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PSICOPATOLOGIA PARTE 1

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PSICOPATOLOGIA
Profa. Yzy Câmara
Mestre em Saúde Pública
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Primeira Parte 
ASPECTOS GERAIS DA PSICOPATOLOGIA
Fonte: DALGALORRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 1ª edição. Artmed, RS, 2000 
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INTRODUÇÃO GERAL À SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA
CONCEITO DE SEMIOLOGIA 
Semiologia ou semiótica é uma palavra derivada do grego e que significa ciência dos signos (sinais usados na linguística, na música, nas artes, na matemática...)
- Signos são os gestos, as atitudes, comportamentos não-verbais e a própria linguagem
SEMIOLOGIA MÉDICA 
- Estudo dos sintomas e dos sinais das doenças que permite a identificação de alterações físicas e mentais, ordenar os fenômenos observados, formular diagnósticos e empreender terapêuticas.
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SEMIOLOGIA MÉDICA
- A semiologia médica e psicopatológica trata particularmente dos signos que indicam a existência de sofrimento mental, transtornos e patologias.
SINAIS – quaisquer estímulos ou mudanças físicas e comportamentos verificáveis pela observação direta.
SINTOMAS – vivências subjetivas relatadas pelos pacientes, queixas, o que o sujeito experimenta e comunica a alguém.
SÍNDROME – conjunto recorrente de sinais e sintomas (síndrome paranóide, demencial, depressiva etc).
- A semiologia psicopatológica cuida do estudo dos sinais e sintomas produzidos pelos transtornos mentais.
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CLASSIFICAÇÃO
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SEMIOTÉCNICA
- Procedimentos específicos de observação, coleta de sinais e sintomas e a interpretação dos sintomas:
- Observação minuciosa, atenta e perspicaz do comportamento do paciente, conteúdo de seu discurso, modo de falar, mímica, postura, vestimenta, forma como reagem estilo de relacionamento com o entrevistador, com outros pacientes e com familiares.
- Entrevista direta com o paciente, familiares ou responsáveis pelo mesmo.
- Sutileza do profissional em formular a entrevista, sabendo discernir o “quando” e “como” fazer as perguntas para estabelecimento de aliança terapêutica e da devida interpretação.
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SEMIOTÉCNICA
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ENTIDADES NOSOLÓGICAS
- Entidades nosológicas = doenças ou transtornos específicos de fenômenos mórbidos. 
- Identificar ou presumir com consistência determinados fatores causais (etiologia das doenças), curso relativamente homogêneo, estados terminais típicos, mecanismos psicológicos e psicopatológicos característicos, antecedentes genético-familiares e respostas a tratamentos mais ou menos previsíveis.
- Tal compreensão facilita o desenvolvimento de procedimentos terapêuticos e preventivos mais eficazes.
- As síndromes são mais estudadas em psicopatologia e psiquiatria do que as doenças específicas.
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CAPÍTULO 2 – DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA
- Ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença mental (causas, mudanças estruturais e funcionais e formas de manifestação).
- Conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental humano e que busca ser sistemático, elucidativo e desmitificante.
- Busca ser científico e nega dogmas religiosos, científicos, psicológicos ou biológicos, nega critérios de valor a priori e não julga moralmente o objeto.
Conhecimento que busca observar, identificar e compreender os diversos elementos da doença mental. 
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DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA
Grande enraizamento na tradição médica dos últimos dois séculos – observação prolongada e cuidadosa de doentes mentais.
- Seguiu, com o tempo, a vertente humanista, baseada na tradição filosófica, das artes e da Psicanálise.
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CAMPO DA PSICOPATOLOGIA 
Grande número de fenômenos humanos (doença mental)
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DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA
- Grande enraizamento na tradição médica dos últimos dois séculos – observação prolongada e cuidadosa de doentes mentais (médicos clínicos e alienistas do passado)
Seguiu, com o tempo, a vertente humanista, baseada na tradição filosófica, das artes e da psicanálise = percepção de um reconhecimento da riqueza das dimensões humanas a partir do pathos do sofrimento psíquico extremo
- Psicopatologia teve como berço de influências a Neurologia (das funções corticais superiores), a Psicologia (das funções mentais) e a Filosofia, mas não se reduziu a tais campos do conhecimento e tornou-se autônoma enquanto ciência.
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DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA
Definição para Karl Jaspers (um dos principais autores da psicopatologia moderna):
- Ciência básica
- Serve de auxílio à Psiquiatria
- Conhecimento aplicado à uma prática profissional e social concreta
- Limites da psicopatologia: objeto de estudo é o homem em sua totalidade apesar da enfermidade (não há como reduzir este homem inteiramente a conceitos psicopatológicos). Apesar da doença, existem pontos de saúde que são relevantes no sujeito.
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DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA
Para Jaspers, Psicopatologia é todo fenômeno psíquico que se possa apreender em conceitos de significação constantes e com possibilidade de comunicação.
- Psicopatologia é um campo científico, de pensamento sistemático e que possa ser comunicado de modo inequívoco, assim como opiniões instintivas e intuição pessoal que nunca se pode comunicar.
