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PUCRS / FAENFI/ Enfermagem Enfermagem na Saúde Reprodutiva e Perinatal ATENÇÃO à SAÚDE SEXUAL e REPRODUTIVA Prof. Heloisa Maria Reckziegel Bello Prof. Marisa R. Vieira Agosto/2013 Atenção à Saúde Sexual e Reprodutiva Objetivo Geral: conhecer o processo que envolve a atenção à saúde sexual e reprodutiva. Objetivos Específicos: - Conhecer conceitos/ atuais termos em que aspectos da saúde sexual e reprodutiva considerados nas políticas públicas; - Refletir a respeito dos direitos sexuais e reprodutivos sob a ótica dos direitos humanos; - Promover a importância da prática educativa em saúde sexual e reprodutiva. É preciso saber… Para entender!!! Direitos Reprodutivos* Os direitos reprodutivos se fundamentam no direito básico: de que todos indivíduos e/ou casais são livres para com responsabilidade decidirem sobre o número de filhos que desejam ter, o espaçamento dos nascimentos e o momento de ter um filho; da informação e ao acesso aos meios de contracepção; de se atingir padrão elevado de saúde sexual e reprodutiva. *Definidos claramente pela primeira vez em 1994, Cairo/Egito - Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento. Direitos Sexuais IV Conferência Mundial sobre a Mulher (1995) = formulação de conceito como parte dos princípios dos Direitos Humanos. “Os direitos humanos das mulheres incluem seu direito a ter controle e decidir livre e responsavelmente sobre questões realcionadas à sua sexualidade, incluindo a saúde sexual e reprodutiva, livre de coação, discriminação e violência. Relacionamentos igualitários entre homens e mulheres nas questões referentes às relações sexuais e à reprodução, inclusive o pleno respeito pela integridade da pessoa, requerem respeito mútuo, consentimento e divisão de responsabilidades sobre o comportamento sexual e suas consequências.” Direitos Sexuais Implica a aceitação dos diferentes tipos de expressão sexual, a autonomia para tomar decisões sobre o uso do próprio corpo e a igualdade de gênero. “A saúde sexual é a habilidade de mulheres e homens para desfrutar e expressar sua sexualidade, sem riscos de doenças sexualmente transmissíveis, gestações não desejadas, coersão, violência e discriminação.”(HERA – saúde, empoderamento, direitos e responsabilidade/ Grupo Internacional de Mulheres) Direitos Sexuais: Escolher livremente seu parceiro. Expressar livremente a sexualidade sem violência, discriminação, imposições e total respeito ao corpo do(a) parceiro(a). Viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças. Viver a sexualidade independente do estado civil, idade ou condição física. Direitos Sexuais: Escolher se quer ou não ter relação sexual. Expressar livremente sua orientação sexual. Ter relação sexual independente da reprodução Sexo seguro. Serviços de saúde que garantam a privacidade, o sigilo, o atendimento de qualidade, sem discriminação. Informação e à educação sexual e reprodutiva. SAÚDE REPRODUTIVA Estão inclusos o bem estar físico, mental e social nos assuntos concernentes ao sistema reprodutivo, suas funções e processos. Implica na pessoa ter : *uma vida sexual segura e satisfatória *autonomia para decidir quando e quantas vezes deseja reproduzir. ( Berquó,2003 p07) Planejamento Familiar Capacidade que permite as pessoas regular sua fertilidade de acordo com seus desejos, ter o número de filhos definidos pela mulher/ cônjuge (casal). (Faúndes et al,2000 p14) SEXUALIDADE Processo evolutivo iniciado com o nascimento e que permanece presente por toda a vida. Suas manifestações se diferenciam dependendo da etapa do ciclo vital na qual o indivíduo se encontra. Implica em amor, satisfação das necessidades instintivas e sintonia entre duas pessoas. Genitalidade Diz respeito aos órgãos envolvidos na reprodução, localização genital da libido e serve como finalização e complementação do processo mais amplo que é a sexualidade. Gênero (questões de…) Gênero como descritor temático: trata-se da referência ao gênero ainda como uma espécie de substituto do termo mulher. Serve apenas para descrever o grupo ou objeto de estudo. Gênero como categoria: não é produto de um destino biológico, mas de construções sociais das características e funções atribuidas a homens e mulheres ou aos dois sexos tidos como biologicamente distintos. O termo sexo contém um atributo biológico, enquanto o termo gênero é utilizado na perpectiva de relações e representa uma elaboração cultural sobre o sexo. CORPO: construções sociais/culturais Corpo não é meramente um objeto de estudo, mas um domínio de significado pelo qual se pode alcançar um entendimento de determinações profundas