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David Fleischer Os partidos politicos

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FUNDAÇÃO KONRAD ADENAUER 
Editor responsável 
Wilhelm Hofmeister 
Coordenadora editorial 
Cristiane Duarte Daltro Santos 
FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP 
Presidente do Conselho Curador 
Marcos Macari 
Diretor-Presidente 
José Castilho Marques Neto 
Editor Executivo 
,J"7io Hern8ni Bomfim Gutierre 
Conselho Editorial Acadêmico 
Antonio Celso Ferreira 
Cláudio Antonio Rabello Coelho 
Elizabeth Berv"erth Stucchi 
Kester Catrara 
Maria do Rosário Longo Mortatti 
Maria Encarnação Beltrão Sposito 
Maria Heloísa Martins Dias 
Mario Fernando Bolognesi 
Paulo Josó Brando SantiJli 
Rollerlo A;1dré Kraenkel 
Editores i\ssistentes 
/~nderscjn Nobara 
Denise :<atchuian Dognini 
Dida BesséJn.:=: 
--
Sistema Político Brasileiro: 
Ulna introdução 
ORGANIZADORES: 
LÚCIA A VELAR 
ANTÔNIO OCTÁVIO CINTRA 
editora 
unesp 
Capítulo 4 
Os partidos políticos 1 
DAVID FLEISCHER 
° Brasil é uma federação com 26 esta-
dos e um Distrito Federal, com eleições di-
retas em três níveis (federal, estadual e mu-
nicipal). Tem eleições de dois em dois anos 
não totalmente coincidentes, e as eleições 
municipais são defasadas das eleições gerais. 
Para compreender o sistema partidário 
brasileiro atual, temos que buscar suas 
raízes no período pós-1945. Nestes últi-
mos quase 60 anos, o sistema partidário 
sofreu dois "realinhamentos" forçados pelo 
regime militar, em 1965-1966 e em 1979-
1980. Com o retorno aos governos civis 
em 1985, o sistema partidário passou por 
uma grande expansão até 1993, quando se 
iniciou um certo "encolhimento". Mas, o 
sistema fragmentou-se de novo no final dos 
anos 90, com 18 partidos, elegendo pelo 
menos um deputado em 1998 e 2002, e 
21 em 2006. 
Diferentemente dos outros regimes mi-
litares no Cone Sul (Chile, Uruguai e Argen-
tina), os generais-presidentes brasileiros não 
fecharam o Congresso Nacional nem pres-
creveram os partidos políticos; mantiveram 
as eleições em intervalos regulares, embora 
com várias restrições autoritárias - num es-
forço para vender a imagem de uma "demo-
cracia relativa" (FLEISCHER, 1994). Assim, 
a transição (ou transação) para a democra-
cia se processou sem rupturas entre 1974 e 
1985. Por essa razão, com a abertura do siste-
ma partidário e com a liberdade de organizar 
novos partidos (ou reorganizá-los), não res-
surgiram os partidos tradicionais do período 
anterior ao golpe militar de 1964 - como re-
apareceram a Unión Cívica Radical e o Parti-
do ]usticialista na Argentina, os Blancos e 
Colorados no Uruguai e o Partido Democra-
ta Cristão no Chile, com o fim dos seus res-
pectivos regimes militares. 
1. Primórdios 
Depois de obter a sua independência de 
Portugal em 1822, o Brasil se tornou uma 
monarquia constitucional até 1889. Duran-
te esse período, o sistema partidário se con-
solidou no Segundo Reinado (1840-1889) 
como um sistema bipartidário, com um Par-
tido Conservador e um Partido Liberal, que 
se alternaram no poder de modo semelhan-
te ao modelo inglês dessa mesma época. Es-
ses dois partidos, porém, passaram por várias 
transformações. Em 1870, o pequeno Parti-
do Republicano se organizou e começou a 
sua pregação contra a 1T1Onarquia (CARVA-
LHO,1981). 
1. Este trabalho foi apresentado inicialmente num seminário da Konrad Adenauer Stiftung, em 1995. O pre-
sente texto é uma versão modificada e atualizada de Fleischer (1997). 
~ I 303 
. d\i 
304 
No período da chamada Primeira Repú-
blica (1889-1930), os clubes republicanos em 
cada estado se transformaram em Partidos 
Republicanos estaduais. Uma vez 
institucionalizado o poder político civil em 
1898, a política nacional passou a ser domi-
nada pelos dois partidos maiores: o PRP de 
São Paulo e o PRM de Minas Gerais. Líde-
res políticos desses dois estados revezaram-
se na Presidência da República e dominaram 
os trabalhos no Congresso Nacional - num 
sistema chamado de "Café com Leite" (M. 
e. SOUZA, 1974; CASALECCHI, 1987). 
Esse sistema político se tornou decaden-
te no final da década de 1920 (PRADO, 
1986) e se mostrou incapaz de se transfor-
mar para enfrentar os novos desafios sociais 
e econômicos da época, sendo derrubado 
pela Revolução de 1930 liderada pelo ex-
governador do Estado do Rio Grande do 
Sul, Getúlio Vargas. Nos 15 anos seguintes 
(que marcaram o primeiro governo Vargas), 
a atividade político-partidária foi restrita ao 
período de 1933 a 1937, mas o sistema parti-
dário ainda se baseou em agrupamentos es-
taduais e algumas tentativas de organizar 
movimentos ideológicos em nível nacional, 
espelhando a polarização direita-esquerda da 
Europa nos anos 3 O. 
2. Redemocratização e 
pluripartidarismo, 1945-1965 
Esse período foi marcado pelo retorno 
ao estado de direito, com a Constituição 
de 1946. No quadro teórico de Sartori 
(1982), esse sistema iniciou-se com um 
pluralismo moderado em 1945 e acabou 
num pluralismo exacerbado após as eleições 
parlamentares de 1962 (M. e. SOUZA, 
1976; NICOLAU, 2004). 
Finalmente, foram organizados partidos 
em âmbito nacional, embora apenas três (PSD, 
UDN e PTB) chegassem a ter uma abrangência 
realmente nacional. O Brasil continuou a ser 
uma república presidencialista federativa, com 
um Legislativo nacional bicamera!, mas com 
Legislativos estaduais unicamerais. Adotou-
se o sistema de represêntação proporcional 
com lista aberta para a Câmara dos Depu-
tados, Assembléias Legislativas e Câmaras 
Municipais, mas sem cláusula de exclusão. 
Permitiram-se coligações em todos os níveis 
e candidaturas simultâneas para cargos 
majoritários e proporcionais. Os mandatos 
legislativos eram de quatro anos, e os de pre-
sidente da República e de metade dos então 
22 governadores estaduais eram de cinco anos. 
Essa não-coincidência dos mandatos se tor-
nou problemática para o sistema político e, 
em parte, provocou a renúncia do presidente 
Jânio Quadros em 1961, depois de apenas sete 
meses de mandato (FLEISCHER, 1995; 
SOUSA, 2005). 
2.1 Os partidos "grandes" 
No período de 1945 a 1965, o Brasil 
chegou a ter treze partidos representados no 
Congresso Nacional: três grandes (PSD, 
UDN e PTB), dois médios (PSP e PDC) e 
oito pequenos - como mostra a Figura 1. 
O Partido Social Democrático foi organi-
zado por Getúlio Vargas em 1945, baseado 
no seu sistema de dominação unitária implan-
tado durante o Estado Novo (1937-1945). Em 
cada estado o interventor varguista foi encar-
regado de organizar o PSD, convocando todos 
os caciques locais que haviam sido nomeados 
como prefeitos municipais para fundar a 
nova agremiação governista. Nessa época, a 
população brasileira ainda era quase 70% 
rural e o sistema de coronelis1I1o garantia a 
fidelidade dos votos (HIPPÓLITO, 1985). 
Inicialmente, o PSD era dominante no Con-
gresso Nacional, mas declinou ao longo do 
-,--------------------------.------------------....... 
FIGURA 1. Genealogia dos partidos políticos brasileiros, 1945-1965. 
Pré 1945 1945 
PSD I-+l 
~ UON ~ UON 
EO ~ EO vs VS 
PTB PTB 
PPS 
PCB PCB 
~~ PRP 
~ PL I-+l PL 
~ PR 1-+1 PR 
~ POC I-+l PDC 
I PRO I-+l PRO 
PP do B 
PTN 
Fonte: Marques e Fleischer, 1999: 14 . 
• Partido Republicano Populista 
Partido da Representação Popular 
~ 
~ 
período, embora se mantivesse como maior 
partido. Ainda elegeu dois presidentes, o ge-
neral Eurico Dutra, em 1945, e Juscelino 
Kubitschek, em 1955 . Embora Kubitschek não 
tivesse conseguido eleger seu sucessor em 
1960, aspirava voltar à Presidência em 1965. 
Para arregimentar a população urbana, a 
máquina varguista, baseada no Ministério do 
Trabalho e nos sindicatos por este tutelados, 
fundou o Partido Trabalhista Brasileiro, im-
pulsionado pelo alistamento ex o((ício de 
eleitores. Numericamente modesto 110 iní-
cio do período, o PTB cresceu a ponto de 
rivalizar com o PSD em 1963.Elegeu um 
presidente (em 1950) e o vice-presidente 
João Goulart duas vezes (1955 e 1960), que 
assumiu a Presidência em1961, para o perío-
do que se estenderia até 1964. Ao ser ex-
tinto pelo regime militar em 1965, o PTB 
UON UON f-+I UON 
PSB ~ PSB f-+I PSB 
PTS f-+I PTB 
PRP f-+I PRP PRP 
PL f-+I PL PL 
PR f-+I PR PR 
POC f-+I poc POC 
PRT I-+l PRT H PRT 
PST f-+I PST H PST 
PTN 1-+1 PTN H PTN 
estava prestes a se tornar um "partido de 
massas", no conceito de Duverger (1980). 
Era considerado um partido nacionalista, no 
estilo de "populismo de esquerda" 
(LAVAREDA, 1991; BENEVIDES, 1989; e 
D'ARAÚJO, 1996; BODEA, 1992). 
A União Democrática Nacional, herdei-
ra da União Democrática Brasileira, que se 
insurgiu contra o regime Vargas nas eleições 
marcadas para janeiro de 1938 (mas que fo-
ram canceladas pelo golpe do Estado Novo 
em novembro de 1937), aglutinou as forças 
de oposição a Vargas nas áreas rurais e urba-
nas. A UDN chegou a ocupar a Presidência 
da República em dois períodos curtos: 1954-
1955, quando o vice-presidente Café Filho 
foi empossado após o suicídio de Getúlio 
Vargas e, entre janeiro e agosto de 1961, na 
gestão de Jãnio Quadros. Foi superada como 
305 
o segundo maior partido no Congresso pelo 
PTB em 1955, no Senado, e em 1963, na 
Câmara (BENEVIDES, 1981; DULCI, 
1986). 
2.2 Os partidos médios 
° Partido Democrata Cristão foi orga-
nizado em 1945, baseado, em parte, na Liga 
Eleitoral Católica dos anos 30. A sua lideran-
ça inicial, porém, coube a int.elecr:u~i~ leigos, 
muitos deles professores umversltanos. No 
início da década de 1960, o PDC já contava 
com outros profissionais liberais, empresm:ios 
mais modernos e alas operárias, estudantis e 
universitárias. Atrelou-se a Jânio Quadros no 
governo do Estado de São Paulo e na P;esi-
dência da República. ° PDC elegeu vanos 
governadores e chegou a ser o quinto maior 
partido no Congresso em 1963. No .fmal do 
período, estava dividido em alas dlstmtas, de 
esquerda, centro e direita, que tomanam ru-
mos diferentes após a extinção dos partidos 
em 1965 (ALEIXO, 1968; VIANNA, 1981; 
CARDOSO, 1975; COELHO, 2000 e 2003). 
