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Revisão enem 2

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Índice
CIÊNCIAS HUMANAS
SUAS TECNOLOGIAS
DIVERSIDADE CULTURAL, CONFLITOS E VIDA EM SOCIEDADE
Cultura Material e imaterial; patrimônio e diversidade cultural no Brasil. ................................................. 03
A Conquista da América. Conflitos entre europeus e indígenas na América colonial. A escravidão e 
formas de resistência indígena e africana na América. ...................................................................................04
História cultural dos povos africanos. A luta dos negros no Brasil e o negro na formação da sociedade 
brasileira. ..................................................................................................................................................................04
História dos povos indígenas e a formação sócio-cultural brasileira. ........................................................ 22
Movimentos culturais no mundo ocidental e seus impactos na vida política e social. .......................... 22
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL, MOVIMENTOS SOCIAIS, PENSAMENTO POLÍTICO E 
AÇÃO DO ESTADO
Cidadania e democracia na Antiguidade; Estado e direitos do cidadão a partir da Idade Moderna; 
democracia direta, indireta e representativa. ...................................................................................................24
Revoluções sociais e políticas na Europa Moderna. ...................................................................................24
Formação territorial brasileira; as regiões brasileiras; políticas de reordenamento territorial. ................ 30
As lutas pela conquista da independência política das colônias da América. ...................................... 41
Grupos sociais em conflito no Brasil imperial e a construção da nação. ................................................. 42
O desenvolvimento do pensamento liberal na sociedade capitalista e seus críticos nos séculos XIX e 
XX. .............................................................................................................................................................................42
Políticas de colonização, migração, imigração e emigração no Brasil nos séculos XIX e XX. ............... 65
A atuação dos grupos sociais e os grandes processos revolucionários do século XX: Revolução 
Bolchevique, Revolução Chinesa, Revolução Cubana. ...................................................................................65
Geopolítica e conflitos entre os séculos XIX e XX: Imperialismo, a ocupação da Ásia e da África, as 
Guerras Mundiais e a Guerra Fria. ........................................................................................................................70
Os sistemas totalitários na Europa do século XX: nazi-fascista, franquismo, salazarismo e stalinismo. 
Ditaduras políticas na América Latina: Estado Novo no Brasil e ditaduras na América. .............................. 70
Conflitos político-culturais pós-Guerra Fria, reorganização política internacional e os organismos 
multilaterais nos séculos XX e XXI. .........................................................................................................................82
A luta pela conquista de direitos pelos cidadãos: direitos civis, humanos, políticos e sociais. Direitos 
sociais nas constituições brasileiras. Políticas afirmativas. .................................................................................83
Vida urbana: redes e hierarquia nas cidades, pobreza e segregação espacial. ................................... 85
CARACTERÍSTICAS E TRANSFORMAÇÕES DAS ESTRUTURAS PRODUTIVAS
Diferentes formas de organização da produção: escravismo antigo, feudalismo, capitalismo, socialismo 
e suas diferentes experiências. .............................................................................................................................90
Economia agro-exportadora brasileira: complexo açucareiro; a mineração no período colonial; a 
economia cafeeira; a borracha na Amazônia. .................................................................................................92
Revolução Industrial: criação do sistema de fábrica na Europa e transformações no processo de 
produção. ...............................................................................................................................................................94
Formação do espaço urbano-industrial. Transformações na estrutura produtiva no século XX: o 
fordismo, o toyotismo, as novas técnicas de produção e seus impactos. ..................................................... 95
A industrialização brasileira, a urbanização e as transformações sociais e trabalhistas. ....................... 95
A globalização e as novas tecnologias de telecomunicação e suas consequências econômicas, 
políticas e sociais. .................................................................................................................................................100
Produção e transformação dos espaços agrários. Modernização da agricultura e estruturas agrárias 
tradicionais. O agronegócio, a agricultura familiar, os assalariados do campo e as lutas sociais no campo. 
A relação campo-cidade. ..................................................................................................................................103
OS DOMÍNIOS NATURAIS E A RELAÇÃO DO SER HUMANO COM O AMBIENTE
Relação homem-natureza, a apropriação dos recursos naturais pelas sociedades ao longo do 
tempo. ...................................................................................................................................................................110
Impacto ambiental das atividades econômicas no Brasil. Recursos minerais e energéticos: exploração 
e impactos. Recursos hídricos; bacias hidrográficas e seus aproveitamentos. ............................................ 114
As questões ambientais contemporâneas: mudança climática, ilhas de calor, efeito estufa, chuva 
ácida, a destruição da camada de ozônio. A nova ordem ambiental internacional; políticas territoriais 
ambientais; uso e conservação dos recursos naturais, unidades de conservação, corredores ecológicos, 
zoneamento ecológico e econômico. .............................................................................................................118
Origem e evolução do conceito de sustentabilidade. .............................................................................118
Estrutura interna da terra. Estruturas do solo e do relevo; agentes internos e externos modeladores do 
relevo. .....................................................................................................................................................................122
Situação geral da atmosfera e classificação climática. As características climáticas do território 
brasileiro. ................................................................................................................................................................125
Os grandes domínios da vegetação no Brasil e no mundo. ....................................................................125
REPRESENTAÇÃO ESPACIAL
Projeções cartográficas; leitura de mapas temáticos, físicos e políticos; tecnologias modernas aplicadas 
à cartografia. ........................................................................................................................................................128
PROVA COMENTADA 2015
Ciências Humanas e suas Tecnologias ........................................................................................................150
ATENÇÃO
DÚVIDAS DE MATÉRIA
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Candidato).
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todos os cargos - Disciplina:. Português - paginas 82,86,90.
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Lembramos que nosso maior objetivo é auxiliá-los, portanto nossa equipe está igualmente à disposição 
para quaisquer dúvidas ou esclarecimentos. 
CONTATO COM A EDITORA:
2206-7700 / 0800-7722556
nova@novaapostila.com.br
/NOVAConcursosOficial
NovaApostila
@novaconcurso\\
 Atenciosamente,
CIÊNCIAS HUMANAS
E SUAS TECNOLOGIAS
JOANA D’ARC
Ciências Humanas e suas Tecnologias
3
ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
A diversidade cultural refere-se aos diferen-tes costumes de uma sociedade, entre os quais podemos citar: vestimenta, culiná-
ria, manifestações religiosas, tradições, entre outros 
aspectos. O Brasil, por conter um extenso território, 
apresenta diferenças climáticas, econômicas, sociais 
e culturais entre as suas regiões.
Os principais disseminadores da cultura brasileira 
são os colonizadores europeus, a população indíge-
na e os escravos africanos. Posteriormente, os imigran-
tes italianos, japoneses, alemães, poloneses, árabes, 
entre outros, contribuíram para a pluralidade cultural 
do Brasil.
Nesse contexto, alguns aspectos culturais das re-
giões brasileiras serão abordados.
Região Nordeste
Entre as manifestações culturais da região estão 
danças e festas como o bumba meu boi, maraca-
tu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, terno de 
zabumba, marujada, reisado, frevo, cavalhada e ca-
poeira. Algumas manifestações religiosas são a festa 
de Iemanjá e a lavagem das escadarias do Bonfim. 
A literatura de Cordel é outro elemento forte da cul-
tura nordestina. O artesanato é representado pelos 
trabalhos de rendas. Os pratos típicos são: carne de 
sol, peixes, frutos do mar, buchada de bode, sara-
patel, acarajé, vatapá, cururu, feijão-verde, canjica, 
arroz-doce, bolo de fubá cozido, bolo de massa de 
mandioca, broa de milho verde, pamonha, cocada, 
tapioca, pé de moleque, entre tantos outros.
Região Norte
A quantidade de eventos culturais do Norte é 
imensa. As duas maiores festas populares do Norte 
são o Círio de Nazaré, em Belém (PA); e o Festival 
de Parintins, a mais conhecida festa do boi-bumbá 
do país, que ocorre em junho, no Amazonas. Outros 
elementos culturais da região Norte são: o carimbó, o 
congo ou congada, a folia de reis e a festa do divino.
A influência indígena é fortíssima na culinária do 
Norte, baseada na mandioca e em peixes. Outros 
alimentos típicos do povo nortista são: carne de sol, 
tucupi (caldo da mandioca cozida), tacacá (espécie 
de sopa quente feita com tucupi), jambu (um tipo de 
erva), camarão seco e pimenta-de-cheiro.
Região Centro-Oeste
A cultura do Centro-Oeste brasileiro é bem diver-
sificada, recebendo contribuições principalmente 
dos indígenas, paulistas, mineiros, gaúchos, bolivia-
nos e paraguaios. São manifestações culturais típicas 
da região: a cavalhada e o fogaréu, no estado de 
Goiás; e o cururu, em Mato Grosso e Mato Grosso do 
Sul. A culinária regional é composta por arroz com 
pequi, sopa paraguaia, arroz carreteiro, arroz bolivia-
no, Maria Isabel, empadão goiano, pamonha, angu, 
curral, os peixes do Pantanal - como o pintado, pacu, 
dourado, entre outros.
Região Sudeste
Os principais elementos da cultura regional são: 
festa do divino, festejos da páscoa e dos santos pa-
droeiros, congada, cavalhadas, bumba meu boi, 
carnaval, peão de boiadeiro, dança de velhos, ba-
tuque, samba de lenço, festa de Iemanjá, folia de 
reis, caiapó.
A culinária do Sudeste é bem diversificada e 
apresenta forte influência do índio, do escravo e dos 
diversos imigrantes europeus e asiáticos. Entre os pra-
tos típicos se destacam a moqueca capixaba, pão 
de queijo, feijão-tropeiro, carne de porco, feijoada, 
aipim frito, bolinho de bacalhau, picadinho, virado à 
paulista, cuscuz paulista, farofa, pizza, etc.
