro dos limites legais.
Sujeito ativo: Por se tratar de crime comum pode ser cometido por qualquer pessoa. Vale lembrar que toda a doutrina considera que se o ato for cometido por funcionário público poderá ser considerado abuso de autoridade.
Sujeito passivo: Também pode ser qualquer pessoa desde que o mesmo possua capacidade de determinação, decisão e escolha.
 
Elemento subjetivo: É o dolo, que consiste na vontade de empregar a grave ameaça ou violência tendo a consciência de que o resultado pretendido é ilegítimo (a ilegitimidade se divide em duas, sendo elas: absoluta – quando o agente não tem nenhum direito a ação ou omissão; relativa – quanto a vítima tem a opção mas não pode ser forçada pois não há lei que defina a obrigação).
Elemento objetivo (tipo objetivo): O núcleo do tipo é constranger, que significa obrigar, forçar, compelir, coagir alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa a que não está obrigado. Finalidade pretendida pelo constrangimento ilegal pode ser qualquer prestação de ordem pessoal, moral, física, psíquica, social ou de qualquer natureza, profissional, econômica, jurídica etc.
Consumação e tentativa: Se consuma no momento em que a vítima age ou deixa de agir pela obrigação, pois se trata de crime material. Essa modalidade admite tentativa, quando o agente, por circunstâncias alheias a sua vontade não consegue obter o resultado.
Aumento de pena: Consta no §1º do artigo, exigindo ao menos quatro pessoas ou o emprego de arma para a ação.
ATENÇÃO NO §2º: Nos casos empregados neste parágrafo, o agente responderá por dois crimes mesmo que a lesão gerada na vítima seja leve. É pacificado na doutrina que nesses casos as penas são somadas.
Excludentes de tipicidade: Estão dispostas no §3º, I e II.
Ação penal: Pública incondicionada, de competência do JECrim mesmo na modalidade qualificada, onde as penas não excedem dois anos.
OBS: Trata-se de crime subsidiário, levando em conta que o montante da pena prevista para o crime de constrangimento e o fato de seu tipo penal ser genérico, é inevitável chegar a conclusão de que o referido delito possui caráter subsidiário iminente. 
AMEAÇA (Art. 147, CP):
	Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
Bem jurídico tutelado: A liberdade do indivíduo no que tange sua tranqüilidade, ao passo em que, o agente visa alterar seus hábitos pelo receio de que o mal (objetivado na ameaça) venha a acontecer.
Sujeito ativo: É um crime comum, pode ser cometido por qualquer pessoa.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa que possa compreender o significado da ameaça, pois caso contrário, não se sentirá intimidada.
 
Elemento subjetivo: É o dolo que consistena intenção específica de amedrontar ou intimidar.
Elemento objetivo (tipo objetivo): O elemento objetivo, isto é, a conduta típica consiste em ameaçar, ou seja, intimidar, anunciar a provocação de um mal injusto e grave. É importante salientar que o mal deve ser de natureza grave, sendo de dano a bem jurídico relevante pela vítima (ameaçar de morte, dizer que irá atear fogo na casa, ameaçar que pode estuprar, ou algo de natureza realmente significante). Se não for relevante para a vítima, o agente perderá seu potencial lesivo e consequentemente a ação não configurará crime. Pode ser cometido de forma oral, escrita, símbolos ou gestos, dividindo-se ainda em ameaça direta (quando se refere a mal para a própria vítima); indireta (quando desfere a ameaça para outrem que possui relevância para a vítima); explícita (quando é feito de forma a não deixar dúvidas na vítima quanto ao que pode ocorrer); implícita (onde o agente da a entender que está prometendo um mal a vítima).
Consumação e tentativa: A consumação se da no momento em que a vítima fica sabendo da ameaça, independente do resultado. É admitida a tentativa em caso de ameaças feitas por cartas (que podem ser extraviadas) ou por mensagem de texto que não chega a pessoa pretendida.
Ação penal: Pública condicionada, nos termos do art. 147 P.U. É de competência do JECrim.
SEQUESTRO OU CÁRCERE PRIVADO (Art. 148, CP):
	Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
V - se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Bem jurídico tutelado: Liberdade de ir e vir.
Sujeito ativo: É um crime comum, pode ser cometido por qualquer pessoa.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, mesmo as impossibilitadas de se locomover.
 
Elemento subjetivo: É o dolo, o tipo penal não exige qualquer finalidade.
Elemento objetivo (tipo objetivo): A conduta típica nessa modalidade é a de privar alguém de sua liberdade (por meio de violência, grave ameaça ou entorpecentes entre outras coisas). Pode ser mediante deslocamento ou retenção. Algumas doutrinas distinguem ainda que, seqüestro, seria levar a vítima e largá-la em local aberto, existindo a possibilidade de movimentar-se mas não de sair do local, e o cárcere como uma situação de o agente levar a vítima para local fechado. Na primeira há enclausuramento, já na segunda há o confinamento.
Consumação e tentativa: Trata-se de crime permanente, ou seja, a consumação se dará no momento em que a vítima for privada de sua liberdade por tempo juridicamente relevante. Admite tentativa quando o agente por situações alheias a sua vontade não consegue prender a vítima por tempo juridicamente relevante.
Qualificadoras: Dispostas nos incisos dos §§1º e 2º.
Ação penal: Pública incondicionada.
REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO (Art. 149, CP):
	Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
I - contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Bem jurídico tutelado: Liberdade individual em todas as suas manifestações.
Sujeito ativo: É um crime comum, pode ser cometido por qualquer pessoa.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, lembrando que o eventual consentimento da vítima é irrelevante, pois não é admitido que alguém aceite viver em condição de escravidão.
 
Elemento subjetivo: É o dolo, direto ou eventual, não exigindo intenção específica além da implícita no tipo penal.
Elemento objetivo (tipo objetivo): Nessa modalidade não há a exigência de que haja escravidão nos moldes antigos. Basta que a conduta do agente se enquadre em um das figuras elencadas no tipo penal e por isso trata-se de crime de ação múltipla, sendo elas: a) submissão da vítima a trabalhos forçados ou jornada exaustiva; b) sujeição a condições degradantes de trabalho; c) restrição, por qualquer meio, da liberdade de locomoção em razão de dívida contraída para com o empregador ou preposto deste; d) cerceamento do uso de meios de transporte, com intuito de reter a vítima no local de trabalho; e) manutenção de vigilância ostensiva no local de trabalho ou apoderamento de documentos ou objetos pessoais do trabalhador com o fim de retê-lo.
Consumação e tentativa: Pode ser classificado como crime permanente e é necessário que tenha uma duração de tempo razoável para que possa ser constatado e se consumar, pois caso contrário, a obrigação eventual poderá ser enquadrada em maus tratos (art. 136). É admitida a tentativa.
Aumento de pena: Dispostas no §2º.
Ação penal: Pública incondicionada. Foi decidido pelo STF ao julgar o Rexp. 398.041 que a competência para processar e julgar este crime será sempre da Justiça Federal.

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