° Partido Social Progressista foi um veí-
culo político pessoal de Adhemar de Bar-
ros, interventor (1939-1941) e governador 
eleito duas vezes (1947 e 1962) em São Pau-
lo. Em 1950, o partido participou de uma 
coligação que elegeu Getúlio Vargas, e esse 
apoio lhe rendeu a Presidência da Repúbh-
ca durante um curto período após a morte 
de Getúlio (1954-1955). Adhemar concor-
reu à Presidência da República duas vezes, 
em 1955 e 1960. Freqüentemente, o PSP 
era usado como uma legenda de conveni-
ência em vários estados, especialmente por 
políticos dissidentes do PSD, que lhes "n~­
gava legenda". Era considerado um parti-
do "populista de direita" (SAMPAIO, 1982; 
CARDOSO, 1995; KWAL, 2006). 
-"--
306 
2.3 Os partidos pequenos 
Na verdade, a Figura 1 nos mostra mais 
de oito partidos chamados "pequenos", pois 
apenas incluímos os oito que chegaram a se 
fazer representar em 1963 no Congresso 
Nacional. 
2.4 Os ideológicos 
Partido Comunista Brasileiro - PCB - ° 
mais "histórico" dos partidos brasileiros, or-
ganizado em 1922. Conheceu a legalidade 
apenas entre 1945 e 1948, mas teve uma atu-
ação destacada na clandestinidade até 1964. 
Em 1947, o PCB já era o quarto maior parti-
do no Congresso Nacional e o terceiro no 
Estado de São Paulo e, assim, assustou o go-
verno Dutra (conservador) quando derrotou 
o PTB na maioria das eleições sindicais. A 
partir de 1950, passou a eleger alguns dos 
seus quadros por outras legendas. Em 1958, 
houve uma cisão dos stalinistas, que funda-
ram o PCdoB, de linha chinesa e, mais tarde, 
albanesa (CHILCOTE, 1982; PACHECO, 
1983; SEGATTO, 1995). 
Partido de Representação Popular - PRP 
_ Herdeiro do integralismo (AIB) nos anos 
30, foi conduzido por seu "líder máximo", 
Plínio Salgado. De ideologia fascista/ 
corporativa, o PRP participou de alguns go-
vernos estaduais por meio de coligações 
(TRINDADE,1974). 
Partido Socialista Brasileiro - PSB - Fun-
dado com a fusão da Esquerda Democráti-
ca e da Vanguarda Socialista em 1950, fi-
cou restrito a um pequeno grupo de inte-
lectuais e não conseguiu ocupar o espaço 
político deixado pela proscrição do PC~, 
como foi o caso, na época, de alguns parti-
dos socialistas na Europa Ocidental (SIL-
VA, 1989; MANGABEIRA, 1979). 
1 
! 
I ;. 
Esquerda Democrática - ED - Pequeno 
agrupamento de socialistas fabianos que dei-
xaram a UDN antes das eleições, em dezem-
bro de 1945, quando elegeram dois consti-
tuintes (Hermes Lima e Domingos Vellasco). 
Em 1947, a ED elegeu alguns poucos depu-
tados estaduais em Goiás e no Distrito Fede-
ral e, em 1950, reuniu-se com a Vanguarda 
Socialista - VS para fundar o PSB (HECKER, 
1998). 
2.5 Outros pequenos 
Partido Republicano - PR - Remanescen-
te dos Partidos Republicanos estaduais que 
dominaram a política na Primeira República 
(1889-1930), liderado pelo ex-presidente da 
República (1922-1926) Arthur Bermudes 
(1870-1955), um forte desafeto da política 
varguista. Teve alguma expressão em pou-
cos estados, como Minas Gerais e Bahia 
(CERQUEIRA, 1973). 
Partido Libertador - PL - Surgiu inicial-
mente nos anos 20, quando era um partido 
de oposição no Rio Grande do Sul. Lidera-
do pelo Deputado Raul Pilla, o PL empu-
nhava a bandeira do parlamentarismo, que 
foi usada como a saída para evitar a guer-
ra civil em agosto/setembro de 1961 
(CERQUEIRA, 1973). 
Partido Trabalhista Nacional - PTN -
Organizado em 1947 por Emílio Carlos 
Kyrillos em São Paulo. Em 1954, deu legen-
da para Jãnio Quadros disputar o governo de 
São Paulo e novamente a Presidência da Re-
pública em 1960. Ainda liderou as coligações 
que elegeram o prefeito de São Paulo em 1957 
eogovernadorem 1958 (CARDOSO, 1975; 
CERQUEIRA, 1973; KWAL, 2006). 
Partido Social Trabalhista - PST - Orga-
nizado como PPB - Partido Proletário do 
Brasil, em 1946, por dissidentes do PSD no 
Maranhão liderados por Vitorino Freire. Em 
1950, foi transformado em PST. Em 1953, 
Freire retornou ao PSD e o PST passou ao 
comando do senador Sylvestre Péricles Goes 
Monteiro (Alagoas) (CERQUEIRA, 1973). 
Partido Rural Trabalhista - PRT - Orga-
nizado em 1945 como PRD-Partido Repu-
blicano Democrático por grupos evangéli-
cos. Tornou-se PRT em 1950 e passou a ser 
uma legenda alternativa para candidatos do 
PCB, que foi para a clandestinidade em 1948. 
Em 1954 recebeu a adesão passageira do 
deputado Hugo Borghi (CERQUElRA, 
1973). 
Movimento Trabalhista Renovador -
MTR - Cisão dissidente renovadora lidera-
da pelo deputado Fernando Ferrari, que dei-
xou o PTB, em 1959, numa tentativa de fun-
dar um "trabalhismo" mais puro, na linha 
ideológica do PTB nos anos 40, articulada 
por Alberto Pasqualini (BASTOS, 1981; 
BODEA,1992). 
2.6 O fim do pluripartidarismo 
Como se pode ver na Figura 1, o sistema 
pluripartidário desse período testemunhou 
três cisões (facções que se tornaram parti-
dos) e duas fusões. 
Em 1945, a ED saiu da UDN, para depois 
se fundir com a VS e criar o PSB. Para viabilizar 
a sua candidatura para o governo de São Paulo 
em 1950, Adhemar de Barros aglutinou os 
minúsculos PAN e PPS ao PRP. Em 1958, o 
pedoB deixou o PCB e, em 19S9, o MTR 
rachou com o PTB (CERQUEIRA, 1973). 
São várias as hipóteses sobre o esfacela-
mento do sistema partidário de 1945 a 1965 
(M. C. SOUZA, 1976; SOARES, 1973 e 
2001), em parte refutadas por Lavareda 
(1991). Uma das causas, sem dúvida, foi a 
legislação eleitoral (desigualdades regionais, 
307 
.... , 
C/) 
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o 
308 
lista aberta, coligação sem sublegenda, au-
sência de cláusula de exclusão), que permi-
tiu a proliferação de legendas fracas,sem 
consistência, e dificultou a formação de ali-
anças coesas e permanentes no Congresso 
(NICOLAU, 2004). 
O canto do cisne desses partidos foi o 
pleito de outubro de 1965, já no segundo 
ano do governo do general Castelo Branco, 
que elegeu 11 governadores por via direta. 
Esse primeiro governo militar havia aprova-
do um novo código eleitoral em junho da-
quele ano, que visava atenuar algumas das 
distorções acima mencionadas: proibir coli-
gações nos pleitos proporcionais, cláusula de 
barreira (5%), maioria absoluta (sem segun-
do turno popular) para cargos executivos 
(presidente, governador e prefeito). Essas 
medidas reduziram, em 1965, o número de 
candidatos a governador para três ou quatro 
nesses 11 estados e, em 1966, provavelmen-
te o número de partidos no Congresso teria 
sido reduzido para cinco ou seis. 
Entretanto, os resultados das eleições de 
1965 e os imperativos do regime militar for-
çaram uma antecipação do realinha-mento 
do sistema pluripartidário de então por vias 
autoritárias. 
3. O bipartidarismo, 1966-1979 
o gcneral-presidente Castelo Branco 
mantcve sua promessa de realizar as elei-
ções diretas para governador marcadas para 
3 de outubro de 1965, embora recebesse 
pressões da linha dura militar para as tor-
nar indiretas. O ex-presidente e entáo se-
nador Juscelino Kubitschek já era candida-
to presidencial pelo PSD quando foi cassado 
pelo AI-I, em junho de 1964. 
Líder popular, JK coordenava uma dis-
creta oposição, do seu exílio na Europa, e 
, 
comandava à distância, em 1965, as campa-
nhas estaduais do seu partido. Os primeiros 
nomes indicados por JK nos estados de Mi-
nas Gerais e Guanabara (ex-Distrito Federal) 
foram declarados "inelegíveis" pela justiça 
eleitoral. Mas os candidatos subseqüentes do 
PSD nesses dois estados importantes vence-
ram o pleito com maioria absoluta. 
Logo em seguida, JK voltou ao Brasil 
para saborear essa vitória pessoal. A linha 
dura não aceitou o desaforo e ameaçou der-
rubar Castelo Branco, caso as eleições não 
fossem anuladas. Após intensas negociações, 
o governo baixou o AI-2, que tornou as fu-
turas eleições para governador indiretas e 
extinguiu os partidos políticos existentes, 
garantindo, porém, a posse dos eleitos. Foi 
nesse ponto que o presidente Castelo Bran-
co perdeu o controle político e a condução 
da sua própria sucessão (GASPARI, 2002). 
3.1 A transição para o bipartidarismo 
As novas regras ditavam que, para for-
mar uma nova organização particliria "pro-
visória", bastava arregimentar 120 depu-
tados federais e 20 senadores. Em tese, 
poderiam ter sido organizados três parti-
dos novos, mas na pritica foi difícil até 
mesmo constituir dois. 
Adesões governamentais facilitavam a 
formação da Aliança Renoyadora Nacioml 
- Arena, mas o novo partido de oposição, 
J'vlovimcnto Democrático Brasileiro - MDB, 
teve dificuldade em juntar os 20 senadores e 
contou com uma pressão discreta do presi-
dente Castelo Branco para convencer dois 
senadores a filiar-se temporariamente ao 
MDB. Nessa transição do antigo pluri-
partidarismo para o bipartidarisl110 "provi-
sório" no pleito de 1966, o MDB teve a sua 
presença na Câmara dos Deputados reduzida 
de 36010 para 32,5%. Assim, no conceito de 
Sartori (1982), a Arena pode ser considera-
da um partido dominante. 
3.2 O bipartidarismo não "resolve" 
Com o endurecimento da ditadura militar 
em 1968 (AI-5) e o chamado "milagre econô-
mico", em 1970 a Arena aumentou a sua mar-
gem na câmara baixa de 67,50f<J para 72,3010. 
Temendo uma "mexicanização" do sistema 
partidário brasileiro, vários líderes do MDB 
pregavam a auto dissolução da sofrida legen-
da de oposição (KINZO, 1988). 
Com o fim do "milagre" e a liberalização 
das normas que regulamentavam a campanha 
eleitoral de 1974 feita pelo general-presiden-
te Ernesto Geisel, o MDB se fortaleceu mui-
to: elegeu 44010 dos deputados federais, 16 
das 22 cadeiras para o Senado e maiorias em 
seis legislativos estaduais - um ressurgimen-
to muito forte (GASPARI, 2003). 