Região Sul
O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes 
portugueses, espanhóis e, principalmente, alemães 
e italianos. As festas típicas são: a Festa da Uva (ita-
liana) e a Oktoberfest (alemã). Também integram a 
cultura sulista: o fandango de influência portuguesa, 
a tirana e o anuo de origem espanhola, a festa de 
Nossa Senhora dos Navegantes, a congada, o boi-
-de-mamão, a dança de fitas, boi na vara. Na culiná-
ria estão presentes: churrasco, chimarrão, camarão, 
pirão de peixe, marreco assado, barreado (cozido 
de carne em uma panela de barro), vinho. 
CULTURA MATERIAL E IMATERIAL; DIVERSIDADES 
E PATRIMÔNIO HISTÓRICO NO BRASIL
O Patrimônio Cultural pode ser definido como um 
bem (ou bens) de natureza material e imaterial consi-
derado importante para a identidade da sociedade 
brasileira. 
• DIVERSIDADE CULTURAL, CONFLITOS E VIDA EM SOCIEDADE – CULTURA 
MATERIAL E IMATERIAL; PATRIMÔNIO E DIVERSIDADE CULTURAL NO BRASIL.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
4
Segundo artigo 216 da Constituição Federal, con-
figuram patrimônio “as formas de expressão; os mo-
dos de criar; as criações científicas, artísticas e tec-
nológicas; as obras, objetos, documentos, edifica-
ções e demais espaços destinados às manifestações 
artístico-culturais; além de conjuntos urbanos e sítios 
de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, 
paleontológico, ecológico e científico.” 
No Brasil, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artís-
tico Nacional (Iphan) é responsável por promover e 
coordenar o processo de preservação e valorização 
do Patrimônio Cultural Brasileiro, em suas dimensões 
material e imaterial. 
Os bens culturais imateriais estão relacionados 
aos saberes, às habilidades, às crenças, às práticas, 
ao modo de ser das pessoas. Desta forma podem ser 
considerados bens imateriais: conhecimentos enrai-
zados no cotidiano das comunidades; manifestações 
literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas; rituais 
e festas que marcam a vivência coletiva da religiosi-
dade, do entretenimento e de outras práticas da vida 
social; além de mercados, feiras, santuários, praças e 
demais espaços onde se concentram e se reprodu-
zem práticas culturais.
Na lista de bens imateriais brasileiros estão à fes-
ta do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a Feira de 
Caruaru, o Frevo, a capoeira, o modo artesanal de 
fazer Queijo de Minas e as matrizes do Samba no Riode Janeiro.
O patrimônio material é formado por um conjunto 
de bens culturais classificados segundo sua natureza: 
arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; 
belas artes; e das artes aplicadas. Eles estão divididos 
em bens imóveis – núcleos urbanos, sítios arqueoló-
gicos e paisagísticos e bens individuais – e móveis – 
coleções arqueológicas, acervos museológicos, do-
cumentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, 
fotográficos e cinematográficos.
Entre os bens materiais brasileiros estão os conjun-
tos arquitetônicos de cidades como Ouro Preto (MG), 
Paraty (RJ), Olinda (PE) e São Luís (MA) ou paisagísti-
cos, como Lençóis (BA), Serra do Curral (Belo Horizon-
te), Grutas do Lago Azul e de Nossa Senhora Apareci-
da (Bonito, MS) e o Corcovado (Rio de Janeiro).
A CONQUISTA DA AMÉRICA. CONFLITOS ENTRE EU-
ROPEUS E INDÍGENAS NA AMÉRICA COLONIAL. A 
ESCRAVIDÃO E FORMAS DE RESISTÊNCIA INDÍGENA 
E AFRICANA NA AMÉRICA. HISTÓRIA CULTURAL DOS 
POVOS AFRICANOS. A LUTA DOS NEGROS NO BRASIL E 
O NEGRO NA FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA.
Quando falamos em conquista estamos falando 
em dominação, em poder do superior para o infe-
rior, e é isto mesmo que aconteceu com os povos da 
América no século XV pelos europeus, ou seja, a Co-
roa Portuguesa e a Coroa Espanhola no sistema mer-
cantilista onde a acumulação de capital seria pela 
balança favorável de riquezas pertencidas ao seu 
território. Quem saiu na frente nesta empreitada foi 
à Espanha com Cristóvão Colombo que foi no rumo 
Oeste para chegar às Índias, mas só que chegou à 
cidade de São Domingos pensando que tivesse che-
gado às Índias chamou todos os habitantes de índios. 
Só que o grande objetivo de Portugal e a Espanha 
eram obter riquezas (lucros) para seus Estados Nacio-
nais em formação. 
Os espanhóis chegando à América Central ma-
taram grandes civilizações culturais como os maias, 
os incas e os astecas. Como estes povos eram muito 
religiosos acreditavam nas suas lendas, por exemplo, 
que um dia iria descer dos céus o deus sentado no 
veado e bem no tempo que os povos astecas es-
tavam esperando apareceu o conquistador Cortez 
que foi interpretado com um deus, então a profecia 
estava sendo concretizada e a conquista se tornou 
verdade. Estes povos, os maias, os astecas e os incas 
lutaram até a morte mesmo tendo armas menos so-
fisticadas e muitos morreram pelas doenças trazidas 
pelos europeus com sarampo, gripe e outras epide-
mias. A Espanha obteve riquezas com estes povos, 
mas só que lutou bastante. Já Portugal com a mes-
ma ideia de conquistar às Índias pela África demorou 
mais a obter riquezas. Portugal lutou com povos me-
nos guerreiros então não se desgastou tanto na luta 
pela conquista como a Espanha que lutava com po-
vos de grandes civilizações americanas. O rei de Por-
tugal primeiramente pensou em conquistas feitorias 
na África e o seu filho o infante D. Henrique, que foi 
na expedição pelas terras africanas, buscou conhe-
cimentos marítimos e trouxe para Portugal e fundou 
a 1ª escola marítima a chamada “Escola de Sagres”. 
Isto aprimorou os conhecimentos portugueses sobre 
o mar e invenções como a bússola, a caravela e ou-
tros foram instrumentos de grande valia na conquista 
da América pelos portugueses.
 Os reis de Portugal investiram na frota de Pedro 
Álvares Cabral, pois ele encantado pelas histórias de 
Marco Polo que contava em seus livros sobre a rique-
za do Oriente, queria chegar às Índias contornando o 
sul da África, mas só que quando a expedição foi se 
afastando cada vez mais da África e se aproximan-
do da costa do Bahia, mais especificamente em Por-
to Seguro. Portugal, no primeiro momento, não ligou 
muito para estas terras porque não obteria lucro fácil. 
O lucro adveio do pau-brasil que era um tipo de tintu-
ra para roupas. Como o comércio com o Oriente es-
tava ficando com alto custo e muitos corsários euro-
peus se aproximavam do Brasil e com medo de per-
Ciências Humanas e suas Tecnologias
5
ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
der território a Coroa Portuguesa preferia investir no 
Brasil e a ideia foi o sistema de plantation que eram 
grandes áreas de plantação e a mão – de- obra seria 
escrava e assim estariam implantadas as colônias de 
exploração no Brasil. Bem diferente da América do 
Norte que foi uma colônia de povoamento e produ-
zia mais produtos com a mão-de-obra livre.
Independência da América Espanhola
O processo de independência da América Espa-
nhola ocorreu em um conjunto de situações experi-
mentadas ao longo do século XVIII. Nesse período, 
observamos a ascensão de um novo conjunto de va-
lores que questionava diretamente o pacto colonial 
e o autoritarismo das monarquias. O iluminismo de-
fendia a liberdade dos povos e a queda dos regimes 
políticos que promovessem o privilégio de determina-
das classes sociais.
Sem dúvida, a elite letrada da América Espanho-
la inspirou-se no conjunto de ideias iluministas. A gran-
de maioria desses intelectuais era de origem criolla, 
ou seja, filhos de espanhóis nascidos na América 
desprovidos de amplos direitos políticos nas grandes 
instituições do mundo colonial espanhol. Por estarem 
politicamente excluídos, enxergavam no iluminismo 
uma resposta aos entraves legitimados pelo domínio 
espanhol, ali representado pelos chapetones.
Ao mesmo tempo em que houve toda essa efer-
vescência ideológica em torno do iluminismo e do 
fim da colonização, a pesada rotina de trabalho dos 
índios, escravos e mestiços também contribuiu para o 
processo de independência. As péssimas condições 
de trabalho e a situação de miséria já tinham, antes 
do processo definitivo de independência, mobilizado 
setores populares das colônias hispânicas. Dois claros 
exemplos dessa insatisfação puderam ser observa-
dos durante a Rebelião Tupac Amaru (1780/Peru) e o 
Movimento Comunero (1781/Nova Granada).
No final do século XVIII, a ascensão de Napoleão 
frente ao Estado francês e a demanda britânica e 
norte-americana pela expansão de seus mercados 
consumidores serão dois pontos cruciais para a inde-
pendência. A França, pelo descumprimento do Blo-
queio Continental, invadiu a Espanha, desestabilizan-
do a autoridade do governo sob as colônias. Além 
disso, Estados Unidos e Inglaterra tinham grandes in-
teresses econômicos a serem alcançados com o fim 
do monopólio comercial espanhol na região.
É nesse momento, no início do século XIX, que 
a mobilização ganha seus primeiros contornos. A 
restauração da autoridade colonial espanhola seria 
o estopim do levante capitaneado pelos criollos. 
Contando com o apoio financeiro anglo-americano, 
os criollos convocaram as populações coloniais a se 
rebelarem contra a Espanha. Os dois dos maiores 
líderes criollos da independência foram Simon Bolívar 
e José de San Martin. Organizando exércitos pelas 
porções norte e sul da América, ambos sequenciaram 
a proclamação de independência de vários países 
latino-americanos.