- Uma das possíveis abordagens do homem mentalmente doente, mas não a exclusiva, por inclusive não conseguir dar conta das dimensões existenciais, estéticas, éticas e metafísicas, de modo que o sujeito é muito maior e mais transcendente do que o seu estado psicopatológico.
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FORMA E CONTEÚDO DOS SINTOMAS
“Ingrediente fundamental na constituição da experiência psicopatológica”
Forma dos Sintomas
- Estrutura básica e relativamente semelhante nos diversos pacientes:
(alucinação, delírio, ideia obsessiva, labilidade afetiva etc)
Conteúdo dos Sintomas
- O que preenche a alteração estrutural:
(sentimentos de culpa, religioso, de perseguição)
- Tende a ser mais pessoal (história de vida, universo cultural e personalidade prévia ao adoecimento)
- Temas centrais da existência (sobrevivência, segurança, sexualidade, temores básicos como morte, doença e miséria), religiosidade etc.
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CAPÍTULO 03
Conceito de Normalidade em Psicopatologia
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CRITÉRIOS DE NORMALIDADE
- Conceito de grande controvérsia em Psicopatologia
- Delineamento das fronteiras entre o normal e o patológico (por vezes é mais fácil distinguir e em outros momentos não, pela sutileza e casos limítrofes)
- Limite entre Saúde e Doença Mental
1 – Psiquiatria Legal ou Forense: anormalidade psicopatológica x implicações legais, criminais ou éticas
2 – Epidemiologia psiquiátrica: contribuição para discussão e aprofundamento 
3 – Psiquiatria cultural e etnopsiquiatria: análise do contexto sociocultural, estudo da relação entre o fenômeno supostamente patológico e o contexto social
4 – Planejamento em saúde mental e políticas de saúde: estabelecimento de critérios de normalidade para verificação de demandas assistenciais de determinado grupo populacional (quais e quantos serviços a serem disponibilizados)
5 – Orientação e capacitação profissional: definição de capacidade e adequação de um indivíduo para exercer determinada profissão (possibilidades e limites) 
6 – Prática clínica: capacidade de se discriminar no processo de avaliação e intervenção clínica (fenômeno patológico ou normal).
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CRITÉRIOS DE NORMALIDADE
Critérios de normalidade - 
1 – normalidade como ausência de doença (conceito muito restrito), 
2 – normalidade estatística (normal é o que se observa com maior frequência. Conceito falho, pois nem tudo o que é raro é patológico), 
3 –normalidade funcional (o fenômeno só é considerado patológico no instante em que gera sofrimento para o próprio indivíduo ou para outros do seu meio social), 
4 – angústia pessoal 
5 – violação de normas – comportamentos que violam normas ou ameaçam outras pessoas pode ser considerado anormal.
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CAPÍTULO 04
PRINCIPAIS ESCOLAS DE PSICOPATOLOGIA
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PRINCIPAIS ESCOLAS DE PSICOPATOLOGIA
- Forte característica da Psicopatologia é multiplicidade de abordagens e de referencial teórico, vista criticamente como debilidade e imaturidade científica (aspectos híbridos epistemológicos)
- A Psicopatologia é, por natureza e destino histórico, um campo de conhecimento que requer o debate constante e aprofundamento de tais diferenças através de debate aberto, desmitificante e honesto.
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PRINCIPAIS ESCOLAS DE PSICOPATOLOGIA
1- Psicopatologia Descritiva (alterações psíquicas e estrutura dos sintomas – vivência psicopatológica)
2 – Psicopatologia Médica (noção de homem centrado no corpo biológico)
3 – Psicopatologia Comportamental-cognitivista (sintomas resultam de comportamentos e representações cognitivas disfuncionais, aprendidas e reforçadas pela experiência sociofamiliar.
1 – Psicopatologia Dinâmica ( compreensão da conteúdo da vivência singular, movimentos internos dos afetos, desejos e temores)
2 – Psicopatologia Existencial ( doente visto como existência singular particularmente dolorosa do ser com os outros)
3 – Psicopatologia psicanalítica (ser determinado por forças, conflitos e desejos inconscientes. Sintomas e síndromes são expressões de desejos, conflitos e temores.
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PRINCIPAIS ESCOLAS DE PSICOPATOLOGIA
4- Psicopatologia Categorial
(entidades nosológicas compreendidas como entidades individualizadas – contornos e fronteiras bem demarcadas)
5 – Psicopatologia Biológica (noção de doença mental como sendo doença cerebral – alteração de mecanismos neurais e circuitos cerebrais)
6 – Psicopatologia Operacional-pragmática ( utilidade pragmática para clínica ou pesquisa – CID 10 da OMS e DSM- IV)
4 – Psicopatologia Dimensional (Doença compreendida como espectro, sem uma fronteira definida)
5 – Psicopatologia Sociocultural (comportamentos desviantes surgidos a partir de fatores socioculturais – pobreza, exclusão, estresse laboral...)
3 – Psicopatologia fundamental (centrar a atenção em cada conceito psicopatológico. Ênfase na noção de doença enquanto pathos, ou seja, sofrimento, passividade e paixão)

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