Essa tendência oposicionista do eleitora-
do, cada vez mais urbano, se manteve nas 
eleições municipais de 1976, apesar de algu-
mas restrições impostas pelo governo. Não 
obstante, o governo Geisel optou por 
desacelerar o ritmo da abertura política, te-
mendo maiorias oposicionistas nas duas ca-
sas do Congresso resultante da eleição de 
1978. Ao mesmo tempo, o t'v1DB elegeria por 
via direta os governadores nos seis estados 
onde obteve maioria legislativa em 1974 
(FLEISCHER, 1980). 
Para consertar o rumo das coisas, o presi-
dente Geisel outorgou o chamado "Pacote de 
Abril" em 1977, tornando a eleição indireta 
para uma das duas vagas no Senado (senador 
"biônico"), mantendo a eleição indireta para 
governadores por colégios eleitorais esta-
duais manipulados para favorecer a Arena e 
modificando as normas da eleição para depu-
tado com o mesmo objetivo. Em 1978, aAre-
na conseguiu se manter no mesmo patamar 
no Congresso; 55010 na Câmara e 62,7% no 
Senado (Tabela 1) (FLEISCHER, 1994). 
Mesmo com esses casuísmos, o último 
governo militar, do general João Figueiredo 
(1979-1985), percebeu que, com a situação 
econômica e social cada vez pior e com a 
tendência do insatisfeito eleitorado em vo-
tar contra o governo (ou seja, em votar no 
MDB), a "camisa de força" tinha que mudar 
para permitir maiores espaços para mano-
bras e negociação política para o governo 
no Congresso. Assim, justamente quando o 
MDB se fortaleceu, quase se tornando um 
"partido de massa", o governo militar de-
cidiu promover um novo realinhamento 
partidário, de cima para baixo, extinguin-
do a Arena e o MDB, para criar um novo 
pluripartidarismo, agora "moderado", com 
cinco 0\1 seis partidos. 
4. O novo pluripartidarismo, 
1980-1997 
Esse novo sistema partidário passou por 
duas fases distintas, e depois pareceu estar 
entrando numa terceira. Nos últimos cinco 
anos do regime militar (1980-1985), mante-
ve-se um pluripartidarismo moderado, com 
seis partidos e depois cinco. Com o retorno 
aos governos civis (Sarney, 1985-1990; 
Collor, 1990-1992; Itamar, 1992-1994; e 
F. H. Cardoso, 1995-1998), modificou-se 
a legislação, o que facilitou a criação e o re-
gistro de legendas novas. Como conseqüên-
cia, em 1991, mais de quarenta partidos es-
tavam registrados no TSE, vinte dos quais re-
presentados no Congresso. Com a nova Lei 
Orgânica dos Partidos Políticos - LOPp, san-
cionada em agosto de 1995, anteciparam-se 
várias fusões entre 1993 e 1996, com um 
309 
'EM;;;: II1II.. 11111111111111111111 .. 111111 ........................................................ ... 
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8 TABELA 1. Bancadas partidárias representadas no Congresso Nacional. 1979-2007. 
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310 
Partido 
CÂMARA 
Arena/PDS/PPR/PPB 
MDB/PMDB 
PP (1980-82) 
PTB 
PDT 
PT 
PFL 
PCB/PPS 
PCdoB 
PSB 
PL 
PDC 
PSDB 
PRN 
PP (1993-95) 
Outros 
TOTAL 
SENADO 
Arena/PDS/PPR/PPS 
MDB/PMDB 
PP (1980-82) 
PTB 
PDT 
PT 
PFL 
PSB 
PSDB 
Outros 
TOTAL 
1979 1981 
231 
189 
420 
42 
25 
57 
212 
113 
66 
05 
10 
06 
08 
420 
36 
20 
10 
00 
00 
00 
01 
67 
(fi! Fusão PP + prvlD8 em hwsreiw (Íu 
# Fusão POC + POS PPR em abril de 1993. 
1982 1983 1987 1989 1990 1991 
224 
168 
@ 
14 
09 
05 
420 
36 
27 
@ 
02 
01 
00 
01 
67 
235 
200 
13 
23 
08 
479 
46 
21 
01 
01 
00 
00 
69 
32 
260 
18 
24 
16 
118 
03 
03 
01 
06 
05 
487 
05 
44 
01 
02 
00 
15 
02 
02 
72 
29 
178 
19 
28 
15 
91 
03 
06 
06 
22 
14 
5020 
13 
495 
02 
31 
04 
03 
00 
13 
02 
10 
10 
75 
32 
131 
28 
38 
17 
90 
03 
06 
08 
13 
15 
60 
31 
23 
495 
03 
22 
04 
05 
01 
13 
02 
12 
13 
75 
42 
108 
38 
46 
35 
84 
03 
05 
11 
15 
22 
38 
40 
16 
503 
03 
27 
08 
05 
01 
15 
01 
10 
11 
81 
1992 1993 
45 
98 
30 
40 
36 
86 
03 
05 
10 
18 
19 
40 
26 
47 
503 
04 
26 
08 
06 
01 
17 
01 
09 
09 
81 
69 
101 
26 
36 
35 
87 
03 
07 
10 
14 
# 
45 
16 
37 
17 
503 
09 
27 
04 
04 
01 
17 
01 
09 
09 
81 
Partido 1994 1995 1997 1999 2001 2002a 2002b 2003c 2006d 2006e 20071 
CÂMARA 
Arena/PDS/PPR/PPB 
MDB/PMDB 
PP (1980-82) 
PTB 
PDT 
PT 
PFL 
PCB/PPS 
PCdoB 
PSB 
PL 
PDC 
PSDB 
PRN 
PP (1993-95) 
Outros 
TOTAL 
SENADO 
Arena/PDS/PPR/PPS 
MDB/PMDB 
PP (1980-82) 
PTB 
PDT 
PT 
PFL 
PSB 
PSDB 
Outros 
TOTAL 
67 
96 
29 
35 
36 
89 
03 
06 
10 
16 
48 
04 
45 
19 
53 
107 
31 
33 
49 
89 
02 
10 
15 
13 
62 
01 
36 
12 
79 
94 
23 
23 
51 
60 
83 
31 
25 
59 
105 105 
02 03 
10 07 
11 18 
10 12 
97 
00 
08 
99 
00 
11 
51 
92 
32 
17 
58 
95 
13 
10 
16 
28 
91 
00 
10 
503 513 513 513 513 
10 
27 
04 
05 
01 
14 
01 
11 
08 
81 
06 
24 
05 
06 
05 
19 
01 
10 
05 
81 
06 
22 
04 
02 
05 
24 
02 
14 
02 
81 
03 
27 
01 
04 
07 
19 
03 
16 
01 
81 
04 
26 
01 
04 
07 
21 
03 
14 
01 
81 
$ Fusão do PP + PPR --7 PPB em setembro de 1995. 
53 
87 
33 
16 
58 
97 
12 
10 
17 
27 
95 
00 
8 
513 
02 
24 
04 
05 
08 
18 
02 
15 
03 
81 
49 
74 
26 
21 
91 
84 
15 
12 
22 
27 
71 
21 
513 
01 
19 
03 
05 
14 
20 
04 
11 
06 
81 
44 
69 
45 
17 
91 
76 
18 
12 
29 
29 
65 
18 
513 
01 
20 
04 
05 
14 
19 
03 
11 
05 
81 
50 
78 
43 
20 
81 
64 
15 
12 
27 
37 
59 
27 
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22 
24 
83 
65 
22 
13 
27 
23 
66 
38 
42 
91 
20 
23 
82 
62 
16 
13 
27 
34 
63 
40 
513 513 
15 
4 
11 
18 
15 
81 
20 
4 
11 
17 
13 
7 
81 
a = em agosto de 2002. b = eleitos em outubro de 2002. c = em 1 defevereiro de 2003. d = em setenlbro de 2006. 
e = eleitos em outubro de 2006. f = na posse em fevereiro de 2007. 
311 
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312 
certo "encolhimento" do sistema, o que 
promoveu um pluralismo ligeiramente mais 
moderado nas eleições de 1998 e 2002. 
4.1 Pluralismo moderado. 1980-1985 
O bipartidarismo foi extinto por lei apro-
vada pelo Congresso em dezembro de 1979. 
Os estrategistas do governo Figueiredo com-
preenderam que havia facções mal acomo-
dadas tanto dentro do MDB quanto na Are-
na (KINZO, 1980). Para sair da "camisa-
de-força" do bipartidarismo para um sistema 
de pluralismo "moderado", visavam uma con-
figuração partidária que compreendia: 
dois partidos "sucessores": da Arena, o 
PDS - Partido Democrático Social, e do 
MDB, o PMDB - Partido do Movimen-
to Democrático Brasileiro; 
um novo partido de "centro", o PP -
Partido Popular, formado por "modera-
dos" do ex-MDB, liderados pelo senador 
Tancredo Neves (MG), e dissidentes li-
berais da Arena, liderados pelo deputa-
do Magalhães Pinto (MG), que funcio-
naria com um partido às vezes "auxiliar" 
ao governo no nível federal, mas um forte 
concorrente direto no pleito de 1982 em 
muitos estados, e um potencial parceiro 
coligado em outros. 
talvez o ressurgimento de um partido "tra-
balhista" nos moldes do antigo PTB, o Par-
tido Trabalhista Brasileiro pré-1965, lide-
rado pelo ex-governador Leonel Brizola e 
pela ex-deputada Ivetc Vargas; e talvez 
um partido "obreiro", nos moldes do 
PSOE espanhol, com base no novo sin-
dicalismo emergente nas regiões Sudeste 
e Sul: o PT - Partido dos Trabalhadores, 
liderado por Luiz Inácio (Lula) da Silva 
(MENEGUELLO, 1989; KECK, 1992). 
4.2 Realinhamento inicial 
Após intensas negociações entre partidos, 
de dezembro de 1979 a fevereiro de 1980, 
de fato, esses cinco grupos conseguiram arre-
gimentar as bancadas no Congresso Nacional 
em março de 1980. Em janeiro, o PP havia 
recrutado uns 90 deputados, deixando o novo 
PDS sem uma maioria absoluta. Com a morte 
do então ministro da Justiça Petrônio Portela c 
a sua substituição por um representante do ex-
PSD mineiro, egresso da Arena, o governo con-
seguiu reduzir os quadros do PP a 68 deputa-
dos e preservar uma precária maioria de 225 
para o PDS (FLEISCHER, 1988b). 
° antigo MDB foi dividido, ficando o 
PMDB com apenas metade dos seus deputa-
dos. A coexistência das facções Brizola e Ivetc 
dentro do novo PTB se tornou impossível e o 
TSE concedeu legenda a esta facção menor 
em 1980. Assim, Brizola foi obrigado a orga-
nizar um novo partido, o PDT - Partido De-
mocrático Trabalhista. Para ter uma tribuna 
no Congresso Nacional, o PT aceitou a filiação 
de cinco deputados e um senador egressos do 
MDB (SOARES e VALE, 1985). 
Como se pode ver, naquela fase, fora do 
PTB, nenhum outro partido do período an-
terior a 1965 foi ressuscitado: nem a UDN, 
nem o PSD ou o PDC, por exemplo. Os re-
manescentes dessa agremiação democrata 
cristã acharam melhor permanecer no PMDB 
para não dividir ainda mais a oposição 
(KINZO, 1980). Em 1979, discutiu-se entre 
os líderes do "novo sindicalismo" e intelec-
tuais de esquerda (incluindo o professor F. 
H. Cardoso) a possibilidade de organizar 
um partido da social-democracia, semelhan-
te ao SPD alemão; mas, em 1980 os sindi-
calistas e uma parte dos intelectuais mais 
socializantes foram para o PT, e os intelec-
tuais restantes permaneceram no PMDB 
(MARQUES e FLEISCHER, 1999). 