No ano de 1826, com toda América Latina in-
dependente, as novas nações reuniram-se no Con-
gresso do Panamá. Nele, Simon Bolívar defendia um 
amplo projeto de solidariedade e integração políti-
co-econômica entre as nações latino-americanas. 
No entanto, Estados Unidos e Inglaterra se opuseram 
a esse projeto, que ameaçava seus interesses eco-
nômicos no continente. Com isso, a América Latina 
acabou mantendo-se fragmentada.
O desfecho do processo de independência, no 
entanto, não significou a radical transformação da 
situação socioeconômica vivida pelas populações 
latino-americanas. A dependência econômica em 
relação às potências capitalistas e a manutenção 
dos privilégios das elites locais fizeram com que mui-
tos dos problemas da antiga América Hispânica per-
manecessem presentes ao longo da História latino-
-americana. (Texto adaptado de SOUSA, R.).
Independência da AméricaPortuguesa
Apesar das muitas revoltas coloniais, a indepen-
dência do Brasil só haveria de acontecer em 1822. E 
não foi uma separação total, como aconteceu em 
outros países da América que, ao ficarem indepen-
dentes, tornaram-se repúblicas governadas por pes-
soas nascidas no país libertado. O Brasil independen-
te continuou sendo um reino, e seu primeiro impera-
dor foi Dom Pedro I, que era filho do rei de Portugal. 
O processo da nossa independência começou 
mesmo em 1808, quando para cá veio à família real 
portuguesa. E acabou em 1822, quando Dom Pedro 
proclamou a Independência, a nossa separação de 
Portugal. Portugal deixou de mandar no Brasil. Mas 
saindo Portugal, outros países passaram a dominar o 
Brasil. Não governando diretamente o país, mas do-
minando nosso comércio, comprando barato o que 
vendíamos e vendendo caro o que comprávamos. 
O primeiro desses países foi à Inglaterra, depois vie-
ram os Estados Unidos.
A vinda da família real. 
No início do século XIX Napoleão Bonaparte era 
o imperador da França e queria dominar toda a Eu-
ropa. Para vencer a poderosa Inglaterra, Napoleão 
decretou o Bloqueio Continental, isto é, proibiu todos 
os países europeus de comercializar com os ingleses. 
Como Portugal era um antigo aliado da Inglaterra, 
Ciências Humanas e suas Tecnologias
ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
6
não aceitou as ordens de Napoleão e a família real 
foi obrigada a fugir para o Brasil para não ser ata-
cada por Napoleão, imperador da França. Quando 
as tropas francesas chegaram a Portugal, a família 
real portuguesa já tinha abandonado Lisboa. O res-
tante da população portuguesa que ficou em Lisboa 
acabou se tornando vítima da guerra entre os fran-
ceses e ingleses pelo domínio de Portugal. Dom João, 
acompanhado de aproximadamente 10 mil pessoas, 
chegou ao Brasil em 1808 e depois de uma passagem 
por Salvador, onde decretou a Abertura dos portos 
brasileiros às nações amigas, rompendo assim, o pac-
to colonial, transferiu-se para a cidade do Rio de Ja-
neiro. Ao se instalar no Brasil, D. João transformou a 
cidade do Rio de Janeiro:
• criou três ministérios: Guerra e Estrangeiros; Mari-
nha; Fazenda e Interior;
• instalou a Casa de Suplicação (hoje, Supremo 
Tribunal), a mais elevada corte de justiça;
• fundou o Museu Nacional, a Biblioteca Real, 
trouxe a Missão Francesa, fundou o Banco do Brasil;
• criou a Imprensa Régia, a primeira gráfica do 
Brasil;
• criou vários cursos (cirurgia, química, agricultura, 
desenho técnico) na Bahia e no Rio de Janeiro;
• anexou em 1809 a Guiana Francesa e manteve 
seu controle na região até 1817;
• invadiu o Uruguai, incorporado ao território bra-
sileiro em 1821 como Província Cisplatina, situação 
em que ficou até 1828;
• em 1815 o Brasil foi elevado à categoria de rei-
no, em igualdade de condições de Portugal;
• em 1818, com a morte de sua mãe, a rainha 
Dona Maria I, que era doente mental, o príncipe Dom 
João é coroado rei , com o título de Dom João VI.
A independência. 
Após a derrota em Portugal, as tropas francesas 
foram expulsas e um general inglês foi nomeado go-
vernador do reino. Descontentes com esta situação, 
em 1820 tem início uma revolução na cidade de 
Porto e os portugueses fazem três exigências a Dom 
João VI, que estava no Brasil: que ele voltasse ime-
diatamente para Portugal; que aceitasse uma nova 
Constituição e que ainda aceitasse a participação 
dos revolucionários no seu governo. Com medo de 
perder o trono, Dom João VI aceitou todas as exigên-
cias e voltou para Portugal em abril de 1821, deixan-
do seu filho Dom Pedro como príncipe regente. Antes 
disso, porém, esvaziou os cofres do Banco do Brasil, 
levando quase todo o ouro para Portugal, deixando 
os brasileiros em grande dificuldade.
Dom Pedro procurou dar um jeito na situação: di-
minuiu as despesas do governo, baixou os impostos 
e igualou os militares brasileiros aos portugueses. As 
Cortes de Lisboa não gostaram das medidas toma-
das por Dom Pedro e queriam que o mesmo voltasse 
imediatamente para Portugal. Mas, Dom Pedro pre-
feriu ficar no Brasil. Entre aqueles que lutavam pela 
independência, havia no Brasil dois grupos com orien-
tações diferentes: aqueles que apoiavam D. Pedro e 
queriam uma independência pacífica, com a conti-
nuação de D. Pedro no poder; e aqueles que que-
riam o rompimento com Portugal e a proclamação 
da República. Dom Pedro fez de tudo para que a In-
dependência fosse realizada como seu grupo queria 
e para que eles continuassem a ajudá-lo a governar 
o Brasil, continuando o povo sem participar nas deci-
sões do Governo. Para conseguir isso, ele mesmo pro-
clamou a Independência. Fez isso quando estava em 
viagem a São Paulo, ao receber alguns decretos das 
Cortes de Lisboa que anulavam algumas de suas de-
cisões. Dom Pedro aproveitou a ocasião e declarou 
a separação entre o Brasil e Portugal. Era o dia 7 de 
setembro de 1822. No dia 1o de dezembro de 1822. 
Dom Pedro foi coroado primeiro imperador do Brasil.
Escravização dos Índios e negros
Com efetivo início da colonização do Brasil, os 
portugueses tinham a necessidade de empreender 
um modelo de exploração econômica das terras 
que fosse capaz de gerar lucro em pouco tempo. 
Para tanto, precisariam de uma ampla mão-de-obra 
capaz de produzir riquezas em grande quantidade 
e, dessa forma, garantir margens de lucro cada vez 
maiores para os cofres da Coroa Portuguesa. Con-
tudo, quem poderia dispor de sua força de trabalho 
para tão ambicioso projeto?
Inicialmente, os portugueses pensaram em apro-
veitar do contato já estabelecido com os índios na 
atividade de extração do pau-brasil. Nesse período, 
os índios realizavam essa extração por meio de um 
trabalho esporádico recompensado pelos produtos 
trazidos pelos lusitanos na prática do escambo. Em 
contrapartida, o trabalho nas grandes propriedades 
exigia uma rotina de trabalho longa e disciplinada 
que ia contra os hábitos cotidianos de boa parte dos 
indígenas.
Além disso, as mortes causadas pelo trabalho for-
çado, as mortais epidemias contraídas no contato 
com o homem branco e ruptura com a economia de 
subsistência dos indígenas impedia a viabilidade des-
se tipo de escravidão. Ao mesmo tempo, devemos 
levar em conta que o controle sobre os índios escra-
vizados era bem mais difícil tendo em vista o conhe-
cimento que tinham do território, ,facilitando assim 
sua fuga. Dessa forma, a vigilância se tornava algo 
bastante complicado.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
7
ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Como se não bastasse esses fatores de ordem 
cultural, biológica e social, a escravidão indígena 
também foi extensamente combatida pela Igreja no 
ambiente colonial. Representados pela Ordem Je-
suíta, os clérigos que aportavam em terras brasileiras 
se envolveram em uma série de disputas em que re-
pudiavam o interesse dos colonos em converter os 
índios em escravos. Tal postura se justificava no inte-
resse que os clérigos católicos tinham em facilitar o 
processo de conversão religiosa dos índios.
Apesar de sua influência e autoridade, muitos pa-
dres foram explicitamente afrontados pela ganância 
de colonos que saiam pelo território em busca de 
índios. Na maioria das vezes, a escravidão indígena 
servia como alternativa à falta e o alto custo de uma 
peça trazida da África. Preferencialmente, os colo-
nos atacavam as populações indígenas ligadas às 
missões jesuíticas, pois estes já se mostravam habitua-
dos à rotina e aos valores da cultura ocidental.
Mediante a forte pressão dos religiosos, Portugal 
proibiu a captura de índios por meio de uma Carta 
Régia emitida no ano de 1570. Segundo esse docu-
mento, os índios só poderiam ser presos e escraviza-
dos em situação de guerra justa. Ou seja, somente os 
índios que se voltassem contra oscolonizadores esta-
riam sujeitos à condição de escravos. Por meio dessa 
medida, os colonizadores conseguiram manter a es-
cravidão indígena durante todo o período colonial.
A escravidão indígena foi oficialmente extinta no 
século XVIII, momento em que o marquês de Pom-
bal estabeleceu um conjunto de transformações na 
administração colonial. Primeiramente, ordenou a 
expulsão dos jesuítas do Brasil mediante a ampla in-
fluência política e econômica que tinha dentro da 
colônia. Logo depois, em 1757, proibiu a escravidão 
indígena e transformou algumas aldeias em vilas sub-
metidas ao poderio da Coroa.
