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Juizados especiais

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Juizados Especiais 
 
 Os juizados especiais foram instituídos na tentativa de ampliar o acesso 
à justiça, bem como de promover a celeridade nas ações de pequena monta. 
 Muitos doutrinadores apontam a criação dos juizados especiais como 
forma de atingir a chamada “litigiosidade contida”, ou seja, todas as pretensões 
existentes na sociedade, mas que não chegam ao judiciário, seja pelo custo de 
litigar, seja pela duração do processo, seja pela “solenidade” do processo 
judicial. 
 Os juizados encontram previsão legal no art. 98 da CRFB/88, colocando-
os como órgãos pertencentes ao poder judiciário estadual, com competência 
para julgamento de causas cíveis de menor complexidade, bem como do 
julgamento de infrações penais de menor potencial ofensivo. O mesmo 
dispositivo previu que as ações de sua competência deveriam ser processadas 
pelo rito sumaríssimo, e obedecer, no que fosse possível, o princípio da 
oralidade. 
 O dispositivo constitucional foi, mais tarde, disciplinado através da lei 
9.099/95, que trata dos juizados especiais cíveis e criminais, sua competência, 
princípios, procedimentos e limitações. 
 Foi determinado por este diploma legal a competência dos juizados 
especiais: 
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para 
conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de 
menor complexidade, assim consideradas: 
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o 
salário mínimo; 
II - as enumeradas no art. 275
1
, inciso II, do Código de 
Processo Civil; 
III - a ação de despejo para uso próprio; 
 
1
 O referido dispositivo trata, no CPC vigente, do sito sumaríssimo, sendo que não há correspondência 
no novo CPC. Há, contudo, uma previsão, nos arts. 1.046, §1º do novo CPC de que os processos em 
andamento por este rito irão seguir a norma revogada até seu trânsito em julgado. Também, no art. 
1.049, parágrafo único, que “Na hipótese de a lei remeter ao procedimento sumário, será observado o 
procedimento comum previsto neste Código, com as modificações previstas na própria lei especial, se 
houver”. Assim sendo, temos que a lei 9.099 ainda aplicar-se-á aos processos de sua competência e, 
naquilo que for omissa, aplicar-se-á o procedimento comum. 
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor 
não excedente ao fixado no inciso I deste artigo. 
 
 
 O valor de alçada, portanto, para demandar no juizado especial, é de até 
40 (quarenta) salários mínimos, sendo que, por meio do princípio do “jus 
postulandi”, é possível demandar neste órgão mesmo sem advogado, nas 
ações em que o valor da causa não exceda 20 (vinte) salários mínimos. É 
possível ajuizar demandas em valores superiores a estes, desde que se 
renuncie ao valor que exceder ao máximo previsto em lei. 
 Perceba que na própria norma em que é estabelecida a competência do 
Juizado Especial, é um traço marcante a palavra “conciliação”. A tentativa de 
conciliação e o foco na possibilidade de transação nas demandas é uma 
característica sempre presente neste órgão, e norteiam todo o procedimento 
deste juizado, o que se analisará mais detidamente no decorrer deste estudo. 
1 – Princípios do Juizado Especial 
 Os princípios do Juizado Especial são informados no art. 2º da lei 
9.099/95. Tais princípios deve estar harmonizados com os princípios e 
garantias constitucionais (contraditório, isonomia etc.) e aqueles previstos no 
CPC, de forma a atingir um resultado mais célere e eficaz. 
 Desta forma, temos como princípios dos juizados: 
a) Oralidade: previsão de que a maioria dos atos sejam produzidos 
oralmente, e somente o essencial é reduzido a termo. Assim sendo, 
são atos que podem ser produzidos oralmente: 
- a petição inicial (há, nas secretarias dos juizados um órgão 
chamado “atermação”, onde as demandas trazidas oralmente são 
reduzidas a termo 
- o mandato ao advogado (salvo se contiver poderes especiais) 
- a contestação e os embargos de declaração 
- as provas orais (podem ser gravadas, não sendo necessário sua 
redução a termo) 
b) Simplicidade e Informalidade: embora colocados como 
independentes, possuem a mesma finalidade. Conforme Marcus 
Vinícius Rios Gonçalves, “os atos processuais serão válidos sempre 
que preencherem as finalidades para as quais foram realizados, 
atendidos os critérios indicados no art. 2º desta lei.”2. 
Dessa forma, não está presente no procedimento do juizado a 
multiplicidade de formas que ocasiona a morosidade do processo, 
mas sim um procedimento onde a finalidade prevalece sobre a forma, 
tentando atingir o máximo de eficiência no mínimo de atos 
processuais. Decorre deste princípio também a máxima de que “não 
se pronunciará qualquer nulidade sem que haja prejuízo” 
c) Economia processual: é um princípio do processo civil em geral, visa 
obter os resultados almejados com o menor esforço possível. 
d) Celeridade: Embora espere-se celeridade no processo em geral, no 
processo civil ordinário impera o princípio da “duração razoável do 
processo”, segundo o qual o processo deve durar o tempo 
necessário para propiciar uma decisão acurada, e promover o debate 
amplo e uma cognição exauriente. Todavia, nos juizados, a 
celeridade é trazida como princípio, não que isso implique em 
inobservância das regras e princípios previstos na CRFB/88. Dessa 
forma, todo o procedimento é voltado para que não haja demora no 
processo. Por exemplo, é vedada intervenção de terceiros, 
reconvenção e provas periciais (neste caso, o processo é “extinto por 
complexidade”). 
2 – Competência 
Conforme já citado anteriormente, a competência dos juizados especiais 
é dada pelo art. 3º da Lei 9099/95. Todavia, a competência deste órgão é 
sempre relativa. 
 