4.3 Resultados do pleito de 1982 
Por causa dos fortes casuísmos eleitorais 
adotados pelo governo Figueiredo no final de 
1981, na tentativa de garantir a hegemonia 
do PDS após as eleições de 1982 (voto vincu-
lado e proibição de coligações), o PP sentiu-
se inviabilizado e, em fevereiro, decidiu dis-
solver-se e se reincorporar ao PMDB. Como 
se pode ver na Tabela 1, esse desdobramento 
elevou o PMDB ao mesmo patamar de força 
política do ex-MDB na Câmara (45%) e per-
mitiu que superasse a marca do ex-MDB no 
Senado (40,3% vs. 37,3%). Em junho de 
1982, porém, a maioria governista no Con-
gresso aprovou uma emenda que, entre ou-
tras coisas, permitiu o êxodo de vinte depu-
tados do "novo" PMDB para o PTB e para o 
PDS em nove estados. Mesmo assim, o de-
sempenho do PMDB nas eleições de novem-
bro de 1982, em grande parte, se deve ao re-
forço da fusão PP-PMDB. Entre os novos go-
vernadores oposicionistas, foram eleitos 
Tancredo Neves (PMDB-MG), Franco 
Montoro (PMDB-SP) e Leonel Brizola (PDT-
RJ) (FLEISCHER, 1988b; KINZO, 1996). 
Nas eleições para o Congresso (Tabela 1), 
o pluripartidarismo bipolarizado foi confir-
mado. ° PDS perdeu a sua maioria absoluta 
na Câmara (49,10/0) mas manteve a suprema-
cia no Senado (66,7%).Para constituir uma 
maioria absoluta precária na Câmara, o go-
verno Figueiredo constituiu uma coligação 
efêmera (51,8%) entre o seu PDS (235 depu-
tados) e o PTB de Ivete Vargas (com 13 depu-
tados), viabilizada com distribuição de alguns 
cargos de segundo e terceiro escalão para os 
trabalhistas (SOARES, 1988). 
4.4 A "Aliança Democrática". 1984-1985 
Tendo em vista a sucessão presidencial 
(a cargo do Colégio Eleitoral, marcada para 
15 de janeiro de 1985), promoveu-se uma 
cisão no PDS, em junho de 1984, em torno 
da escolha do seu candidato para essa elei-
ção indireta. Uma facção "liberal" dentro do 
PDS, liderada pelo então vice-presidente da 
república Aureliano Chaves, o senador Mar-
co Maciel e o senador e então presidente do 
PDS José Sarney, preconizava a realização 
de uma eleição prévia interna no PDS para 
determinar o seu candidato à Presidência da 
República. ° grupo majoritário governista 
preferiu manter o mecanismo tradicional: 
articulações informais confirmadas numa 
convenção nacional do partido (LAVAREDA, 
1985). 
° grupo dissidente, autodenominado 
"Frente Liberal", selou a "Aliança Democrá-
tica" com o PMDB e articulou a chapa 
Tancredo Neves para presidente e José 
Sarney para vice; quanto ao PDS, sua con-
venção nacional escolheu o ex-governador 
Paulo Maluf para presidente (derrotando o 
ministro do Interior, Mário Andreazza) e o 
deputado Flávio Marcílio para vice. 
No segundo semestre de 1984, o Brasil foi 
agitado por uma segunda onda de grandes co-
núcios nas maiores cidades em função das cam-
panhas de Tancredo e Maluf. No primeiro se-
mestre, a grande mobilização se fez em torno 
da campanha das "Diretas Já", em favor da 
Emenda do deputado Dante de Oliveira 
(PMDB-MT), que marcava eleições diretas 
para presidente c11115 de novembro de 1984. 
Apesar de os casuísmos de 1981 (que pro-
yocaram a reintegração do PP ao PMDB) te-
rem gerado uma maioria escassa para o PDS 
no Colégio Eleitoral (361 entre 686 - 52,6%), 
o STF decidiu que a lei da fidelidade partidá-
ria não se aplicava fora do Congresso. As-
sim, a chapa da "Aliança Democrática" 
arrebanhou 113 votos dos dissidentes da 
Frente Liberal e ainda 55 votos dos que 
313 
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314 
FIGURA 2. Genealogia dos partidos políticos brasileiros, 1966-1996. 
~1966-i9 
PPB ••• 
PFL 
PL 
MDB 
PT 
PSTU 
• O PPB mudou seu nome para PP (Partido Progressisto) em 11 de abril de 2003. 
Partido Popular. 
*** Partido Progressista Brasileiro. 
permaneceram no PDS, e venceu a chapa 
Maluf-Marcílio por uma margem de 300 
votos (FLEISCHER, 1988a). 
No início de 1985, com a constituição for-
mal do Partido da Frente Liberal- PFL, o sis-
tema partidário brasileiro diversificou o 
pluripartidarismo em três pólos: 1'DS, PMOB 
e PFL. O governo Sarney (que assumiu em 15 
de março de 1985, em razão da doença e mor-
te de Tancredo Neves) se sustentou com base 
na coligação PMDB-PFL no Congresso, ten-
do o PMDB eleito as presidências do Senado 
e da Câmara dos Deputados no mês anterior 
(CANTANHEDE, 2001; LAVAREDA, 1985; 
TAROUCO, 2002). 
4.5 Pluripartidarismo menos 
moderado, com um partido 
dominante, 1985-1988 
Finalmente, em maio de 1985, o Con-
gresso aprovou a Emenda Constitucional n° 
25, que, entre outras coisas, liberou a for-
mação de novos partidos políticos. por par-
te da "esquerda", saíram da clandestll1ld~­
de os dois partidos comunistas até entao 
enrustidos no PMDB, o PCB e o PCdoB, e 
S I' do também o PSB. Egressos do PO , a em 
PFL foram criados o PDC e o PL (Figura 
2). Assim, o sistema partidário expandiu-se 
de 5 para 11 partidos e o PMDB se tornOU 
"dominante". 
1 
I 
I , 
Após um pequeno tropeço nas eleições 
municipais em novembro de 1985 (quando o 
senador Fernando Henrique Cardoso perdeu 
a prefeitura de São Paulo para Jânio Quadros 
do PTB), o Plano Cruzado - plano de estabi-
lização heterodoxa implantado em fevereiro 
de 1986 - empurrou o PMDB para uma es-
trondosa vitória nas urnas em novembro da-
quele ano. Como o PSD na Constituinte de 
1946 e a Arena no período 1975-1979, o 
P.MDB se tornou hegemônico (54,4%) na 
Assembléia Nacional Constituinte (ANC) de 
1987-1988. O PMDB elegeu 22 dos 23 go-
vernadores (FLEISCHER, 1988c). 
Até que o bloco suprapartidário conser-
vador ("Centrão") impusesse a sua maioria 
em dezembro de 1987, o PMDB havia do-
minado os trabalhos da ANC. Descontentes 
com os rumos do PMDB na ANC, em junho 
de 1988 a facção social-democrata MUP -
Movimento de Unilhde Progressista se tor-
nou um novo partido, o PSOB - Partido dG 
Social Democracia Brasileira, com 10,7% da 
ANC (MARQUES e FLEISCHER, 1999; 
ROMA,2002). 
Outros cinco partidos ainda se habilita-
ram para as eleições de novembro de 1988 -
PJ, PSC, PTR, PSD e PMB - nos então 4.287 
municípios brasileiros (Tabela 2). Essa elei-
ção confirmou o declínio do até então 
hegemônico PMDB, iniciado com a cisão do 
PSDB, e serviu como prenúncio dos resulta-
dos de 1989. Naquele pleito, o PMDB, que 
detinha as prefeituras de 75 das cem maiores 
cidades brasileiras, foi reduzido, e passou a 
controlar apenas 20 (FLEISCHER, 1996). 
4.6 Pluralismo exacerbado, 
1989-1997 
Dos 17 partidos constituídos no final de 
1988, o sistema partidário sofreu outra ex-
pansão em 1989, quando o TSE habilitou 
22 partidos para disputar a eleição direta para 
presidente da República no final daquele ano 
(GURGEL e FLEISCHER, 1990). Os dois 
candidatos de partidos pequenos, cuja retó-
rica contra o governo Sarney fora mais con-
tundente, Fernando Collor (PRN) e Lula 
(PT), foram para o segundo turno em de-
zembro de 1989 (Tabela 3). 
Os dois maiores partidos na ANC, par-
ceiros na chamada "Aliança Democrática" -
o PMDB e o PFL -, ficaram reduzidos à séti-
ma e nona posições, respectivamente, na 
corrida presidencial: Ulysses Guimarães, com 
4,74%, e Aureliano Chaves, com 0,89% dos 
votos válidos (Tabela 3). No segundo turno, 
realizado em 17 de dezembro, Collor logrou 
49,94% dos votos contra os 44,21% obti-
dos por Lula. A comparação das votações 
desses dois candidatos pelo tamanho dos 
municípios (Tabela 4) mostrG uma relação 
linear - quanto maior a população do muni-
cípio' mais Lula, quanto menor, mais Collor. 
Essas tendências foram confirmadas nas 
eleições gerais de 1990, quando 19 pGrtidos 
alcançaram uma representação mínima no 
Congresso Nacional (Tabela 1). Dos seus 260 
deputados federais e 44 senadores eleitos em 
1986, o PMDB conseguiu eleger apenas 108 
deputados e 26 senadores em 1990 - embo-
ra continuasse sendo o maior partido no Con-
gresso. O PFL teve perdas menores; de 118 
para 84 deputados e de 16 para 15 senado-
res. Assim, a configuraçáo partidária na câ-
mara baixa ficou com dois partidos maiores, 
38,2o/Íl, seis partidos "médios" - PDS, PSDB, 
PTB, PDT, PT e PRN -, com 47,4%, e 11 
"pequenos", com 14,4%. 
Voltando à Tabela 2, observamos que, nas 
eleições municipais de 1992, houve uma 
maior dispersão dos 4.762 municípios entre 
os partidos concorrentes, com avanços para 
315 --------------------~-~-;---------------------------
(J) 
o 
'-' 
ª o Q. 
V1 
o 
""O 
t 
tu 
a. 
VJ 
o 
316 
TABELA 2. Prefeitos eleitos entre 1982 e 2004, por partido. 
1982* 1988 1992 1996 2000 2004 
Partido 
nO % 
PMDB 
PDS/PPR/PPB 
PDT 
1.377 34,9 1.606 37,5 1.605 33,7 1.288 24,1 1.257 22,6 1.053 18,93 
2.533 64,3 446 10,4 363 7,6 624 11,7 618 11,1 550 9,89 
22 0,6 192 4,5 377 7,9 435 8,1 288 5,2 302 5,43 
PTB 7 0,2 332 7,7 303 6,4 382 7,1 398 7,2 422 7,59 
PT 2 0,1 38 0,9 54 1,1 111 2,1 187 3,3 411 7,39 
PFL 
PSDB 
PL 
1.058 24,7 965 20,3 928 17,3 1.028 18,5 786 14,13 
18 0,4 317 6,7 910 17,0 990 17,8 870 15,64 
PDC 
PSB 
PJ/PRN 
PSC 
PTR 
PCB/PPSPSD 
PMB 
PST 
PMN 
PRP 
Outros 
239 
232 
37 
3 
26 
8 
49 
5,6 165 
5,4 211 
0,9 48 
0,1 98 
0,6 50 
0,2 48 
0,0 
0,0 35 
1,1 
122 
3,5 221 4,1 
4,4 
1,0 150 2,8 
2,1 
° 
0,0 
1,1 49 0,9 
1,0 
0,0 32 0,6 
0,7 116 2,2 
2,6 9 0,2 
30 0,6 
30 0,6 
36 0,6 
Total 3.941 100,0 4.287 100,0 4.762 100,0 5.351 100,0 
Fonte: Fleischer (2002), DilUaS do TSE, novembro de 2004. 