Já com os negros, a escravidão pode ser defini-
da como o sistema de trabalho no qual o indivíduo 
(o escravo) é propriedade de outro, podendo ser 
vendido, doado, emprestado, alugado, hipotecado, 
confiscado. Legalmente, o escravo não tem direitos: 
não pode possuir ou doar bens e nem iniciar proces-
sos judiciais, mas pode ser castigado e punido.
Não existem registros precisos dos primeiros es-
cravos negros que chegaram ao Brasil. À tese mais 
aceita é a de que em 1538, Jorge Lopes Bixorda, ar-
rendatário de pau-brasil, teria traficado para a Bahia 
os primeiros escravos africanos.
Eles eram capturados nas terras onde viviam na 
África e trazidos à força para a América, em grandes 
navios, em condições miseráveis e desumanas. Muitos 
morriam durante a viagem através do oceano Atlân-
tico, vítimas de doenças, de maus tratos e da fome.
Os escravos que sobreviviam à travessia, ao che-
gar ao Brasil, eram logo separados do seu grupo lin-
guístico e cultural africano e misturados com outros de 
tribos diversas para que não pudessem se comunicar. 
Seu papel de agora em diante seria servir de mão-
-de-obra para seus senhores, fazendo tudo o que lhes 
ordenassem, sob pena de castigos violentos. Além de 
terem sido trazidos de sua terra natal, de não terem 
nenhum direito, os escravos tinham que conviver com 
a violência e a humilhação em seu dia-a-dia.
A minoria branca, a classe dominante socialmen-
te, justificava essa condição através de ideias religio-
sas e racistas que afirmavam a sua superioridade e 
os seus privilégios. As diferenças étnicas funcionavam 
como barreiras sociais.
O escravo tornou-se a mão-de-obra fundamental 
nas plantações de cana-de-açúcar, de tabaco e de 
algodão, nos engenhos, e mais tarde, nas vilas e cida-
des, nas minas e nas fazendas de gado.
Além de mão-de-obra, o escravo representava 
riqueza: era uma mercadoria, que, em caso de ne-
cessidade, podia ser vendida, alugada, doada e 
leiloada. O escravo era visto na sociedade colonial 
também como símbolo do poder e do prestígio dos 
senhores, cuja importância social era avalizada pelo 
número de escravos que possuíam.
A escravidão negra foi implantada durante o sé-
culo XVII e se intensificou entre os anos de 1700 e 1822, 
sobretudo pelo grande crescimento do tráfico negrei-
ro. O comércio de escravos entre a África e o Brasil 
tornou-se um negócio muito lucrativo. O apogeu do 
afluxo de escravos negros pode ser situado entre 1701 
e 1810, quando 1.891.400 africanos foram desembar-
cados nos portos coloniais.
Nem mesmo com a independência política do 
Brasil, em 1822, e com a adoção das ideias liberais 
pelas classes dominantes o tráfico de escravos e a 
escravidão foram abalados. Neste momento, os se-
nhores só pensavam em se libertar do domínio por-
tuguês que os impedia de expandir livremente seus 
negócios. Ainda era interessante para eles preservar 
as estruturas sociais, políticas e econômicas vigentes.
Ainda foram necessárias algumas décadas para 
que fossem tomadas medidas para reverter à situa-
ção dos escravos. Aliás, este será o assunto do pró-
ximo item. Por ora, vale lembrar que não eram todos 
os escravos que se submetiam passivamente à con-
dição que lhe foi imposta. As fugas, as resistências 
e as revoltas sempre estiveram presentes durante o 
Ciências Humanas e suas Tecnologias
ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
8
longo período da escravidão. Existiram centenas de 
“quilombos” dos mais variados tipos, tamanhos e du-
rações. Os “quilombos” eram criados por escravos 
negros fugidos que procuraram reconstruir neles as 
tradicionais formas de associação política, social, 
cultural e de parentesco existentes na África.
O “quilombo” mais famoso pela sua duração e 
resistência, foi o de Palmares, estabelecido no interior 
do atual estado de Alagoas, na Serra da Barriga, sítio 
arqueológico tombado recentemente. Este “quilom-
bo” se organizou em diferentes aldeias interligadas, 
sendo constituído por vários milhares de habitantes e 
possuindo forte organização político-militar.
Como era tratado o escravo
Antes de romper o sol, os negros eram desperta-
dos através das badaladas de um sino e formados 
em fila no terreiro para serem contados pelo feitor e 
seus ajudantes, que após a contagem rezavam uma 
oração que era repetida por todos os negros.
Após ingerirem um gole de cachaça e uma xíca-
ra de café como alimentação da manhã, os negros 
eram encaminhados pelo feitor para os penosos la-
bor nas roças, e às oito horas da manhã o almoço 
era trazido por um dos camaradas do sitio em um 
grande balaio que continha a panela de feijão que 
era cozido com gordura e misturado com farinha de 
mandioca, o angu esparramado em largas folhas 
de bananeiras, abóbora moranga, couve rasgada 
e raramente um pedaço de carne de porco fresca 
ou salgada que era colocada no chão, onde os ne-
gros acocoravam-se para encher as suas cuias e iam 
comer em silêncio, após se saciarem os negros cor-
tavam o fumo de rolo e preparavam sem pressa o 
seus cigarros feitos com palha de milho, e após o des-
canso de meia hora os negros continuavam a labuta 
até às duas horas quando vinha o jantar, e ao por 
do sol eram conduzidos de volta à fazenda onde to-
dos eram passados em revista pelo feitor e recebiam 
um prato de canjica adoçada com rapadura como 
ceia e eram recolhidos a senzala.
E em suas jornadas diárias, os negros também so-
friam os mais variados tipos de castigo (), nas cida-
des o principal castigo era os açoites que eram feitos 
publicamente nos pelourinhos que se constituíam em 
colunas de pedras erguidas em praças pública e que 
continha na parte superior algumas pontas recurva-
das de ferro onde se prendiam os infelizes escravos.
E cujas condenação à pena dos açoites eram 
anunciados pelos rufos dos tambores para uma gran-
de multidão que se reunia para assistir ao látego do 
carrasco abater-se sobre o corpo do negro escravo 
condenado para delírio da multidão excitada que 
aplaudia, enquanto o chicote abria estrias de san-
gue no dorso nu do negro escravo que ficava à exe-
cração pública.
E outro método de punição dado aos negros foi 
o castigo dos bolos que consistia em dar pancada 
com a palmatória nas palmas das mãos estendidas 
dos negros, e que provocavam violentas equimoses e 
ferimentos no apitélio delicado das mãos.
Em algumas fazendas e engenhos, as crueldades 
dos senhores de engenho e feitores atingiram a extre-
mas e incríveis métodos de castigos ao empregarem 
no negro o anavalhamento do corpo seguido de sal-
moura, marcas de ferro em brasa, mutilações, estupros 
de negras escravas, castração, fraturas dos dentes a 
marteladas e uma longa e infinita teoria de sadismo 
requintado. No sul do Brasil, os senhores de engenhos 
costumavam mandar atar os punhos dos escravos e 
os penduravam em uma trava horizontal com a ca-
beça para baixo, e sobre os corpos inteiramente nus, 
eles untavam de mel ou salmoura para que os negros 
fossem picados por insetos.
E através de uma série de instrumentos de suplícios 
que desafiava a imaginação das consciências mais 
duras para a contenção do negro escravo que hou-
vesse cometido qualquer falha, e no tronco que era 
um grande pedaço de madeira retangular aberta emduas metades com buracos maiores para a cabeça 
e menores para os pés e as mãos dos escravos, e para 
colocar-se o negro no tronco abriam-se as suas duas 
metades e se colocavam nos buracos o pescoço, os 
tornozelos ou os pulsos do escravo e se fechava as ex-
tremidades com um grande cadeado, o vira mundo 
era um instrumento de ferro de tamanho menor que 
o tronco, porém com o mesmo mecanismo e as mes-
mas finalidades de prender os pés e as mãos dos es-
cravos, o cepo era um instrumento que consistia num 
grosso tronco de madeira que o escravo carregava à 
cabeça, preso por uma longa corrente a uma argola 
que trazia ao tornozelo.
O libanto era um instrumento que prendia o pes-
coço do escravo numa argola de ferro de onde saía 
uma haste longa.
Que poderia terminar com um chocalho em sua 
extremidade e que servia para dar o sinal quando o 
negro quando o negro andava, ou com as pontas 
retorcidas com a finalidade de prender-se aos galhos 
das árvores para dificultar a fuga do negro pelas ma-
tas, as gargalheiras eram colocadas no pescoço dos 
escravos e dela partiam uma corrente que prendiam 
os membros do negro ao corpo ou serviam para atre-
lar os escravos uns aos outros quando transportados 
dos mercados de escravos para as fazendas, e atra-
vés das algemas, machos e peias os negros eram pre-
sos pelas mãos aos tornozelos o que impedia do escra-
vo de correr ou andar depressa, com isto dificultava 
a fuga dos negros, e para os que furtavam e comiam 
cana ou rapadura escondido era utilizado a mascara, 
que era feita de folhas de flandes e tomava todo o 
rosto e possuía alguns orifícios para a respiração do 
Ciências Humanas e suas Tecnologias
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negro, com isto o escravo não podia comer nem be-
ber sem a permissão do feitor, os anjinhos eram um 
instrumento de suplicio que se prendiam os dedos 
polegares da vitima em dois anéis que eram compri-
midos gradualmente para se obter à força a confis-
são do escravo incriminado por uma falta grave.
Já no início do século XIX era possível verificar 
grandes transformações que pouco a pouco modifi-
cavam a situação da colônia e o mundo a sua volta. 
Na Europa, a Revolução Industrial introduziu a má-
quina na produção e mudou as relações de traba-
lho. Formaram-se as grandes fábricas e os pequenos 
artesãos passaram a ser trabalhadores assalariados. 