e gerais de cada cultura. Corpo = foco de representações sociais as mais variadas. Corpo = mais rica manifestação do simbólico. Corpo = via de acesso a compreensão da sociedade podendo englobar sexualidade, saúde, práticas de cuidado, medicina, esporte, etc… Corpo X Gênero X Sexualidade Os estudos/ investigações podem dar visibilidade e inteligibilidade à opressão das mulheres e a determinadas práticas corporais. Saúde da Mulher, Corpo e Políticas Públicas Mulher ainda é vista na sociedade brasileira como subordinada ao homem forte, que a protege e a sustenta… As principais obrigações femininas são a maternidade, a manutenção da boa saúde de e a educação da prole... As perpectivas para considerar dimensões como direitos humanos e cidadania ainda estão distantes… O corpo da mulher é ainda visto sob a ótica da reprodução, amaternidade o principal tributo, as ações restritas à doenças do processo gestacional, prevenção cancer colo utero/mama, doenças sexualmente transmissiveis e prevenção gravidez indesejada. Saúde da Mulher, Direitos e Políticas Públicas Há pouco tempo vem sendo discutidos as questões de gênero, pobreza, manutenção da família, deficiência física, raça e etnia como inerentes à saúde da mulher… A mulher tem direito como cidadã de expressar seus pensamentos, gerar autonomia e usufurir de seus direitos sociais… Assegurar que cada mulher tenha condição de conquistar sua cidadania reflete viabilizar uma concepção do processo ampliado (OMS) de saúde-doença, na qual são incorporadas dimensões da sexualidade e da reprodução humana em uma perpectiva de direitos. BRASIL: Políticas Públicas Década 60 Inicia no Brasil movimentos de entidades privadas (BEMFAM)/ interesses internacionais p/ redução crescimento populacional do país (controle da natalidade). 1974, 1984 e 1994 Conferências sobre os Direitos Humanos e Internacionais de População = direitos do cidadão à sua saúde reprodutiva. 1975 Liberada no Brasil publicidade sobre MAC BRASIL: Políticas Públicas 1984 Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM): MS + grupos feministas + pesquisadores de universidades. PAISM constituiu um marco histórico!!! • Introduziu novo enfoque nas políticas públicas voltadas à saúde da mulher = centrado na integralidade e na eqüidade das ações,propondo abordagem global em todas as fases do seu ciclo vital. • Métodos anticoncepcionais começaram a ser distribuídos aos estados pelo MS (avanço com o SUS). BRASIL: Políticas Públicas 1988 Constituição Brasileira, Cap VII, art. 26, parágrafo 7: o Estado compromete-se a prover recursos educativos e científicos para o Planejamento Familiar. 1989 Programa de Saúde do Adolescente (PROSAD) // área prioritária é a saúde reprodutiva. 1995 Quarta Conferência Mundial da Mulher em Pequim: reafirma a saúde reprodutiva como direito da mulher cidadã; reconhece a igualdade entre homens e mulheres no controle à sua saúde e sua fecundidade. BRASIL: Políticas Públicas 1996 LEI 9.263 : regulamenta o parágrafo 7 do art. 226 da Constituição Federal = esterilização voluntária. No Brasil, a Constituição da República estabelece no Artigo 226, Parágrafo 7º, o princípio da paternidade responsável e o direito de livre escolha dos indivíduos e/ou casais e a Lei Federal nº 9.263 de 1.996, que regulamenta este Artigo, estabelece que as instâncias gestoras de Sistema Único de Saúde (SUS), em todos os níveis, estão obrigadas a garantir à mulher, ao homem ou ao casal, em toda a rede de serviços, assistência à concepção e contracepção como parte integrante das demais ações que compõe a assistência integral à saúde. BRASIL: Políticas Públicas 2002 Manuais Técnicos para Assistência ao Planejamento Familiar 2003 Portaria nro 1679/GM regulamentação para o emprego de técnicas de reprodução asssitida. 2005 Direitos Sexuais e Reprodutivos: série em 7 cadernos, que contempla diversos aspectos da atenção integral à saúde da mulher. *Disponível em: http://www.saúde.gov.br BRASIL: Políticas Públicas 2012: A área técnica de Saúde da Mulher é responsável pelas ações de assistência ao pré-natal, incentivo ao parto natural e redução do número de cesáreas desnecessárias, redução da mortalidade materna, enfrentamento da violência contra a mulher, planejamento familiar, assistência ao climatério, assistência às mulheres negras, as mulheres privadas da liberdade e a população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis /Transexuais). BRASIL: Políticas Públicas Atenção à saúde da mulheres em situação de prisão Atenção às mulheres e adolescentes vítimas de violências sexual e doméstica Atenção humanizada às mulheres em situação de