-:;- As capitais elos e as deS1DIlGdas COliiO "áreas de seguranqa nacioiloi" c 
prefeitos em 1952. Forar:l 
novembro d2 1985. 
234 4,2 380 6,83 
133 2,4 175 3,15 
3 0,05 
33 0,6 25 0,45 
166 3,0 304 5,47 
111 2,0 
16 0,3 
14 0,3 31 0,56 
18 0,3 37 0,66 
83 1,5 216 3,88 
5.559 100,0 5.562 100,0 
TABELA 3. Resultados do primeiro turno da eleição presidencial: 15 de novembro 
de 1989. 
Candidato 
F. Collor 
Lula 
L. Brizola 
Mário Covas 
P. Maluf 
G. Afif 
Ulysses 
R. Freire 
Aureliano 
R. Caiado 
A. Camargo 
Outros 
Votos válidos 
Brancos 
Nulo 
Votantes 
Abstenções 
Eleitorado 
Fonte: Dados do TSE. 
PRN 
PT 
POT 
PSOB 
POS 
PL 
PMDB 
PCB 
PFL 
PSD 
PTB 
20.611.030 
11.622.321 
11.167.665 
7.790.381 
5.986.585 
3.272.520 
3.204.996 
769.117 
600.821 
488.893 
379.284 
1.732.273 
67.625.886 
1.176.367 
3.487.963 
72.290.216 
9.784.502 
82.074.718 
o PSDB, PDT, PT, PSC e PTR; e perdas para 
o PMDB, PFL, PDS, PTB e PL. 
Em antecipação à adoção de possíveis 
restrições legais aos pequenos partidos nas 
eleições de 1994, ocorreram duas fusões 
partidárias no primeiro semestre de 1993: 
PDS e PDC formaram o PPR, e PST e PTR 
formaram o PP (Figura 2). 
Os resultados das eleições de 1994 con-
tribuíram para subseqüentes alterações no 
25,11 
14,16 
13,61 
9,49 
7,29 
3,99 
3,91 
0,94 
0,73 
0,60 
0,46 
2,11 
1,43 
4,25 
11,92 
100,00 
28,51 
16,08 
15,45 
10,78 
8,28 
4,53 
4,43 
1,06 
0,83 
0,68 
0,52 
2,40 
1,63 
4,82 
100,00 
30,48 
17,19 
16,51 
11,52 
8,85 
4,84 
4,74 
1,14 
0,89 
0,72 
0,56 
2,56 
100,00 
sistema partidário brasileiro, que desembo-
caram na configuração que durou até o plei-
to de 2002. 
Apesar das fusões preventivas no primei-
ro semestre de 1993, as modificações na le-
gislação eleitoral efetuadas pela Lei n° 8.713, 
de 30 de setembro de 1993, não incluíram a 
proibição de coligações e nem uma cláusula 
de "exclusão" (de 3% ou 5%) para os plei-
tos proporcionais. Legalizaram, porém, as 
317 
__________________________________________ .... ~.~IUI~LI ...... ILI~ ... ~ .............. IIIIIIlIrrr.·IIII ........................................ IIIIIIIIIIIIIIIIII ........................ . 
3,8 
TABELA 4. Resultados do segundo turno da eleição presidencial por tamanho do 
município (x mil): em 17 de dezembro de 1989. 
'<'-.,;:':< . 
MunicípioSIHlr tamanho Ix mil) entre 100 e 200; entre 50 e 100 etc. 
".\' .... 
Candidato mais de 200 100 a 200 
Collor 39,17 43,96 
Lula 54,96 50,18 
Brancos 0,9 1,11 
Nulos 4,97 4,75 
TOTAL % 100,00% 100,00% 
Votos 23.667.147 6.061.773 
N° de Municípios (40) (49) 
% de Votos 33,68% 8,63% 
Fonte: Compilado de dados do TSE. 
contribuições de pessoas jurídicas às campa-
nhas eleitorais, através da emissão de um 
bônus, e obrigaram os partidos a identificar 
a origem e a quantia de cada contribuição. 
Entretanto, na truncada reforma consti-
tucional realizada no primeiro semestre de 
1994, uma das poucas medidas aprovadas 
foi a redução do mandato presidencial de 
cinco para quatro anos. Assim, de 1994 em 
diante (1998, 2002, 2006 etc.), as eleições 
para o Congresso, governadores e legislativos 
estaduais passaram a coincidir com a do pre-
sidente da República. 
Finalmente, a Lei 8.713 colocou duas 
restrições para os partidos quanto ao lança-
mento de candidatos em 1994: 
todos os candidatos teriam que definir a 
sua filiação partidária (nova ou troca de 
partido) antes de 5 de janeiro de 1994; e 
somente os partidos com mais de 3% de 
representação na Câmara dos Deputados 
em agosto de 1993 poderiam lançar can-
didatos a presidente e governador. 
50 a 100 20 a50 10 a 20 
48,13 55,44 59,35 61,92 
45,87 38,59 34,97 32,56 
1,31 1,66 1,93 1,95 
4,69 4,31 3,93 3,57 
100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 
6.854.092 11.506.793 10.568.698 7.651.427 
(113) (449) (596) 11371) 
16,19% 16,38% 15,04% 10,89% 
Como se pode ver na Tabela 1, essa se-
gunda restrição limitou as candidatllLls pre-
sidenciais aos partidos com mais de 15 de-
putados federais (nove partidos). Um dos pe-
quenos partidos lesados, o PSC, entrou com 
uma ação direta de inconstitucionalidade -
ADln junto ao STF contra essas duas res-
trições, pois cogitava lançar a candidatura 
do ex-presidente e então senador José Sarney 
(PMDB-AP) solicitando sua troca de parti-
do já fora do prazo (março de 1994). Além 
disso, naquele momento o senador Sarney 
est,wa em segundo lugar nas pesquisas de 
opinião pública, embora distante do primei-
ro lugar (Lula, do PT). O STF declarou 
inconstitucional a segunda restrição aos pe-
quenos partidos, mas manteve o prazo para 
filiações partidárias. Assim, o PSC e outros 
dois partidos pequenos (Prona e PL) pude-
ram lançar candidatos à Presidência, mas o 
senador Sarney foi impedido de se candidatar 
pelo PSC, por estar bloqueado dentro do 
PMDB pelo ex-governador Orestes Quércia. 
;,/ ": '< 
menos de 2' Total Brasil 
62,59 60,17 49,94 
32,08 34,56 44,23 
1,87 1,73 1,41 
3,46 3,35 4,42 
100,00% 100,00% 100,00% 
3.693.667 247.104 70.260.701 
(1329) (268) (4575) 
5,26% 0,35% 100,00% 
Três dos partidos "maiores", PFL, PTB 
e PP (Partido Progressista), decidiram não 
lançar candidatos à Presidência, e o PFL e o 
PTB acertaram uma coligação com o PSDB, 
que lançou o senador (e ex-ministro das Re-
lações Exteriores e da Fazenda) Fernando 
Henrique Cardoso à Presidência. O candi-
dato natural do PPR, Paulo Maluf (que foi 
derrotado em 1985 e 1989), então prefeito 
de São Paulo (eleito em 1992), decidiu não 
deixar o seu cargo, e o partido lançou o 
senador Espcridião Amin (SC). Novamen-
te, o PT liderou uma coligação integrada 
por PSB, PPS, PCdoB, PV e PSTU, lançan-
do o ex-deputado Lula, que fora derrotado 
por Collor no segundo turno de 1989. Ou-
tro candidato derrotado em 1989 foi 
relançado por seu partido, Leonel Brizola 
do PDT. Finalmente, a convenção nacional 
do PMDB escolheu o ex-governador Ores-
tes Quércia, que venceu uma eleição prévia 
do partido, derrotando o senador Sarney e 
o governador Roberto Requião (PR). 
A evolução das preferências populares ao 
longo da campanha presidencial de 1994 (en-
tre abril e setembro) foi sacudida com a in-
trodução da nova moeda (Real), em 10 de 
julho de 1994, o que acabou invertendo o 
quadro a favor do ex-ministro da Fazenda e 
mentor do plano de estabilidade econômica 
e produzindo uma vertiginosa queda nas in-
tenções de voto no candidato do PT. 
Esse impulso levou o candidato da coli-
gação PSDB-PFL-PTB, Cardoso, a ganhar a 
eleição já no primeiro turno, com 54% dos 
votos válidos (Tabela 5). Lula ficou com 27%, 
ou seja, 10% a mais do que recebera no pri-
meiro turno de 1989. A grande surpresa foi 
o candidato do Prona, Enéas Carneiro, ter 
ficado em terceiro lugar, com 7,4%. Carnei-
ro bateu Quércia e Brizola até mesmo nos 
seus estados-base, São Paulo e Rio de Janei-
ro, respectivamente. 
Na Tabela 1, se compararmos os resulta-
dos das eleições legislativas de 1990 com as 
de 1994, observaremos que o PSDB e o PT 
conseguiram avanços substanciais na câma-
ra baixa, 67,6% e 40%, respectivamente, 
tendo o PTaumentado de um para cinco 
senadores. PFL e PSB tiveram ganhos mais 
modestos, e o PMDB praticamente ficou na 
mesma. Por sua vez, o PPR - apesar da fusão 
com o PDC -, assim corno PDT, PTB e PL, 
sofreram perdas. O PCdoB conseguiu dupli-
car a sua bancada federal de 5 para 10 depu-
tados; e o PRN, sem seu grande líder (Collor) 
de 1990, ficou reduzido a um solitário de-
putado, que trocou de legenda em 1995. 
Quanto aos governadores, 18 estados rea-
lizaram um segundo turno em novembro 
de 1994. Em última análise, o PMDB e o 
PPR melhoraram ligeiramente a sua posi-
ção quantitativa em 1994; aquele perdeu 
São Paulo e Paraná, mas recuperou o Rio 
Grande do Sul, e este ficou restrito à região 
319 
Vl 
o 
u 
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o 
n. 
Vl 
o 
u 
.-2 
co 
n. 
Vl 
o 
320 
TABELA 5. Resultados do primeiro turno da eleição presidencial: 3 de outubro de 
1994. 
Candidato 
Cardoso 
Lula 
Enéas 
Quércia 
Brizola 
Amin 
Gomes 
Fortuna 
Votos válidos 
Brancos 
Nulos 
Votantes 
Abstenções 
Eleitorado 
Partido 
PSDB 
PT 
Prona 
PMDB 
PDT 
PPR 
PRN 
PSC 
n. de votos 
34.365.895 
17.122.384 
4.671.540 
2.772.242 
2.015.853 
1.739.926 
387.756 
238.209 
63.313.805 
7.192.255 
7.444.197 
77.950.257 
16.832.153 
94.782.410 
Fonte: TSE, resultado fim-li em 15 de novembro dc; '1994. 