2
 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito processual civil esquematizado / Marcus Vinicius Rios 
Gonçalves. – São Paulo : Saraiva, 2011. P 832 
Considera-se que, nos locais onde são instalados os juizados especiais 
cíveis, nas causas onde é possível litigar pelo seu rito, há uma faculdade do 
litigante em escolher ajuizar a ação no juizado ou na justiça comum. 
Neste caso, há uma diferenciação entre os juizados cíveis, os juizados 
especiais e os juizados federais e da fazenda pública. No caso dos demais, a 
competência é absoluta, mas tal caso será analisado mais adiante. 
É necessário ressaltar também, que dada a natureza célere do processo 
do juizado, a competência deste órgão é afastada em casos de assistência 
obrigatória (ações envolvendo menores, por exemplo). 
3 - Procedimento 
O procedimento nos juizados especiais cíveis começa com a petição 
inicial, que pode ser feita oralmente em secretaria (atermação), ou por 
advogado. Verifica-se que os juizados já possuem processo informatizado 
(sistema PROJUDI), implantado desde 2008, onde as intimações dos atos 
processuais são feitos digitalmente. Uma particularidade interessante é que a 
inicial não será indeferida por inépcia antes da audiência de conciliação. Tal 
fato tem base no princípio da instrumentalidade das formas, e no brocardo “não 
serão levantadas nulidades a não ser que haja efetivo prejuízo”. 
É admitido, também, a concessão de alguma tutela de urgência. Tal fato 
não é considerado incompatível com o procedimento do juizado, uma vez que, 
de certa forma, garante a celeridade na prestação jurisdicional. 
Outro aspecto importante a ser levantado são as custas processuais. 
Não há pagamento de custas em primeira instância nos juizados especiais. 
Com efeito, a praxe do juizado somente realiza cobrança de custas em primeira 
instância no caso de não comparecimento do autor à audiência deconciliação 
(contumácia). 
Uma vez recebida a inicial, será promovida a citação do réu (chamado 
promovido) para comparecimento em audiência preliminar de conciliação. Mais 
uma vez, neste caso, temos que o procedimento do juizado incompatibiliza a 
citação via edital, devendo o autor informar o endereço correto para citação do 
réu. É possível, todavia, a citação por oficial de justiça. 
Uma vez citado o réu, é promovida a audiência de conciliação. É 
necessário o comparecimento pessoal do autor e réu (podendo ser 
representado por preposto devidamente identificado). A audiência é conduzida, 
muitas vezes, por um conciliador, e supervisionada pelo juiz. As partes são 
advertidas das vantagens em resolver a demanda pela via conciliatória e, caso 
as partes componham um acordo, este será homologado pelo juiz, pondo fim à 
demanda. 
A respeito do resultado da audiência, vejamos o esquema formulado por 
Marcus Vinícius Rios Gonçalves: 
Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada pelo 
juiz togado, passando a valer como título executivo judicial. As 
partes que não conciliarem poderão, no entanto, optar por juízo 
arbitral, que será examinado no item seguinte. Nessa audiência, 
diversas situações podem ocorrer: 
 se o réu não for citado, a audiência não se realizará; 
 se o réu for citado, e não comparecer, o juiz togado o 
considerará revel, e proferirá sentença; 
 se o autor não comparecer, extinguirá o processo sem 
julgamento de mérito; se ambos comparecerem e 
houver acordo, o juiz togado o homologará; 
 se ambos comparecerem e não houver acordo, poderá 
haver a opção pelo juízo arbitral; 
 não havendo acordo nem opção pelo juízo arbitral, o 
processo seguirá na forma do art. 27 da lei, com a 
designação de audiência de instrução e julgamento, na 
qual o réu terá a oportunidade de oferecer resposta
3
 