Na colônia, a vida urbana ganhou espaço com a 
criação de estaleiros e de manufaturas de tecidos. A 
imigração em massa de portugueses para o Brasil foi 
outro fator novo no cenário do Brasil colonial.
Mesmo com todos esses avanços foi somente na 
metade do século que começaram a ser tomadas 
medidas efetivas para o fim do regime de escravi-
dão. Vamos conhecer os fatores que contribuíram 
para a abolição:
1831 Cumprindo acordos firmados com a Ingla-
terra, o governo brasileiro declarou tráfico ilegal no 
território nacional, mas o comércio continuou em 
grande escala.
1845 A lei Bill Aberdeen que dava a Marinha de 
Guerra Inglesa o direito de aprisionar tumbeiros(navios 
negreiros) em qualquer ponto do atlântico
1850 – promulgação da Lei Eusébio de Queirós, 
que acabou definitivamente com o tráfico negreiro 
intercontinental. Com isso, caiu a oferta de escravos, 
já que eles não podiam mais ser trazidos da África 
para o Brasil.
1865 – Cresciam as pressões internacionais sobre 
o Brasil, que era a única nação americana a manter 
a escravidão.
1871 – Promulgação da Lei Rio Branco, mais co-
nhecida como Lei do Ventre Livre, que estabeleceu 
a liberdade para os filhos de escravas nascidos de-
pois desta data. Os senhores passaram a enfrentar o 
problema do progressivo envelhecimento da popu-
lação escrava, que não poderia mais ser renovada.
1872 – O Recenseamento Geral do Império, pri-
meiro censo demográfico do Brasil, mostrou que os 
escravos, que um dia foram maioria, agora consti-
tuíam apenas 15% do total da população brasileira. 
O Brasil contou uma população de 9.930.478 pessoas, 
sendo 1.510.806 escravos e 8.419.672 homens livres.
1880 – O declínio da escravidão se acentuou nos 
anos 80, quando aumentou o número de alforrias 
(documentos que concediam a liberdade aos ne-
gros), ao lado das fugas em massa e das revoltas dos 
escravos, desorganizando a produção nas fazendas.
1885 – Assinatura da Lei Saraiva-Cotegipe ou, po-
pularmente, a Lei dos Sexagenários, pela Princesa Isa-
bel, tornando livres os escravos com mais de 60 anos.
1885-1888 – o movimento abolicionista ganhou 
grande impulso nas áreas cafeeiras, nas quais se con-
centravam quase dois terços da população escrava 
do Império.
13 de maio de 1888 – assinatura da Lei Áurea, pela 
Princesa Isabel.
No Brasil, o regime de escravidão vigorou desde 
os primeiros anos logo após o descobrimento até o 
dia 13 de maio de 1888, quando a princesa regente 
Isabel assinou, utilizando uma caneta de ouro e pe-
dras preciosas, oferecida pelos abolicionistas, a Lei 
3.353, mais conhecida como Lei Áurea, libertando os 
escravos.
A escravidão é um capítulo da História do Bra-
sil. Embora ela tenha sido abolida há 115 anos, não 
pode ser apagada e suas consequências não podem 
ser ignoradas. A História nos permite conhecer o 
passado, compreender o presente e pode ajudar a 
planejar o futuro. Nós vamos contar um pouco dessa 
história para você. Vamos falar dos negros africanos 
trazidos para serem escravos no Brasil, quantos eram, 
como viviam, como era a sociedade da época. Mas, 
antes disso, confira o texto da Lei Áurea, que fez com 
que o dia 13 de maio entrasse para a História.
“Declara extinta a escravidão no Brasil.”. À prin-
cesa imperial regente em nome de Sua Majestade o 
imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber a todos os 
súditos do Império que a Assembleia Geral decretou 
e ela sancionou a lei seguinte:
Art.1o É declarada extinta desde a data desta lei 
a escravidão do Brasil”
Art.2o “Revogam-se as disposições em contrário.
Manda portanto a todas as autoridades a quem o 
conhecimento e execução da referida lei pertencer, 
que a cumpram e façam cumprir e guardar tão intei-
ramente como nela se contém.
O secretário de Estado dos Negócios da Agricul-
tura, Comércio e Obras Públicas e interino dos Negó-
cios Estrangeiros, bacharel Rodrigo Augusto da Silva, 
do Conselho de sua majestade o imperador, o faça 
imprimir, publicar e correr.
Dado no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de 
maio de 1888, 67º da Independência e do Império.
Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial man-
da executar o decreto da Assembleia Geral, que 
houve por bem sancionar declarando extinta a es-
cravidão no Brasil, como nela se declara.
“Para Vossa Alteza Imperial ver”.
A Princesa Isabel era conhecida como “Reden-
tora dos escravos” acumulou outro título “ como a 
primeira e única mulher a admistrar o Brasil”, na luta 
pela libertação dos escravos, como seu pai, o impe-
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rador D. Pedro II ,que era um grande entusiasmado 
pela questão escravagista. Foi condecorada pelo 
Papa Leão XIII que conferiu a princesa com a conde-
coração Rosa de Ouro. Com a Republica ,a prince-
sa Isabel exilou se na Europa onde faleceu em 1921.
Logo após assinar a lei Áurea ,ao cumprimentar a 
Princesa Isabel, João Maurício Wanderley, Barão de 
Cotegipe, único a votar contra o projeto de abolição 
,profetizou:
“A senhora acabou de redimir uma raça e perder 
o trono”!
Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel aboliu 
a escravidão no Brasil, colocando nas ruas milhares 
de negros que, de uma hora para outra, ficaram sem 
destino. Com isso agradou a abolicionistas, bateu de 
frente com escravocratas e para muitos historiadores 
começou a escrever o epílogo do reinado de seu pai, 
Pedro II, que cairia pouco mais de um ano mais tarde.Até hoje aplaudida por muitos pelo fim e criticada 
por outros pelos meios utilizados e também pelos fins, 
a abolição da escravidão no País ainda é um assun-
to que encerra muitas discussões. Não houve, como 
nos Estados Unidos, uma guerra civil dividindo alas 
contrárias ao tema, não se disparou um tiro sequer 
para que os escravos ficassem livres ou continuassem 
presos a grilhões na senzala, mas também não houve 
uma discussão séria e definitiva sobre o caso. Claro, 
haviam os fóruns de debates, principalmente nas pá-
ginas dos jornais, nas quais brilhava a verve de José 
do Patrocínio. Mas muitos acreditam que a atitude 
de Isabel foi mais emocional do que prática. Afinal, 
não houve preparação suficiente para o fato, ricos 
senhores de terra que investiram muito em seus es-
cravos ficaram, de uma hora para outra, sem eles e 
os governos pós-abolição não souberam utilizar o ato 
da princesa a favor de melhorias sociais.
Problemas da elite
Afinal, a escravidão dominou todos os aspectos 
da vida brasileira durante o século XIX. O final dessa 
instituição parecia ter aberto novas portas para uma 
sociedade mais justa e menos dividida. Mas a liber-
tação dos escravos não podia deixar de ter conse-
quências importantes e profundas para as finanças, 
tanto públicas quanto particulares. “Infelizmente, 
a irresponsabilidade financeira dos governos após 
a abolição transformou essa grande oportunidade 
para a reforma social em um desastre econômico. 
Esses políticos provocaram inflação, afugentaram in-
vestidores nacionais e estrangeiros e arrebentaram a 
onda de otimismo que se seguiu à emancipação”, 
explica Schulz. “Em um sentido mais amplo, os ajustes 
necessários à introdução do trabalho livre resultaram 
numa crise que durou quase três décadas”, diz o his-
toriador.
Segundo ele, a crise financeira da abolição co-
meçou gradativamente. Vários anos poderiam, de 
acordo com Schulz, servir para o começo desse es-
tudo: 1871, quando a Lei do Ventre Livre determinou 
que nenhum escravo nasceria no Brasil, ou 1880, 
quando começou a campanha abolicionista. “Ou, 
ainda, 1884, quando o Banco do Brasil parou de con-
ceder hipotecas garantidas por escravos”, diz o au-
tor, que escolhe o ano de 1875 como o primeiro a de-
tonar o processo de crise financeira, quando o Brasil 
sofreu sua última crise como país escravagista. Essa 
tal crise, explica Schulz, teve como causa externa o 
início da “grande depressão” mundial do século XIX, 
e como causa interna a suspensão do Banco Mauá, 
o que levou muitos brasileiros à bancarrota, criando 
um sério problema para as elites, que a abolição só 
veio agravar.
“A crise financeira da abolição pode ser dividida 
em três partes: um mal-estar pré-abolição, uma ‘bo-
lha’ chamada Encilhamento e um período de ten-
tativas frustradas de estabilização que sucederam 
ao colapso da bolha”, diz Schulz, elencando outros 
problemas que advieram à abolição. “O ministério 
que realizou a abolição entendeu que seria neces-
sário tomar providências financeiras para satisfazer 
aos fazendeiros e acabou sendo um dos gabinetes 
mais atuantes do século. A magnitude da mudança, 
porém, aos olhos dos fazendeiros, merecia medidas 
ainda mais enérgicas. Os três governos, um monar-
quista e dois republicanos, que se seguiram ao gabi-
nete abolicionista, triplicaram a moeda em circula-
ção, estimularam a especulação na bolsa de valores 
e tentaram de todas as maneiras conseguir o apoio 
dos grandes fazendeiros”, conta o historiador. “Essas 
ações irresponsáveis criaram uma bolha especula-
tiva chamada de Encilhamento. Embora o estouro 
dessa bolha tenha sido bastante dramático, a crise 
continuou por uma década após o Encilhamento.” 