%do 
eleitorado 
36,26 
18,06 
4,93 
2,92 
2,13 
1,84 
0,41 
0,25 
7,59 
7,85 
17,76 
100,00 
% dos votos 
44,09 
21,96 
4,99 
3,56 
2,58 
2,23 
0,50 
0,31 
9,23 
9,55 
100,00 
% dos votos' 
válidos' 
54,28 
27,04 
7,38 
4,38 
3,18 
2,75 
0,61 
0,38 
100,00 
Coligação ele Carcioso: PSDB, PFL e PTB; Coligação de Lula: PT, PSB, I"PS, PVe PSTU; Coligação de Quêrcia; 
PMDB e PSD. 
amazônica. O PDT e o PFL tiveram um de-
sempenho inferior em J 994; os brizolistas 
perderam Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul 
e Espírito Santo, conquistados em 1990, fi-
cando restri tos a Paraná c 1-.1ato Grosso, e a 
frente Liberal foi reduzida de nove para dois 
estados - Bahia e 1-.1aranhão. O PSDB ele-
geu os governadores no "triângulo das ber-
mudas" - São Paulo, 1-.1inas Gerais e Rio de 
Janeiro -, a primeira vez que um partido ga-
nhou nos três estados mais importantes si-
multaneamente. 
Fernando Henrique Cardoso liderou em 
todos os estados, menos no Rio Grande do Sul 
e em Brasília, onde os coattails de Lula foram 
suficientes para levar o PT ao segundo turno. 
Se o candidato do Prona, Enéas Carneiro, ti-
vesse "puxado a sua legenda", os seus 4,7 
milhões de votos para presidente (7,4%) po-
deriam ter eleito uns 3S deputados federais, 
Dois outros fatores tiveram um forte impac-
to sobre o clesem penho dos partidos nas elei-
ções de 1994; as chamadas "desigualdades 
regionais" e o voto de legenda. 
Os dados apresentados na Tabela 6 mos-
tram como o sistema de representação pro-
porcional brasileiro, com suas desigualdades 
regionais, beneficiou outros em 1994. Essas 
desigualdades provêm da imposição de uma 
"bancada mínima" de oito deputados para os 
I J; 
TABELA 6. Eleição para deputado federal em nível nacional por partido, votos 
recebidos versus cadeiras ganhas: 1994 e 1998. 
PMDB 
PSDB 
PFL 
PT 
PPR/PPB 
PDT 
PP 
PTB 
PL 
PSB 
PC do B 
PSD 
Prona 
PMN 
PPS 
PSC 
PRP 
PRN 
PV 
PSTU 
PST 
PSL 
Outros 
TOTAL 
9.287.049 20,3 
6.350.941 13,9 
5.873.370 12,9 
5.859.347 12,8 
4.307.878 9,4 
3.303,434 7,2 
3,169,626 
2,379.773 
1.603.330 
995.298 
567.186 
414.933 
308.031 
257.018 
255,427 
214,792 
207.307 
184.727 
76.383 
76.302 
2,020* 
6,9 
5,2 
3,5 
2,2 
1,2 
0,9 
0,7 
0,6 
0,6 
0,5 
0,5 
0,4 
0,2 
0,2 
0,0 
45.694.172 100,0 
Fonte: Nicolau 11998); Dados do TSE. 
107 20,9 
62 12,1 
89 17,3 
49 9,6 
53 10,1 
33 6,6 
36 
31 
13 
15 
10 
03 
00 
04 
02 
03 
01 
01 
01 
00 
00 
7,0 
6,0 
2,5 
2,9 
2,0 
0,6 
0,0 
0,8 
0,4 
0,6 
0,2 
0,2 
0,2 
0,0 
0,0 
513 100,0 
* PCB, PTRB e PTdoB; # PCB, PTRB, PTdoB, PSDC, PSN e peo. 
9.215.430 16,1 
9.389.128 16,4 
10.862,915 19,0 
6,468.001 11,3 
6.869.638 12,0 
3.098.599 5,4 
3,439.219 
1.485.965 
2.079.285 
802,327 
432.909 
336.020 
312.816 
630,404 
6,0 
2,6 
3,6 
1,4 
0,7 
0,6 
0,5 
1,1 
366.020 0,6 
203.051 0,3 
34.135 0,0 
211,432 0,3 
117.508 0,2 
162.544 0,2 
140.240 0,2 
849,481# 1,5 
57.152.387 100,0 
: >~ :, >;.:'j ~?~; 
.Cadeir~~'\ ':<.0/0 
83 16,2 
99 19,3 
105 20,5 
59 11,5 
60 11,7 
25 4,9 
31 
12 
18 
07 
03 
01 
02 
03 
6,0 
2,3 
3,5 
1,3 
0,6 
0,2 
0,4 
0,6 
02 0,4 
00 0,0 
00 0,0 
01 0,2 
00 0,0 
01 0,2 
01 0,2 
00 0,0 
513 100,0 
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322 
estados menores e uma "bancada máxima" 
de 70 (São Paulo). Assim, estados como 
Roraima e Amapá, que, em virtude de sua 
pequena população, deveriam eleger um 
deputado, elegeram oito; e o Estado de São 
Paulo, com 23% da população nacional, de-
veria eleger 118 deputados, e não 70. Nesse 
caso, os partidos relativamente fortes nos 
estados pequenos (com quociente eleitoral 
menor) são beneficiados, ao passo que os 
partidos relativamente fortes em São Paulo 
(com quociente eleitoral maior) são prejudi-
cados. 
Apesar de o PSDB ter recebido 477.641 
votos a mais que o PFL em nível nacional, 
os "tucanos" elegeram apenas 62 deputados 
federais versus 89 para o PFL; ou seja, 17 
vagas a menos. No entanto, o caso do PT foi 
pior; por uma diferença de apenas 9.448 
votos em relação ao PFL, elegeu 40 deputa-
dos a menos que este: 49 versus 891 
PMDB, PTB, PSB, PCdoB, PMN e PSC 
foram ligeiramente beneficiados, ao passo 
que PDT, PL, PSD, PPS, PRp, PSDB e PT 
foram prejudicados, sobretudo estes dois úl-
timos. 
Quanto à questão do "voto de legenda", 
o sistema de representação proporcional com 
lista aberta usado no Brasil permite que o 
eleitor vote no nome do candidato para 
deputado ou na sua legenda (partido). Quan-
do a proporção de votos dados à legenda é 
significante, isso indica que, por alguma 
razão, os seus eleitores são atraídos a votar 
no partido e nelO em nomes individuais (8,3% 
em 1994); no sentido contrário, quando essa 
proporção é baixa, o partido não atrai o elei-
tor, que é estimulado a votar em nomes de 
candidatos individuais (NICOLAU, 2006). 
Em 1994, os partidos que receberam as 
maiores proporções de voto de legenda (aci-
ma da média) para deputado federal foram: 
Prona (81,7%), PT (33%), PRN (28,1%) e 
PSDB (10,9%). No caso do Prona, a imagem 
do seu "anti-candidato", Enéas, atraiu o elei-
tor alienado. A ideologia e o programa do 
PT sempre atraíram muito voto de legen-
da. No caso do PRN, a imagem do seu ex-
presidente (Collor) ainda serviu, embora 
timidamente. Quanto ao PSDB, a figura do 
candidato embalado à vitória no primeiro 
turno pelo Plano Real parece ter sido a mo-
tivação principal para os seus eleitores. Es-
ses teriam sido os partidos de princípios e 
não de pessoas em 1994? Pode-se afirmar o 
contrário para partidos como PFL, PPR, Pp, 
PL, PSB e PCdoB em 1994? Em parte, sim. 
O fenômeno do PCdoB é um caso à par-
te em termos de voto de legenda. A sua por-
centagem de voto de legenda é muito pe-
quena em função de uma estratégia política 
de coligação muito bem acertada a partir de 
1994, que permitiu que o PCdoBduplicasse 
a sua bancada na Câmara Federal, de 5 para 
10 deputados. Diferentemente das coligações 
proporcionais (lista fechada) com sublistas, 
como na Argentina, e as sublemas no Uru-
guai - onde há um segundo "rateio" propor-
cional das cadeiras ganhas pela coligação 
entre os partidos parceiros -, no Brasil, os 
partidos parceiros entram na coligação como 
se fossem um "balaio grande" ou um 
"partidão", e todos os votos recebidos con-
tam para a "lista" sem que seja feita uma 
segunda divisão proporcional entre os par-
ceiros de acordo com o número de votos 
recebidos por cada partido coligado. Por isso, 
o PCdoB instruiu os seus eleitores a concen-
trar os seus votos em um ou dois dos seus 
candidatos, e não a votar na legenda. Assim, 
todos os votos de legenda dados ao PT conta-
vam para a coligação toda e não exclusiva-
mente para o PT, e ajudaram a eleger os qua-
tro deputados "a mais" para o PCdoB. 
Para se ter uma idéia da diversidade de co-
ligações organizadas para deputado federal em 
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1994, a Tabela 7 mostra a freqüência das múl-
tiplas combinações entre "parceiros". Assim, 
é possível detectar afinidades entre parcei-
ros mais freqüentes. As coligações mais fre-
qüentes e consistentes foram lideradas pelo 
PT-PSB-PCdoB-PPS, e atraíram outros pe-
quenos partidos da esquerda (PSTU, PV e 
PMN) e também o PDT. Raramente, o PT 
participava de uma coligação com os parti-
dos do centro (PP' PSDB, PMDB etc.). Como 
já abordado, porém, o PCdoB teve uma es-
tratégia eleitoral muito eficiente em 1994, e 
pragmaticamente participou de algumas ali-
anças centristas (PMDB, PSDB, PDT etc.), 
além das lideradas pelo PT. Esse quadro tam-
bém prevê muito bem a fusão do PP com o 
PPR para formar o PPB em 1995, partidos 
que estavam juntos em 14 coligações, em 
mais de metade dos estados. 
A última observação sobre o pleito de 
1994 focaliza os votos em branco; 7 milhões 
para presidente, 14 milhões para governa-
dor, 21 milhões para senador e 26 milhões 
para deputado federal. Embora os parlamen-
tares procurassem remediar essa situação 
com a Lei 8.713, dividindo a cédula eleito-
ral em duas, para cargos majoritários e para 
cargos proporcionais, e obrigando o eleitor 
a preencher a cédula para deputado federal 
e estadual primeiro, não adiantou - o desin-
teresse por estas eleições continuou alto 
(33%) em comparação com a eleição presi-
dencial (9,20/Íl). 
4.7 As eleições de í 996 
Esse pleito municipal foi o primeiro teste 
de urna para o governo Fernando Henrique 
Cardoso (AMARAL, 1996, FLEISCHER, 
2002; NOVAES, 1996a; 1996b). Em. termos 
gerais (Tabela 2), o PSDB de Cardoso teve o 
melhor desempenho: de 317 (6,7%) prefei-
tos eleitos em 1992, conquistou 910 (17%) 
em 1996. O PMDB foi o grande perdedor: 
de 1.605 (33,7%) prefeitos em 1992, caiu 
para 1.288 (24,1%). Enquanto o PFL se 
manteve no mesmo nível, o PPB, fortaleci-
do pelas fusões com o PDC (211 prefeitos 
eleitos em 1992) em 1993 e com o PP em 
1995, aumentou o seu cacife de 363 (7,6%) 
para 624 (11,7%) prefeitos. O PDT e o PTB 
conseguiram pequenos avanços, ao passo que 
o PT dobrou e o PSB triplicou os seus resul-
tados. 
Apesar de um certo "enxugamento" do 
sistema partidário no nível federal, observa-
do na Tabela 1, a diversificação do quadro 
partidário em 1996 foi grande - 23 partidos 
conseguiram eleger pelo menos um prefei-
to, e 27 elegeram vereadores. 
Qualitativamente, no chamado Brasil 
urbano (as cem maiores cidades), o PSDB 
cresceu de 13 para 21 cidades, ao passo que 
o PMDB recuou de 29 para 16. O PFL au-
mentou o seu cacife nas capitais, conquis-
tando Rio de Janeiro, Salvador e Recife, e o 
PPB manteve São Paulo e ainda ganhou 
Florianópolis. O PT caiu de 12 para 9 dessas 
cidades e manteve Porto Alegre, mas perdeu 
Belo Horizonte. O PSB obteve um excelente 
resultado - aumento de 4 para 8 dessas cida-
des maiores - tendo conquistado três capi-
tais, Belo Horizonte, Natal e Maceió. 