 
No caso de não haver composição poderá haver a designação de 
audiência de instrução e julgamento ou, no caso de demandas exclusivamente 
de direito, ou que não demandarem dilação probatória, é possível o julgamento 
antecipado da lide. Neste caso, pode o réu apresentar a defesa na própria 
audiência, ou fazê-lo em até 15 dias contados da realização da audiência. 
Sendo a defesa apresentada no ato, poderá o autor impugná-la na própria 
audiência, apresentando suas razões ou impugnando em termos gerais, ou 
 
3
 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito processual civil esquematizado / Marcus Vinicius Rios 
Gonçalves. – São Paulo : Saraiva, 2011. P 846 
ainda pode ser concedido prazo para impugnação. Após apresentação de 
defesa e impugnação, o processo irá concluso para sentença. 
4 – Recursos no JESP 
 No Juizado Especial são previstos os seguintes recursos: 
a) Recurso inominado: semelhante à apelação, sujeito a preparo, com 
prazo de 10 dias, deverá sempre ser interposto por escrito e 
assinado por advogado (neste caso, é incabível o jus postulandi). O 
recurso não possui, via de regra, efeito suspensivo, o qual pode ser 
concedido diante das circunstâncias do processo, e será julgado pela 
turma recursal do juizado. 
b) Embargos declaratórios: previstos expressamente no art. 48 da lei 
9.099/95. Possui as mesmas hipóteses de cabimento dos casos do 
CPC comum, e o mesmo prazo (cinco dias). Difere do procedimento 
comum pelo fato de que não há interrupção do prazo para 
oferecimento dos demais recursos (começando a contar de novo o 
prazo), mas o prazo é suspenso (consideram-se os dias antes da 
interposição dos embargos). Não é sujeito a preparo. 
c) Recurso Extraordinário: segue o mesmo procedimento e o mesmo 
rito do procedimento comum. Não é cabível recurso especial nas 
ações de competência do JESP, por força da súmula 203 do STJ. 
Além dos recursos acima citados, são cabíveis os sucedâneos recursais 
(Pedido de reconsideração, Mandado de Segurança, Ação rescisória). 
5 – Dos juizados especiais federais (lei 10.259/2001) e dos Juizados 
especiais da fazenda pública (lei 12.153/09) 
 Após os juizados especiais cíveis, também foram instituídos juizados 
especiais na esfera federal, com competência para julgamento de causas de 
menor complexidade que, pela sua natureza, teriam a competência para serem 
processadas diante da justiça federal, e também nas causas onde figura como 
parte a fazenda pública (era considerado incompatível o processamento de 
suas ações perante a lei 9.099/95). 
 No caso desses órgãos, há algumas particularidades que os diferenciam 
dos juizados especiais cíveis. Em primeiro lugar, o valor de alçada máximo 
para litigar nestes juizados é de 60 (sessenta) salários mínimos. Em ambos os 
casos, a presença de advogado é dispensável em qualquer valor. E também, 
em ambos os casos, a competência para processamento das causas de sua 
competência é absoluta (não há a possibilidade de o autor escolher se quer 
litigar perante o juizado ou a justiça comum; em locais onde existam estes 
juizados, se a ação se enquadrar nos casos previstos para competência dos 
juizados, estes terão necessariamente que ser ajuizados neste órgão). 
 Abaixo, relacionamos os dispositivos legais a respeito da competência 
destes juizados: 
 Quanto aos juizados da Fazenda Pública: 
Art. 2o É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda 
Pública processar, conciliar e julgar causas cíveis de interesse 
dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos. 
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial da 
Fazenda Pública: 
I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de 
divisão e demarcação, populares, por improbidade 
administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos 
ou interesses difusos e coletivos; 
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, 
Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas a eles 
vinculadas; 
III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena 
de demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções 
disciplinares aplicadas a militares. 
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, 
para fins de competência do Juizado Especial, a soma de 12 
(doze) parcelas vincendas e de eventuais parcelas vencidas não 
poderá exceder o valor referido no caput deste artigo 
 
Quanto aos Juizados Especiais Federais: 
Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, 
conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até 
o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as 
suas sentenças. 
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível 
as causas: 
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição 
Federal, as ações de mandado de segurança, de desapropriação, 
de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por 
improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou 
interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos; 
II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações 
públicas federais; 
III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo 
federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento 
fiscal; 
IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de 
demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções 
disciplinares aplicadas a militares. 
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, 
para fins de competência do Juizado Especial, a soma de doze 
parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 3o, caput. 
§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a 
sua competência é absoluta. 
 
 Não há grandes diferençasacerca do procedimento previsto nos 
Juizados Cíveis, apenas os referentes às particularidades dos entes que litigam 
nestes órgãos.

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