Ou seja: o que poderia e deveria ser uma alavanca-
da para o progresso do País a partir da extirpação de 
um mal – a escravidão – acabou se tornando um mal 
maior ainda, devido à incompetência dos adminis-
tradores do governo brasileiro. Qualquer economista 
recém-formado sabe que multiplicar o número da 
moeda circulante, apoiar a especulação na bolsa e 
não conter os gastos resultam em uma palavra que 
mais se assemelha a um dragão voraz: inflação.
A crise econômica que se seguiu à abolição, 
então, é muito bem trabalhada por Schulz em seu 
estudo, mostrando desde o problema do sistema fi-
nanceiro internacional e a crise com os cafeiculto-
res até as tentativas de estabilização da economia 
e a crescente inflação. Para ilustrar todas suas ideias 
Ciências Humanas e suas Tecnologias
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e explicações, o autor ainda elenca uma série de 
tabelas, apresentando os gastos governamentais, a 
capitalização da Bolsa do Rio e o serviço da dívida 
brasileira. Para quem tem curiosidade sobre o assun-
to e deseja se aprofundar nesse tema que até hoje 
gera polêmica, o trabalho de Schulz publicado pela 
Edusp é um belo instrumento de apoio ao estudo. Tal-
vez, inclusive, explique muita coisa que aconteceu 
até um passado muito recente e que está, de uma 
forma ou outra, apenas adormecida.
A longa permanência do negro no Brasil acabou 
por abrasileirá-lo.
De um lado, o africano se tornou ladino e tornou 
seus filhos crioulos e mestiços de várias espécies: mu-
lato, pardo, cabra, caboclo. A crioulização e a mes-
tiçagem são temas inevitáveis da história do negro 
no Brasil.
De outro lado, raros são os aspectos de nossa 
cultura que não trazem a marca da cultura africa-
na. O assunto já foi muito tratado por historiadores e 
antropólogos, que estudaram dos negros, a família, a 
língua, a religião, a música, a dança, a culinária e a 
arte popular em geral.
Epopéia do negro no Brasil
1454: A bula Papal editada por Nicolau V dá aos 
portugueses a exclusividade para aprisionar negros 
para o reino e lá batizá-los.
1549: Tomé de Souza desembarca no Bahia. Com 
ele vieram provavelmente os primeiros escravos bra-
sileiros.
1630: Data provável da formação do Quilombo 
dos Palmares. Palmares ocupou a maior área territo-
rial de resistência política à escravidão. Ela foi uma 
das maiores lutas de resistência popular nas Améri-
cas.
1693: Morre a rainha Nznja, tuerreira, aujoiava
1695: Morte de Zumbi dos Palmares. Zumbi dirigiu 
Palmares num dos seus momentos mais dramáticos. 
As forças chefiadas pelo bandeirante Domingos Jor-
ge velho destruíram o Quilombo e, depois, assassina-
ram Zumbi.
1741: Alvará determina que os escravos fugitivos 
serão marcados com ferro quente com a letra “F” 
carimbada nas espáduas.
1835: Levante de negros urbanos de Salvador. Se-
gundo historiadores, a Revolta dos Malês foi a mais 
importante revolta urbana de negros brasileiros, pelo 
número de revoltosos, grau de organização e obje-
tivos militares. Elas se inscrevem entre as grandes re-
voltas assistidas pela cidade no século 19: 1807, 1809, 
1813, 1826, 1828,1830 e 1844.
1830: É enforcado o Oulomboja Manuel Gonga 
em Vassouras – RJ.
1833: ë fundado o Jornal “O Homem de cor” por 
Paula Brito, é o primeiro jornal brasileiro a lutar pelos 
direitos do negro.
1838: O governo do Sergipe proíbe que portado-
res de moléstias contagiosas e africanos, escravos ou 
não frequentem escolas públicas.
1850: É editada a Lei Euzébio de Queiroz. Ela põe 
fim ao tráfico de escravos. Nesse mesmo ano, é edi-
tada a lei da terra. A partir dessa lei era proibido ocu-
par terras no Brasil. Para possuir terra era necessário 
comprá-la do governo.
1854: Decreto proíbe o negro de aprender a ler 
e escrever.
1866: O império determina que os negros que ser-
viam no exercito seriam alforriados.
1869: Proibidas a venda de escravos debaixo de 
pregão e com exposição pública. A lei proíbe a ven-
da de casais separados e de pais e filhos.
1871: É editada a lei do ventre livre. Com ela os 
filhos de escravos seriam libertos, depois de comple-
tarem a maioridade.
1882: Morreo abolicionista Luiz Gama. Sua mãe, 
Luiza Mahin foi um das principais lideranças na Revol-
ta dos Malês, em Salvador.
1883: Primeira libertação coletiva de escravos ne-
gros no Brasil.
1884: Abolição da escravatura negra na provín-
cia do Amazonas.
1885: É editada a Lei do Sexagenário. A lei Sarai-
va-Cotegipe liberta os escravos com mais de 65 anos 
de idade. Segundo dados, a vida útil de um escravo 
era 15 anos, em média.
1886: O governo proíbe o açoite dos castigos aos 
escravos.
1888: Promulgada a Lei Áurea. ela extingue a es-
cravidão no Brasil. O país é o último a abolir a escra-
vidão do ocidente.
1890: Decreto sobre a imigração veta o ingresso 
no país de africanos e asiáticos. O ingresso de imi-
grantes europeus era liberada pelo governo.
1910: João Cândido, o Almirante negro, lidera a 
revolta da esquadra (Revolta das Chibatas) contra 
os castigos físicos praticados contra os marinheiros.
1914: Surge em Campinas a 1° organização sindi-
cal de negros. Dela participaram de forma expressiva 
e determinante as mulheres negras.
1915: Surge o Manelick, o primeiro jornal de ne-
gros da capital paulista.
1916: É criado o Centro Cívico Palmares, em São 
Paulo.
1929: Surge o jornal Quilombo, na cidade do Rio 
de Janeiro.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
12
1931: Nasce a Frente Negra Brasileira (FNB) que 
chegou a reunir mais de 100 mil em diversos Estados 
do país. A organização pleiteava sua transformação 
em partido político. No ano de 1937, com a instalação 
do Estado Novo, a FNB é colocada na ilegalidade.
1932: É formado em São Paulo, o Clube do Negro 
de Cultura Social. Seus dirigentes editavam o jornal O 
Clarim da Alvorada, um dos mais importantes na his-
tória do periodismo racial.
1935: Surge, no Rio de Janeiro, O Movimento Brasi-
leiro Contra o Preconceito Racial.
1936: Laudelina de Campos Mello funda na cida-
de de Santos a primeira Associação de Empregadas 
Domesticas no Brasil
1938:É organizada em São Paulo a União Nacio-
nal dos Homens de Cor
1944: Abdias Nascimento funda no Rio de Janeiro 
o Teatro Experimental do Negro.
1945: Renasce o Movimento Negro no país. Sur-
ge em São Paulo a Associação do Negro Brasileiro, 
fundada por ex- militantes da FNB. No Rio de Janeiro 
é organizado o Comitê Democrático Afro-Brasileiro 
com o objetivo de defender a constituinte, a anistia 
e o fim do preconceito racial e de cor. Realiza-se a 
primeira Convenção Negro Brasileira com represen-
tantes do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, 
Rio Grande do Sul e São Paulo, em São Paulo.
1948: Surgem as entidades, Frente Negra Traba-
lhista e Cruzada Social do Negro Brasileiro (São Pau-
lo); Turma Auriverde e Grêmio Literário Cruz e Souza 
(Minas Gerais) e União Cultural dos Homens de Cor 
(Rio de Janeiro).
1949: Realiza-se no Rio de Janeiro o Conselho Na-
cional de Mulheres Negras.
1950: No Rio é aprovada a Lei Afonso Arinos, que 
condena como contravenção penal a discrimina-
ção de raça, cor e religião, também é criado o con-
selho nacional de mulheres negras.
1954: É fundada em São Paulo a Associação Cul-
tural do Negro.
1969: O governo do general Emílio G. Médici proí-
be a publicação de noticias sobre movimento negro 
e a discriminação racial.
1971: Surge em Porto Alegre o Grupo Palmares.
1974: Morre o poeta Solano “Vento Forte Africa-
no” Trindade. É fundado em Salvador o bloco afro 
Ilé – Aiê.
1975: No Congresso das Mulheres Brasileiras, reali-
zado no Rio de Janeiro, mulheres negras denunciam 
as discriminações racial e sexual a que estão subme-
tidas. Realiza-se em São Paulo a Semana do Negro 
na Arte e na Cultura. O movimento articula apoio às 
lutas de libertação nacional travadas no continente 
africano. Surgem várias entidades de combate ao 
racismo. Em São Paulo surgem o Centro de Estudos 
da Cultura e da Arte Negra (Cecan), a Associação 
cristã Beneficente, Movimento Teatral Cultural Negro, 
Grupo de Teatro Evolução, Associação Cultural e 
Recreativa Brasil Jovem, Instituto Brasileiro de Estudos 
Africanistas (IBEA), Federação das Entidades Afro-
-brasileiras do Estado de São Paulo. No Rio de Janeiro 
surgem Grupo Latino- Americano, Instituto de Pesqui-
sas da Cultura Negra (IPCN), Escola de Samba Gran 
Quilombo, Sociedade de Intercâmbio Brasil-África.
1976: O governo da Bahia suprime a exigência de 
registro policial para os templos de ritos afro-brasilei-
ros.
1977: É assassinado Robson S. Luz. Quatro jovens 
atletas são discriminados no Clube Regatas Tietê. Nos 
rastros dessas denuncias surge o Movimento Negro 
Unificado contra a Discriminação Racial, mais tarde, 
Movimento Negro Unificado (MNU). Na assembleia 
nacional do MNU é aprovada a comemoração do 
Dia Nacional de Consciência Negra, em 20 de no-
vembro em celebração a memória do herói negro 
Zumbi dos Palmares. Surge o Movimento de Mulheres 
Negras.