5. Período mais recente, 1997-2006 
N esse período, o sistema partidário so-
freu outro encolhimento em 1995 e um in-
tenso realinhamento a partir do início de 
1996 (RODRIGUES, 1995). 
Como se observa na Tabela 1 e na Figu-
ra 2, em setembro de 1995 houve outra 
grande fusão entre o PPR e o PP para for-
mar o PPB - Partido Progressista Brasilei-
ro. Também o PRN e o PRP deixaram de ter 
uma representação no Congresso Nacional. 
323 
Vl Parceiros nas coligações para deputado federal nos 27 estados em Assim, a configuração partidária passou a tos contra, abstenções e ausências - especi-o TABELA 7. 
contar com 16 entidades. ai mente no PPB e no PMDB, mas também ~e 1994. 
'õ Entretanto, em relação à situação dos no PSDB e PFL - que privavam o governo o. 
C/l 
Freqüência das combinações de parceiros coligados partidos na abertura da sessão legislativa dos 308 votos para aprovar mudanças COliS-o N°* "O Partidos 
em 10 de fevereiro de 1995, com a posse titucionais. 'f~ (Cí 
FHC Coligação Eleitoral dos eleitos em 1994, houve um forte A "volatilidade" eleitoral do sistema par-o.. Vl 
realinhamento dos deputados federais e, em tidário foi bastante alta entre as eleições de o 
PSDS 70 PMDB-11 POT-7 PFL-6 PPR-6 PTB-6 PL-6 PCdoB-6 PPS-4 PSD-4 
menor grau, dos senadores. Sem levar em 1982 e 1986 e também entre 1986 e 1990, 
PFL 65 PP-11 PTB-10 PPR-9 PL·8 PSDB-6 PDT-6 PMDB-4 PSC-2 PV-2 conta a fusão que criou o PPB em 14 meses, por conta da queda do PDS, o crescimento e 
até 8 de abril de 1996 mais de 10% dos de- declínio do PMDB e o aparecimento do PFL 
PTS 63 PFL-10 PDT-10 PP-8 PL·8 PSDB-6 PPR-5 PMDB-3 PSC·3 PCdoB·2 putados trocaram de partido pelo menos uma (em 1985) e PSDB (em 1988). Entre 1990 e 
Participaram da base de FHC no Congresso vez (MELO, 2000 e 2004). 1994, esta volatilidade diminuiu bastante e 
Esse realinhamento foi muito concentra- continuou baixa entre 1994 e 1998, com 
PMDB 66 PSDB-11 PPR-8 PP-7 PSD-7 POT-S PFL-4 PCdoB-4 PL-4 PTB-3 do na base do governo, sendo o PSDB, o menos variação do desempenho dos parti-
PPR 65 PP-14 PFL-9 PMDB-8 PSDB-6 PTB-5 PSD-4 PL-3 PSC-3 PMN-3 partido do presidente, o mais beneficiado - dos (MAINWARING, 2001). Porém, a 
cresceu de 62 para 85 deputados, seguido volatilidade eleitoral voltou a crescer um 
PP 69 PPR-14 PFL-11 PTB-8 PMDB-7 PL-5 PSDB-4 POT-4 PSC-3 PMN-3 pelo PFL, que aumentou de 89 para 99 de- pouco entre 1998 e 2002, com o crescimen-
PL 48 PFL-8 PTB-8 PSDB-6 PP-5 PMDB-4 PPR-3 PCdoB-2 PSD-2 putados, superando, assim, o PMDB - que to do PT e o declínio do PSDB e PFL. Como 
perdeu dez deputados - como o maior par- houve menos diferenças no desempenho dos Oposição 
tido da Casa. Na oposição, as perdas foram partidos entre 2002 e 2006, este indicador 
PT 66 PCdoB-13 PSB-12 PPS-10 PV-8 PMN-6 PSTU-6 PDT-5 PP-2 PSOB-1 menores: oito deputados no PDT e dois no diminuiu novamente. 
PSB. 
PDT 69 PTB-10 PSOB-7 PFL-6 PMN-6 PT-5 PSB-5 PCdoB-5 PPS-4 PV-4 Em princípio, a base parlamentar do go-
PSB 60 PCdoB-13 PT-12 PPS-8 PDT-5 PV-5 PSOB-3 PMN-3 PSTU-3 PMOB-2 verno Cardoso deveria ser sólida e confian- 5.1 A eleição da reeleição - 1998 
PSTU-4 PMOB-4 te: se com a coligação eleitoral de 1994 - Em 1997, o Congresso aprovou a emen-PT-13 PSB-13 PPS-13 PV-7 PSDB-6 PMN-6 PDT-5 PSDB, PFL e PTB -, teria 225 deputados, ou pedoS 82 da da reeleição, que permitiu aos governa-
PPS 70 PCdoB-13 PT-l0 PSB-8 PV-7 PSTU-5 PSOB-4 PDT-4 PMN-4 PMOB-3 43,9%, com a inclusão do PMDB, contaria dores e ao presidente eleitos em 1994 con-
com 319 deputados (62,2%) - 11 além do 
correr a um novo mandato em 1998. Esse PSTU 24 PT-6 PPS-5 PCdoB-4 PV-4 PSB-3 PMN-2 quórum constitucional de 308 e, com o PPB, 
mesmo mecanismo foi estendido aos prefei-
50 PT-7 PCdoB-7 PPS-7 PSB-5 PSTU-4 PDT-4 PSOB-3 PMN-3 PFL-2 chegaria aos 398 deputados (77,6%). Com tos eleitos em 1996 para concorrer novamen-PV 
PMOB-2 a oposição sistemática de apenas98 deputa- te em 2000. PMN 45 PT-6 PDT-6 PCdoB-6 PPS-4 PPR-2 PP-3 PSB-3 PV-3 dos - PT, PCdol'" PSB, PPS, PY, PSTU etc. -, Ainda embalado pelos resultados do Pla-
Outros partidos pequenos por que, então, o governo enfrentou tanta no Real, o presidente Cardoso foi reeleito 
dificuldade para aprovar as suas propostas no primeiro turno em outubro de 1998, 
PSC 25 PPR-3 PP-3 PTB-3 PFL-2 PPS-2 PRP-2 PMN-2 de reformas constitucionais em 1996 e 1997? com 53,06% dos votos válidos (Tabela 8). 
PSD 32 PMDB-7 PPR-4 PSDB-4 PCdoB-4 PP-2 PTB-2 PSB-2 PL-2 Apesar de Limongi e Figueiredo (1995) Favorecido pelo desempenho do presidente 
PDT-l mostrarem que, entre 1989 e 1993, os par- e pelos resultados positivos em 1996, o PSDB PRP 19 PMDB-2 PPR-2 PL-2 PPS-2 PSC-2 PRN-2 PSDB-1 PP-l tidos na Câmara dos Deputados tinham um aumentou a sua bancada na Câmara Federal 
15 PTB-2 PL-2 PSC-2 PRP-2 PMDB-1 PPR-1 PP-1 PCdoB-1 alto grau de consistência e coesão interna - de 62 para 99 deputados, e de 10 para 16 PRN 
acima de 70%, em média - em votações no- senadores (Tabela 1). De forma semelhante fonte: Compilação dos dados em Souza (1996). 
minais, em algumas votações cruciais em ao PFL em 1994, em 1998 o PSDB aprovei-
j\jLlmero tO-;:Jl de parc8r::JS nos 27 estados.O tanlanho das coligações variou de 2 a 8 partidos: apenas ~ s" 1996, os cinco partidos que compõem a base tou bem as desigualdades regionais e, com 
col:gaçocs '! 5 estados, 3 em 8 estados, 4 em 2 estados, e 5 em 2 f~st()dos. Gdfo = coligações "inconSistente . do governo tiveram índices variáveis de vo- 16,4% dos votos nacionais, elegeu 19,3% dos 
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32/1 325 
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deputados. No entanto, o PFL ainda elegeu 
a maior bancada da Câmara (105 deputados) 
e obteve 19% dos votos. O PMDB encolheu 
de 107 para 83 deputados; e o PDT, de 33 
para 25 - ao passo que o PSB aumentou a sua 
bancada de 15 para 18 deputados. O PT e o 
PPB continuaram virtualmente empatados -
59 versus 60 deputados - respectivamente 
(FLEISCHER,1998). 
Dos 22 governadores que concorreram 
à reeleição, 15 venceram. O desempenho da 
coligação Cardoso também foi evidente nes-
sas eleições, com a eleição de 19 dos 27 go-
vernadores - PSDB, sete; PFL, seis, e PMDB, 
seis. O PT conseguiu eleger três. Assim, as 
bancadas do presidente foram reforçadas no 
Congresso, mas, mesmo assim, o seu segun-
do mandato foi menos tranqüilo que o pri-
meiro. O PMDB e o PFL se revezavam nas 
presidências do Senado e da Câmara entre 
1995 e 2001. Finalmente, nos últimos dois 
anos do seu segundo mandato, o presidente 
emplacou o presidente da câmara baixa -
deputado Aécio Neves (PSDB-MG), eleito 
em fevereiro de 2001. 
TABELA 8. Resultados do primeiro turno da eleição presidencial: 4 de outubro de 
1998. 
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Candidato Partido n. de votos %do % dos votos % dos votos: 
eleitorado válido; 
Cardoso PSDB 35.936.918 33,87 43,14 53,06 
Lula PT 21.475.348 20,24 25,78 31,71 
C. Gomes PPS 7.426.235 7,00 8,91 10,97 
Enéas Prona 1.447.076 1,36 1,74 2,14 
Outros 1.437.470 1,36 1,73 2,12 
TOTAL 
Votos Válidos 67.723.047 100,00 
Brancos 6.688.612 6,31 8,03 
Nulos 8.884.426 8,37 10,67 
Votantes 83.296.085 100,00 
Abstenções 22.798.904* 21,49 
Eleitorado 106.094.989* 100,00 
Fonte: TSE, resultado final (~ill10 de outubro de 1998, 
Coli98Ç30 de C"rdoso: PSOB, PFL, PT8, PP8 e PSO; Colignçáo do Lula: PT, POT, PSB, rCdaS e I"CB; Coligação de 
C. Gomes: PPS, PL e PAN; Outros Candidatos: Tilereza Ruiz IPTI~), Sérgio Bueno IPSC), José Marra de Almeida 
(PSTU); José Maria EmayeIIPSDCi, Joao de Deus Barbosa de Jesus (PTdoB); Vasco de Azevedo Neto (PSNi, 
Alfredo Si"kis IPV) e Brig. Ivan Moacir de Frota IPMN). 
\ Inclui 6,4 rnllhócs de possíveis eleitores fantasmas. Assim, a abstenção poderia ser recluzida para 16,4%. 
, 
5.2 A esquerda cresce - eleições 
municipais de 2000 
Os resultados das eleições municipais de 
outubro de 2000, de uma certa maneira, fo-
ram um prenúncio da reviravolta partidária 
nas eleições gerais de 2002. Na comparação 
entre os pleitos de 1996 e 2000 (Tabela 2), a 
chamada "esquerda" elegeu 790 prefeitos 
contra 741 em 1996. O PT cresceu de 111 
para 187 prefeitos e o PPS de 32, para 166. 