abortamento Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal MS + Mercosul= desenvolvendo propostas comuns (2004) Política de Planejamento Familiar Ministério da Saúde em parceria com estados, municípios e sociedade civil organizada. Atenção Integral à Saúde da Mulher, do Homem e dos(as) adolescentes. Enfatiza a importancia de juntar as ações de Planejamento Familiar + prevenção HIV/Aids e DSTs. Educação em Saúde Sexual e Reprodutiva Educação em Saúde Sexual e Reprodutiva Objetivo: oferecer subsídios para a opção do MAC mais adequado, questionar e refletir sobre sua sexualidade e prática reprodutiva. Atenção em Saúde Reprodutiva METODOLOGIA PARTICIPATIVA Centrada no sujeito • Em grupos, reforçadas/ estimuladas pela ação individual • Compartilhamento de dúvidas/ sentimentos/ conhecimentos Educação em Saúde Sexual e Reprodutiva Importante – partir do conhecimento da pessoas , permitir trocas de idéias, auxiliar na construção de atitude autônoma de acordo com interesses individuais. Fundamental : assistência centrada na interação cliente + profissional de saúde; aprender a ouvir sem emitir juízo de valor; reconhecer a subjetividade + características pessoais/ emocionais/ culturais; uso da linguagem acessível, simples e objetiva. Ação Educativa: orientação/ aconselhamento Individual / casal Objetivo principal escolha do MAC mais adequado para as condições e estilo de vida. o Estabelecer diálogo para estabelecer relação de confiança = trocas entre indivíduo / casal e prof. da saúde. o Toda ação é única, adapta-se à cada indivíduo / casal. o Depende: idade, paridade, número de companheiros, riscos (DST...) Profissional de Saúde Acolher a pessoa / casal com respeito, gentileza. Desenvolver capacidade de comunicação (acessível,simples e objetiva). Demonstrar tolerância aos princípios, crenças e valores. Ter atitudes imparciais. Naturalidade para falar de sexualidade. Orientar com imparcialidade sobre MAC. Profissional de Saúde Ter conhecimentos técnicos. Assegurar privacidade, confidencialidade e sigilo. Prestar apoio emocional. Facilitar expressão de sentimentos Apresentar os MAC (manuseio, funcionamento, uso, benefícios e limitações). Respeitar a escolha. Avaliar adaptação do MAC. Escolha do MAC Escolha “informada” tomada de decisão após informações úteis e precisas conforme cada caso. Levar em conta: escolha do casal características dos métodos fatores individuais e situacionais relativos a pessoa / casal ( condições de vida, fase da vida, padrão de escolaridade/ comportamento, aspirações reprodutivas, medos, dúvidas e tabus / religião). Características dos MAC Eficácia: maneira típica de uso + experiência individual Vantagens e desvantagens: são individuais Efeitos colaterais: alertados previamente facilitam a aceitação / podem ser somente incômodos. Modo de uso: instruções claras e precisas Aceitabilidade: grau de confiança + motivação = correta orientação. Disponibilidade: gratuidade ??? // levar em conta condições financeiras Facilidade de uso: complexo ou fácil assimilação. Reversibilidade Prevenção DSTs // AIDS Os Métodos Anticoncepcionais - MAC Contraceptivos COMPORTAMENTAIS De BARREIRA HORMONAIS DEFINITIVOS Planejamento Familiar Entendendo como direito do cidadão, deve incluir acessoà informação, à todos os métodos e técnicas para concepção e anticoncepção, cientificamente aceitos, e que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas em toda as etapas do ciclo vital. Aos profissionais de saúde cabe desenvolver o cuidado humanizado e integral. “Nada na vida deve ser temido, somente compreendido. É sempre hora de compreender mais, para temer menos.” Marie Curie (física francesa) Referências • Berquó,E.org. Sexo e Vida. Ed. Unicamp: Campinas, 2003. • BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Dept. de Atenção Básica. Caderno de Atenção Básica no 26, Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. • ___________________________________ Dept. Ações Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher - Princípios e Diretrizes. Brasília: Ed.MS, 2011. • Carvalho,G.M de.Anticoncepção: um guia prático. São Paulo: EPU,2010. Referências • Fernandes,R.A.Q. e Narchi,N.Z. (orgs.). Enfermagem e saúde da mulher. Barueri, SP: Manole, 2007. • Freitas, F. et al. Rotinas em Ginecologia.Artmed: Porto Alegre,2006. • Heilborn,M.L. et al. Sexualidade, reprodução e saúde. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. • Moreira,M.de A. Compêndio de Reprodução Humana. REVINTER: Rio de Janeiro, 2002. • Silva,R.S. Condutas em Ginecologia: aspectos preventivos. MEDSI Ed Médica e Científica: Rio de Janeiro, 2001.
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