1978:Consolidação do MNU Movimento Negro 
Unificado – São Paulo, É declarado pelo MNU o dia 
20 de novembro o dia da consciência negra.
1979: O quesito cor é incluído no recenseamen-
to do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas 
(IBGE) por pressão de sociólogos e pesquisadores e 
segmentos da sociedade.
1982:Morre em Salvador Mestre Pastinha, é tam-
bém tombado o primeiro terreiro de candomblé do 
Brasil; o terreiro da Casa Branca ile axê, ia nasso oka 
Bahia
1986: Tombamento da serra da Barrija local onde 
se desenvolveu o quilombo dos palmares, a gaúcha 
Deise Nunes de Souza é coroada Miss Brasil é a pri-
meira Miss Brasil negra.
1987: Fundado o instituto do negro em São Paulo.
1989: Nasce no mês de novembro o jornal Um-
bandomblé que passou a ser Umbanda & Candom-
blé, Ciência, Cultura e Magia e hoje conhecido por 
U&C, Ciência, Cultura e Magia.
1990: É inaugurado no município de Volta redon-
da – RJ o memorial zumbi dos palmares.
A Cultura Afro-Brasileira
A inserção da população negra na sociedade 
brasileira se deu pelo trabalho, base da organiza-
ção econômica e da convivência familiar, social e 
cultural. A miscigenação avança, com um número 
cada vez maior de mulatos. Nasce uma religiosida-
de popular em torno das irmandades católicas e dos 
terreiros de umbanda e candomblé. Em 1800, cerca 
de dois terços da população do país – 3 milhões de 
habitantes – eram formados por negros e mulatos, 
cativos ou libertos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
13
ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
A cultura afro-brasileira é uma das que mais se 
destacam no cenário do sincretismo religioso no Brasil.
A música e a dança dos descendentes africanos 
são exemplos vivos do que é o patrimônio cultural do 
continente negro amadurecido ao longo do milênio. 
Uma história antiga e valiosa pode ser contada atra-
vés da música, da dança, do teatro, do artesanato, 
da indumentária e das tradições.
Candomblé
O Candomblé se difundiu no Brasil no século pas-
sado com a migração de africanos como escravos 
para os senhores de terra. A população escrava no 
Brasil consistia quase totalmente de negros de Ango-
la. No momento da chegada dos nagôs, um século e 
meio de escravidão havia passado, destribalizando o 
negro e apagando seus costumes, crenças e sua lín-
gua nacional. Mas o elemento africano, resistiu e criou 
uma forma de cultuar seus deuses através do sincretis-
mo com os santos católicos.
Mesmo levando em conta a pressão social e re-
ligiosa, era relativamente fácil para os escravos, na 
sonolência geral, reinstalar na Bahia as crenças e prá-
ticas religiosas que trouxera da África, pois, a igreja 
católica estava cansada do esforço despendido na 
criação de irmandades de negros como tentativa de 
anular toda sua cultura, mas todos os meses novas le-
vas de escravos, adeptos ao culto aos Orixás, desem-
barcavam na Bahia.
Por volta de 1830 três negrasconseguiram fundar 
o primeiro templo de sua religião na Bahia, conhecida 
como Ylê Yá Nassó, casa da mãe Nassó. (Nassó seria 
o título de princesa de uma cidade natal da costa da 
África). Esta seria a primeira a resistir às opressões cató-
licas, desta casa se originam mais três que sobrevivem 
até hoje e que fazem parte do grande CANDOMBLÉ 
DA BAHIA, sendo elas: O Engenho velho ou Casa Bran-
ca, Gantóis, cuja ilustre dirigente foi mãe menininha 
do Gantóis (falecida em 1986) e do Araketu.
Os Candomblés se diversificaram desde 1830, à 
medida que a religião dos nagôs se firmava, primeiro 
entre os escravos e for fim, no seio do povo. Hoje há 
quatro tipos de Candomblé ou Candomblé de quatro 
nações: Kêtu (povo nagô), Jêje (povo nagô, mas obe-
dientes à outra cultura), Angola-congo (povo bantu, 
este culto é mais abrasileirado) e de caboclo (cul-
tuam mais os caboclos, mistura-se com a umbanda).
O Candomblé baseia-se no culto aos Orixás, deu-
ses oriundas das quatro forças da natureza: Terra, 
Fogo, Água e Ar. Os Orixás são, portanto, forças ener-
géticas, desprovidas de um corpo material. Sua ma-
nifestação básica para os seres humanos se dá por 
meio da incorporação. O ser escolhido pelo orixá, 
um dos seus descendentes, é chamado de elegum, 
aquele que tem o privilégio de ser montado por ele. 
Torna-se o veículo que permite ao orixá voltar a Terra 
para saudar e receber as provas de respeito de seus 
descendentes que o evocaram. Cada orixá tem as 
suas cores, que vibram em seu elemento visto que 
são energias da natureza, seus animais, suas comi-
das, seus toques (cânticos), suas saudações, suas 
insígnias, as suas preferências e suas antipatias, e aí 
daquele que devendo obediência os irrita.
A síntese de todo o processo seria a busca de 
um equilíbrio energético entre os seres materiais ha-
bitantes da Terra e a energia dos seres que habitam 
o orum, o suprareal (que tanto poderia localizar-se 
no céu – como na tradição cristã – como no interior 
da Terra, ou ainda numa dimensão estranha a essas 
duas, de acordo com diferentes visões apresentadas 
por nações e tribos diferentes). Cada ser humano te-
ria um orixá protetor, ao entrar em contato com ele 
por intermédio dos rituais, estaria cumprindo uma sé-
rie de obrigações. Em troca, obteria um maior poder 
sobre suas próprias reservas energéticas, dessa forma 
teria mais equilíbrio.
Cada pessoa tem dois Orixás. Um deles mantém o 
status de principal, é chamado de orixá de cabeça, 
que faz seu filho revelar suas próprias características 
de maneira marcada. O segundo orixá, ou ajuntó, 
apesar de distinção hierárquica, tem uma revelação 
de poder muito forte e marca seu filho, mas de ma-
neira mais sutil. Um seria a personalidade mais visível 
exteriormente, assim como o corpo de cada pessoa, 
enquanto o outro seria a face oculta de sua perso-
nalidade, menos visível aos que conhecem a pessoa 
superficialmente, e às potencialidades físicas menos 
aparentes.
Como qualquer outra religião do mundo, o Can-
domblé possui cerimoniais específicos para seus 
adeptos. no seu caso particular, porém, esses ritos 
mostram singularidades especialíssimas, como a lei-
tura de búzios (um primeiro e ocular contato com os 
Orixás), a preparação e entrega de alimentos para 
cada uma das entidades ou as complexas e prolon-
gadas iniciações dos filhos-de-santo. Através da ob-
servância desses procedimentos é que o Candomblé 
religa os humanos aos seres astrais, proporcionando 
àqueles o equilíbrio desejado na existência.
O candomblé e demais religiões afro-brasileiras 
tradicionais formaram-se em diferentes áreas do Bra-
sil com diferentes ritos e nomes locais derivados de 
tradições africanas diversas: candomblé na Bahia, 
xangô em Pernambuco e Alagoas, tambor de mina 
no Maranhão e Pará, batuque no Rio Grande do Sul 
e macumba no Rio de Janeiro.
A organização das religiões negras no Brasil deu-
-se bastante recentemente, no curso do século XIX. 
Uma vez que as últimas levas de africanos trazidos 
Ciências Humanas e suas Tecnologias
ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
14
para o Novo Mundo durante o período final da escra-
vidão (últimas décadas do século XIX) foram fixadas 
sobretudo nas cidades e em ocupações urbanas, os 
africanos desse período puderam viver no Brasil em 
maior contato uns com os outros, físico e socialmen-
te, com maior mobilidade e, de certo modo, liberda-
de de movimentos, num processo de interação que 
não conheceram antes. Este fato propiciou condi-
ções sociais favoráveis para a sobrevivência de algu-
mas religiões africanas, com a formação de grupos 
de culto organizados.
Até o final do século passado, tais religiões esta-
vam consolidadas, mas continuavam a ser religiões 
étnicas dos grupos negros descendentes dos escra-
vos. No início deste século, no Rio de janeiro, o conta-
to do candomblé com o espiritismo kardecista trazido 
da França no final do século propiciou o surgimento 
de uma outra religião afro-brasileira: a umbanda, 
que tem sido reiteradamente identificada como sen-
do a religião brasileira por excelência, pois, nascida 
no Brasil, ela resulta do encontro de tradições africa-
nas, espíritas e católicas.
Desde o início as religiões afro-brasileiras forma-
ram-se em sincretismo com o catolicismo, e em grau 
menor com religiões indígenas. O culto católico aos 
santos, numa dimensão popular politeísta, ajustou-
-se como uma luva ao culto dos panteões africanos. 
A partir de 1930, a umbanda espraiou-se por todas 
a regiões do País, sem limites de classe, raça, cor, 
de modo que todo o País passou a conhecer, pelo 
menos de nome, divindades como Iemanjá, Ogum, 
Oxalá etc.
O candomblé, que até 20 ou 30 anos atrás era re-
ligião confinada sobretudo na Bahia e Pernambuco 
e outros locais em que se formara, caracterizando-
-se ainda uma religião exclusiva dos grupos negros 
descendentes de escravos, começou a mudar nos 
anos 60 e a partir de então a se espalhar por todos os 
lugares, como acontecera antes com a umbanda, 
oferecendo-se então como religião também voltada 
para segmentos da população de origem não-afri-
cana. Assim o candomblé deixou de ser uma religião 
exclusiva do segmento negro, passando a ser uma 
religião para todos. Neste período a umbanda já co-
meçara a se propagar também para fora do Brasil.