Enquanto o PMDB, o PSB, o PDT e o PPB 
sofreram pequenos declínios, o PSDB, o PFL, 
o PTB e o PL aumentaram suas cotas de pre-
feitos. Nas 26 capitais, a esquerda aumen-
tou o seu cacife de 8 para 12, inclusive em 
São Paulo, com a vitória de Marta Suplicy 
(PT). Este crescimento talvez tenha sido um 
"prenúncio" dos resultados do pleito de 2002 
(FLEISCHER,2002). 
5.3 Alternância no poder - Lula 2002 
Sem poder concorrer a uma segunda re-
eleição em 2002, a coligação do presidente 
Cardoso desabou. O PTB juntou-se ao PDT 
para apoiar a candidatura do ex-governador 
Ciro Gomes (PPS). O PFL ficou muito abor-
recido com a "implosão" da pré-candidatu-
ra da sua governadora, Roseana Sarney 
(Maranhão), após a invasão ao escritório do 
marido dela pela Polícia Federal em lo de 
março de 2002. Os agentes encontraram R$ 
1,34 milhão em papel-moeda sem lastro 
contábil. Assim, o PFL decidiu retirar-se do 
ministério Cardoso, tornou-se um partido 
"independente", não lançou candidato à Pre-
sidência e não participou de nenhuma coli-
gação presidencial em 2002. 
O PSDB finalmente escolheu seu candi-
dato em maio - o senador José Serra - e, em 
junho, com muito conflito interno, o PMDB 
decidiu coligar-se com os tucanos, escolhen-
do a deputada Rita Camata (ES) como vice 
na chapa. Porém, apesar da imposição de co-
ligações "verticalizadas" - simetria entre co-
ligações para governador e presidente - pelo 
TSE, várias seções estaduais do PMDB deci-
diram apoiar Lula informalmente. 
A direção nacional do PT decidiu aban-
donar o programa aprovado por um congresso 
do partido em fins de 2001, e elaborou uma 
plataforma e estratégia de campanha 
"centrista" para a campanha presidencial de 
2002. Além de propostas "centristas", o PT 
decidiu mover-se para o Centro na composi-
ção de sua coligação, fechando uma parceria 
com o Partido Liberal (PL), que escolheu o 
senador e empresário José Alencar (PL-MG) 
como o vice de Lula. A campanha "paz e 
amor" atraiu o apoio de vários empresários 
(SAMUELS, 2003b; MENEGUELLO, 2003). 
Finalmente, o PSB, que participou da co-
ligação liderada por Lula em 1989, 1994 e 
1998, optou por lançar candidato próprio em 
2002 - o governador Anthol1Y Garotinho, do 
Rio de Janeiro. Garotinho havia sido eleito 
pelo PDT em 1998, mas em 2001 rompeu 
com o presidente nacional do partido, Leo-
nel Brizola, e mudou-se para o PSB. 
A candidatura do PSDB não decolou de 
verdade e Lula venceu o primeiro turno 
com 46,440/0 dos votos válidos contra 
23,20% de Serra. Garotinho, com 17,87%, 
ultrapassou Ciro Gomes (11,97%) - vota-
ção semelhante aos 10,970/lJ obtidos pelo 
candidato do PPS em 1998 (Tabela 10). 
No segundo turno, Lula recebeu apoio dos 
partidos dos outros candidatos (PSB, PPS, 
PDT e PTB), obtendo a maior votação na 
história eleitoral brasileira - 62,48% dos 
votos válidos (Tabela 11). Finalmente, 
após três derrotas, o candidato do PT, Luís 
Inácio Lula da Silva, foi eleito presidente 
(VAROGA e FORNES, 2003). 
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Em 2002, 15 governadores disputaram a 
reeleição e oito tiveram êxito. Dessa vez, 13 
estados realizaram um segundo turno. O PSDB 
elegeu sete - manteve os governos em São Pau-
lo, Goiás, Pará e Ceará e ainda elegeu os go-
vernadores de Minas Gerais, Paraíba e 
Rondônia. O PMD B reelegeu os governado-
res de Pernambuco e do Distrito Federal e ain-
da elegeu os três governadores da região Sul. 
O PT reelegeu os governadores do Acre e Mato 
Grosso do Sul e conquistou o Piauí. 
A grande surpresa, porém, se deu na elei-
ção proporcional para a Câmara Federal, na 
qual o PT obteve a maior bancada, com 91 
deputados - 32 a mais que em 1998. Os par-
tidos ligados ao governo Cardoso tiveram 
as suas bancadas reduzidas - o PSDB, de 99 
para 71; o PMDB, de 83 para 74; o PFL, de 
105 para 84; e o PPB, de 60 para 49 (Tabela 
1). No troca-troca de legendas em janeiro de 
2003, esses quatro partidos perderam ainda 
mais deputados. As bancadas no Senado per-
maneceram mais ou menos iguais, exceto as 
do PSDB e do PPB - que caíram de 16 para 
11 e de 4 para 1, respectivamente - e a do PT, 
que dobrou de 7 para 14 (NICOLAU, 2003). 
Ao longo do ano 2003, houve bastante 
"migração" partidária que reforçou o bloco 
de apoio ao presidente Lula. Antes da posse 
do novo Congresso em 10 de fevereiro, 37 
deputados haviam trocado de legenda e o 
"bloco Lula" foi de 218 (42,5%) para 252 
(49,1 %). Até maio, portanto antes de votar 
as reformas da previdência e tributária/fiscal, 
TABELA 10. Resultados do primeiro turno da eleição presidencial: 6 de outubro de 
2002. 
Candidato 
Lula 
J.Serra 
Garotinho 
C.Gomes 
J.Maria 
R.Pimenta 
Votos válidos 
Brancos 
Nulos 
Votantes 
Abstenções 
Eleitorado 
Partido 
PT 
PSDB 
PSB 
PPS 
PSTU 
PCO 
n. de votos 
39.443.765 
19.700.395 
15.175.729 
10.167.597 
402.040 
38.608 
84.928.134 
2.873.203 
6.975.128 
94.776.465 
20.477.648* 
115.254.113* 
Fonte: TSE, resultado final no dia 9 de outubro de 2002. 
%do 
eleitorado 
34,22 
17,09 
13,17 
8,82 
0,35 
0,03 
2,49 
6,05 
17,78 
100,00 
% dos votos 
41,62 
20,79 
16,01 
10,73 
0,42 
0,04 
3,03 
7,36 
100.00 
% dos votos 
válidos 
46,44 
23,20 
17,87 
11,97 
OA7 
0,05 
100,00 
Coligações: Lula: PT, PL, PCdoB, PMN e PC8; José Serra: PSDB e PMDB; Ciro Gomes: PPS, PDT 8 PTB; Anthony 
Garotinho: PSB, PGT e PTC; José Maria Almeida (PSTU); Rui Pimenta (peO). 
*Inclui talvez uns 5 milhões de eleitores fantasmas que não foram depurados do registro eleitorcll. 
d "w_, ________________________ _ 
329 
TABELA 11. Resultados do segundo turno da eleição presidencial: 27 de outubro 
de 2002. 
Lula PT 52.793.364 45,81 
57,59 62,48 
J.Serra PSDB 33.370.739 28,95 
36,41 37,52 
Votos Válidos 84.164.103 
100,00 
Brancos 1.727.760 1,50 
1,88 
Nulos 3.772.138 3,27 
4,12 
Votantes 91.664.001 
100,00 
Abstenções 23.590.112* 20,47 
Eleitorado 115.254.113* 100,00 
Fonte: TSE, resultados parciais em 29 de outubro de 2002. 
Coligações: Lula: PT, PL, PCdoB, PMN, PCB e, ainda, PSB, PPS, PDT, PTB, PSTU, peG e parte do PMDB; José 
Serra: pSDB e parte do PMDB. 
o PPB e o PMDB passaram a reforçar a coa-
lizão Lula que chegou a 370 (72,1 %) depu-
tados - semelhante à coalizão do presidente 
Cardoso em 1995, 
Apesar de algumas dissidências no PT e 
PMDB, em setembro o governo Lula conse-
guiu aprovar a PEC da reforma da previdên-
cia com 355 votos, inclusive com 62 depu-
tados do PSDB e PFL. Estes dois partidos 
apoiaram esta reforma, por entender que fa-
zia parte da agenda do presidente Cardoso. 
Oito deputados dissidentes do PT foram 
punidos com 60 dias de suspensão e três fo-
ram expulsos do partido (junto com a sena-
dora Heloisa Helena) em dezembro. Neste 
mesmo mês, Leonel Brizola rompeu com o 
governo Lula e levou "seu" PDT para a opo-
sição. No final de 2004, o senador Roberto 
Freire (PE) levou o PPS para o mesmo cami-
nho. Assim, a coalizão Lula sofreu algnma 
erosão em 2003 e 2004 (MORAIS e SAAD-
FILHO, 2003; SAMUELS, 2004b). 
5.4 O PT chega aos "grotões" 
em 2004 
Se a eleição municipal de 2000 foi um 
"prenúncio" da vitória do PT em 2002, 
muitos acharam que o avanço do PT e seus 
aliados nas eleições de 2004 poderiam re-
forçar as chances para a reeleição de Lula 
em outubro de 2006. 
Comparado com as eleições municipais 
de 2000 (Tabela 9), a esquerda avançou mais 
ainda no pleito de 2004, de 790 municípios 
para 1.257, com 29,5% votos a mais, duas 
vezes maior que o aumento geral (+ 12,53%). 
O PT por sua vez dobrou o número de pre-
feituras conquistadas (187 para 411, com 
36,65% votos a mais), e o PPS teve um de-
sempenho bem positivo (166 para 304 pre-
feituras, com 40,98% votos a mais). Porém, 
o maior desempenho ficou por conta do PL 
(com 98,34% de votos a mais, conquistoU 
380 prefeituras). O PMDB, PSDB e PFL 
elegeram menos prefeitos que em 2000, 
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1 
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t j 
enquanto o PDT e PTB obtiveram resulta-
dos quase iguais aos de 2000. 
Nas 26 capitais, a esquerda avançou de 
12 para 17 cidades, e de 11 para 23 nas mai-
ores cidades. Apesar de também aumentar a 
sua presença no "Brasil urbano" em 2004 o 
PT sofreu algumas derrotas significativa; -
perdeu São Paulo para o PSDB e Porto Ale-
gre para o PPS. 
Entretanto, em razão dos programas so-
ciais do governo Lula que alcançaram famíli-
as carentes em todo o Brasil, o PT conseguiu 
eleger muitos prefeitos em cidades pequenas, 
em comparação com 2000 (Tabela 12). Nas 
cidades com 10.000 a 50.000 eleitores, o PT 
mais que dobrou a sua abrangência (de 60 
para 134), e mais ainda nos chamados 
"grotões" (municípios com menos de 10.000 
eleitores), de 80 para 219 prefeitos. Soman-
do o desempenho dos quatro maiores parti-
dos na coligação Lula (PT, PTB, PSB e PL) 
cresceu de 524 para 826 municípios nos 
"grotões", e de 343 para 465 da próxima 
faixa. 
A Tabela 12 mostra que a penetração do 
PSDB, PFL, PMDB e PP em cidades meno-
res diminuiu consideravelmente. Enquanto 
o PDT se manteve mais ou menos estável, o 
TABELA 12. Eleições municipais (2000 versus 2004) - resultados nas cidades 
grandes e pequenas, para os dez maiores partidos. 
Partido Prefeituras Votos em 000 Eleitorados' 26 capitais. 96 maiores 
cidades# 
2000'" 2004 2000 "'2004 em 2005 2000 .,. 2004 2000 .,. 2004 
PT 
PTB 
PSB 
PL 
PSDB 
PFL 
PPS 
PDT 
PMDB 
PP

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