Durante os anos 1960, com a larga migração do 
Nordeste em busca das grandes cidades industriali-
zadas no Sudeste, o candomblé começou a penetrar 
o bem estabelecido território da umbanda, e velhos 
umbandistas começaram e se iniciar no candom-
blé, muitos deles abandonando os ritos da umbanda 
para se estabelecer como pais e mães-de-santo das 
modalidades mais tradicionais de culto aos orixás. 
Neste movimento, a umbanda é remetida de novo 
ao candomblé, sua velha e “verdadeira” raiz original, 
considerada pelos novos seguidores como sendo mais 
misteriosa, mais forte, mais poderosa que sua moder-
na e embranquecida descendente, a umbanda.
Nesse período da história brasileira, as velhas 
tradições até então preservadas na Bahia e outros 
pontos do País encontraram excelentes condições 
econômicas para se reproduzirem e se multiplicarem 
mais ao sul; o alto custo dos ritos deixou de ser um 
constrangimento que as pudesse conter. E mais, nes-
se período, importantes movimentos de classe média 
buscavam por aquilo que poderia ser tomado como 
as raízes originais da cultura brasileira. Intelectuais, 
poetas, estudantes, escritores e artistas participa-
ram desta empreitada, que tantas vezes foi bater à 
porta das velhas casas de candomblé da Bahia. Ir a 
Salvador para se ter o destino lido nos búzios pelas 
mães-de-santo tornou-se um must para muitos, uma 
necessidade que preenchia o vazio aberto por um 
estilo de vida moderno e secularizado tão enfatica-
mente constituído com as mudanças sociais que de-
marcavam o jeitode viver nas cidades industrializa-
das do Sudeste, estilo de vida já, quem sabe?, Eivado 
de tantas desilusões.
O candomblé encontrou condições sociais, eco-
nômicas e culturais muito favoráveis para o seu re-
nascimento num novo território, em que a presença 
de instituições de origem negra até então pouco 
contavam. Nos novos terreiros de orixás que foram se 
criando então, entretanto, podiam ser encontrados 
pobres de todas as origens étnicas e raciais. Eles se 
interessaram pelo candomblé. E os terreiros cresce-
ram às centenas.
O termo candomblé designe vários ritos com dife-
rentes ênfases culturais, aos quais os seguidores dão 
o nome de “nações” (Lima, 1984). Basicamente, as 
culturas africanas que foram as principais fontes cul-
turais para as atuais “nações” de candomblé vieram 
da área cultural banto (onde hoje estão os países da 
Angola, Congo, Gabão, Zaire e Moçambique) e da 
região sudanesa do Golfo da Guiné, que contribuiu 
com os iorubás e os ewê-fons, circunscritos principal-
mente aos atuais território da Nigéria e Benin. Mas 
estas origens na verdade se interpenetram tanto no 
Brasil como na origem africana. Fonte: Cultura Afro-
-Brasileira
A arte da Capoeira
Pouco pode se afirmar a cerca da origem da 
capoeira, devido à falta de documentação. Porém, 
através da tradição oral e de raros registros, sabe-se 
que foram os africanos escravizados, aqui no Brasil, 
que desenvolveram essa arte.
Os negros aprisionados na África e trazidos para o 
Brasil eram de várias nações e regiões daquele conti-
nente, e cada um desses grupos possuía sua própria 
Ciências Humanas e suas Tecnologias
15
ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
cultura como, danças, músicas, lutas, religiões, seus 
rituais etc; aqui chegando já na condição de escra-
vos houve uma grande mistura dos membros desses 
grupos, e na convivência entre si eles foram absor-
vendo partes dos conhecimentos de outros.
Neste ponto teria surgido a capoeira, mistura da 
arte de vários povos africanos e seus descendentes, 
mas em solo brasileiro. Outra teoria muito popular e 
acreditamos que muito de nós aprendemos na esco-
la, que a Capoeira seria uma luta onde os escravos 
disfarçavam em forma de dança para poderem pra-
ticá-la sem problemas, e assim estariam preparados 
para futuras fugas.
Mas essa história tem algo de errado, pois por vol-
ta de 1841, após a chegada de Dom João VI, que 
fugiu para o Brasil por razão da invasão das tropas de 
Napoleão Bonaparte em Portugal.
As manifestações culturais negras como a música 
e a dança foram muito perseguidas e até proibidas 
pelos nobres e senhores de escravos, sendo assim, 
como poderia a capoeira ser disfarçada em dança?
Outra afirmação diz que a Capoeira é de origem 
Africana, pois existe um ritual praticado pelos jovens 
guerreiros Mucupes, do sul de Angola, durante a 
Efundula (quando as meninas passam a condição 
de mulher), realizavam a dança das zebras com o 
nome de N’golo. O guerreiro que mais se destacas-
se poderia escolher sua noiva sem precisar pagar o 
dote ao pai dela.
Mas esta afirmação também merece reservas, 
pois para muitos historiadores este ritual seria apenas 
mais um absorvido e misturado pelos negros escravos 
na nossas colonização.
Existem ainda várias outras histórias e lendas so-
bre a origem da Capoeira, mas nenhuma delas tem 
a documentação necessária para sua confirmação, 
pois depois do golpe militar conhecido como Procla-
mação da República no governo de Deodoro da 
Fonseca, todos os documentos referentes à escravi-
dão no Brasil foram destruídos com a desculpa dos 
republicanos de que queriam apagar essa vergonha 
da história do Brasil.
Mas a verdade é que eles assumiram o governo 
logo após a abolição, e caberia ao novo governo as 
indenizações necessárias aos donos de escravos, e 
sem as provas documentais, isto seria quase impos-
sível.
Em 11 de outubro de 1890, foi promulgada a Lei n. 
487, de autoria de Sampaio Ferraz, que proibia a prá-
tica da capoeira e previa punição de 2 a 6 meses de 
trabalho forçado na Ilha de Fernando de Noronha.
No art. 402, que tratava “Dos vadios capoeira”, 
lia-se: “Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de 
agilidade e destreza corporal conhecidos pela deno-
minação capoeiragem; andar em correria, com ar-
mas ou instrumentos capazes de produzir uma lesão 
corporal, provocando tumulto ou desordem, amea-
çando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor 
de algum mal.
Pena – prisão celular de dois a seis meses.
Parágrafo único – é considerada circunstância 
agravante pertencer o capoeira a algum bando ou 
malta. Aos chefes e cabeças se imporá a pena em 
dobro.”.
Curioso foi que, como não eram apenas os ne-
gros e populares que praticavam a capoeira, a lei 
acabou atingindo importantes pessoas da nobreza. 
Exemplo disso foi o conhecido caso de José Elísio dos 
Reis. Seu pai era o Conde de Matosinhos e proprietá-
rio do jornal O País.
Conhecido de todos como praticante da Ca-
poeira, Juca Reis, antes da aprovação da lei, estava 
em Portugal. Quando retornou ao Brasil, foi preso por 
Sampaio Ferraz. A sua liberdade foi conseguida gra-
ças à influência de Quintino Bocaiúva. Este ameaçou 
renunciar ao seu cargo de ministro das Relações Ex-
teriores caso Juca Reis não fosse liberto.
Quintino foi ouvido por Marechal Deodoro e o 
“nobre” capoeira voltou para Portugal.
Os capoeiras continuaram perseguidos por todo 
o século XIX.
Além da elite, que deles tinha verdadeiro pânico, 
a população também apoiava a ação dos policiais. 
O texto publicado no jornal Diário de Notícias, a 19 
de janeiro de 1890, exemplifica:
“É polícia das primeiras
É levadinha do diabo
Deu cabo dos capoeiras
Vai dos gatunos dar cabo
Já da navalha afiada
A ninguém o medo aperta
Vai poder a burguesada
Ressonar com a porta aberta
A ir assim poderemos
Andar mui sossegadinhos
Nessa terra viveremos
Como Deus com seus anjinhos
Ai! Assim continuando,
A polícia hemos de ver
As suas portas fechando
Por não ter mais que fazer.” 
Fonte: litoralway
Culinária afro-brasileira
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-
-baía, o azeite de dendê, confirmou a excelência da 
pimenta malagueta sobre a do reino, deu ao Brasil o 
feijão preto, o quiabo, ensinou a fazer vatapá, caru-
ru, mungunzá, acarajé, angu e pamonha.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
ENEM - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
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A cozinha negra, pequena mas forte, fez valer os 
seus temperos, os verdes, a sua maneira de cozinhar. 
Modificou os pratos portugueses, substituindo ingre-
dientes; fez a mesma coisa com os pratos da terra; 
e finalmente criou a cozinha brasileira, descobrindo 
o chuchu com camarão, ensinando a fazer pratos 
com camarão seco e a usar as panelas de barro e a 
colher de pau.
Milagre para o governador tomar sopa
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada 
de Martin Afonso. Negros e mulatos (da Guiné e do 
Cabo Verde) chegaram aqui em 1549, com o Go-
vernador Tomé de Souza, que comia mal e era pre-
conceituoso: entre outras coisas, não admitia sopa 
de cabeça de peixe, em honra a São João Batista.
Bem que o Padre Nóbrega tentou convencê-lo 
de que era bobagem, mas Tomé de Souza resistiu, 
até que o jesuíta mandou deitar a rede ao mar e ela 
veio só cabeça de peixe, bem fresca e o homem dei-
xou a mania, entrou na sopa.
Da guiné vieram, principalmente, fulas e mandin-
gas, islamitas e gente de bem comer. Os fulas eram 
de cor opaca, o que resultou no termo “negro fulo” 
(entrando depois na língua a expressão “fulo de rai-
va”, para indicar a palidez até do branco). Os man-
dingas também entraram na língua como novo sinô-
nimo para encantamentos e artes mágicas. Mas os 
iorubanos ou nagôs, os jejes, os tapas e os haussás, 
todos sudaneses islamitas e da costa oeste também, 
fizeram mais pela nossa cozinha porque

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